Adriano Correia de Oliveira

Adriano Correia de Oliveira nasceu em 1942 em Avintes. Aos 17 anos ingressou na Universidade de Coimbra, para frequentar o curso de direito e tornou-se membro do Orfeão Académico. Juntamente com José Afonso, foi um dos principais renovadores da canção de Coimbra, iniciador do movimento de renovação da música em Portugal, que ficaria conhecida por "balada", e uma das principais vozes da Resistência ao fascismo.

Cantou inúmeros poetas, tendo sido o principal responsável pela divulgação de Manuel Alegre*, António Gedeão, Fernando Assis Pacheco, Luís de Andrade e Manuel da Fonseca, entre outros.

A canção "A trova do vento que passa" faz parte de um conjunto de melodias que encantaram e prevaleceram como baluartes da canção de intervenção, e testemunho do seu profundo amor à causa da Liberdade.

Adriano Correia de Oliveira empenhou-se no combate político e cultural, antes e depois do 25 de Abril, até à sua morte. Permanece como um dos artistas mais importantes da segunda metade do século XX. Faleceu em Avintes em 16 de Maio de 1982.


Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira nasceu no Porto, a 9 de Abril de 1942. Aos 17 anos matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, mas nunca chegou a acabar o curso.

Adriano nasceu e viveu num meio familiar tradicionalista e católico. Com poucos meses de idade foi residir para Avintes, na Quinta de Porcas, onde viveu também os seus últimos dias. Ali fez a instrução primária e, depois, no Porto, o curso dos liceus, no Colégio Almeida Garrett e no Liceu Alexandre Herculano.
Em Avintes iniciou-se no teatro amador e colaborou na fundação da União Académica de Avintes. Iniciou-se também na prática do voleibol - beneficiando dos seus dotes atléticos e da sua altura - e mais tarde, já em Coimbra, foi campeão nacional desta modalidade.Nesta cidade Universitária desenvolveu grande actividade nos organismos estudantis da Academia: cantou e foi solista no Orfeon Académico, fez parte do Grupo Universitário de Danças Regionais e integrou o CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra) onde representou várias peças.

Chegado a Coimbra, Adriano Correia de Oliveira cedo se evidenciou na Academia, quer através da sua intervenção cultural e política, quer através da prática desportiva.

A sua primeira ambição musical, com 17 anos de idade e ainda "caloiro", foi a de tocar viola eléctrica no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica, do qual faziam parte José Niza, Daniel Proença de Carvalho, Rui Ressurreição, Joaquim Caixeiro e outros. Como José Niza já "ocupava" o lugar de guitarrista, Adriano abandonou a ideia e dedicou-se ao canto, iniciando-se naturalmente pelo Fado de Coimbra, tendo gravado o seu primeiro disco - "Noites de Coimbra" - em 1960.

Nessa altura vivia-se ainda em Coimbra uma das fases mais ricas da canção feita pelos estudantes, dominada pelas vozes de Luis Goes, Fernando Machado Soares, e José Afonso e pelas guitarras de António Brojo António Portugal, Jorge Tuna, Jorge Godinho e Eduardo e Ernesto Melo.

Adriano - embora não tendo sido contemporâneo, nos estudos, dos cantores referidos - conviveu com eles, sobretudo com José Afonso e Machado Soares, os quais, embora já fora de Coimbra, continuaram a manter uma ligação muito estreita com a vida académica e a influenciar os cantores estudantes dos anos
60, dos quais Adriano foi companheiro: Barros Madeira, Lacerda e Megre, Sousa Pereira, Vitor Nunes, José Mesquita, José Miguel Baptista, António Bernardino e outros.
A obra completa de Adriano foi editada pela Movieplay Portuguesa e contém os 90 títulos originais que o cantor deixou gravados, todos eles para a Editora Arnaldo Trindade, Lda - Discos Orfeu.
Em 1963, com a gravação de "Trova do vento que passa", Adriano iniciou uma nova fase da sua intervenção musical e política, que veio - tal como José Afonso -, a imprimir à música popular portuguesa uma dimensão ímpar e nova.

