Foto da serra por Marcelo Grimaldi

SERRA DOS ÓRGÃOS

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos possui duas entradas: uma em Teresópolis e a outra em Petrópolis.
Há cobrança de entrada que está em R$19 para quem vai fazer a travessia, porém tem uns amigos meus que deram uma 'chorada' e acabaram pagando só R$ 6 (já prepara uma cebola...).
Os excursionistas são maioria no parque, indo até lá para fazer a travessia Teresópolis - Petrópolis que leva desde calmos 4 dias até 1 corrido, literalmente, dia. Eu ainda não fiz a travessia porém amigos me disseram que é mais interessante começá-la por Petrópolis pois o visual vai ficando mais bonito à medida que vai-se chegando a Teresópolis; dois amigos, ainda, fizeram a travessia em 2 dias e 1/2 num ritmo normal.
Não existe infra-estrutura alguma dentro do parque após o início da trilha que faz a travessia. A água ( potável ) deve ser coletada nas nascentes ao longo da trilha.
Os equipamentos básicos para essa empreitada são uma mochila cargueiro ( de preferência), uma botina (pau pra toda obra), barraca, cantil, fogareiro, máquina fotográfica para registrar as belezas da paisagem local (senão ninguém vai acreditar quando você chegar em casa contando que esteve no céu por uns tempos) e o principal: disposição para andar até 8 horas por dia (variando com o tempo que você pretende gastar na travessia) e mente e espírito abertos para absorver toda a atmosfera do local.

Indispensável também é o guia da travessia preparado pelo BECK (se eu não estou enganado). Ele contém um mapa do local e dicas detalhadas de como se localizar à medida que você avança trilha adentro. Amigos que seguiram o guia me disseram que ele ajuda muito, havendo apenas uma passagem específica que o guia não deixa muito clara e onde eles deram uma errada mas consertaram logo em seguida. Eles até ficaram de escrever alguma coisa, dando umas dicas, mas até agora NADA !

Apesar dessa travessia ser a 'atração principal' do parque para a maioria, este também possui diversos locais para a prática da escalada; não querendo desmerecer a bucólica caminhada, mas o que nós queremos mesmo é ação!
Há diversas 'paredes' no parque já conquistadas: Há vias no Garrafão (pelo menos 2), Pedra do Sino, São João, São Pedro tem via em chaminé, Pedra da Cruz (paredão Paraguaio, Mamute (pelo menos 3 sem muita proteção, Morro Açu (várias vias no Blocos), Nariz do Frade (pelo menos 2), várias vias das 3 Marias, Coroa do Frade, Nariz da Freira, descida dos portais, Dedo de Deus, Morro do Alicate (uma agulhinha), Agulha de São Joaquim e Agulha do Diabo. (Informações fornecidas pela Lis, visite também a excelente página de trekking dela.

