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A. DATAS
Em termos de cronologia, Bornkamm vai dizer que “a única data efetivamente histórica para a cronologia do Apóstolo Paulo é fornecida por uma referência ao procônsul L. J. Galião (Atos 18.12), um irmão de Sêneca, cujo período proconsular na Acaia se situa na primavera do ano 52 (ou menos provavelmente na primavera de 53), de acordo com uma inscrição descoberta em Delfos”. (2)
É importante abordarmos esse ponto para localizarmos Paulo no tempo e no espaço; ainda de acordo com Bornkamm, toda a datação da vida de Paulo deve ter a data acima como referência, dando a devida margem para as coisas específicas. Vejamos uma tabela cronológica da vida de Paulo(3), partindo do momento da crucificação de Jesus:
Crucificação de Jesus Em torno do ano 30
Ano do nascimento de Paulo Desconhecido (provavelmente na passagem do século
Conversão e vocação Em torno do ano 32
Assembléia dos Apóstolos Ano 48 (49?)
Paulo em Corinto 18 meses; inverno de 49/50 ao verão de 51
Paulo em Éfeso mais ou menos, durante dois anos e meio, provavelmente de 52 a 55
Última estadia na Macedônia e na Acaia Provavelmente, no inverno de 55/56
Viagem a Jerusalém e prisão Primavera de 56
Transferência do prisioneiro para Roma Provavelmente, em 58
Prisão romana de dois anos Provavelmente, de 58 a 60
Martírio de Paulo, sob o imperador Nero Provavelmente, no ano de 60
B. A ORIGEM
O próprio Paulo se apresenta como natural da cidade de Tarso (Atos 21. 39; 22. 3, 28; Gál. 1. 13, 14; Fil.3. 5, 6), uma movimentada e grande cidade da Cilícia, na região nordeste do Mar Mediterrâneo. Era uma cidade não sem importância, de onde partia uma estrada para norte e oeste, via Portas da Cilícia, um composto montanhoso que despencava no mar. Na Universidade se destacavam os curso de Filosofia e Medicina, aliás, o templo de Esculápio (deus grego da Medicina) servia como hospital e clínica para os estudantes de medicina. Quanto à possibilidade de Paulo ter freqüentado a escola de filosofia não há como afirmar seguramente, mas, não resta dúvida que sofrem influência dessa na sua formação intelectual e cultural; abordaremos mais sobre isso a seguir.
C. A FORMAÇÃO
Eu sou judeu, nascido em Tarso, na província romana da Cilícia, cidadão de uma cidade de algum renome. Fui criado e educado na mais estrita fidelidade nos princípios e normas do Judaísmo. Coube-me a venturosa sorte de nascer no seio de uma família a que fora outorgada a cidadania romana e ufano-me particularmente desse privilégio. Eduquei-me na cidade de Jerusalém aos pés do famoso mestre Gamaliel, na acurada observância da Lei de nossos pais, tal como é interpretada pelos fariseus. Era tão zeloso das tradições do meu povo que em breve progredi muito mais na minha fé religiosa do que a maioria dos meus coetâneos. Poderia até caber-se de ser quase irrepreensível na minha obediência à Lei do Antigo Testamento. (4)
Não se pode fechar questão quanto ao processo de formação do apóstolo Paulo. O pouco que podemos saber (o texto acima refere-se a Atos 21. 39, etc.) diz respeito ao seu nascimento em Tarso e a uma temporada em Jerusalém. Bornkamm acha que, na verdade, existe neste texto uma tentativa de ‘judaizar’ mais Paulo, por isso Lucas o coloca aos pés de Gamaliel, um dos mais conceituados mestres rabínicos de Jerusalém. Vejamos o que Drane tem a dizer acerca disso:
Houve, provavelmente, dois períodos na primeira fase da vida de Paulo: a sua infância, passada em Tarso, e a sua juventude e primeiros anos de maturidade, transcorridos em Jerusalém. As palavras traduzidas por ‘criado’ nos Atos 22. 3 poderiam dar a idéia de que Paulo fosse ainda de tenra idade quando a sua família se mudou de Tarso para Jerusalém. Muitos exegetas acham, entretanto, que elas se referem apenas à sua instrução superior. E como regressou a Tarso após se ter tornado cristão, parece ser este o sentido óbvio da expressão. (5)
Percebemos que não há consenso entre os eruditos quanto à quantidade de tempo que Paulo passou em Jerusalém estudando na Escola de Gamaliel, mas, o apóstolo teve, com certeza, na sua formação intelectual e religiosa, a influência tanto da cultura pagã de Tarso como da cultura judaica recebida da sua piedosa família e da estada em Jerusalém.