Citando Manuel Alegre, a "voz do Adriano era uma voz alegre e triste. Solidária e solitária, havia nela ternura e mágua, esperança e desesperança, amparo e desamparo, festa e luta. E também saudade e fraternidade. Nenhuma outra voz portuguesa, com excepção da de Amália Rodrigues e José Afonso, está tão carregada desse não sei quê antigo que trazemos no sangue, como o apelo do mar e o amor da terra, como toada e o som do nosso próprio ser, do seu ritmo secreto, da sua música primordial. Voz de Fado e de destino, herança talvez do mouro e do celta que nos habitam, a voz de Adriano tinha também o masculino apelo do rebate e do combate. Era uma voz que precisava de poesia e de que a poesia precisava".

Adriano Correia de Oliveira faleceu em Avintes, em 16 de Outubro de 1982.


Adriano Correia de Oliveira

Nortenho de gema, em Avintes, ali pertinho da cidade do Porto, chegou ao mundo em 9 de Abril de 1942. Feitos os estudos obrigatórios, ainda muito jovem, pois contava apenas 17 anos, ingressou na Universidade de Coimbra, para frequentar o curso de Direito, que aliás acabou por não concluir. Integrou-se, com muita facilidade, no meio académico, onde foi muito estimado e admirado, sobretudo pelos dotes vocais e pelas excelentes interpretações da canção coimbrã. Tornou-se membro do Orfeão Académico e colaborou em múltiplas demonstrações culturais e, activamente, nos movimentos estudantis dos anos sessenta.

Colaborou em inúmeras serenatas, em manifestações musicais e cultivou, por gosto e com muita qualidade, a balada (um género de música que José Afonso traz para o campo artístico, de que é, porventura, o melhor intérprete). Ao mesmo tempo, embrenha-se na recolha, na selecção e gravação de canções populares, desde as ilhas a todos os cantos do continente, onde sobressaem trechos do riquíssimo folclore minhoto, beirão e açoreano.

Gravou variadíssimos álbuns, cantando poemas dos mais variados autores portugueses e melodias que encantaram e prevaleceram como baluartes da canção de intervenção. No seu repertório aparecem diversas trovas, (esse tipo de música que na Idade Média os aventureiros da cultura, percorrendo a Europa levavam, de terra em terra, as melodias de origem, vindas, muitas vezes, não se sabia de onde, mas que era uma forma de dar a outras pessoas as tradições, a cultura, as lendas, os costumes, os romances, o estilo de vida, que, desta forma, eram apresentados nas localidades a que chegavam e, posteriormente, também daqui transportados para outras terras).

As gravações feitas no antigo regime são um testemunho do seu profundo amor à causa da Liberdade, para a qual sempre deu o seu melhor, no sentido de levar mensagens e um pouco de conforto aos companheiros exilados, presos ou que tinham de sufocar as ideias democráticas. Ao lado de José Afonso, Manuel Freire, Luísa Bastos, José Jorge Letria, padre Fanhais, José Mário Branco - e outros tantos -, foi, um baluarte na defesa da Liberdade e na implementação da chamada "canção de intervenção, com a tal finalidade de reconfortar e animar os companheiros da vanguarda e da retaguarda e manter bem viva a chama da Esperança e da tão ambicionada Liberdade.

Muito cedo nos deixou, quando estava no auge da sua carreira. Viveu um pouco da música e do seu posto de trabalho na Embaixada de Angola no Porto. Estava ainda a terminar o curso de Direito. A morte, porém, a 16 de Maio de 1982, com apenas 40 anos, devido a uma doença súbita, surpreendeu-o, na terra que lhe deu a luz, expirando nos braços da mãe.

