Entrevista com Manuel Cardoso

   

Entrevista de Rock Progressivo - Brasil

1 - Aqui no Brasil sabemos que vocês que a banda teve origem em meados dos anos 70 e algumas mudanças ao logo da (curta) carreira. Você poderia nos contar um pouco mais sobre o Tantra? Como foi o início de tudo?

R: Os Tantra nasceram quando eu e o Armando Gama decidimos formar um grupo que fizesse a fusão da musica rock com a musica sinfónica. Para o fazer, tal como aconteceu com esta segunda geração, eram necessários músicos especiais que pudessem fazer essa fusão. Foi com a inclusão de Tozé Almeida e Amárico Luis que a primeira formação dos Tantra preparou o reportório e se apresentou ao vivo em 1977. Com os primeiros concertos e a edição do albúm "Mistérios & Maravilhas" fomos considerados o melhor grupo de rock em Portugal. Entretanto Armando Gama saiu do grupo por razões pessoais e entrou Pedro Luis. O albúm seguinte, Holocausto, recebeu o premio de melhor disco do ano. Durante esses anos demos imensos concertos por todo Portugal.

2 - Conte-nos melhor a história das três músicas inéditas que foram apagadas...

R: Entre a saída do segundo albúm "Holocausto" e a gravação do terceiro albúm "Humanoid Flesh" os Tantra foram para estúdio gravar maquetes de quatro temas que seríam um estudo para o próximo albúm. Todas essas fitas foram apagadas excepto a master estereo, que guardei durante anos. Um dia, para masterizar um disco, por engano usei essa fita apagando três desses temas.

3 - No fim dos anos 90 a gravadora francesa Musea relançou um de seus discos em CD. Como isso aconteceu? De quem foi a iniciativa?

R: A iniciativa foi da Musea, tendo eu ajudado a concretizar o projecto. Ressalvo aí o papel de Bernard Gueffier.

4 - Porquê a volta dos Tantra? Até que ponto a reunião de grandes nomes do rock progressivo mundial influenciou a sua decisão?

R: Foi uma decisão totalmente emocional que teve um desenvolvimento natural e foi no seu todo um processo muito pessoal que mais uma vez foi iniciado por uma sugestão de Bernard Gueffier da Musea. Pensava eu, na altura, que os Tantra eram uma coisa do passado até ouvir uma gravação que tinha guardado do primeiro concerto de sempre da banda, em 1977. Foi uma experiência quase mística. Cantei todas as guitarras de memória sem me enganar. Tinham passado 22 anos! Um amor antigo tomou conta de mim e a paixão pelo progressivo instalou-se e ficou.

5 - Da formação original da banda ficou apenas você... Foi feito algum contacto com os antigos membros para um come back completo? Como é a "nova" banda Tantra? Como está sendo a mescla com músicos novos?

R: Claro que a primeira coisa que fiz foi convidar os meus velhos amigos apara o efeito, mas por razões da vida pessoal deles não lhes foi possível participar. Curiosamente, as três gerações que actualmente compõem o grupo conseguem gerar o espírito equivalente ao da banda original, com o devido respeito pela mesma, e produzir uma música que é unanimemente reconhecida pelos fans dos Tantra como digna sequência do trabalho e sonoridade da banda. Tem sido um prazer para mim trabalhar com este novo grupo de músicos e usufruir da sua companhia.

7 - A música “À Beira do Fim” é a suite do disco e é uma das mais belas do CD: recheada de solos de guitarra e teclados no melhor estilo progressivo sinfónico anos 70. Fale-nos um pouco mais sobre ela!

R: O tema foi inspirado por um filme chamado "Soylent Green". Na música alguém nos visita no nosso desespero e nos mostra uma visão apocalíptica do que nos rodeia, trazendo apesar de tudo alguma esperança numa paz profunda.

8 - Gostaríamos de saber um pouco mais sobre a parte conceitual do disco.

R: O disco é sobretudo uma viajem do Homem Ser em busca de si próprio, De uma harmonia e paz de que tem saudades mas que tem dificuldade em encontrar na turbulência da sua existência. O albúm é um ritual de paixão e sofrimento que se sublima em luz e harmonia… de Kali a Zephyrus !

9 - O encarte dedica duas páginas para a primeira música e duas para a última... porque?

R: Se lerem os textos do folheto a preto e branco verão que há uma viajem, um despertar de alguém que responde aos ecos do mundo das turbulências … e regressa… por amor! É uma parte da estrutura conceptual do albúm.

10 - Qual a previsão para a realização de shows para divulgação do novo disco?

R: Apartir de Junho os Tantra vão estar na estrada!

11 - Qual a sua opinião sobre MP3, troca de arquivos e a pirataria? O lançamento do disco ao vivo estaria ligado de alguma forma em particular a essa questão?

R: O lançamento do disco apenas está ligado ao nosso desejo de editar a nossa música. Quanto ao MP3 e à troca de ficheiros acho espectacular. Quanto à pirataria, a minha opinião pessoal está expressa no nosso site na secção de vendas. No entanto, como em tudo na vida, há o bom, o mau … e o vilão.

12 - A banda tem muitos admiradores no Brasil? Qual o recado que você tem para nós?

R: A complexidade estrutural de certas passagens na nossa música confere-lhe uma sonoridade densa que no final acaba por se concretizar em paz e calmitude. Espero que as pessoas possam partilhar e desfrutar desse positivismo.

13 - Um prog abraço e esperamos vê-los aqui no Brasil, quem sabe?

R: Estaremos sempre disponíveis para isso. Um grande abraço.


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