SUTRAS DE PATANJALI
(Tradução do Apendix F do livro "Yoga
Philosophy of Patanjali "- Swami
Hariharananda Aranya, Publicado por 'Calcutta Universit Press')
Coleção dos Aforismos Yoguis
Livro I
Sobre a Concentração
1. Agora iniciamos a exposição do Yoga.
2. Yoga é a restrição das modificações
da mente.
3. Então o Observador permanece nele mesmo.
4. Em outros momentos, o Observador parece assumir a forma da
modificação mental.
5. Elas (as modificações) Têm cinco variedades,
das quais algumas são 'Klista' e o resto 'Aklista'.
6. (São elas) Pramana, Viparyaya, Vikalpa, sono (sem sonhos)
e recordação.
7. (Destas) Percepção, inferência e testemunho
(comunicação verbal) constituem as Pramanas.
8. Viparyaya ou ilusão é o conhecimento falso formado
a partir de um objeto como se ele fosse outro.
9. A modificação chamada 'Vikalpa' é baseada
na cognição verbal, com relação a
uma coisa que não existe. (É um tipo de conhecimento
útil que advém do significado da pala vra mas que
não tem uma realidade correspondente).
10. Sono sem sonho é a modificação mental
produzida pela condição de inércia como
o estado de vacuidade ou negação (do despertar
e do adormecer).
11. Recordação é a modificação
mental causada pela reprodução da impressão
prévia de um objeto, sem adicionar nada de outras fontes.
12. Pela prática e o desapego isso pode ser restringido.
13. O esforço para adquirir Sthiti ou um estado tranquilo
da mente, desprovido de flutuações, é chamado
prática.
14. Esta prática, quando continuada por um longo tempo,
sem interrupção e com devoção, torna-se
firme em seus fundamentos.
15. Quando a mente perde todos os desejos por objetos vistos
ou descritos nas escrituras, ela adquire um estado de absoluto
não desejo que é chamado desapego.
16. Indiferênça para com as Gunas, ou princípios
constituintes, alcançada através do conhecimento
da natureza de Purusha, é chamado Paravaiaragya (desapego
supremo).
17. Quando a concentração é conseguida com
a ajuda de Vitarka, Vichara, Ananda e Asmita, é chamada
Samprajnata-samadhi.
18. Asamprajnata-samadhi é o outro tipo de Samadhi que
surge com a prática constante de Para-vairagya, que leva
ao desaparecimento de todas as flutuações da mente,
permanecendo apenas as impressões latentes.
19. Enquanto no caso de Videhas ou dos desincarnados e de Prakrtilayas
ou dos que subsistem em seus constituintes elementares, é
causada por ignorância que resulta em existência
objetiva.
20. Outros (que seguem o caminho do esforço prescrito)
adotam os meios da fé reverencial, energia, recordação
repetida, concentração e conhecimento real (e assim
alcançam Asamprajnata-samadhi).
21. Yoguis com intenso ardor alcançam concentração
e seus resultados, rapidamente.
22. De acordo com a aplicação do método,
vagarosa, média ou rápida, mesmo entre os yoguis
que têm intenso ardor, existem diferenças.
23. Através de devoção especial a Isvara
também (concentração torna-se eminente)
24. Isvara é um Purusha em particular, não afetado
por aflição, ação, resultado das
ações ou as impressões latentes que advém
delas.
25. Nele, a semente da onisciência alcançou seu
desenvolvimento maior, não havendo nada mais a transcender.
26. (Ele é) O professor dos primeiros professores porque
com Ele não existe limite de tempo (para sua onipotência).
27. A palavra sagrada que o designa é Pranava ou a sílaba
OM.
28. (Yoguis) a repetem e contemplam seu significado.
29. Disso vem a realização do Ser individual e
os obstáculos são resolvidos.
30. Doença, incompetência, dúvida, desilusão,
pregriça, não- abstinência, concepção
errônea, não-alcance de qualquer estado yogui ou
instabilidade
para permanecer num estado yogui, estas distrações
da mente são os impedimentos.
31. Tristeza, falta de entusiasmo, inquietação,
inspiração e expiração advém
de distrações prévias.
32. Para restringí-las (isto é, as distrações)
prática (da concentração) em um princípio
único, deve ser feita.
33. A mente torna-se purificada pelo cultivo dos sentimentos
de amizade, compaixão, boa-vontade e indiferença
respectivamente a criaturas felizes, miseráveis, virtuosas
ou pecaminosas.
34, Pela expiração e restrição da
respiração também (a mente é acalmada).
