6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Durante milênios, artistas, músicos, escritores e contadores de histórias buscaram envolver nossos sentidos e imaginação em mundos que não possuíam qualquer base física. Através do presente trabalho, pudemos observar que a Realidade Virtual, mais do que oferecer novas experiências de várias maneiras, é um instrumento poderoso de trabalho que vem desempenhando um papel fundamental na edificação do futuro da humanidade e nos meios com os quais já estamos familiarizados. Reúne, numa mesma aplicação, diversas vertentes como a educativa, a lúdica ou a comercial e não só o desenvolvimento do projeto é facilitado pela diminuição do investimento necessário por parte de cada um dos intervenientes, como também o resultado obtido fica enriquecido pela multiplicação dos recursos financeiros, técnicos e humanos envolvidos e consequentemente na variedade de utilizações.

Quanto a idéia, de que o desenvolvimento de aplicações com recurso à realidade virtual é muito dispendiosa não corresponde, afinal, a uma realidade absoluta, pois se a tecnologia possui ainda custos elevados que variam de acordo com o tipo de equipamento empregado (gama alta, média ou baixa, workstation ou PC, software simples ou mais sofisticado, etc..), a tendência acentuada para o seu emprego como ferramenta de apoio, nomeadamente nas áreas do entretenimento, design, construção de protótipos, arquitetura, engenharia civil, aeronáutica, formação profissional em diferentes setores, medicina, visualização científica, preparação e treino militar, etc.., faz prever uma maior acessibilidade em breve, a partilha de despesas por múltiplos intervenientes facilitando a implementação de projetos.

Por outro lado, se a realidade virtual possui grandes virtualidades, o seu uso ainda é definido, por muitos como futurista, no domínio da ficção científica. Os receios existentes, ainda são muitos e os obstáculos tornam-se difíceis de ultrapassar, sobretudo em países onde as novas tecnologias apenas recentemente começaram a implementar-se.
Um dos grandes obstáculos, certamente está na grande porção de exagero acerca da Realidade Virtual, que é alardeada, principalmente, por um público ainda em contato recente com ela. O estado presente da tecnologia de avanço tem sido superestimado. A cobertura em numerosas revistas e artigos de jornais, em anúncios e programas de televisão, sugerem que a realidade virtual está agora completamente desenvolvida. Infelizmente, isto não é verdade.

Visualizações de realidade virtual atualmente, são freqüentemente de baixa qualidade e caricatas. Os sistemas de realidade virtual podem ser "hesitantes", por não responderem rapidamente aos nossos movimentos. Poucos sistemas permitem-se a um retorno tátil, um sentido de toque. Algumas pessoas ainda assim, questionam a segurança psicológica e fisiológica da realidade virtual, particularmente em se falando de entretenimento.

Todavia, o futuro da realidade virtual é importante e real. Não se pode abandonar uma tecnologia, porque ela ainda não se ajustou aos padrões esperados. Realidade virtual está agora conosco de uma forma particularmente principiante e ainda em fase de estudo. Seu estado de desenvolvimento foi comparado ao programa espacial nos anos cinqüenta ou aos microcomputadores nos anos setenta. O mundo hoje, começa a ver um pouco do potencial que a RV trará a humanidade.

Por tudo isto, computadores muito rápidos, softwares melhores e novos dispositivos para informar os nossos sentidos são esperados que cheguem rapidamente em cena, melhorando a RV e incrementando a sua utilidade. Conteúdo melhor e aplicações novas emergirão rapidamente à frente dos próximos anos. Realidade virtual virá a humanidade pela Internet, reduzindo a necessidade por equipamentos únicos ("stand-alone") caros e complicados. A idéia é, que ao ser disponibilizada na rede, esta aplicação tornar-se-á acessível a um maior número de pessoas no mundo, permitindo-lhes aquiescer a uma experiência única. Alunos e investigadores de todo o mundo poderão recorrer ao ambiente virtual criado com intuitos variados e, em contexto de ensino a distância ou apenas por prazer, o mundo virtual poderá viajar pelo ciberespaço, chegando a todos aqueles que procuram na RV um auxiliar para as suas atividades. Do resultado, todos poderão beneficiar-se e a multidisciplinariedade e o espírito de cooperação e de solidariedade implementados poderão e deverão, constituir preciosas sementes para o futuro. Dar vida ao passado, fazer reviver personagens e espaços que não só permitem conhecer melhor esse tempo longínquo mas também, recriá-lo para novas vivências e experiências numa dimensão espaço-temporal indefinida e eterna, poderá vir a ser, também, a concretização de um dos maiores sonhos da humanidade, ao qual a RV vem proporcionar.