AGULHA DO DIABO

Esta formação rochosa em forma de agulha fica no centro de um enorme 'Caldeirão' que a cerca quase que totalmente
A altitude em relação ao nível do mar dessa região é superior aos 2.000m sendo que a agulha se destaca por ser um pouco mais alta que as enormes paredes que a rodeiam.
No verão dizem que as nuvens, que chegam quase a encobrir toda a Agulha, ficam bem avermelhadas no pôr do Sol fazendo com que o local se pareça com um enorme caldeirão borbulhante expelindo fumaça, daí o nome Agulha do DIABO.
A agulha pode ser vista enquanto se faz a travessia porém é do Mirante do Inferno que se tem a visão mais impressionante de sua grandiosidade. Eu nunca estive no Everest, pô!
Sua conquista foi feita em 1940 ( lá existe uma placa comemorativa de 20 anos de conquista, datada de 1960).
Foto do Maurício
foto da imponente
Agulha do Diabo tirada por
Maurício Grego.
Leia um texto a respeito na página dele.
Os que pretendem apenas observá-la melhor ou os mais ousados que desejem escalá-la devem fazer a travessia até a Cota 2.000 (umas 7hs de caminhada desde a entrada do parque em Teresópolis) onde deverão abandonar a 'avenida' e entrar em uma trilha bem mais fechada mas que já está bem marcada. Após umas 2hs (+/-) de caminhada chega-se ao local de acampamento próximo ao Mirante. O local é uma pequena clareira no meio da mata ao lado de um riacho que será seu companheiro durante os dias em que você ficar por lá; Eu nunca mais me esquecerei daquele banho GELADO!!!! que tomei após já uns três dias sem ver a cor da água ou do barulho absolutamente ONIPRESENTE de uma quedinha d'água próxima às barracas durante toda as noites (mal) dormidas no local (mal dormidas não por causa das condições do local que são muito boas mas sim porque na barraca de 3 lugares que nós levamos, dormiram 4 e ainda por cima com 3 isolantes o que me fez dormir em cima de um vão entre dois deles, ai como é ruim).
Voltando à descrição que é o que importa, se você ainda tiver fôlego sobrando após armar a barraca (no bom sentido é claro) vá até o Mirante do Inferno que fica a apenas 5min do local de acampamento por uma trilhinha bem demarcada. A visão daí é muito bonita como já disse antes. Tire algumas fotos da Agulha e volte logo pois você ainda tem que preparar o jantar...
O dia seguinte para quem vai escalar a Agulha tem que começar bem cedo ( ou você quer voltar no frio e no escuro como nós fizemos?)(leia o texto na página do Maurício)
Bom, já tomado o café (é!, essas coisas mesmo que você comeu) pé na trilha, que é a mesma que leva até o Mirante, porém agora você tem que ir contornando à esquerda até descer ao fundo do vale (da caldeira); lá embaixo continue seguindo a trilha que ela te levará até o pé da Agulha. No final de uma subida em direção à nascente de um riachozinho você vai ter que passar por uma mini-caverna que tem uma abertura no teto, faça um trepa-pedra e suba, passe as mochilas antes ou você vai ficar entalado.
A última clareira que você observar antes da Agulha também serve como acampamento para quem quer ficar mais perto do local de escalada, mas não é muito recomendada porque aí faz muito frio (é conhecida como geladeira) e também porque não tem água por perto.
Agora que você chegou até a Agulha é só calçar as sapatilhas, por a cadeirinha, se equipar com aquela tranqueirada toda e mãos (e pés) à obra.
O nível da escalada não passa de um 4o. grau com um lance final que conduz ao cume em cabo de aço(A0).
Os grampos P são bem antigos ( grandes e com uma boa parte da 'haste' pra fora) porém se estão lá firmes até hoje é porque são bons.
Os dois últimos lances antes do cabo de aço são feitos em chaminé, sendo a primeira bem curta (-10m) e a segunda bem comprida (longos 30m) protegida por apenas dois grampos. Essa segunda chaminé fica dentro da que é conhecida por Unha que é nada mais nada menos que um enorme bloco (30m) de pedra em forma de unha que fica encostado! à pedra principal. Para chegar dentro da chaminé você tem antes que passar pelo Cavalinho que é uma fenda horizontal onde você tem que se encaixar deitado (de barriga pra cima) e ir se arrastando (uns 3m) até desenbocar na chaminé; o detalhe é que só pouco mais da metade do corpo se encaixa ( corpo de uma pessoa magra, quem tiver umas gordurinhas sobrando vá por sua própria conta e risco ) ficando a outra parte no vazio ( leia-se: um despenhadeiro de mais de 100m ), por isto certifique-se que seu corpo está completamente entalado e vá em frente sem olhar pra baixo ( eu olhei! )
Saindo da chaminé são só mais uns 10m em cabo de aço e PRONTO! VOCÊ CHEGOU NO CUME! , agora é só assinar o livro que fica dentro da caixa e deixar uma mensagem para a posteridade; curta um pouco a SENSACIONAL vista ( se já estiver de tardinha você verá um chão de nuvens quase a seus pés ) e se mande rapidinho daí porque, não se esqueça, você tem todo aquele caminho para percorrer na volta ( e já está escurecendo! ); mas não se preocupe o caminho de volta vai passar rápido porque, eu tenho certeza, você vai estar com sua mente o tempo todo lá em cima das nuvens ( um pouco de mim ainda está lá, naquele local distante, mais próximo de Deus, onde nenhum homem jamais...<ctrl><alt><del> CHEGA!!!! que sentimentalismo barato, tá loco, eu hein!).
Bom, Parabéns pela sua mais recente conquista e vamos pra próxima.

Leia também outra versão dessa estória por Maurício Grego.

COMO CHEGAR

Pegue o ônibus com destino a Teresópolis. A partir da Rodoviária pegue um táxi até a entrada do parque ou então informe-se a respeito do ônibus que vai até lá (quando eu estive lá a tentativa de se tomar o ônibus não foi bem sucedida, acho que o motorista não gostou dos 5 sujeitos com mochilas enormes nas costas e com cara de sono que estavam no ponto e não abriu a porta nem com o vigoroso chute desferido pelo Maurício na porta do ônibus). O táxi ficou em R$8.
A entrada do parque só abre as 8hs por isso você vai ter que esperar um pouco do lado de fora até que os fiscais tenham a boa vontade de vender as entradas e permitir que aquela leva de mochileiros entre em debandada parque afora. Um dos fiscais nos informou que é possível comprar as entradas com antecedência por telefone (agora, o telefone de lá eu não sei qual é...).
A partir da entrada do parque existe uma estradinha asfaltada que leva até o começo da travessia que acaba por tomar uma preciosa 1 hora do excursionista, por isso uma alternativa é ir também de táxi até lá.


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