O fato de estudar com Gamaliel coloca Paulo na ala mais liberal da interpretação rabínica, por tratar-se o seu mestre de um seguidor do pensamento de Hillel, que, como sabemos, tinha uma posição contrária à Escola de Shammai, que era mais fundamentalista na interpretação da Lei. Uma pergunta que devemos fazer é: Quanto de influência desse período Paulo teve no seu ministério?
O modo como Paulo flui tão facilmente nas diversas culturas (o que, aliás, deve ser referencial para sua metodologia), mostra uma formação amplamente multicultural. Quanto a este aspecto Drane nos diz o seguinte: “Três influências principais devem ter agido na mente do jovem Paulo: o Judaísmo, a filosofia grega e as religiões de mistério”(6). Como nosso objetivo não é apresentar a formação de Paulo, enquanto pesquisa, não nos aprofundaremos neste aspecto. Contudo devemos reconhecer que o seu trabalho missionário vai ser determinado, em muito, pela sua formação. Ainda no próximo capítulo abordaremos o ambiente político e cultural no qual Paulo exerceu sua tarefa missionária, além de destacarmos o aspecto geográfico ao mesmo tempo.
D. A CONVERSÃO
Como já vimos, Paulo era um judeu bastante piedoso, aliás, ele faz questão de sempre referir-se à sua origem judaica, e nunca às influências pagãs que tenha recebido na sua formação. Se considerava um fariseu fervoroso e, mesmo como cristão, conservava muito dos melhores pensamentos de seus mestres. Vimos de relance sobre a possível influência da escola de Hillel sobre o pensamento paulino.
A primeira referência a ele no Novo Testamento está em Atos 7. 58:
... as testemunhas deixaram as suas capas com um moço chamado Saulo... e Saulo concordou que matassem Estêvão.
Parece tratar-se de uma digressão com fins de demonstrar o poder maravilhoso do Evangelho de fazer com que o perseguidor pudesse vir a ser perseguido por abraçar as idéias daqueles que outrora mandava aprisionar e matar (q. v. Atos 8. 3 e 9. 1, 2). Depois, ainda em Atos encontraremos três referências acerca de sua conversão ao Cristianismo (q. v. 9. 3 - 31; 22. 6 - 16 e 26. 12 - 18), é interessante lermos estas passagens porque percebemos que não se trata apenas da conversão de uma para outra religião mas sim de uma autêntica vocação para anunciar acerca da sua nova crença. Alguns estudiosos afirma que Paulo já era um missionário (a perseguição aos cristãos era parte de sua missão?), haja visto que o judaísmo torna-se religião missionária a partir da Diáspora, portanto na sua conversão ao cristianismo está presente ainda sua vocação militante.
Acerca da conversão do apóstolo é bom lermos o que nos diz Tenney:
Os antecedentes morais da sua conversão são sugeridos pelo relato da sua vida interior, que nos dá em Romanos 7. Flagelado pela consciência do pecado que era despertado pela Lei, descobriu que não era capaz de realizar o bem que queria fazer e que o mal que procurava evitar estava presente com ele (Romanos 7. 19)... O zelo de Paulo na perseguição pode ter sido, pois, o esforço de uma consciência extraviada para fazer a Deus algum serviço que o pudesse compensar do mal que tinha na sua alma.(7)
É importante ressaltar a significância da conversão de Paulo, ele descobriu claramente que todo o rigor depositado na observância do Judaísmo de nada lhe valia. Para não nos alongarmos mais demasiadamente, devemos lembrar que a conversão de Paulo produziu um profundo senso de responsabilidade para com Cristo. “Sou devedor...”, “Somos embaixadores...”, “servo do Senhor...”, “minha vida não é preciosa se não cumprir a missão...”, são expressões que usa para mostrar essa realidade em sua vida. No final do trabalho anexamos um quadro mostrando os acontecimentos mais significativos no processo de conversão do apóstolo Paulo, processo este que não poderíamos chamar de gradativo, pois o que ocorreu, de fato, foi uma profunda ruptura com o “velho homem”, mesmo inesperada para ele, a qual foi muitas vezes definida como “um chamado pela vontade de Deus” (q. v. Rom. 1. 1; I Cor. 1. 1; II Cor. 1. 1, etc.).
