O DIREITO DE SABER E OPINAR


Longe de me pretender um 'futurista' percebo que algumas alterações no mundo das comunicações estão prestes a entrar em ação deixando para trás os métodos atuais sob pena de uma implosão da Grande (?) Rede.
Evidente que a internet e todos os meios digitais continuarão por muito e muito tempo, atualizando-se de maneira impensável. Mas a questão das bandas para transferências de dados chegou a um ponto insuportavelmente insatisfatório, profundamente ineficaz para o que se pretende em termos, no mínimo, básico de comunicações.
Todo o suporte de teleconferência, transmissão de textos, de áudio e vídeo passam necessariamente pela internet. O mundo está, o tempo todo, conectado.
Enquanto as televisões encontraram seu caminho através dos canais a cabo, usando satélites em profusão para produzirem material com mais qualidade e velocidade, propiciando informação clara, limpa e de conteúdo, gerado e assistido on line de qualquer lugar do planeta (e parte do universo) o sistema de comunicação de internet nos países em desenvolvimento deixa tanto a desejar que se acaba abandonando o computador e procurando a televisão.
É indiscutível que são meios absolutamente díspares, cada um com função bem delineada, mas percebo a presumível vantagem da interatividade francamente prejudicada. Não temos recepção clara de imagens em movimento. A chamada banda larga não é tão larga assim, embora extremamente cara.
Num país como o Brasil com tantas necessidades, carente de tantas coisas, esperar 10, 30 minutos para conseguir uma conexão vagabunda de 56 (que na verdade são 40, 48) é de fazer qualquer um perder a paciência, ir até a banca de jornal ou procurar um televisor exposto numa loja de eletrodomésticos. Com isso, este personagem está excluído daquilo que é o maior bem da humanidade, o direito de expor suas idéias, de interagir com os fatos. Não adianta possuirmos um e.mail se os jornais só publicarão as notícias que uma subeditora selecionar. Em época de comunicação eletrônica e global, a passividade deixa de existir e o direito à opinião de qualquer cidadão é o mínimo que se espera de um mundo conectado, em rede.
Espera-se, portanto, para muito breve a solução para as transmissões de dados, seja por cabos ou satélites. Os computadores, os processadores estão infinitamente à frente do que as redes permitem trafegar. Faz-se muito num computador, mas não se disponibiliza tudo, não se permite a discussão de idéias, o intercâmbio dos saberes.

Geraldo Iglesias
26 Setembro 2001
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