35. O desenvolvimento de percepção objetiva chamada
Visayavati também traz tranquilidade mental.
36. Ou pela percepção que é livre de tristeza
e é radiante (estabilidade mental também é
produzida).
37. Ou (contemplando) uma mente que é livre de desejos
(a mente do devoto torna-se estável).
38. Ou tomando como objeto de meditação as imagens
dos sonhos ou dos devaneios (a mente do yogui torna-se estável).
39. Ou contemplando qualquer coisa que o indivíduo queira
(a mente torna-se estável).
40. Quando a mente desenvolve o poder de estabilizar-se nos objetos
de menor tamanho, assim como nos maiores, então a mente
está sobre controle.
41. Quando as flutuações da mente são enfraquecidas,
a mente aparenta tomar as formas do objeto da meditação
- seja ele o que conhece (Grahita), o instrumento de cognição
(Grahana) ou o objeto conhecido (Grahya) - como uma jóia
transparente, e esta identificação é chamada
Samapatti ou absorção.
42. A absorção na qual existe confusão entre
a palavra, seu significado (isto é, o objeto) e seu conhecimento,
é conhecida como Savitarka Samapatti.
43. Quando a memória é purificada, a mente parece
estar desprovida de sua própria natureza (isto é,
da consciência reflectiva) e somente o objeto (o qual está
contemplando) permanece iluminado. Este tipo de abs orção
é chamada Nirvitarka Samapatti.
44. Através disso (o que foi dito) as absorções
Savichara e Nirvichara, cujos objetos são sutis, são
também explicadas.
45. Sutileza pertencente aos objetos, culmina em A-linga ou o
imanifesto.
46. Estes são os únicos tipos de concentração
objetiva.
47. Ganhando proficiência em Nirvichara, pureza nos intrumentos
internos de cognição é desenvolvida.
48. O conhecimento ganho neste estado é chamado Rtambhara
(preenchido de verdade).
49 (Este conhecimento) é diferente daquele derivado do
testimunho ou da inferência, porque relaciona-se a particularidades
(dos objetos).
50. A impressão latente nascida de tal conhecimento é
oposta à formação de outras impressões
latentes.
51. Pela restrição disso também (por conta
da eliminação das impressões latentes de
Samprajnana), acontece a concentração sem-objeto,
através da supressão de todas as modificações.
Livro II
Sobre a Prática
1. Tapas (austeridade ou vigorosa auto-disciplina - mental,
moral e física), Svadhyaya (repetição de
Mantras sagrados ou o estudo da literatura sagrada) e Isvara-pranidhana
(completa rendição a Deus) são Kriya- yoga
(yoga em forma de ação).
2. Este Kriya-yoga (deve ser praticado) para gerar o Samadhi
e minimizar as Klesas.
3. Avidya (concepção errônea sobre a natureza
real das coisas), Asmita (egoismo), Raga (apego), Dvesa (aversão)
e Abhinivesa (medo da morte) são as cinco Klesas (aflições).
4. Avidya é o campo de crescimento das outras, sejam elas
dormentes, atenuadas, interrompidas ou ativas.
5. Avidya consiste em considerar os objetos impermanentes como
permanentes, impuros como puros; miséria como felicidade
e o não-Ser como Ser.
6. Asmita é equivalente à identificação
de Purusha ou Consciência Pura com Buddhi.
7. Apego é esta (modificação) que segue
a lembrança do prazer.
8. Aversão é esta (modificação) que
resulta da miséria.
9. Tanto no ignorante quanto no culto, o medo, firmemente estabelecido,
da aniquilação, é a aflição
chamada Abhinivesa.
10, As sutis klesas são abandonadas (isto é, destruidas)
cessando-se a produtividade (isto é, desaparecendo) da
mente.
11. Seus meios de subsistência ou seus estados densos são
evitáveis pela meditação.
12. Karmasaya, ou a impressão latente da ação
baseada nas aflições, torna-se ativa nessa vida
ou na vida por vir.
13. Na medida em que as Klesas permanecem na raiz, karmasaya
produz três consequências nas formas de nascimento,
tempo de vida e experiência.
14. Por razão da virtude e do vício, essas (nascimento,
período e experiência) produzem experiências
prazeirosas ou dolorosas.
15. A pessoa que discrimina, apreende (por análise e antecipação)
todos os objetos mundanos como marcados pela tristeza, porque
eles causam sofrimento como consequência, tanto nas suas
experiências aflitivas, quanto em suas latências
e também por causa da natureza contrária das Gunas
(que produzem mudanças a todo momento).