O produto desta conversão é um homem que, outrora estritamente legalista, como o mostra Drane acima, passa a ter pleno conhecimento da vontade de Deus e o poder para cumpri-la. Um homem que deixa de confiar apenas em si próprio e passa a viver exclusivamente para cumprir os desígnios de Deus.
Schoenardie baseia-se no livro de Atos e nas cartas paulinas para apontar os elementos centrais no entendimento da missão de Paulo:
a) Seu chamado para o apostolado (Atos 9. 1ss; Gálatas 1. 15ss; I Coríntios 15. 8ss).
b) A sua separação para a missão entre os gentios (Atos 13. 1ssGálatas 1. 15ssRomanos 15. 16; Efésios 3. 8).
c) A sua obediência incondicional a esse chamado, tornando dispensável a consulta “a carne e sangue”(Gálatas 1. 16).(8)
Ele afirma ainda que é a partir da atuação missionária de Paulo e Barnabé, em Antioquia, que a Igreja recém-nascida passa a uma nova fase: a da evangelização sistematizada de outras terras, em cumprimento ao mandato de Jesus como visto em Atos 1. 8. Paulo e Barnabé passam, assim, a percorrer as estradas conhecidas em seu tempo, a fim de pregar o Evangelho. Dito isto, nós começamos a entrar no assunto principal deste trabalho, do qual nos ocuparemos daqui por diante. Veremos que, mesmo tendo uma estratégia geográfica pré-estabelecida, Paulo era sensível a mudanças em seu roteiro. Veremos ainda que Paulo possuía um estilo bastante adaptacionista na sua pregação, aliás ele mesmo declara:
Sou homem livre e não sou escravo de ninguém! Mas eu me fiz de escravo de todos para ganhar o maior número possível de pessoas. Quando trabalho entre os judeus, vivo como judeu a fim de ganhar os judeus. Não estou debaixo da lei de Moisés, mas, quando trabalho entre os judeus, vivo como se estivesse debaixo da lei para ganhar os judeus. Assim também, quando estou entre os que não são judeus, vivo fora da lei de Moisés a fim de ganhar os não-judeus. Isto não quer dizer que não obedeço à lei de Deus, pois estou de fato debaixo da lei de Cristo. Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los. Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de algum modo, ganhar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho a fim de participar das suas bênçãos. (I Coríntios 9. 19 - 23).
E. A MISSÃO PAULINA
Vimos anteriormente quem era Paulo, ainda que resumidamente falamos acerca de sua origem e formação, além de abordarmos acerca da sua experiência de conversão. Cabe agora tentar apresentarmos a obra missionária do apóstolo. Não abordaremos aqui a questão literária, embora essa faça parte do seu agir missionário, mas apenas aquilo que é realmente a sua metodologia missionária. A título de esboço poderemos seguir a sugestão de Carriker:
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Paulo e Missões.
O Agente Missionário: o melhor, mas, ao mesmo tempo, um servo.
O Objetivo Missionário: a obediência.
Os Instrumentos do Trabalho Missionário: declaração e demonstração.
O Objetivo Missionário: as nações.
A Estratégia Missionária: os não-alcançados. (9)
Já Allen vai nos dizer o seguinte:
Em pouco mais de dez anos Paulo estabeleceu a Igreja em quatro províncias do Império, Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Antes de 47 d.C. não havia igrejas nestas províncias, em 57 d.C. Paulo falava como se o seu trabalho estivesse feito...(10).
