APRESENTAÇÃO
C.Y.E.F.
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Em 1869, surgiu a idéia dos ituanos de construírem uma via férra ligando Jundiaí a Itu. Face ao alto custo do empreendimento, capitalistas sorocabanos foram convidados a entrarem como acionistas da "Cia. Ytuana de Estradas de Ferro" que se formara para construir a linha. Porém, era de interesse dos sorocabanos que essa linha não parasse em Itu, e sim que se estendesse até Ipanema e Sorocaba, para que esta também se beneficiasse da ligação férrea.
Consta que nessa reunião - efetuada em 20 de janeiro de 1870 - na qual a comissão sorocabana foi muito mal recebida, estimoulou um membro (Mailasky) de Sorocaba a organizar e fundar naquela cidade, no mesmo ano, a "Companhia Sorocabana" a fim de construir uma via férrea de Sorocaba a São Paulo, intento esse que foi levado a efeito pelos que ficaram conhecidos como "dissidentes da Ytuana", tendo sido inaugurado o tráfego em 10 de julho de 1875.
Voltando ao nosso propósito, em 1870 surgia em São Paulo a Cia. Ytuana de Estradas de Ferro, fundada independentemente. O capital necessário para o início das obras foi subscrito rápidamente e, em 1873, o tráfego foi aberto, com seus primeiros 67,5 km, em bitola de 0,96m.
E continuou levando seus trilhos para outras cidades como se pode observar pelo mapa, até que entre 1877 e 1879, partindo de Itaicí, atingia Piracicaba, onde explorava linhas fluviais a vapor para chegar ao porto de Lençóis.
De Piracicaba a Ytuana levou seus trilhos até São Pedro, onde chegou em 1893 e fez seu ponto terminal, 14 anos após atingir Piracicaba.
Por que a Ytuana parou em São Pedro e não se encontrou com centros mais desenvolvidos?
Adolpho Pinto nos mostra em "História da Viação Pública de São Paulo", de 1903, as desvantagens por ter a Ytuana terminado sua linha em São Pedro.
Analisando-se o mapa, nota-se que a Ytuana segue numa linha relativamente reta até Charqueada, onde desvia abruptamente para São Pedro. Acontece que após Charqueada existe a serra de São Pedro, muito íngreme e que a Estrada não tinha condições técnicas para enfrentá-la e vencê-la. À direita iria invadir a área de privilégio da Cia. Paulista, entrando novamente em conflito com esta, pois a primeira vez ocorreu no trecho de Jundiaí a Itu, questão resolvida amigávelmente em 1872. Como o privilégio da zona da Paulista até Campinas era de 31 km de cada lado da linha, esta entendeu que algumas estações da Ytuana ficavam dentro dela. Assinaram, então, as duas companhias uma escritura estabelecendo que a Paulista receberia 10% da renda bruta proveniente da carga e descarga de mercadorias e passageiros nas estações da Ytuana situadas na zona da Paulista.
Assim, a única direção a seguir seria à esquerda.
Como as áreas de atuação eram bem próximas, logo em seguida (1892) a Ytuana e a Sorocabana se fundiram na Cia. União Sorocabana e Ytuana, formando, na época, a maior rede ferroviária do Estado de São Paulo.
Daí para a frente, deixando de se tratar apenas como C.Y.E.F., a história pode ter sua continuação nas páginas da Estrada de Ferro Sorocabana, clicando-se no ítem "Veja também...".
Jundiaí a Itu - 70 km
Itaicí a Piracicaba - 92 km
Piracicaba a São Pedro - 59 km
ramal João Alfredo (Piracicaba) - 18 km
O Interessante é que a maior parte de suas estações está preservada e em bom estado (o que ajuda isso é o fato delas estarem ocupadas por entidades diversas) e o trecho Jundiaí-Rio das Pedras foi percorrido usando-se por várias vezes o próprio leito da Estrada. Hoje em dia o único trecho que possui alguns metros de trilhos fica em Rio das Pedras, mesmo assim parte deles já coberta pelo asfalto.
Este trabalho não termina aqui. Está aberto para novas informações, inclusões, correções, etc., por parte dos leitores e interessados, que serão sempre bem vindas.
Kelso Medici