16. (É por isso que) a dor que está por vir deve
ser evitada.
17. Unindo o Observador ou o sujeito com o visto ou o objeto,
é a causa disso que deve ser evitado.
18. O objeto ou o que é passível de conhecimento
é por natureza sensível, mutável e inerte.
Existe na forma dos elementos e dos órgãos, e servem
ao propósito da experiência e emancipaç ão.
19. Diversificada (Visesa), não-diversificada (Avisesa),
indicador-somente (Linga-matra), e aquilo que não tem
indicador (Alinga), são os estados das Gunas.
20. O Observador é o conhecedor absoluto. Apesar de puro,
modificações (de Buddhi) são testemunhadas
por ele como um espectador.
21. Servir como um campo objetivo para Purusha, é a essencia
ou natureza dos objetos conhecíveis.
22. Apesar de deixar de existir em relação àquele
que preencheu seu propósito, os objetos conhecíveis
não deixam de existir por serem úteis para outros.
23. Associação é o meio de realização
da verdadeira natureza do objeto do Conhecedor e do Possuidor,
o Conhecedor (isto é, o tipo de associação
que contribui para a realização do Obse rvador
e do observado é esta conexão).
24. (A associação tem) Avidya ou ignorância
como sua causa.
25. A ausência da associação que advém
da falta dela (avidya) é liberdade, e este é o
estado de liberação do Observador.
26. Conhecimento discriminativo, claro, distinto (desimpedido)
é o meio para a liberação.
27. Sete tipos de insight vêm a ele (o yogui que desenvolveu
a iluminação discriminativa).
28. Através da prática dos diferentes acessórios
do yoga, quando as impurezas são destruidas, advém
a iluminação, culminando na iluminação
discriminativa.
29. Yama (restrição), Niyama (observância),
Asana (postura), Pranayama (regulação da respiração),
Pratiahara (restrição dos sentidos), Dharana (fixação),
Dhyana (meditaç& atilde;o) e Samadhi (perfeita concentração),
são os oito meios de se alcançar o yoga.
30. Ahimsa (não-violência), Satya (verdade), Asteya
(abster-se do roubo), Brahmacharya (continência) e Aparigraha
(abster-se da avareza), são as cinco Yamas (formas de
restrição).
31. Estas (as restrições), no entanto, são
um grande voto quando tornam-se universais, não sendo
restringidas por qualquer consideração de classe,
lugar, tempo ou conceito de dever.
32. Pureza, contentamento, austeridade (disciplina mental e física),
svadhyaya (estudo das escrituras e recitação de
mantras) e devoção a Isvara, são as Niyamas
(observâncias).
33. Quando estas restrições e observâncias
são inibidas por pensamentos perversos, o oposto deve
ser pensado.
34. Acões que advém de pensamentos perversos, como
injúria etc, são realizadas pela própria
pessoa, por outras ou aprovadas; são realizadas tanto
pela raiva, quanto pela cobiça ou pela desilusão;
e podem ser fracas moderadas ou intensas. Saber que são
causadas por uma miséria e ignorância infinitas,
é um pensamento-contrário.
35. Na medida em que o yogui se torna estabelecido na não-injúria,
todos os seres que se aproximam (do yogui) deixam de ser hostis.
36. Quando a maneira de ser é verdadeira, as palavras
(do yogui) adquirem o poder de fazerem-se frutíferas.
37. Quando o não-roubo é estabelecido, todas as
jóias se apresentam (ao yogui).
38. Quando continência é estabelecida, Virya é
adquirida.
39. Atingindo perfeição nas Yamas, advém
conhecimento da existência passada e futura.
40. Da prática da purificação, desapego
com relação ao próprio corpo é desenvolvido,
e portanto o desapego se estende a outros corpos.
41. Purificação da mente, setimentos agradáveis,
concentração, subjugação dos sentidos
e abilidade para a auto-realização são adquiridas.
42, A partir do contentamento, felicidade transcendente é
ganha.
43. Pensamentos de destruição das impurezas, prática
de austeridades gera perfeição do corpo e dos órgãos.
44. Do estudo e repetição de Mantras, comunhão
com a divindade desejada é estabelecida.
45. Da devoção a Deus, Samadhi é alcançado.
46. Uma forma agradável e pausada (de estar) é
Asana (postura yogui).
47. Pelo relaxamento do esforço e meditação
no infinito (asanas são aperfeiçoadas).
