Utilização de mídias HOME "Tudo é mídia" - disse um teórico. E realmente, de algum ponto de vista, tudo é mídia. Segundo o Aurélio, mídia é ' o conjunto dos meios de comunicação, e que inclui, indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas como, por exemplo, jornal, rádio, televisão, cinema outdoor, página impressa, propaganda, mala direta, balão inflável, página na internet e etc.' E mídia confunde-se com informação, com notícia, com educação, com os vários saberes de que o homem necessita para interagir com o seu grupo. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, criou-se o paradoxo da mídia eletrônica ser maior disseminadora de saberes do que os meios tradicionais. País de poucos leitores, de baixíssima produção de livros, de poucos museus, de baixa produção cinematográfica, o rádio e a televisão rapidamente tornaram-se os grandes meios de informação e entretenimento. A reboque veio a educação. Facilmente percebeu-se que o brasileiro pode não ter acesso ao livro ou à escola, mas tem ao rádio e a tv. Daí foi um passo para os programas educativos radiofônicos e televisivos. Um pouco mais tarde, percebe-se que a educação latu sensu não era completamente absorvida pelas mídias eletrônicas, ficava mais árida, e, ainda assim, que a educação é o conjunto de saberes e informações muito compatíveis com as possibilidades dos novos meios de informação, até pela viabilidade da 'resposta' de que recebe ou, mais tarde, a interatividade. Por caminhos transversos, concluiu-se que a interatividade seria fundamental para a educação pela mídia ou educação a distância. E digo por caminhos outros porque, na verdade, a interatividade entre os cidadãos é fundamental em qualquer área, principalmente por seu forte conteúdo democrático. Falou-se durante muito tempo no espectador passivo, aquele que recebe a informação do rádio e da televisão, é bombardeado dia e noite com uma programação que, na grande maioria das vezes, despreza a inteligência e a capacidade do usuário de beneficiar-se em troca da banalização do chulo. Defendem alguns que, ao produzirem uma programação de péssima qualidade, que nada acrescenta à cultura da população e, ainda assim, tendo um índice muito alto de audiência estão "dando ao povo o que ele quer". Esse parêntese que fiz é meramente ilustrativo, já que a educação é um problema grave e deve ser tratado com a seriedade dos especialistas da área. O assunto veio porque hoje existe uma grande aproximação dos temas a serem difundidos. A mídia tem um papel extremamente relevante, pode-se afirmar que único, na transmissão das informações entre os homens. Isso resulta em globalização e aí surgem algumas dúvidas e desvios na exposição de raciocínios e metas. O homem globalizado tem acesso imediato a toda a informação, a todo o entretenimento, cultura e educação. Ele mesmo, com sua cultura, é partícipe desse processo com a realidade da interatividade. Quando uma pessoa ouve um programa de rádio, assiste um outro na televisão, acessa a internet, vê um cartaz ou assiste a um filme, torna-se parte de um todo midiático que abrange educação, cultura, informação e entretenimento. Tão ou mais importante do que a invenção de Guttemberg é a internet. Hoje ela reúne todos os saberes adquiridos pela humanidade permitindo que, em tempo real, tudo seja informado, explicado, comercializado e discutido. A internet é viva, pulsante e torna-se cada vez mais inteligente. O refinamento dos meios de busca, os programas para transmissão de dados específicos permitem que o homem sobreviva (física e culturalmente) através da rede mundial de computadores. Essa importância vital da Internet começa a gerar uma série de questionamentos em teóricos, formadores de opinião, estudantes e na população de uma forma geral. 'Que oportunidade tem o cidadão que não possui acesso a Internet?' Na minha opinião e pelo que tenho lido e visto, dentro de alguns anos, o homem sem acesso a Internet não terá oportunidade nenhuma de inserir-se como ser atuante, parte da aldeia global, incapaz, portanto de estudar, trabalhar e estar informado. Mas essa não é a realidade de hoje, do final do ano de 2001. A maioria da humanidade não está constantemente acessada à rede e sequer tem a ela algum acesso. É preciso então clarificar a situação sublinhando que a Internet é a mídia completa, absolutamente indispensável e capaz de gerir-se e à humanidade, mas que os outros meios hoje têm um papel primordial, fundamental não devendo em hipótese alguma ser abandonados ou subestimados. Deve-se falar de convergência de mídias não como modismo ou panacéia e sim com a clareza de que a convergência não é atualmente necessariamente só para a Internet. Ela na verdade é o estudo e aplicação das inúmeras possibilidades que se apresentam por todos os meios disponíveis. Todo o conteúdo de cada uma das mídias está na internet, mas cada uma delas, de forma independente, têm papel fundamental até mesmo (ou, principalmente) na globalização, além de ajudarem a manutenção da cultura local, do regional. A convergência é incompreendida a partir do próprio termo. Acredita-se que todas as mídias devem convergir para uma que, por ser a mais completa, inevitavelmente é a internet. Partindo dessa premissa estaríamos tornando a rede mundial de computadores um fator excludente, um meio que privilegiaria poucos em detrimento da maioria. E novamente estamos diante do paradoxo, pois a Internet é o ponto de inclusão planetária. Existem várias ONGs trabalhando de forma extremamente séria ao levar cursos de informática para as populações carentes. Esse trabalho não se restringe aos cursos, mas a implantação de redes, a doação de equipamentos para que aumente significativamente a possibilidade de acesso. É um passo gigantesco, embora os resultados sejam percebidos com muita parcimônia. Por outro lado, a falta de informação quase atávica dessas populações tende a possibilitar o uso desse meio para outros fins como a erotização exagerada e sem controle, o sexo gratuito e virtual, além de outros, piores como a pedofilia etc. Evidentemente esse é um desvio do ser humano e não apenas das populações carentes, visto que as grandes redes de pedofilia para exemplificar, são geridas por grupos com escolaridade superior e renda equivalente a de classe média e alta. O tráfego de drogas e demais grupos marginais, também se aproveitam da internet levada às comunidades carentes. E, da mesma forma, compreendemos que esses grupos usam quaisquer meios que por ali apareçam, sejam rádios transmissões. Telefones celulares, fogos e até mesmo toscas pipas ou papagaios. (continua) Geraldo Iglesias 15.11.01 |