![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
MULTIMÍDIA A comunicação toma rumos em alguns momentos incontroláveis.Percebo que não existe um conceito ainda absolutamente claro no trabalho da maioria das pessoas que se propõem a trabalhar com multimídia. A imprensa foi facilmente compreendida. O mesmo ocorreu com o rádio, o cinema e a televisão. Tratava-se de mídias lineares, com início meio e fim. O início da internet foi motivo para festejos, palestras, livros, revistas, seminários onde previsões para o futuro próximo esperavam maravilhas, soluções milagrosas. O tempo está passando e estamos vendo uma outra realidade. Existe o grave problema da banda para a transmissão de dados, da falta de especialização de conteudistas para a internet e, principalmente, o mais grave: a falta de percepção de que a internet é mais uma mídia apenas. Ainda que, com possibilidades de ser a mais completa, a mais 'inteligente', é uma e não a única. Repetir uma idéia, um conceito não é perda de tempo. Ao contrário: revendo processos temos a possibilidade de compreender as necessidades dos usuários e nossas falhas na geração de produtos. Os comunicadores, os estudantes, os professores, todos buscam informações na internet ao mesmo tempo em que criam mais e mais sites, abastecendo a rede com uma enorme quantidade de informação, uma quantidade impossível de ser assimilada por qualquer ser humano. O conceito de internet inteligente já é uma realidade no fim de 2001, mas ninguém pensa em tirar o sujeito do site e encaminha-lo a um parque, a um livro ou a um filme. Entende-se por modernidade suprir a rede de uma quantidade cada vez maior de informação impedindo o indivíduo de encontrar comunicação ampla em outros meios. Observe-se que em qualquer empresa onde exista um setor de multimídia, este estará voltado para a internet, seus funcionários pensarão que estão 'fazendo a história' ou a 'revolução na comunicação'. Não percebem que esse período já passou, que é hora de profunda reflexão sobre tudo o que foi feito e a real utilização dos meios eletrônicos. Seria estupidez encaminhar alguém para uma enciclopédia encadernada simplesmente; óbvio que a margem da mesma estar desatualizada com o que se pode encontrar on line é enorme. Mas como estamos trabalhando as comunidades carentes e, portanto, sem acesso a tecnologia cara nos países em desenvolvimento? O que o site A ou B fornece a essa população? A possibilidade de visitar museus no exterior? Sim. A conhecer a previsão de trânsito nas estradas, de meteorologia? Sim. A acessar enciclopédias e textos inacessíveis? Sim. Mas, pensemos com clareza: é o bastante? Nos países em desenvolvimento onde pouquíssimos têm possibilidades financeiras de ter um computador razoável, pagar uma ligação telefônica e um provedor de acesso (custo inicial de mil dólares e mensal de cem dólares) como devemos encaminhar a questão da comunicação e da educação? Disponibilizando todo o saber na internet e anunciando esses sites pela televisão? Não temos a resposta. Mas podemos pensar em alternativas. Não seria mais útil ensinar que um computador pode atender a uma comunidade pequena? Que as informações podem ser impressas e distribuídas até mesmo oralmente? Criar mecanismos para que a população aprenda a levar suas dúvidas, reclamações e reivindicações aos canais competentes via internet não é mais útil que convence-la de que sem um computador em casa nada mais é possível? Quantos sites falam de fitoterapia, de remédios genéricos, de prevenção de doenças, de reutilização de alimentos e materiais, de tratamento de água e esgotos, de higiene, de soros caseiros? Que sites indicam bibliotecas públicas, concertos ao ar livre, rádios de música clássica? Precisamos continuar alimentando a internet de conteúdo, criar softwares cada vez melhores, processadores mais rápidos, viabilizar o tráfego de dados, baratear o custo dos computadores. Mas, sobretudo, é fundamental repensar o que é realmente a multimídia, o que é a convergência de mídias e, primordialmente, como difundir cultura, informação, educação e cidadania no estágio em que estamos HOJE. Geraldo Iglesias Outubro de 2001 |
||||||||
Principal | ||||||||
![]() |
||||||||
![]() |
||||||||