A realidade virtual não é apenas uma tecnologia, mas também uma cultura. No entanto, o futurista ALVIN TOFFLER, diz que novas tecnologias não substituem completamente as antigas, ao contrário, são simplesmente camadas adicionais de sofisticação. O uso de tecnologias de RV, não significam necessariamente que vão se tornar lugar comum, ou algo desejável de maneira geral. Uma coisa é explorar o espaço cibernético, outra bem diferente é fixar residência lá.

Por outro lado, espera-se que a comunidade de RV reaja com a mesma conclusão dos progressos tecnológicos. Pois, muitas pesquisas em vários elementos para RV precisam ser desenvolvidas. Necessita-se encontrar, por exemplo, uma forma confortável e mais satisfatória de imersão do usuário com ambientes virtuais, de maneira que o mesmo guarde muitas informações e possa controlá-los bem. As indústrias de hardwares, por sua vez, deveriam projetar produtos melhores e mais fáceis de usar, bem como criar novas aplicações e promover o desenvolvimento rápido de novos ambientes virtuais, que utilizem agentes e objetos inteligentes para aperfeiçoar estes ambientes.

Um dos usos da RV de imersão total, que foi estudado neste trabalho, é chamado de telepresença. Nesse tipo de RV de imersão, o usuário pode estar no lugar que quiser porque sensores de entrada estão lá, num robô que imita suas próprias ações. Isso seria ideal para trabalhar num ambiente perigoso, como em atividades no espaço cósmico, mergulho em águas profundas, remoção de lixo perigoso, engenharia nuclear, colocação de bombas e de outras aplicações já vistas no trabalho.

Atualmente, alguns dispositivos estão sendo usados no espaço cósmico para manutenção, reparação e observação remota. As várias sondas espaciais lançadas nas últimas três décadas, para explorar o sistema solar, são uma forma de robô, porque são capazes de tirar amostras de solo e de executar outras manipulações teleoperadas, assim como coletar dados do espectro eletromagnético.

Uma das vantagens da tecnologia robótica para a Realidade Virtual, é que qualquer acessório pode ser um receptor visual. Em algumas aplicações, pode ser muito útil ter um terceiro olho ou um segundo par de olhos nos manipuladores que o usuário controla com as mãos. Especialmente para trabalhos que exigem controle rigoroso, como os robôs especializados usados por esquadras de bombardeio.

Percebeu-se que para esta tecnologia ser satisfatoriamente viável, serão necessários avanços significativos em feedbacks táteis e cinéticos. Aplicações de telepresença para a educação, atrações de entretenimento, conferencias e outras atividades essencialmente passivas serão desenvolvidas em breve, provavelmente.

Eis, que se pôde ver, que há muitas aplicações potenciais para realidade virtual. Talvez, no futuro, seremos limitados somente pela nossa imaginação, resguardando o uso da RV. Realidade Virtual nem é boa, nem é ruim. É uma ferramenta nova que terá importantes implicações em nosso futuro. Trabalhando no campo da realidade virtual, encontram-se vários e importantes aspectos disto, que é frequentemente negligenciado. De maneira a criar mundos virtuais, deve-se ter um entendimento profundo de como trabalha o nosso mundo de todos os dias. "Talvez um dos maiores presentes da realidade virtual, será a de nos ajudar a entender melhor nossa própria realidade".

