ENTREVISTAS
ALAN MOORE, O ESCRITOR SUPREMO
por Steve Johnson - 7 de Agosto
de 1996
MANIA: Como a idéia decolou?
Alan Moore: Rob teve a idéia, e ele estava muito confiante
sobre o título Judgment Day (Dia de Julgamento) que ele
mesmo propôs, e no princípio eu estava um pouco relutante
porque eu disse a Eric Stephenson que isso soava como o fim do
mundo, o apocalipse, outra crise universal e eu disse, você pode
ver nas palavras, eu já estou enfadado. E nós
temos que concordar, o apocalipse é enfadonho. Eu tentei pensar
em algo mais que o termo Judgment Day e assim tive a idéia
deste caso de julgamento em um tribunal.
MANIA: A idéia de que ninguém mais pode presidir um julgamento
de super-seres além de outros super-seres?
Alan Moore: Exato. Assim nós teremos, até onde eu sei,
o primeiro caso de assassinato de super-herói. Se você pensa
NO assassinato, exclua todos que são super- herói....
Nós vamos ter três edições. Haverá
esse julgamento de um assassinato e no curso dele aparecerá a evidência
que liga esse assassinato a um evento que nos leva direto ao início
do universo Extreme. Vai ser um longo julgamento; vai fazer com
que o julgamento de O. J. Simpson pareça insignificante
porque nos leva para antes do surgimento da vida na terra.
No curso do julgamento haverá certos eventos que mudarão
a natureza do futuro daquele universo; haverá grandes mudanças
para Youngblood, por exemplo. Para a maioria dos personagens, todos
eles, haverá coisas que surgirão no julgamento que, naturalmente,
mudará o futuro, do mesmo modo que revelará muito sobre
o passado que mudará esse futuro. Isso é basicamente o plano
para as três edições.
O NOVO UNIVERSO EXTREME
MANIA: Certo, você pode me contar especificamente que tipos de
mudanças estão acontecendo? Nós já sabemos
que Supremo, em virtude de sua intimação para comparecer
ao tribunal, está saindo deste tipo de semi-exclusão, pela
qual tem passado ao longo da maior parte de sua vida.
Alan Moore: Sim, Supremo se tornará mais central. Na edição
47 ou 48 de Supremo , da qual vi um pouco da arte, começamos
a reintroduzir algumas das personagens desaparecidas dos anos 60. De fato,
ao final de Supremo 49, já teremos reintroduzido toda uma
continuidade ao passado de Supremo.
MANIA: Os Super-homens Aliados de América?
Alan Moore: Bem, eles também. Entretanto, a maioria destes existiu
anteriormente, como o Spice Hunter (Caçador de Especiarias),
o Fisherman (Pescador) e Skipper. Houve o Black Baron
(Barão Negro), Uncle Agent, Mark Time, o engenheiro
da cúpula, os Conquerors of the Uncanny (Conquistadores
do Mistério), e é claro que não poderia esquecer
dos Storm Birds (Pássaros da Tempestade), os aviadores de
guerra daquele período, e também Janet Planet.
Há todos os tipos de personagens que retornam da aposentadoria
ao final de Supremo 49. Assim, teremos muitas personagens, mas
o que farei é apresentar as personagens de faroeste como Kid
Thunder e personagens bárbaros como Bran the Berserk
(Bran, o Furioso) e personagens medievais como Winter Knight (Cavaleiro
do Inverno) e coisas assim. Nós estaremos apresentando toda uma
história que percorrerá todo o passado até a idade
de pedra.
Supremo estará passando para uma posição
mais central. Quanto à Youngblood, não quero lhe
contar muito, mas... e esta não é uma crítica à
Youngblood, é apenas minha maneira de encará-los...
quando vi as edições recentes, me pareceu que estavam um
pouco espalhadas e amorfas, que há centenas de super-heróis
nesta equipe que realmente não parecem ter um enfoque ou uma identidade.
Assim eu comecei a olhar revistas de super-equipes clássicas e
sim, há a sua Liga da Justiça e há seu período
Marvel, seu Quarteto Fantástico. Também há
os clássicos dos anos 70 e 80, onde você tem o material de
Chris Claremont e John Byrne dos X-Men. Não
gosto de tudo, mas realmente havia um bom material ali. O mesmo com os
Novos Titãs, com Marv Wolfman e George Perez.
