Prezado(a)s colegas, em agosto aconteceram momentos muito significativos em minha vida. E gostaria de dividir estas emoções com vocês que tanto tem acompanhado minha jornada profissional e pessoal.

No dia 17 de agosto iniciou nossa viagem para Boston - EUA.

Fomos 7 colegas bibliotecários brasileiros que receberam esta bolsa para participar na 67. Conferência e no Conselho Geral da IFLA:

Durante o período de abril a agosto começamos a trocar mensagens eletrônicas. No começo a Lídia entrou em contato comigo e depois a Tânia e Glaúcia. Só mais tarde, final de maio descobrimos o Aguinaldo a Sueli e Beatriz. Assim fomos descobrindo um pouco mais de cada um. E finalmente no vôo a Boston tivemos a oportunidade de conhecer quem era quem presencialmente. A Tânia  perdeu a conexão de vôo e chegou no domingo. Mas outras colegas da área estavam no mesmo vôo: a Maria de Fátima Portela Cysne - presidente de honra do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação a ser realizado entre 23 a 28 junho do próximo ano, e duas colegas paraguaias Evangelina Cabrera Portillo e Glória Beatriz Peralta (ambas também bolsistas da IFLA).

Chegamos em Boston no sábado pela manhã. A tarde já estávamos devidamente registradas na IFLA, recebemos nossa pasta contendo: um CD-ROM com a programação e os principais documentos que foram apresentados (disponível também no site da IFLA http://www.ifla.org ), livro sobre a programação, livro referente a relação dos inscritos (países, nomes e endereços dos participantes inscritos até 26 de julho), um livreto referente aos expositores (lista alfabética e numérica) indicando a organização, endereço principal, descrição dos produtos e serviços, etc., mapa síntese e guia da cidade de Boston.  E os convites para a recepção na Biblioteca Pública de Boston, ao Museu de Ciências, no MIT e em Harvard.

Cabe ressaltar que a programação estava bem detalhada e impressa no idioma inglês e espanhol. Os idiomas oficiais da IFLA são: inglês, francês, alemão, espanhol e russo. Sempre estavam disponíveis os equipamentos (fones) para quem os necessita-se, além dos voluntários prontos a ajudar. Durante o congresso notou-se a presença de cegos e surdos (para os quais havia atenção especial).

No sábado conseguimos participar da reunião Caucus: Bibliotecários que falam o idioma português. Este idioma foi sugerido a ser inserido como oficial na Conferência de 2004 a ser realizada em Buenos Aires - Argentina.

No domingo participamos da Introdução aos novos membros da IFLA. O destaque estava nas participações de cerca 5000 bibliotecários oriundos de 140 países, cerca de 2000 pessoas usaram a Internet para se inscreverem, para 1200 era a primeira vez (First Time), e 83 pessoas receberam estas bolsas de apoio (Fellowship), e ao final do evento foram 30 novos inscritos como membros.

Referente a estas bolsas: foram realizadas mais de 1000 inscrições oriundas de diferentes países. Os critérios estavam centrados para que os selecionados divulguem as atividades da IFLA, estimular a participação para próximos eventos e principalmente integrar mais na biblioteconomia internacional, enfatizando a importância aos bibliotecários da América Latina (pois lamentavelmente não estamos participando internacionalmente como deveríamos). Ressalta-se que 42 bolsas foram doadas por instituições e também pessoas que disponibilizaram os recursos financeiros para viabilizar estas bolsas. As bolsas possibilitaram: as passagens aéreas internacionais ida-e-volta - do aeroporto internacional mais próximo ao aeroporto de Boston, a estadia em hotel, um auxílio de custos no valor de US$ 225,00 durante o evento (para as despesas de alimentação entre outras, só para se ter uma idéia de preços no nosso quarto no hotel o litro de água custava US$ 4,50 fora aos impostos e taxas locais).

O tema central do evento: Bibliotecas e bibliotecários: fazendo a diferença na Era do Conhecimento. Isto repercute em valores centrais abordados, tais como: como as pessoas compreendem a importância das bibliotecas; as pessoas em qualquer lugar necessitam acessar a informação, as bibliotecas estão para garantir tal acesso e a participação mundial dos bibliotecários.

No domingo também houve uma reunião com os bolsistas da IFLA. Programação específica e tivemos a grata satisfação de ter a presença da presidente da IFLA e o primeiro secretário geral. Em seguida foi oferecido um almoço e pudemos trocar idéias com os nossos mentores - guias para determinado grupo de bolsistas, para aconselhar na programação, atividades paralelas, entre outras questões que vinham a tona. Às 16 horas iniciou-se o I Conselho Geral pela presidente da IFLA Christine Deschamps - resgatando a acolhida em Boston, os números do evento, a importância da IFLANET - boletim eletrônico, as principais atividades da IFLA no ano - inclusive a sua visita ao Congresso Brasileiro realizado em Porto Alegre (desde a última reunião realizada em Jerusalém). Também foi apresentada a campanha @ your library - a importância de comunicar quem somos, nossos serviços para mostrar nossa presença a sociedade e atrair mais pessoas para nossa profissão (mais informações estão disponíveis no site www.ifla.org/@yourlibrary). Em seguida abertura da exposição das empresas, seus produtos e serviços.