Quando procuramos a essência de uma tecnologia, nos ocupamos em especular, mas não em vaga especulação. Especulação, envolve aonde plantamos os pés, quem somos e o que escolhemos para ser. Atrás do desenvolvimento de toda tecnologia principal, se situa a visão. A visão dá ímpeto para os evolucionistas neste campo se equilibrar, mesmo que a visão não esteja clara, detalhada ou prática. A visão, captura a essência da tecnologia e chama para adiante a energia cultural necessária para propulsar isto adiante. Freqüentemente uma visão tecnológica se choca contra a consciência mística e o lado religioso do espírito humano. Portanto, se a questão da realidade tem sido sempre uma questão sobre direção, sobre enfoque, sobre o que nós deveríamos reconhecer e deveríamos considerar, não poderíamos ficar surpresos quando Realidade Virtual, provar controvérsias e ilusões, criando um novo cardápio de demandas de realidade, podendo suportar, e porque não, suplantar, toda a curiosidade e imaginação humana, especialmente quando tecnologia e realidade estão começando a fundir-se.
JOHN C. BRIGGS, (Rochester, New York, 1999) em 04 de dezembro de 1999 num capítulo da World Future Society, pôs asas a imaginação e fez interessantes projeções do emprego da realidade virtual no futuro. Talvez suas projeções, para muitos, possam parecer fantasiosas, no entanto, se justificam pela grande diversidade aplicativa desta tecnologia de Realidade Virtual.


A NOVA CASA DE 2006:

Vira cuidadosamente inspeciona sua nova casa com seu construtor e arquiteto. Os espaços que foram projetados por seu arquiteto são vistos como bons, exceto a cozinha que está em um local errado. Com o auxílio de seu arquiteto, ela rearranja os compartimentos até que os mesmos tenham preenchido sua necessidade. Eles caminham por todo o resto da casa, inspecionando os vários espaços e o fluxo entre os mesmos. Vira liga o "sistema de entretenimento" e considera como vários sons viajarão através da casa. Vira rearranja os móveis em sua sala de estar, para ver como ela poderia tomar vantagem da luz natural e as lâmpadas que tem de escolha. Ela vê e sente as texturas de seu sofá. Ela ainda vai até o quarto e considera como a luz se difunde em vários momentos do dia, durante estações diferentes. Ela está particularmente contente quando olha as janelas no jardim, se certificando daquilo que ela terá. Voltando-se ao seu arquiteto e a seu construtor, Vira diz: "Eu gosto da casa. Vocês podem fazer as mudanças que eu notei e reiniciar agora. Obrigado por mostrar-me exatamente o que a casa será. Eu poderia não ter entendido como ela seria, simplesmente observando plantas baixas".
Eles saíram do "CAVE realidade virtual" no escritório do arquiteto e balançaram um interruptor. A "casa" de Vira desapareceu atrás deles. Quatro paredes de espaço em branco, um chão e um teto, foram tudo aquilo que permaneceu. Vira tem participado no projeto de sua casa usando a realidade virtual e tem inspecionado a casa antes da mesma ser construída. As mudanças que foram feitas por ela são automaticamente transferidas aos documentos de construção, aos quais serão transferidos até um conjunto de materiais de construção com um novo custo estimado para sua aprovação. Isto é, "como se" ela já tenha morado na casa.


ESTUDANTES EM MARTE EM 2007:

