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BATER A ASA ...

Sugestão de percursos para “passarólogos” e outros entendidos que tais

 

"Por entre montados e estevas (...) até Noudar"

           

Conforme já deverá ter percebido pelo título deste artigo, desta vez sugiro-lhe um percurso pelos montes e vales de uma das mais mediáticas vilas da nossa zona raiana. É que para além dos touros de morte e do Zé Maria, Barrancos assume-se também como um local emblemático para o birdwatcher. Na verdade, a zona envolvente a esta vila alentejana revela-se como uma das mais interessantes no que à observação de aves diz respeito.

            Assim pois, ao longo dos próximos parágrafos, fornecer-lhe-ei algumas orientações e indicações para que, já numa próxima oportunidade, possa sair para o campo e (re)encontrar-se com algumas das aves que, por entre montados e estevas, nos levam até Noudar.

            Por certo concordará comigo se lhe disser que é de todo vantajoso chegar a Barrancos - ou a outra qualquer localidade próxima - de véspera. Afinal e se tomarmos como exemplo a nossa capital, necessitará, pelo menos, de cerca de quatro horas para percorrer a distância entre ambas.

            Apresentado que está o “pré-requisito” - e imaginando-o já num destes próximos amanheceres, no local e de olhos ainda ensonados e boca aberta num longo bocejo - é chegada a altura de pegar na mochila e nos binóculos, entrar no carro e dirigir-se até às bombas da Galp, situadas à entrada da vila. Uma vez neste local, deverá seguir pela estrada que se encontra à esquerda das referidas bombas, assinalada aliás com umas placas que indicam “Pipa” e “Noudar”.

            Ao longo de 9,9 Km - concretamente, até ao Monte da Russiana - a estrada, ainda que estreita e irregular, será de alcatrão. Apesar de a partir do veículo já poder ir avistando e identificando algumas aves (como sejam: a cotovia-de-poupa (galerida cristata), o estorninho-preto (sturnus unicolor), a pega-azul (cyanopica cyana), o tentilhão-comum (fringilla coelebs)  e a poupa (upupa epops)) aconselho-o a que faça a primeira paragem na “Pipa”. Trata-se de um local onde existe uma estreita ponte sobre a ribeira de Múrtega e também um antigo moinho. Neste local, com certeza, encontrará espécies como o pisco-de-peito-ruivo (erithacus rubecula), o melro-preto (turdus merula), o chapim-real (parus major), a alvéola-branca (motacilla alba) e o guarda-rios (alcedo athis) entre outras.

            Retomando o caminho, depois da íngreme subida após a ponte, em breve passará ao Monte da Russiana. Pela frente e até ao local onde deixará estacionado o seu veículo terá 4,6 Km de terra batida e 1,7 Km de alcatrão, que o conduzirão por entre vedações de arame farpado, zonas de montado com gado bovino e suíno e, claro está, algumas aves. Junto do gado encontrará a garça-boieira (bubulcus ibis) e, com sorte, algumas perdizes (alectoris rufa) ao longo do caminho.

            Quase sem darmos por isso deparamos, à nossa esquerda, com o Monte da Coitadinha e, à nossa frente não muito longe, com o Castelo de Noudar. Apesar de agora o caminho já ser alcatroado até ao castelo e deste constituir um dos locais a visitar, estacione o seu veículo nas imediações deste Monte e “tire bilhete” para uma caminhada de ida e volta, pois a sua saída de campo vai, realmente, começar.

            Deixando o carro para trás, siga um pouco mais pela estrada de alcatrão e, cerca de 100m mais adiante, após uma pequena descida, encontrará à sua esquerda um caminho de terra batida que o levará até à, sua já conhecida, ribeira de Múrtega. Aproveite o facto de ter descido até aqui e experimente seguir, durante algum tempo e em direcção a montante, esta linha de água. Observe atentamente solo, arbustos e árvores envolventes. A garça-cinzenta (ardea cinerea), a garça-branca-pequena (egretta garzetta), o pato-real (anas platyrhynchos), o borrelho-pequeno-de-coleira (charadrius dubius), o bique-bique (tringa ochropus), o chapim-azul (parus caeruleus), a alvéola-cinzenta (motacilla cinerea), a trepadeira-comum (certhia brachidactyla) e a trepadeira-azul (sitta europaea), a carriça (troglodytes troglodytes), a fuinha-dos-juncos (cisticola juncidis), a cotovia-montesina (galerida teklae), o gaio (garrulus glandarius), a toutinegra-de-cabeça-preta (sylvia melanocephala) e a toutinegra-de-barrete-preto (sylvia atricapilla), o peneireiro-comum (falco tinnunculus), a águia-d`asa-redonda (buteo buteo), o bico-de-lacre (estrilda astrild) e o pintarrôxo (carduelis cannabina), são algumas das espécies que poderá observar.