Crédito:Ler para Ver


Discografia

Noites de Coimbra - EP, 1960
          Fado da Mentira
          Balada dos Sinos
          Canta Coração
          Chula

Balada de Estudante - EP, 1961
          Fado da Promessa
          Fado dos Olhos Claros
          Contemplação
          Balada do Estudante

Fados de Coimbra - EP, 1961
          Canção dos Fornos
          Balada da Esperança
          Trova do Amor Lusíada
          Fado do Fim do Ano

Fados de Coimbra - EP, 1962
          Minha Mãe
          Prece
          Senhora, Partem Tão Tristes
          Desengano

Trova do vento que Passa - EP, 1963
          Trova do Vento que Passa
          Pensamento
          Capa Negra, Rosa Negra
          Trova do Amor Lusíada

Adriano Correia de Oliveira - EP, 1964
          Lira
          Canção da Beira Baixa
          Charama
          Para que Quero Eu Olhos

Menina dos Olhos Tristes - EP, 1964
          Menina dos Olhos Tristes
          Erguem-se Muros
          Canção com Lágrimas
          Canção do Soldado

Elegia - EP, 1967
          Elegia
          Barcas Novas
          Pátria
          Pescador do Rio Triste

Adriano Correia de Oliveira - LP, 1967
          Elegia
          Barcas Novas
          Pátria
          Pescador do Rio Triste
          Para Que Quero Eu Olhos
          Canção Terceira
          Sou Barco
          Exílio
          Rosa de Sangue
          Margem Sul (Canção Patuleia)
          Rosa dos Ventos Perdida
          Pedro Soldado

Adriano Correia de Oliveira - EP, 1968
          Para que Quero Eu Olhos
          Canção da Terceira
          Sou Barco
          Exílio

O Canto e as Armas - LP, 1969
          E de Súbito um Sino
          Raíz
          E a Carne se fez Verbo
          E o Bosque se fez Branco
          Peregrinação
          A Batalha de Alcácer Quibir
          Regresso
          Canção da Fronteira
          Por Aquele Caminho
          Canto da Nossa Tristeza
          Trova do Vento que Passa nº 2
          As Mãos
          Post-Scriptum

Cantaremos - LP, 1970
          Cantar de Emigração
          Saudade Pedra e Espada
          Fala do Homem Nascido
          O Sol Perguntou à Lua
          Canção Para o Meu Amor Não se Perder no Mercado da Concorrência
          Lágrima de Preta
          Canção com Lágrimas

Trova do Vento que Passa nº 2 - EP, 1971
          Trova do Vento que Passa nº 2
          E a Carne se fez Verbo
          Canção da Fronteira
          Canto da Nossa Tristeza

Cantar de Emigração - EP, 1971
          Cantar de Emigração
          Fala do Homem Nascido
          Como Hei-de Amar Serenamente
          Saudade Pedra e Espada

Gente de Aqui e de Agora - LP, 1971
          Emigração
          E Alegre se Fez Triste
          O Senhor Morgado
          Cana Verde
          A Vila de Alvito
          Canção Tão Simples
          Cantiga de Amigo
          Para Rosália
          Roseira Brava
          História do Quadrilheiro
          Manuel Domingos Louzeiro

Fados de Coimbra - LP, 1973
          Fado da Mentira
          Balada dos Sinos
          Canta Coração
          Chula
          Fado da Promessa
          Fado dos Olhos Claros
          Contemplação
          Baladado Estudante
          Canção dos Fornos
          Balada da Esperança
          Trova do Amor Lusíada
          Fado do Fim do Ano

Que Nunca Mais - LP, 1975
          Tejo que Levas as Águas
          O Senhor Gerente
          As Balas
          No Vale Escuro
          Tu e Eu Meu Amor
          Recado a Helena
          Dona Abastança
          Cantiga de Montemaior
          Prá Frente

Cantigas Portuguesas - LP, 1980
          Vira Velho
          Lira
          Deus te Salve Rosa
          Canto dos Ceifeiros
          Quando Eu Chegar ao Barreiro
          Rosinha
          Charamba
          Canção da Beira Baixa
          Canto dos Malhadores
          Modinha do Chapéu


Página sobre Adriano de iniciativa da irmã, Isabel Correia da Oliveira


Página Principal