*   DOCE MUNDO

A convivência diária com tantas pessoas, tantas cabeças diferentes dizendo e realizando coisas diferentes e iguais ao mesmo tempo.
Ainda ao mesmo tempo, tenho a impressão de que se julgam diferentes sendo tão iguais quanto a cena antológica de “Quero ser Jonh Malkovich”.
O que essa multidão espera correndo para lá e para cá, sem perceber que estão (estamos?) num labirinto(mandala?) e que possivelmente as forças que realmente estão regendo tudo estão longe demais para que as percebamos.
Leio o brilhante artigo de  Olavo de Carvalho na BRAVO de abril e fico me perguntando porque discordo de coisas de que gosto.
Fico vendo televisões e sites e rádios e filmes e livros e artigos, uma bruta produção intelectual que de intelectual não tem nada ou melhor,nada acrescenta.
Abandono então esse mundo de sonho e quando abro o “primeiro caderno”.... Quando leio o que acontece na política, o que acontece entre os homens que têm poder, que foram eleitos pelo nosso voto (pobres e enganados mortais)...
Quando olho para o meu Rio de Janeiro, minha São Paulo (Sim, porque todo o Brasil é meu!). Quando vejo o mar de lama, quando vejo Senadores, Governadores de cidades fundamentais, cineastas, escritores, todos numa dança lenta, em câmara lenta onde o mote maior é jogar mais lama, mais, onde todos parecem culpados, todos parecem respingados pela podridão (a banda podre falada do Rio é nacional e muito maior do que só a da polícia)
Eu quero a democracia sim. Quero o direito de votar, de criticar, de ser criticado, mas fico assustado com a quantidade de podridão, de intrigas, de negociatas, de jogadas...
Fico pasmo com a inocência neo-infantil de uma oposição tatibitati. Se isso é a oposição para onde correr então?
Ainda há muito que trabalhar.
E, pasme, no ser humano.
Somente nele
Melhor, por hora, regalar-me com o discurso que Bech, personagem de John Updike faz ao agradecer o Nobel de Literatura...


Geraldo Iglesias
      Abril de 2000

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