Ângulo de ataque
Centro de gravidade
Centro de pressão
Túnel de vento
Ajustes
Uma garrafa nua pode ser lançada como foguete, mas ela certamente vai girar e rolar, o
que causará, dentre outras coisas, um arrasto (força que tende a
empurrar o foguete para trás) muito maior do que outra garrafa que consegue manter-se com
o nariz sempre apontado para frente. Note que eu não disse "para
cima". Se você conseguir entender a diferença, seus foguetes serão sempre um
sucesso. Vamos lá.
Ângulo de ataque
Os foguetes são veículos projetados para se deslocar numa direção vertical (ou o
mais próximo possível dela), vencendo a força da gravidade, diferentemente de
aviões, que têem asas e superfícies móveis de controle que produzem sustentação e
que permitem que eles voem na horizontal.
Nossos foguetes, portanto, terão melhor desempenho sempre que se
deslocarem da maneira mais alinhada com o fluxo de ar quanto possível. Chamamos de
ângulo de ataque àquele formado pela posição da fuselagem do foguete em relação ao
fluxo de ar produzido pelo seu deslocamento. Quanto menor for esse ângulo, mais alinhado
o foguete estará.
Imagine um foguete se deslocando pelo ar (sem vento). O ar passa alinhadamente ao longo
do corpo. Se essa situação não for perturbada, o foguete permanecerá voando na mesma
direção. Essa é a sua atitude neutra.

Atitude neutra
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Atitude perturbada
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Atitude estável
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Se o foguete for perturbado, por exemplo, por uma rajada de vento ou uma
aleta desalinhada, ele assumirá uma posição de ângulo de ataque maior que zero. Um
foguete de atitude estável (com estabilidade) faz correções contínuas
durante seu vôo, oscilando e tentando manter o ângulo de ataque sempre em zero. É muito
parecido com as correções que você tem que fazer quando anda de bicicleta.
Entretanto, se ele começa a voar em ângulos cada vez maiores e eventualmente dá
cambalhotas no ar ele tem uma atitude instável (sem estabilidade). Por
outro lado, um foguete que esteja neutramente estável (sem oscilar),
continuará voando na mesma direção, mesmo que tenha um ângulo de ataque maior que
zero.
 
Atitude instável
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Atitude neutramente estável
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Há dois fatores principais que influenciam a estabilidade de vôo de
nossos foguetes: o centro de gravidade (CG) e o centro de pressão (CP). Para que um
foguete tenha uma atitude estável (capaz de fazer as devidas correções durante o vôo),
o CG deve estar à frente do CP. Nunca esqueça dessa regra!

Centro de gravidade

Símbolo do CG
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Equilibrando o foguete
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O centro de gravidade de um foguete é muito fácil de ser encontrado.
Basta simplesmente que você equilibre-o (todo carregado exceto pela água) em cima de uma
régua ou algo parecido colocada na perpendicular da fuselagem. O ponto no qual o foguete
ficar na horizontal indica o centro de gravidade (na verdade ele estará no interior do
foguete mas não faz mal que a gente use a circunferência externa como referência).

Centro de pressão

Símbolo do CP
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Equilibrando a silhueta
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O centro de pressão é mais difícil de se achar. O CP funciona do
mesmo jeito que o CG, exceto que as forças envolvidas são aerodinâmicas, em vez de
gravitacionais. Elas decorrem da pressão que o ar faz ao passar pelas várias partes do
foguete durante o vôo e o CP é o ponto onde a pressão parece estar mais concentrada. O
cálculo dessas forças é uma tarefa complicadíssima. Na minha lista de endereços há
uma seção dedicada a sites que apresentam as fórmulas
e os modelos matemáticos necessários para quem quiser se aprofundar mais no assunto.
Felizmente temos uma forma alternativa que, embora não tenha precisão suficiente para
lançar grandes foguetes, funciona muito bem com nossos veículos menores. Desenhe a
silhueta exata do seu foguete num papelão. Não é preciso ser em tamanho real, basta que
esteja em escala. Recorte-a e equilibre-a do mesmo jeito que você fez para achar o CG.
Marque o local de equilíbrio e transfira-o para o foguete.
Para que ele tenha uma estabilidade razoável, o CP deve estar
atrás do CG a uma distância de, no mínimo, igual ao diâmetro da maior seção do
foguete (1 calibre).

Túnel de vento
As grandes empresas aeroespaciais possuem túneis de vento (equipamentos que simulam a
passagem do veículo pelo ar) que são ao mesmo tempo caríssimos e muito precisos. Para
nossos foguetes não precisamos de tamanha precisão, nem dispomos de grandes quantias.
Assim, temos que fabricar nosso próprio equipamento. Felizmente, com um pouco de
engenhosidade, podemos ter a mesma funcionalidade no aparato que está descrito a seguir.
Prepare seu foguete para lançamento, mas não ponha a água. Amarre um pedaço de
cerca de 2,5m de barbante na fuselagem, na altura do centro de gravidade e fixe a volta do
barbante com uma fita adesiva, para não deslizar.

Prenda um barbante com fita adesiva no ponto do centro de
gravidade.
Segure o foguete pelo barbante a 1m de distância, aponte o nariz do foguete para a
direção para onde você vai girar e comece um movimento giratório por cima de sua
cabeça.

Gire o foguete em torno de você
À medida em que o foguete for aumentando a velocidade, vá liberando mais barbante
até que ele fique a uma distância de cerca de 2m de você. Se o nariz do foguete
continuar apontando para a direção do giro, sem virar ao contrário nem ficar de lado,
você pode ter certeza que seu foguete está estável e seguro para vôo.
Não se preocupe se no início ele estiver instável. A velocidade inicial do giro
ainda é muito menor do que a velocidade real de lançamento e as forças aerodinâmicas
ainda não estão atuando fortemente. Quanto mais rápido você conseguir girar, mais
próximo da situação real será o teste.
Na verdade, o nosso túnel de vento pode até ser sensível demais, em decorrência da
baixa velocidade alcançada. Um foguete que consiga passar marginalmente no teste de
estabilidade muito provavelmente fará sempre vôos estáveis.
Caso o foguete apresente um comportamento super estável durante o teste, você poderá
ter exagerado e deixado seu foguete estável demais. A principal conseqüência disso é
que ele terá uma forte tendência de virar em direção ao vento, ou "orçar",
na linguagem náutica.

Um foguete estável demais sempre vira em direção ao vento

Ajustes
Uma forma de corrigir instabilidade é fazer com que o CP seja levado mais para trás.
Consegue-se isso deslocando-se as aletas mais para trás ou fazendo-as mais alongadas
nessa mesma direção.



Altere a posição e a forma das aletas para levar o CP para
trás
Também pode-se fazer com que o CG seja levado mais para frente. Basta adicionar pesos
ao nariz. Esse peso pode ser em forma de chumbadas de pescaria ou simplesmente de água
adicionada a um eventual compartimento superior do foguete.


Adicionar peso ao nariz leva o CG para a frente