Na segunda-feira, às 8:30 horas a programação estava em andamento. Notou-se que os horários eram bem definidos, isto é, sem ultrapassar tempos e precisão nas aberturas e encerramentos. No final do dia houve a abertura oficial. Um show a parte, com sapateados coral Gospel e as formalidades de um evento desta natureza. Diversas vezes o Brasil foi mencionado, seja pela Christine Deschamps ou pelo excelente orador que mencionou sua vivência com Paulo Freire (este maravilhoso educador brasileiro, conhecido por muitos lá fora e por poucos no Brasil). O prefeito de Boston Thomas M. Menino declara Dia da IFLA em Boston. Também é apresentado uma carta com os cumprimentos e votos de êxito da primeira dama dos Estados Unidos a senhora Laura Bush (também bibliotecária).

Depois desta  cerimônia de abertura acompanhamos o Coral Gospel, milhares de vozes acompanhando as músicas. Fomos caminhando até a recepção na frente da Biblioteca Pública de Boston, encantadora. Tantas pessoas de países tão diferentes com algo de tão importante em comum: bibliotecas e bibliotecários na era do conhecimento.

Durante os dias, aproveitou-se a variedade de opções do programa assistindo palestrantes famosos, tais como o Laurence Prusak - autor de diversos livros sobre gestão do conhecimento, novas tecnologias, conhecer a senhora Ia C.McIlwaine que trabalha com o Consórcio da Classificação Decimal Universal (www.udcc.org) - atualmente também disponível online, o Prêmio da Fundação Melinda & Bill Gates (www.gatesfoundation.org) - ano passado premiou a Biblioteca P&uaacute;blica de Helsinke, e este ano foram 2 contemplados de 19 inscritos: o projeto da Biblioteca do Senado de Buenos Aires e o PROBIGUA - Projeto Bibliotecas Guatemala, cada qual com o prêmio de US$ 250.000,00. Cabe ressaltar que este prêmio (um tipo de Nobel em nossa área) é oferecido para somente a projetos de bibliotecas fora dos Estados Unidos.

Na quinta-feira o destaque estava na Escola de Biblioteconomia Simmons College (http://www.simmons.edu). Simplesmente o ambiente que cada um de nós gostaria de ter para aprender esta ciência tão bela e honrosa. A Professora Pat Oyler - http://www.simmons.edu/gslis/faculty/oyler.html - (que também já participou a muitos anos na UFMG como colaboradora) mostrou ser uma anfitriã atenciosa, dedicada e acima de tudo hospitaleira. Que grata surpresa aquele Coffe-Break em um auditório muito confortável. Após as palestras sobre educação a distância, biblioteconomia sob diferentes enfoques acadêmicos, fomos recepcionados para um almoço. Em seguida com uma visita orientada para pequenos grupos na biblioteca da escola: com espaço para os alunos de biblioteconomia realizarem os exercícios práticos de catalogação, logo ao lado um espaço para as tradicionais canecas e microondas para aquecerem os lanches que podem ser comidos na biblioteca, também no ambiente de acesso aos microcomputadores e bases, surprendeu-me as torres com folder explicativo de acesso aos diferentes recursos (guia passo-a-passo), além claro de televisão de 29 polegadas e diferentes jornais para uma leitura muito agradável nas poltronas convidativas. Continuou-se a apresentação de trabalhos e discussão das diferentes realidades. No final do dia havia as recepções no MIT e Harvard.

Na sexta-feira  acompanhamos a seção sobre América Latina e Caribe. Mais uma vez encontrando lideranças da biblioteconomia nacional como a Elizabet Maria Ramos Carvalho, a Ivone Tálamo, a professora Dra. Célia Ribeiro Zaher (diretora da Biblioteca Nacional) entre os representantes de outros países e a maioria dos bolsistas IFLA contemplados desta região. Foi destacado o papel da American Library Association - ALA que possibilitou e viabilizou as bolsas. E espera-se que continuem fomentar com este importante auxílio para que os profissionais possam continuar participando das conferências da IFLA e principalmente envolvendo-se mais nas bases (órgãos de classe).

As 15 horas iniciou a cerimônia de encerramento. Este foi o maior evento da IFLA, que só foi possível concretizar pelo apoio recebido por patrocinadores, pelas associações de classe norte-americanas, pelo trabalho de mais de 300 voluntários, e de inúmeros colaboradores que agiram intensamente para concretizar o evento. Durante a realização dessa conferência, foram efetuadas mais de 46 visitas em bibliotecas das redondezas proporcionadas por 22 instituições, 185 bibliotecários estavam diretamente envolvidos, mais de 500 caminhadas. Resumindo que bons serviços só vêm de procedimentos, preparo e planejamento.

Após finalizar as votações de propostas e demais formalidades do Conselho e Conferência Geral da 67. reunião - http://www.ifla.org/IV/ifla67/67conv.htm , foram apresentados a estrutura, a cidade de Berlin que será sede da conferência a ser realizada em 2003. E em seguida, surgiu um tocador de gaita de Folles, acompanhado pelo prefeito da cidade de Glasgow e as presidentes do evento e da IFLA convidando para 2002.

No Sábado aproveitamos para dar uma caminhada em Boston. O dia estava lindo. Conhecemos a biblioteca pública - setor novo, um parque público com gansos e patos selvagens. Além de passear próximo ao Palácio do Governo de Massachusetts. No final da tarde fomos ao aeroporto de Boston (Logan International Airport). E um longo regresso que deixa na memória novas idéias que podem ser implementadas e a esperança que temos muito por fazer nos diversos enfoques da biblioteconomia mundial. Cada país com suas diferentes realidades nas bibliotecas e bibliotecários, mas com uma só preocupação: tornar acessível a informação em diferentes formatos para os diferentes usuários.