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O achamento II
Um dia ainda faço um filme dessa história do achamento. A primeira cena já até escrevi. É assim:
Cena 1
Em alto mar, 13 caravelas. Do topo dos mastros principais, olheiros apontam suas lunetas uns pros outros e trocam gestos obscenos. Quando um deles se prepara pra baixar as calças e mostrar a bunda, é interrompido pelo capitão que, lá de baixo, pergunta:
Capitão - Manuel, vês alguma coisa?
Manuel - Nada meu capitão. Só água. Melhor seria termos ficado na costa da África. Se lá havia calmarias, pelo menos nos divertíamos com os leões a correr pela praia.
Capitão - Guarda teus comentários e continua a olhar, Manuel. E vê se avista alguma terra logo que estamos a precisar.
Manuel aponta a luneta e vê, num primeiro plano, os pezões do Joaquim que dorme no seu posto de observação, e ao fundo, o cume dum morro.
Manuel - Capitão, avisto terra.
Capitão - Verdade? Ah, se eu soubesse que era só pedir teria feito isso antes. Corre a avisar as outras naus. Cabral vai ficar satisfeito com a novidade.
Manuel comunica, por sinais, a descoberta.
Corta pra caravela de Cabral, onde o olheiro recebe a mensagem.
Olheiro - Capitão Cabral. Da caravela de Nicolau Coelho avisam que se avistou terra.
Cabral [tentando se recompor ao ser interrompido enquanto mijava pra fora do barco] - Demônios! Eu disse pra ficares atento. Agora o Coelho, que é um bosta, vai ganhar todos os méritos da descoberta. Mas eu já conserto isso. Oh, Afonso. Chega cá um instante. Procura pela tripulação alguém com jeito pras letras. Preciso mandar uma carta ao Rei dando conta de que no dia, no dia...
Afonso - Vinte e um de abril.
Cabral - Então, que no dia vinte e um de abril de mil e quinhentos avistamos terra.
Afonso - Pode deixar, meu capitão.
Afonso sai. Depois volta
Afonso - E como vamos mandar esta carta?
Cabral - Faz o que te pedi. O resto depois se arranja.
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