48. Disso vem a imunidade com relação a Dvandvas
ou condições opostas.
49. Esta (asana) tendo sido aperfeiçoada, regulação
do fluxo da inspiração e expiração
é pranayama (controle da respiração).
50. Este (pranayama) tem uma operação externa (Vahya-vrtti),
operação interna (Abhyantara-vrtti) e supressão
(Stambha- vrtti). Isto ainda, quando observado de acordo com
espaço, tempo e número torna-se lo ngo e sutil.
51. O quarto pranyama trnscende operações internas
e externas.
52. Através disso, o véu sobre a manifestação
(do conhecimento) é rarefeito.
53, (Então) a mente adquiri condições para
Dharana.
54. Quando separados de seus objetos correspondentes, os órgãos
seguem a natureza da mente (no momento), isto é chamado
Pratyahara (restringir os órgãos).
55. Isto gera supremo controle dos órgãos.
Livro III
Poderes Sobrenaturais
1. Dharana é a fixação da mente (Chitta)
em um ponto particular no espaço.
2. Nela (Dharana) o fluxo contínuo de modificação
mental similar é chamado Dhyana ou meditação.
3. Quando o objeto da meditação sozinho brilha
na mente, como que desprovido até mesmo do pensamento
do'Eu' (que está meditando), este estado é chamado
Samadhi ou concentração.
4. Os três juntos no mesmo objeto é chamado Samyama.
5. Dominando isto (Samyama) a luz do conhecimento (Prajna) emerge.
6. Ela (Samyama) deve ser aplicada aos estágios (da prática).
7. Estas três práticas são mais associadas
do que as mencionadas anteriormente.
8. Isso também (deve ser visto) como externo com relação
a Nirvija ou concentração sem semente.
9. Supressão das latências das flutuações
e aparecimento das latências do estado de pausa, acontecendo
a cada momento de ausência do estado de pausa na mesma
mente, é a mudança do estado de pausa da mente.
10. Continuidade da mente tranquila (no estado de pausa) é
assegurado por suas impressões latentes.
11. Diminuição da atenção voltada
para tudo e desenvolvimento da concentração (onepointedness)
é chamado Samadhi-parinama, ou mutação da
mente concentrada.
12. Lá (em Samadhi) ainda (no estado de concentração)
as modificações passadas e presentes sendo similares
é Ekagrata- parinama, ou mutação do estado
estável da mente.
13. Assim explica-se as três mudanças, ou seja,
dos atributos essenciais ou características, das características
temporais, e dos estados das Bhutas e das Indriyas (isto é,
todos os fenômenos conhecíveis).
14. Aquilo que continua a sua existência, através
das várias características, nomeadamente: o inativo,
isto é, passado; o emergente, isto é, presente;
o imanifesto, (mas que permanece como força potente),
isto é, futuro, é o substrato (ou objeto caracterizado).
15. Mudança de sequência (das características)
é a causa das diferênças mutativas.
16. Conhecimento do passado e do futuro pode advir de Samyama
sobre as três Parinamas (mudanças).
17. Palavra, objeto implicado, e idéia correspondente,
produz uma impressão unificada. Se Samyama for praticada
em cada um separadamente, conhecimento do significado dos sons
produzidos por todos os seres, pode ser adquirido.
18 Pela realização das impressões latentes,
conhecimento dos nascimentos prévios é adquirido.
19. (Pela prática de Samyama) em noções,
conhecimento de outras mentes é desenvolvido.
20 O suporte (ou base) da noção não se torna
conhecido, porque este não é objeto de observação
(do yogui).
21. Quando a capacidade de percepção do corpo é
suprimida pela prática de Samyama em seu caracter visual,
desaparecimento do corpo é efetivado, por ficar ele além
da esferea de percepção do olho.< BR> 22.
Karma pode ser rápido ou lento em sua frutificação.
Pela prática de Samyama no Karma,
conhecimento da morte pode ser adquirido.
23. Através de Samyama sobre a amizade, e outras virtudes
similares, obtem-se força.
24. (Pela prática de Samyama) na força (física),
a força de elefantes etc, pode ser adquirida.
25. Aplicando a luz efulgente da percepção superior
(Jyotismati), conhecimento dos objetos sutis, ou coisas invisíveis
ou colocadas a grande distância, pode ser adquirido.
26. (Praticando Samyama) sobre o sol (o ponto no corpo conhecido
como a entrada solar), o conhecimento das regiões cósmicas
é adquirido.
