Quem conta um conto aumenta um ponto!
Ora, se pararmos para pensar, nada mais adequado ao nosso mundo pós-moderno, pós-industrial e neoliberal. Basta olharmos mais atentamente a Nova LDB e os PCN's, leis que defendem com todo o fervor a educação profissionalizante e tecnicista, desvirtuando totalmente a verdadeira formação do aluno para a vida. O mundo deste novo milênio que se inicia não quer cidadãos, ele precisa de engrenagens que movam esse nosso admirável mundo novo.
Todo aquele que se apossa de sua própria experiência é capaz de se apropriar de si mesmo e começar a ler o mundo e a sociedade em torno de si e além. O fundamental, então, é, como diz Paulo Freire, aprender como aprender.
A aprendizagem jamais se dará num ambiente no qual o professor apenas imponha coisas repetidas para que seu aluno decore. É uma pena, mas parece que Luís Fernando Veríssimo tem razão quando ele diz em sua crônica O gigolô das palavras que certamente o instrumento vital da pedagogia moderna é o gravador cassete. Ou seja, o que se espera dos alunos dentro de uma escola é que eles sejam espécies raras de papagaios, prontos a repetir toda a ladainha que lhes é empurrada goela abaixo. No entanto, o que se decora ou apenas se reproduz, desaparece com o passar do tempo. Para que o aluno realmente aprenda é necessário que dele parta um esforço reconstrutivo. Além disso, ele precisa pesquisar, elaborar e reconstruir um conhecimento condizente com a sua subjetividade. Somente com a orientação crítica de um professor dinâmico e que propicie um ambiente humano favorável isso será possível. A relação entre o professor e o aluno deve ser sempre uma relação ativa, emocionada, de troca, desse modo todo professor é sempre aluno e todo aluno, professor.
Acredito, portanto, que o elemento propulsor de toda relação ensino-aprendizagem seja, antes de tudo, o prazer e a fantasia. O aluno, dentro de um espaço lúdico, pode, brincando, conhecer melhor a Língua Portuguesa, a Literatura ou qualquer outra disciplina do currículo escolar, reinventá-las através de múltiplas experiências, inventar a sua maneira de se dizer, se colocar através de suas palavras sem medo de se expor e ser reprimido, enfim, compreender que existe a possibilidade de estudar, trabalhar e se divertir ao mesmo tempo - e que isso pode ser uma opção de vida.
Desde o princípio do curso de Especialização em Leitura, venho entrando em contato com diversas disciplinas que, acima de tudo, vêm fortalecendo as minhas convicções de que é fundamental para qualquer um que queira posicionar-se diante do mundo o conhecimento de suas origens, de suas memórias, deste modo, decidi dar um tom autobiográfico a minha monografia, contando minha história de leitor-educador, e minhas impressões acerca do sistema educacional brasileiro neste início do século XXI. Espero com isso fortalecer e comprovar as minhas convicções de que a fantasia é essencial para a formação de todo ser humano.