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TV MOTIVACIONAL
Estamos enfrentando um dos maiores colapsos culturais dos últimos tempos. Em que pese algumas tentativas (vitoriosas) na área de áudio visual, de cinema, outras tantas em teatro, a televisão atravessa uma crise sem precedentes. Sabemos já que a televisão tem uma produção cara, a televisão como um todo, quero dizer. Com a multiplicação de canais via cabo ou satélite (temos mais de cem), criamos ao lado da fartura um problema de ordem financeira e cultural: não temos meios de produzir programação necessária para ocupar todo o espaço que temos, todos os canais, com programação de qualidade. E o que é programação de qualidade? É a programação que, enquanto entretenimento, tenha altas doses de conteúdo cultural, que possua informação, educação (e podemos discutir se informação é sempre educação, creio que sim). É ainda a programação preocupada com a juventude, com o nosso futuro. Não posso conceber uma nação (ou um planeta) que entope seus jovens de banalidades, que os exercite a não pensar, que não traga experiências, temas para a reflexão, que encaminhem a reflexão. Um meio de comunicação que não educa, e que não encaminha a juventude para a reflexão é um desserviço uma arbitrariedade, na medida em que as concessões são justamente para que se possa ter controle e garantia de um mínimo de qualidade na programação. E temos que terminar de vez com esse conceito antigo e errado de que toda educação é chata, tudo o que nos motiva ao pensamento, à reflexão, a análise de valores não é “atraente”. Essa idéia parte sempre dos incompetentes, da ignara, dos que não são capazes de realizar bons produtos, dos que nivelam por baixo, dos que fingem acreditar que o povo quer baixaria e mulher bonita e famosa na tela somente, como garantia de sucesso e audiência. Estes (que se dizem) Produtores desejam na verdade é o lucro fácil, a programação barata. É o caso do talk show: No mundo inteiro produzem milhares desses tipos de programa por motivos óbvios, simplicidade e baixo custo de produção. Entretanto, podemos ainda separa-los: os que só trazem gente bonita e famosa, mas não tem nada a acrescentar e os que discutem francamente a sociedade que vivemos, a cidadania, as questões ambientais e comportamentais. Estes últimos tem uma produção não tão cara, mas demonstram claramente que seus produtores querem acrescentar, querem agregar informação e temas para a reflexão do seu público e não conquistar audiência pelo bizarro ou o belo simplesmente. Estes programas com certeza não se manterão. A juventude vai migrar radicalmente de uma televisão que não traga conteúdo nem possibilidade de interatividade para uma rede (hoje a Internet) que permita sua participação, sua inserção na discussão séria (através da mídia) dos assuntos que compõem a cidadania, base da democracia. Fora disso, tudo será terminado, tudo acabará por falta de quem queira se permitir ser passado para trás. Os que hoje estão comemorando “os pontinhos no IBOPE por causa da moça bonitinha, do galazinho que manda beijinhos patéticos, esses estão condenados ao fracasso em futuro breve e à execração pública, por tentarem, usando a força da mídia, idiotizar a juventude do país”. O povo não suporta e não aceita mais a TV Burra, que acredita que o somos todos burros. É fundamental, portanto, que se compreenda esta nota tão simples e se invista em programas que acrescentem informação, conteúdo, que permitam a interatividade e que promovam a discussão e a reflexão. Para os outros: puf, puf, puf, mata barata neles.
Geraldo Iglesias |
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