27. (Pela prática de Samyama) sobre a lua (a entrada lunar
no corpo), conhecimento do arranjo entre as estrelas é
adquirido.
28. (Pela prática de Samyama) na estrela Polar, o movimento
das estrelas é conhecido.
29. (Pela prática de Samyama) no plexo do umbigo, advém
conhecimento da composição do corpo.
30. (Praticando Samyama) na traquéia, fome e sede são
restringidas.
31. Calma é alcançada por Samyama no tubo bronquial.
32. (Pela prática de Samyama) na luz coronal, Siddhas
podem ser vistos.
33. Do conhecimento denominado Pratibha (intuição),
tudo torna-se conhecido.
34. (Pela prática de Samyama) no coração,
conhecimento da mente é adquirido.
35. Experiência (de prazer ou dor), vem da concepção
que não distingue entre duas entidades extremamente diferentes:
Buddhisattva e Purusha. Tal experiência existe para um
outro (isto é, Purusha). Esta é a razão
de através de Samyama em Purusha (que observa todas as
experências e também sua completa cessassão)
conhecimento com relação a Purusha ser adquirido.
36. Portanto (do conhecimento de Purusha), advém Pratibha
(intuição), Sravana (poder sobrenatural de ouvir),
Vedana (poder sobrenatural de tocar), Adarsa (poder sobrenatural
de ver), Asvada (poder sobrenatural gustativo) e Varta (p oder
sobrenatural de cheirar).
37. Eles (estes poderes) são impedimentos ao Samadhi,
mas são (vistos como) aquisições no estado
normal-mutante da mente.
38. Quando as causas do aprisionamento são enfraquecidas,
e os movimentos da mente conhecidos, a mente pode entrar em outro
corpo.
39. Conquistando a força vital (da vida) chamada Udana,
a possibilidade de imersão em água ou lama e envolvimentos
dolorosos, são evitados, e a saida do corpo pela vontade
é assegurada.
40 Conquistando a força vital chamada Samana, efulgência
é adquirida.
41. Através de Samyama na relação entre
Akasa e o poder de ouvir, capacidade divina de ouvir é
adquirida.
42. Através de Samyama na relação entre
o corpo e Akasa, e pela concentração na leveza
do algodão ou da lã, passagem através do
céu é assegurada.
43. Quando a concepção inimaginável pode
ser mantida fora, isto é, não conectada com o corpo,
é chamada Mahavideha ou a grande desencarnação.
Através de Samyama nisso, o véu que cobre a iluminação
(de Buddhisattva) é removido.
44. Através de Samyama no denso, no caracter essencial,
no sutil, a inerência e a objetividade, que são
as cinco formas de Bhutas ou elementos, maestria sobre Bhutas
é conseguida.
45. Então desenvolve-se o poder de minimização
assim como outras aquisições corpóreas.
Deixa de existir também, resistência a suas características.
46. Perfeição do corpo consiste em beleza, graça,
força e firmeza adamantinas.
47. Através de Samyama na receptividade, caracter essencial,
sentido de Eu, qualidade inerente e objetividade dos cinco sentidos,
maestria sobre eles é obtida.
48. Então advém poderes de movimentos rápidos
da mente, ação dos órgãos independente
do corpo e maestria sobre Pradhana, a causa primordial.
49. Para aquele estabelecido no discernimento entre Buddhi e
Purusha, vem a supremacia sobre todos os seres assim como onisciência.
50. Através da renunciação mesmo disto (conquista
de Visoka), vem a liberação em consequência
da destruição das sementes do mal.
51. Quando convidado pelos seres celestiais, este convite não
deve ser aceito, nem deve ser causa de vaidade, pois envolve
a possibilidade de consequências indesejáveis.
52. Conhecimento diferenciado do Ser e do não-Ser advém
da prática de Samyama no momento e sua sequência.
53. Quando espécie, caracter temporal e posição
de duas coisas diferentes são indiscerníveis, elas
aparentam iguais, no entanto podem ser diferenciadas (por este
conhecimento).
54. O conhecimento do discernimento é Taraka ou intuitivo,
compreende todas as coisas e todo o tempo, e não tem sequência.
55. (Se o discernimento discriminativo secundário é
adquirido ou não) quando igualdade é estabelecida
entre Buddhisattva e Purusha na sua pureza, liberação
acontece.
Livro IV
Sobre o Ser-nele-mesmo ou Liberação
1. Poderes sobrenaturais advém com o nascimento, ou
são consequidos através de ervas, encantamentos,
austeridades ou concentração.