            Após os excelentes momentos de observação, uma ou outra indicação escrita sobre essas mesmas observações e, quem sabe, três ou quatro registos fotográficos, é chegado o momento de empreender o regresso à estrada de alcatrão. Atenue a subida efectuando um ou outro ponto de escuta e observação. Perscrute o montado e, sobretudo, as escarpas que, agora, estarão à sua esquerda. Seguramente, conseguirá acrescentar mais algumas observações às já efectuadas; as escarpas são o habitat ideal para o melro-azul (monticola solitarius) e para a cia (emberiza cia).

            Apesar de ainda distante, facilmente alcançará o castelo. Ao seguir pelo alcatrão, vá prestando atenção quer à vegetação que o ladeia, quer ao céu e aos horizontes longínquos. A estas horas já existirão boas correntes térmicas e a estas, por sua vez, associamos algumas das mais portentosas espécies da nossa avifauna.

            Castelo de Noudar. A dar-lhe as boas-vindas, para além do simpático funcionário da edilidade barranquenha, encontrará o rabirruivo-preto (phoenicurus ochruros), a gralha-preta (corvus corone), a cotovia-pequena (lulula arborea) e a andorinha-das-rochas (ptyonoprogne rupestris). Não se esqueça, encontra-se, talvez, num dos melhores locais para a obsevação de rapinas planadoras. Valerá a pena dedicar-lhes algum tempo, seja perscrutando os céus em busca de um vulto, seja, já depois, observando a rapidez e a ausência de esforço com que, sem despenderem a mínima energia, se deslocam e pairam. O grifo (gyps fulvus), o abutre-preto (aegypius monachus) e o corvo (corvus corax) são espécies assíduas e facilmente observáveis, mas para além destas, com alguma sorte, poderá ainda deliciar-se com o milhafre-real (milvus milvus) e a águia-imperial-ibérica (aquila adalberti).

            Para terminar, sugiro-lhe que suba à torre de menagem e olhe em seu redor. Contemple as várias perspectivas que se lhe oferecem, respire fundo e aproveite para descansar e desfrutar deste magnífico local durante mais alguns minutos.

                                                                                                      MiguelGaspar

ENDEREÇOS ÚTEIS

Posto de Turismo

Rua 1º de Dezembro

Tel.: 285 958 503 

Casa de Hóspedes Emílio

Rua de S. João de Deus, 1

Tel.: 285 958 003

Bombeiros - Tel.: 285 958 112 

 

G.N.R. - Tel.: 285 958 122

Pensão Vitoriano

Rua da Sentinela, 4

 Tel.: 285 958 113

 

 

     

RESERVA DO ESTUÁRIO DO SADO

         

            Conforme havia dito, aqui apresento a minha primeira sugestão para que possa aventurar-se à descoberta das aves.

            Antes de mais, devo advertí-lo(a) que, caso não esteja disposto a sacrificar algumas horinhas de sono para realizar esta saída de campo, talvez deva saltar imediatamente para o parágrafo seguinte, ou então, esperar pela sugestão do próximo mês e consultar alguns outros links deste site. A verdade é que a observação de aves (birdwatching) e o “vale dos lençóis” não são, na grande maioria das vezes, compatíveis. Nesta altura do ano, as primeiras horas do dia são, de facto, as melhores para se observar aves. Assim sendo, para esta saída - e imaginando-o(a) num raio máximo de 100 km do local onde ela se realizará - atrevo-me a pedir-lhe que acerte o despertador para as seis da manhã e a garantir-lhe que, ao regressar a casa, com certeza, terá visto esse esforço recompensado.

            Deixe a mochila preparada de véspera (além de comida, bebida e dos binóculos, procure levar também uma máquina fotográfica), pegue no carro e siga em direcção a Setúbal, mais concretamente, aos ferry-boats que o levarão até à península de Tróia.

            Será precisamente aí, no porto de Setúbal, em pleno ferry-boat, que iniciará esta saída de campo. Depois de estacionar o carro a bordo e em segurança, saia e suba ao piso superior do barco. A partir daí e durante a travessia, poderá observar algumas espécies de aves, como sejam: o pardal-comum (passer domesticus); o andorinhão-preto (apus apus); alguns juvenis de gaivota-d`asa-escura (larus fuscus) e de gaivota-argêntea (larus argentatus); o guincho (larus ridibundus); o garajau (sterna sandvicensis) e a andorinha-do-mar (sterna hirundo).

            Além das aves, encontra-se num óptimo local quer para poder observar alguns roazes que habitam no Sado, quer para desfrutar de algumas perspectivas da Serra da Arrábida. Não se esqueça, pois, de ir perscrutando o horizonte e fazer uso da sua máquina fotográfica.