Nem tudo me agradava, mas eu via o que eles estavam tentando fazer; há
alguns acordes bem impressionantes.
MANIA: Quais foram, na sua opinião, as coisas que eles fizeram
bem?
Alan Moore: Durante aquele período eram, a seu modo, divertidos
e modernos. Eles pareciam gostar de estabelecer a continuidade da DC,
ou a continuidade da Marvel, se estamos falando dos X-Men,
onde expuseram estas velhas personagens ou suas novas versões...
havia aquele elemento que gosto de ver nos quadrinhos. Muitas personagens
famosas convidadas, uma obrigatória linha de enredo de ficção
científica, que os levariam para um mundo alienígena durante
algumas edições. É difícil apontar muito mais
do que isso. Sabe o que quero dizer?
MANIA: De fato, sei o que você quer dizer. Eu era um grande fã
de ambos esses títulos. Eles faziam algo hiper-realista com fugitivos
viciados em drogas, e então eles os enviavam para Tamaran
(o planeta) ou onde quer que fosse.
Alan Moore: Sim, é isso. E eles eram flexíveis. Às
vezes eles ficavam atolados em enredos secundários, o que eventualmente
e provavelmente foi o que provocou o fim de ambas as séries. Mas
quando eles eram divertidos, eles eram divertidos.
Assim o que eu gostaria de fazer, sem ser tolo ou inconseqüente,
é fazer com que o Youngblood sofra algumas mudanças
importantes no curso desse julgamento. O que teremos ao término
do julgamento é um grupo muito menor e penso eu, esperançosamente,
muito mais dinâmico, e no qual... Eu não quero dizer quantos
dos membros do Youngblood atual ainda estarão no grupo.
Talvez nenhum deles, quem sabe. Eu tenho alguns planos.
O [grupo] New Men precisa de um papel. Nós já possuimos
o Youngblood, um grupo de super-heróis adolescentes ao estilo
dos NovosTitans/X-Men, e com os Aliados, após o julgamento,
teremos um grupo com os principais heróis Extreme, ao estilo
da Liga da Justiça/Vingadores. Vejo que existe uma possibilidade
para um tipo de grupo que não sai por aí lutando contra
o crime e não protege o mundo, mas que são exploradores
e aventureiros.
MANIA: Como o melhor do Quarteto Fantástico.
Alan Moore: É, o melhor do Quarteto Fantástico e
o trabalho de Kirby que precedeu o Quarteto Fantástico,
os Desafiadores do Desconhecido. Há muitas semelhanças
entre o Quarteto Fantástico e os Desafiadores do Desconhecido.
Se você imaginar um lugar entre os dois, então isso dá
uma sugestão de o que poderia estar acontecendo com o New Men.
Quanto aos personagens Maximage, sim, tenho algumas idéias
para elas que poderiam, provavelmente, tentar tirar novamente o melhor
de personagens místicas em sobretudos ao longo dos anos, incluindo
todos os suspeitos habituais, todos os candidatos habituais, e tentando
concentrar alguma essência.
Isso é muito do trabalho que tenho feito em Supremo e provavelmente
é o que está abastecendo meus pensamentos em Judgment
Day. Tentar extrair uma essência destes vários tipos
de quadrinhos. Tentar concentrar alguma essência e instilar essa
essência nesses personagens.
De certo modo, Supremo é o Super-homem, e não
há nada que nege isso. Ao mesmo tempo não é só
o Super-homem, pois muitas idéias em Supremo nunca apareceram nas
histórias do Super-homem, levando-o a diferentes áreas.
Até certo ponto, tentei fazer o arquétipo do super-herói
grande e forte que usa uma capa e que se reflete também no Capitão
Marvel e em tantos outros. Até certo ponto, é isso o
que quero ver em todas as personagens. Quero fazer delas arquétipos,
quero lhes dar aquele poder arquetípico que é o que de melhor
os super-heróis têm.
VOLTAR-------------
3 DE 4
|