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QUER
SABER COMO É QUE A DOENÇA DAS VACAS LOUCAS ESTÁ AFECTAR AS AVES
NECRÓFAGAS EM ESPANHA??!!
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As
últimas edições das revistas ambientais publicadas no país
vizinho dão conta daquele que parece vir a tornar-se num dos
maiores e mais graves problemas conservacionistas, no que às aves
necrófagas diz respeito.
Acolhendo
Espanha mais de 80% da população de aves necrófagas de toda a
União Europeia e tendo este país - provavelmente, mais do que
qualquer outro - adoptado e desenvolvido medidas conservacionistas
muito sérias, “nuestros
hermanos” vêem-se agora a braços com uma lei que colocará
em causa tudo o que de bom se conseguiu até hoje.
É
que desde o passado dia 1 de Março entrou em vigor uma Lei que,
numa tentativa de controlar a propagação da doença das vacas
loucas, obriga à incineração dos cadáveres provenientes de
qualquer exploração agro-pecuária, pelo que estes deixarão de
ir parar aos comedouros artificiais e aos “muladares”
(sítios ao ar livre, embora reservados, onde eram depositados cadáveres
de animais), nos quais aves como o Grifo
(gyps fulvus), o Abutre-preto
(aegypius monachus), o Abutre-do-egipto
(neophron percnopterus) e o Quebra-ossos (gypaetus barbatus) obtinham entre 60% a 100% do
seu alimento. A juntar às referidas espécies - todas elas ameaçadas,
diga-se de passagem - há ainda outras - casos da Águia-imperial
(aquila heliaca), da Águia-real
(aquila chrysaetos), do Milhafre-real
(milvus milvus) e do Milhafre-preto
(milvus migrans) - que também serão afectadas, visto a provisão
de carcaças lhes ser vital à sobrevivência em determinadas
etapas da sua vida.
Estamos,
com toda a certeza, ante um problema cujos efeitos - ainda que
imediatos - em Espanha, acabarão por vir a ter uma repercussão a
nível europeu e mundial. A pergunta é inevitável: “ E
existe alguma solução?”. Segundo os entendidos espanhóis,
sim. Afinal, e se tivermos em conta que nestes últimos 20/25 anos
foram vários os projectos levados a cabo visando a recuperação
destas espécies e muitos os técnicos e biólogos envolvidos, é
fácil reconhecermos que o conhecimento acerca destas aves e dos
seus hábitos e populações, poderá ser preponderante na resolução
deste “novo” problema. Tanto assim é que - e não nos podemos
esquecer disto - apesar da legislação sanitária anterior à
crise das vacas loucas já obrigar a recolher os animais mortos do
campo e não permitir a existência de “muladares”,
foi possível acordar e autorizar o funcionamento de alguns desses
locais, muitos dos quais serviram de alicerce a projectos e
estudos realizados.
Mas
regressemos à questão acima colocada. Ao que parece, a melhor
solução a adoptar deve ser o traçar de uma rede adequada de “muladares”
que vá ao encontro da distribuição e da abundância das várias
espécies em causa, dos seus requisitos alimentares, do uso que
fazem do próprio espaço e, evidentemente, da disponibilidade de
carcaças.
Em
suma, chegar a uma unificação de critérios técnicos e a uma
proposta o mais consensual possível, que permita legalizar os
referidos “muladares”
visto o seu interesse conservacionista ser clarividente.
MiguelGaspar
(adapt.
Quercus, cuaderno 181)
INTRODUÇÃO À OBSERVAÇÃO DE AVES |
BIRDWATCHING IN PORTUGAL
It is well known the increasing interest about environmental
issues, taking birds special care from those who are worried
with nature.
With this and future articles, I hope to give a contribute to
uncover the fascinating world of birdwatching.
This hobby is only based in your pleasure in contact with
nature, allied to some essencial and cheap material.
Binoculars and a field book are fundamental pieces of
equipment to identify the almost 260 bird species that appear
in Portugal.
This only the beginning of a serial of articles about this
subject.
É sabido que desde há alguns anos a esta parte se vem assistindo a um
aumento do interesse pelos assuntos ambientais, despertando as aves
particular atenção a uma maioria daqueles que se interessam pela
Natureza.
Se você é uma daquelas pessoas que está agora a despertar para estas
questões e para a observação de aves (birdwatching) em particular, então
espero poder, ao longo deste e de futuros artigos, contribuir para a
descoberta desse desconhecido e fascinante mundo.
Tratando-se de uma actividade de ar livre ao alcance de qualquer pessoa, a
observação de aves assenta apenas num único pré-requisito (o gosto pelo
contacto com a Natureza e pela realização de passeios ou caminhadas), que
aliado a algum “equipamento” (essencial e pouco dispendioso) nos pode
proporcionar excelentes momentos de lazer e alguma emoção.
Assim, e no que ao “equipamento” diz respeito, será fundamental possuir
uns binóculos, uma vez que - de um modo geral - as aves não permitem
aproximações que nos possibilitem observá-las com algum detalhe e, acima
de tudo, identificá-las correctamente. A variedade de espécies de aves que
podemos encontrar em Portugal (ou seja, cerca de 260), juntamente com o
facto de numa fase inicial as aves nos poderem parecer quase todas iguais,
leva-nos à aquisição de um importante meio de identificação e distinção de
espécies; um Guia de Campo (livro especializado que contém desenhos das
espécies existentes e que explica a forma de as identificar e distinguir).
Aconselho-o ainda a utilizar um “Caderno de Campo” (simples caderno ou
bloco de apontamentos), onde possa registar as suas saídas de campo (data,
local, condições atmosféricas e, claro está, as espécies de aves aí
observadas).
Uma vez adquirido este material, ou mesmo parte dele, poderá partir para o
campo e aventurar-se à descoberta das aves de Portugal. Numa próxima
oportunidade sugerir-lhe-ei, neste mesmo espaço, alguns locais e/ou
percursos onde poderá realizar a(s) sua(s) saída(s) de campo. Até lá e
desde já, desejo-lhe boas observações.
MiguelGaspar
miguel.gaspar@portugalmail.pt
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