Paulo tinha uma estratégia específica de ação, e buscou atingi-la no mais curto período de tempo possível, talvez por crer na iminência da Parusia, ou mesmo por uma forte consciência de urgência missionária. “Todas as cidades, ou vilas, em que ele plantou igrejas eram centros de administração romana, de civilização grega, de influência judaica ou de alguma importância comercial”. (11)
> Allen quer dizer com isso que fazia parte da metodologia paulina a escolha de pontos estratégicos para a disseminação da mensagem do Evangelho. Ele sabia que ao plantar a semente do evangelho nestes lugares, ela naturalmente seria espalhada ao redor, dada a influência dessas cidades no mundo do Novo Testamento. Ele apresenta alguns argumentos favoráveis à estratégia descrita:
Paulo se valeu da sua condição de cidadão romano para poder circular livremente pelas províncias do Império. Era uma maneira de receber proteção oficial em caso de violência por parte dos fanáticos judeus, embora ele não buscasse apenas paz e segurança para viajar, ou tolerância e campos livres para sua pregação, havia também na mera presença dos oficiais romanos uma influência que materialmente assistia seu trabalho. A idéia de um império mundial que eles representavam, a idéia de uma cidadania comum de homens de muitas raças diferentes em um império, a forte autoridade de uma lei, de uma paz, da quebra do nacionalismo, tudo isso preparou a mente das pessoas para receber o ensino de Paulo sobre o Reino de Cristo, e de uma cidadania comum de todos os cristãos neste Reino.
2) Os centros em que Paulo estabeleceu suas igrejas eram todos centro de civilização grega. Havia uma estreita ligação entre o governo romano e a educação grega, e foi esta educação que proveu a Paulo o seu meio de comunicação. O fato de se ter uma língua falada e escrita comum a todo império, o grego, era tão importante para Paulo quanto o fato de se ter um só governo. Alem do que, a influência da civilização grega levava a um espalhar da educação de um modo geral e o Cristianismo inicial era essencialmente uma religião de educação. Desde o começo, cristãos eram aprendizes daquilo que Cristo ensinou (Mateus 28. 18 - 20).
3) Perto de todos os lugares onde Paulo estabeleceu igrejas havia centros de influência judaica. Como judeu, ele sentia-se em casa numa comunidade judaica. Ele não entrava nestas grandes cidades como um simples estrangeiro, mas sim como membro de uma família, como membro de uma poderosa e altamente privilegiada associação (os fariseus). Devemos sempre lembrar que os judeus tiveram vantagens singulares sob domínio romano: sua religião era definitivamente reconhecida; tinham liberdade de administrar seus fundos comuns ao seu modo e suas próprias leis. Gozavam de isenção do serviço militar e não eram forçados ao culto do Imperador. Tinham muitos outros privilégios de menor importância mas de vantagem considerável. Quando, então, Paulo se estabelecia na comunidade ou ia para a sinagoga no Sábado tinha nas mãos uma excelente oportunidade, uma audiência que entendia os princípios de sua religião, e era familiarizado com os textos onde ele baseava seu argumento.
4) As igrejas de Paulo eram estabelecidas em locais que eram centro de alguma importância comercial a nível mundial. Eram cidades que ocupavam um importante papel como líderes das províncias; não ficavam, porém, restritas às províncias, antes, exerciam influência em todo o mundo comercial, pois eram em geral rotas de tráfego internacional, por onde passavam mercadorias de todos os lugares, além das influências nas áreas da educação, cultura.
Podemos ver assim, uma síntese do pensamento de Allen com respeito à estratégia básica adotada pelo apóstolo Paulo na implantação das igrejas cristãs pelo mundo da época. Ele afirma firmemente que “Os centros de Paulo eram centros realmente. Ele aproveita-se dos pontos estratégicos porque era um estrategista. A fundação de igrejas neles era parte de sua campanha.” (12)
Uma leitura do texto de Atos comprova o que Allen diz. Nas três viagens missionárias mencionadas, suas estadias mais prolongadas foram nas cidades mais importantes da época, cada uma delas sendo chave para se alcançar as redondezas. Em Antioquia da Síria, considerada a terceira cidade mais importante do império, ele ficou cerca de um ano, saindo de lá para cumprir a missão ordenada pelo Espírito Santo. Em Corinto, cidade não menos importante, centro comercial da península grega, passou cerca de um ano e meio; já em Éfeso, a capital da província da Ásia Menor, Paulo ficou por dois anos e três meses. E, segundo o relato de Atos 28. 30, permaneceu em Roma, a capital do Império, por dois anos. O processo adotado por Paulo quando chegava a uma destas cidades era mais ou menos o mesmo, assim ele começava visitando a sinagoga local (influência judaica), ao pregar o Evangelho geralmente era vítima da violência fanática dos judeus, por estarem nas sinagogas pessoas de origem grega (prosélitos) estava aberto o caminho aos gentios e, então, surgia uma igreja formada por elementos gregos e judeus, mas de maioria gentílica no mais das vezes. Schoenardie aponta que ele tinha outras estratégias de pregação:
1) Por solicitação expressa: a um governante romano, o procônsul Paulo Sérgio (Atos 13. 7ss)
2) Em outros lugares que não a sinagoga: num “lugar de oração”(Atos 16. 13ss); em praça pública (Atos 17.17); no Areópago, um local de debates públicos (Atos 17. 19ss); num ponto apropriado para debates (Atos 19. 9ss).