Os estudantes permanecem na superfície de Marte, inspecionando a paisagem com os seus veículos terrestres ao lado. Eles têm que identificar as formações de pedras incomuns antes deles irem lá, os únicos com matizes de laranja e púrpura. Um vale profundo com um bordo irregular está a uma certa distância da esquerda deles. Eles têm que checar o mapa de Marte e encontrar seus nomes e marcar suas coordenadas. Eles saltam de seus veículos e movem-se para o alto, montanha a frente. Cores da superfície do planeta e suas perspectivas mudam, enquanto eles olham ao redor. O líder deles os desafia identificar suas vizinhanças.
De repente, uma voz vem pelos seus fones: "Hora de retornar para Terra". Removendo seus óculos de realidade virtual, os estudantes estão retornando às suas salas de aula. A voz é a de seu professor. "Lembrem-se de estudar e rever sobre o terreno de Marte para o teste de amanhã", diz o professor. "Vocês serão interrogados em detalhes do que vocês há pouco viram".
Estes estudantes do sexto grau estão estudando ciência usando a realidade virtual na sala de aula. Eles têm viajado virtualmente para estudar Marte no próprio planeta, uma rede de comunicação e educação. Enquanto ainda não há nenhum humano que atualmente tenha ido a Marte, muitas sondas orbitais têm mapeado o terreno e um veículo que perambula roboticamente na superfície do planeta, tem fornecido figuras vivas. Estas visualizações estão tornando-se uma visualização de realidade virtual do planeta vermelho para propósitos educacionais e científicos. É uma experiência que jamais será esquecida.
Os estudantes estão particularmente excitados, porque no próximo ano, um novo equipamento rastreador irá até a superfície de Marte e oferecerá excursões ao vivo de regiões adicionais da superfície do planeta, por realidade virtual (telepresença). Eles serão capazes de manobrar o veículo pelo planeta e explorar seus segredos. Câmeras estéreo transmitirão as viagens de retorno a Terra, enquanto eles controlam sua trajetória. Eles se moverão em qualquer direção, aproximarão em pontos interessantes e mapearão o terreno mais cuidadosamente. De certo modo, eles estarão explorando Marte da mesma maneira que eles esperam que os seres humanos farão nos próximos 20 anos. A lição de hoje ajudará a prepará-los para este evento".

 

AS COMPANHIAS, AO VIVO E VIRTUAIS DE 2010:

Bob facilmente se instala em seu assento no avião e tira seu computador, conecta seu "headset" e o liga. Uma figura na forma de seu assistente, George, surge na tela do headset, aparecendo justamente como ele o tinha visto a vinte minutos atrás. "Aonde você gostaria de ir?" pergunta George. Bob responde, "Leve-me a fábrica de Dallas". Em um instante, a fábrica está a sua frente, justo como ele gostaria que aparecesse se ele fosse comtemplá-la de uma plataforma. Visores em forma de caixas aparecem para o lado da visualização, mostrando a ele as atividades da planta fabril. "George, por favor, focalize o inventário e mostre-me o fluxo das partes do dia de hoje. Então, revista a planta em seu fluxo atual". A visualização mostra a ele que estão certos em seus objetivos. "Obrigado, George," ele diz. "Não há necessidade de realizarmos uma simulação para melhorar o nosso fluxo. Nós temos simplesmente, partes suficientes para completar o próximo ciclo". Bob tinha preocupação que eles tivessem partes estocadas a níveis baixos, em uma planta distante, mas um contato recente com seus sócios corrigiram a situação potencialmente prejudicial.

"Agora George, você poderia me levar àquele programa de relaxamento sobre o qual você tem comentado?". Bob põe sua cabeça para trás na almofada do assento e como uma cena em uma praia no Taiti, sua consciência é tomada. O sol está brilhando, a areia está morna e o vento sopra suavemente. Bob escuta o som das ondas que se encontram na praia. Ele se sente longe dos ventos frios do inverno de Chicago, que ele há pouco deixou.
Bob tem viajado para as mais distantes fábricas usando a realidade virtual. Ele tem se conectado através do VR SatNet e usado o computador "Agente George", aparecendo na forma de um Avatari (uma representação virtual de um ser) na tela para guiar sua jornada. Tudo é visualizado em três dimensões e o Bob é capaz de interagir com o ambiente em um estado de imersão. Tendo concluído seu trabalho, George fornece a Bob uma experiência de relaxação criada virtualmente, que tende a aliviar as tensões do dia-a-dia de Bob e facilitar sua viagem até, por exemplo, Hong Kong.