2. (A mutação do corpo e dos órgãos
para aquele nascido em espécie diferente) acontece através
do preenchimento de sua natureza inata.
3. Causas não colocam a natureza em movimento, somente
a remoção de obstáculos acontece através
delas. Isso é como um fazendeiro quebrando a barreira
para permitir o fluxo de água. (Os obstáculos sendo
removidos pelas causas, a natureza penetra por ela mesma).
4. Todas as mentes criadas são construidas a partir do
sentido-de- -Eu.
5. Uma mente (principal) direciona as várias mentes criadas
na variedade de suas atividades.
6. Delas (mentes com poderes sobrenaturais) as obtidas através
da meditação não têm impressões
subliminares.
7. As ações do Yogui não são nem
brancas, nem pretas, enquanto as ações dos outros
são de três tipos.
8. Então (das três variedades de karma) manifestam-se
as impressões subconscientes apropriadas às suas
consequências.
9. Em função da semelhança entre a memória
e suas impressões latentes correspondentes, as impressões
subconscientes dos sentimentos aparecem simultaneamente, mesmo
quando são separadas por nascimento, es paço e
tempo.
10. Desejo de bem-estar sendo eterno, segue-se que a impressão
subconsciente da qual ele advém deve ser sem começo.
11. Em função de serem mantidas juntas pela causa,
resultado e objetos suportes, quando isso se ausenta, as Vasanas
desaparecem.
12. O passado e o futuro são em realidade, presente, em
suas formas fundamentais, tendo diferenças apenas nas
características das formas tomadas em tempos diferentes.
13. Características, que são presentes em todos
os tempos, são manifestas e sutis, e são compostas
das três Gunas.
14. Em função da mutação coordenada
das três Gunas, um objeto aparece como uma unidade.
15. Apesar da semelhança entre os objetos, em função
de haverem mentes separadas, eles (os objetos e seu conhecimento)
seguem caminhos diferentes, essa é a razão deles
serem inteiramente diferentes.
16. Objeto não é dependente de uma mente, porque
se assim fosse, o que aconteceria quando ele não fosse
mais cognizado por esta mente?
17, Objetos externos são conhecidos ou desconhecidos para
a mente na medida em que colorem a mente.
18. Em função da imutabilidade de Purusha, que
é mestre da mente, as modificações da mente
são sempre conhecidas ou manifestas.
19. Ela (a mente) não é auto-iluminada, sendo um
objeto (conhecível).
20. Além disso, ambos (a mente e seus objetos) não
podem ser cognizados simultaneamente.
21. Se a mente fosse iluminada por uma outra mente, então
haveria repetição ad infinitum de mentes iluminadas
e inter-mistura de memória.
22. (Portanto) Intransmissível, a Consciência metempirica,
refletindo sobre Buddhi torna-se a causa da consciência
de Buddhi.
23. A matéria mental sendo afetada pelo Observador e o
observado, torna-se toda-compreensiva.
24. Ela (a mente) apesar de marcada pelas inimeráveis
impressões subconscientes, existe para um outro, desde
que age conjuntamente.
25. Para aquele que conheceu a entidade distinta, isto é
Purusha, inquirição sobre a natureza do próprio
Ser, cessa.
26. (Então) A mente se inclina ao conhecimento discriminativo
e naturalmente gravita em direção ao estado de
liberação.
27. Através de suas ramificações (isto é,
quebras no conhecimento discriminativo) surgem outras flutuações
da mente devido às impressões latentes (residuais).
28. Tem-se dito que sua remoção (isto é,
das flutuações) segue o mesmo processo da remoção
das aflições.
29. Quando o indivíduo torna-se desinteressado mesmo pela
onisciência, ele adquiri iluminação discriminativa
perpétua de onde vem a concentração conhecida
como Dharmamegha (nuvem que despeja virtude).
30. A partir disso, aflições e ações
cessam.
31. Então em função da infinitude do conhecimento,
livre da cobertura das impurezas, os objetos conhecíveis
aparentam poucos.
32. Depois de sua emergência (nuvem que despeja virtude)
as Gunas tendo cumprido seu propósito, a sequência
de suas mutações cessam.
33. O que pertence aos momentos e é indicado pelo término
de uma mutação particular, é sequência.
34. O estado do Ser-nele-mesmo ou liberação, realiza-se
quando as Gunas (tendo promovido experiência e liberação
para Purusha) não têm mais propósito a cumprir
e desaparecem em sua substância causal. Em outras palavras,
é Consciência absoluta estabelecida em seu próprio
Ser.
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