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NTERATIVIDADE EM NOVELAS E NA VIDA REAL

Existe ainda uma dificuldade muito grande mesmo entre pessoas que trabalham com comunicação em perceber a importância do movimento de fusão de mídias, principalmente entre a TV e a Internet. Não percebem que a Internet é a mídia mais completa, mais democrática existente e que as dificuldades que hoje ainda se apresentam estarão sendo resolvidas nos próximos meses, um ano talvez. Não se trata, portanto, de futurologia. Precisamos baratear os computadores e cabear as cidades em bandas mais largas. Isto feito, todos terão acesso de forma igualitária à educação, à informação, à cultura, ao entretenimento com um enorme diferencial: estarão interagindo com tudo o que é divulgado, todos partícipes de uma enorme engrenagem chamada informação, que se traduz em saber.
Para que se tenham parâmetros dessa revolução, podemos dizer sem exagero que a chegada da Internet é mais importante historicamente do que a prensa de Guttemberg.
A opinião de Ricardo Linhares publicada na reportagem sobre interatividade em novelas (O Globo, 12/04/01), quando diz: “O universo dos internautas não representa o povo brasileiro. Entre 3% e 5% e a maiorias nas classes A/B1. O grosso do público é das classes B2/C. Não é justo que meias dúzias de pessoas que tenham acesso à internet decidam o que a maioria deve ver...” demonstra o processo às avessas; imagine-se que não se produzissem programas quando havia apenas duzentos aparelhos de televisão no Brasil ou que não se estimulasse a interatividade quando o telefone era raro.
Em ambos os casos as classes mais favorecidas economicamente foram beneficiadas primeiro, mas a demanda provocou o aumento na produção, a concorrência e, logicamente, o barateamento dos produtos e serviços tornando-os acessíveis a toda a população. Se pensassem como Linhares, estaríamos ouvindo rádio e interagindo por cartas.
O assunto é sério. Não compreender com clareza os caminhos da comunicação (as tvs à cabo, UHF, a Internet e outros), sua aplicabilidade, retorno financeiro e social implica em não perceber o equilíbrio no mundo globalizado onde a mídia tem papel fundamental na acomodação e equilíbrio social.
Geraldo Iglesias
Abril de 01
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