3) Em circunstâncias adversas: com problemas de saúde (Gálatas 4. 13b); quando encarcerado em prisão pública (Atos 16. 27ss); quando sob prisão domiciliar (Atos 28. 21ss).
4) Usando a nacionalidade e profissão como pontos de contato: Com Áquila e Priscila (Atos 18. 1ss; Romanos 16. 3ss).(13)
Já Carriker diz o seguinte em relação à estratégia missionária de Paulo:
Veja bem o lema de Paulo: “não onde Cristo já fora anunciado”. Paulo dava prioridade para os povos que não haviam recebido o anúncio do evangelho. Sua estratégia de trabalho não era tanto geográfica quanto humana ou cultural, no sentido de etnias. Mesmo existindo igrejas fortes numa determinada região geográfica, Paulo “cumpria” o evangelho (tradução literal de “divulgar o evangelho”), atingindo lugares onde existiam povos ainda não-alcançados.(14)
Fazia parte da campanha paulina o plantar igrejas pioneiras, pois assim estaria cumprindo a ordem de ir as todas as etnias. Ele utilizava-se dos pontos estratégicos para poder levar o Evangelho ao maior número possível de pessoas, mas, de fato, não estabelecia apenas suas bases sob o ponto de vista geográfico, e sim sócio-cultural. Ele não apresentou um evangelho diluído na cultura (embora fosse de extrema adaptabilidade na sua mensagem, como já vimos). Para ele, o evangelho era o padrão, ou critério, pelo qual as culturas eram julgadas em seus diferentes aspectos e características. O seu anúncio possuía uma profunda relevância cultural, daí o seu sucesso em ser o maior divulgador da fé nos seus tempos.
Além de uma estratégia, Paulo tinha um espírito missionário. Sua missão não se esgotava em pregar nas sinagogas, mas nas várias e diferentes situações que se lhe apresentavam, as quais eram vistas como oportunidade para a pregação. Fazia parte do seu labor missionário a manutenção das igrejas plantadas por ele, haja visto o farto trabalho literário voltado quase que exclusivamente para a edificação das igrejas recém-criadas. Quando lemos o livro de Atos vamos nos deparar constantemente com a revisitação de Paulo às cidades onde plantou igrejas, em 14. 23 e em 15. 36 nós o encontramos preocupado em ajudar na organização estrutural das novas igrejas, além de reforçar o ensino acerca de Cristo. Também podemos isso ver em 18. 23, 19. 22 e 20. 1ss, onde ele envia seus auxiliares para verificarem o estado das igrejas ou se encontra com os líderes de uma delas visando edificá-los na fé. As suas cartas talvez sejam o maior exemplo dessa preocupação em alimentar as igrejas plantadas por ele. Grande pensador que era, ocupou-se em sistematizar para os novos cristãos aquilo que era fundamental à sua fé, o mais interessante é observar a sua praticidade em aplicar seu pensamento teológico. Quando surgia uma necessidade, seja por um confronto com inimigos da fé, seja por dúvidas dos novos cristãos, então ele produzia aquilo que cria ser a mensagem cristã para cada situação que surgia. Ainda mais importante era o fator residência, constantemente ele refere-se à igreja que se reunia na casa de alguém (Romanos 16. 5; Filemon 2; Colossenses 4. 15), podendo significar isso que a casa (a família) era considerada como uma igreja ou que a igreja realmente se reunia na casa de alguém.
Vimos assim como funcionava a estratégia de Paulo para atingir seu objetivo missionário. Cabe agora uma pergunta, que nos levará à conclusão deste trabalho: Qual a atualidade de Paulo para a missão no presente?
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