            Uma vez atravessado o rio, poderá observar algumas aves que dão vida aos jardins e pinhais do complexo turístico de Tróia. Entre outras, não lhe será difícil encontrar o melro-preto (turdus merula), o chapim-real (parus major), o chapim-azul (parus caeruleus), a toutinegra-de-barrete-preto (sylvia atricapilla), a rola-turca (streptopelia decaoto) e o rabirruivo-preto (phoenicurus ochruros).

            Seguindo a E.N. 251 em direcção a Sul, o mar à direita e o sapal à esquerda conduzem-nos, através das dunas, até à localidade de Comporta. À entrada, no alto da antiga fábrica de descasque de arroz (hoje museu), somos surpreendidos pelos ninhos de cegonha-branca (ciconia ciconia).

            Estamos em plena Reserva Natural do Estuário do Sado. Criada em 1980 e classificada como Biótopo Corine e como Zona Especial de Protecção da Avifauna, esta reserva abrange uma área de aproximadamente 23.160 hectares, dominada pelo rio Sado e em que mais de 50% da área total é constituída pela superfície estuarina. Estendendo-se a Sueste da cidade de Setúbal e ao longo de ambas as margens, desde a península da Mitrena até próximo de Alcácer do Sal, a R.N.E.S. abrange ainda os Sapais da Comporta, da Carrasqueira e parte das dunas de Tróia.

            Mas regressemos à nossa saída. Junto ao Museu encontra-se o restaurante Bom Jardim. Siga pela estrada de terra batida situada ao lado do referido restaurante. Dois quilómetros adiante encontrará uma pequena povoação, Cambado. É aqui que deverá encostar o seu veículo e preparar-se para uma caminhada de cerca de cinco quilómetros, com retorno a este mesmo ponto de partida. No trajecto entre o restaurante e a povoação, deverá virar a sua atenção para os arrozais à sua esquerda, seguramente observará algumas aves típicas deste tipo de habitat, nomeadamente: a garça-branca-pequena (egretta garzetta); a galinha-d`água (gallinula chloropus); o galeirão (fulica atra) e o perna-longa (himantopus himantopus).

            Ao longo do percurso pedestre, atravessará pequenas pontes por cima de canais, caminhará ao lado de valas de rega e “serpenteará” arrozais (cultura dominante no Sapal da Carrasqueira, existindo também uma pequena área do sapal pastoreada por gado bovino). Assim, deverá circular pela estrada de terra mais utilizada pelos tractores, efectuando algumas incursões por outros caminhos menos utilizados. Espécies já anteriormente observadas, serão agora vistas com maior frequência. Além dessas, poderá ver a garça-vermelha (ardea purpurea), o pato-real (anas platyrhynchos), a garça-cinzenta (ardea cinerea) e mesmo o mergulhão-pequeno (tachybaptus ruficollis). Também deverá estar atento ao caminho ao longo do qual vai seguindo, pois a cotovia-de-poupa (galerida cristata), o cartaxo-comum (saxicola torquata), o pintassilgo (carduelis carduelis), a chamariz (serinus serinus) e a poupa (upupa epops) constituem possíveis observações a acrescentar à sua lista de espécies.

            No que a rapinas diz respeito, certamente, observará a águia-d`asa-redonda (buteo buteo) e o tartaranhão-ruivo-dos-pauis (circus aeruginosus), ocorrendo ainda neste sapal algumas outras, sendo as mais vulgares o peneireiro-vulgar (falco tinnunculus) e o milhafre-preto (milvus migrans).

            Numa tentativa de abranger um maior número de habitats e, consequentemente, de espécies, aconselho-o(a) a deslocar-se até às zonas de pastoreio e de vasa entre marés. Na primeira, junto do gado, costumam deambular a garça-boieira (bubulcus ibis) e o estorninho-preto (sturnus unicolor). Já na segunda, e de preferência com baixa-mar, vemos a alimentarem-se, entre outros, o borrelho-grande-de-coleira (charadrius hiaticula), o borrelho-de-coleira-interrompida (charadrius alexandrinus), o perna-vermelha-comum (tringa totanus), o pilrito-comum (calidris alpina) e também o célebre flamingo-comum (phoenicopterus ruber).

            Em jeito de conclusão, quero apenas dizer-lhe que o verdadeiro objectivo deste pequeno apontamento - à semelhança dos que se lhe seguirão - não é que ele só faça sentido e se esgote enquanto tal, mas sim aspirar a que, depois de o ler, você se sinta motivado para lhe conferir uma verdadeira utilidade atento para nos acompanhar em futuros voos. Até lá.

           

                                                                                                MiguelGaspar

 

ENDEREÇOS ÚTEIS

                Reserva Natural do Estuário do Sado

                Praça da República

                2900 Setúbal

                Tel.: 265 54 11 40

 

                Região de Turismo da Costa Azul

                Travessa Frei Gaspar, 10

                2900 Setúbal

                Tel.: 265 52 42 84

 

 
 
 

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