ANOTAÇÕES
As Aventuras da Liga Extraordinária
Por Jess Nevins (jjnevins@ix.netcom.com)
Capítulo I: Sonhos de Império
Página 3, Quadrinho 3
Pode ser que a palavra arrebatada (do original inglês ravished)
na frase arrebatada por um estrangeiro usada por Bond seja
uma referência a Mina ter sido mordida por Drácula,
embora sabendo que o trabalho de Moore é algo bem mais intrincado.
(em inglês, a palavra ravish tanto pode significar arrebatamento
como violação, estupro, rapto).
Página 4, quadrinho 1
As palavras de Campion Bond aqui implicam que ele trabalha para
o Serviço Secreto britânico. Pode ser que Moore esteja
implicando que Campion Bond seja um predecessor familiar de James
Bond - um avô ou bisavô, talvez?
Mycroft Holmes, no mundo de Sherlock Holmes, de A. Conan
Doyle, é o irmão mais velho, mais gordo, e mais inteligente
de Sherlock Holmes; foi estabelecido nas histórias de Holmes
que, da mesma maneira que Sherlock teve ocasião para fazer
certos serviços a Sua Majestade, também assim fez Mycroft,
mas em uma base mais regular. Em The Adventure of the Bruce-Partington
Plans (A Aventura dos Planos de Bruce Partington), Holmes e
Watson têm este diálogo:
Não trás nenhuma recordação à minha
mente. Mas aquele Mycroft deveria fugir desta moda errática! Um
planeta poderia muito bem deixá-lo em sua órbita. A propósito,
você sabe o que Mycroft ?
Eu tive uma vaga recordação de uma explicação
durante a Aventura do Intérprete Grego.
Você me falou que ele fez um pequeno serviço para o governo
britânico.
Holmes riu.
Eu não sabia que você se lembrava tão bem daqueles
dias. Alguém tem que ser discreto quando outro fala de altos assuntos
de estado. Você está certo em pensar que ele trabalha para
o governo britânico. Você também teria razão,
de certo modo, se dissesse que ocasionalmente ele é o governo britânico.
Meu caro Holmes!
Eu pensei que eu poderia surpreendê-lo. Mycroft ganhou quatrocentos
e cinqüenta libras em um ano, apenas como um subordinado, não
tem nenhuma ambição de qualquer tipo, não receberá
nem horarias nem títulos, mas permanecerá como o homem mais
indispensável do país.
Mas como?
Bem, a posição dele é sem igual. Ele fez isto
para si. Nunca houve qualquer coisa como isto antes, nem haverá
novamente. Ele tem o mais limpo e mais ordenado dos cérebros, com
a maior capacidade por armazenar fatos, do que qualquer homem vivo. Os
mesmos grandes poderes que eu tenho usado para descobrir crimes, ele usou
para seus negócios particulares. As conclusões de todos
os departamentos são passadas para ele, e ele é o câmbio
central, a casa imaculada que determina o equilíbrio. Todos os
outros homens são especialistas, mas a sua especialidade é
a onisciência. Supomos que um ministro necessitasse de informação
sobre um ponto que envolve a Marinha, a Índia, o Canadá
e a questão monetária; ele poderia obter seus conselhos
separados de cada um dos vários departamentos, mas apenas Mycroft
pode enfocar todos eles, e dizer de improviso como cada fator afetaria
o outro. Eles começaram usando-o como um atalho, uma conveniência;
agora ele se fez essencial. Naquele seu grande cérebro tudo é
simples e pode ser entregue num instante. Várias e várias
vezes a palavra dele decidiu a política nacional. Ele vive disto.
Ele não pensa em mais nada exceto quando, como um exercício
intelectual, ele relaxa se eu o chamo e lhe peço que me aconselhe
em um de meus pequenos problemas.
Há também o fato de um Bond no Serviço Secreto
trabalhando para um tal M. A Cronologia e anotações
de James Bond, especificamente creditam Mycroft Holmes
como sendo o primeiro M. Houve um certo Christopher Marlowe,
de acordo com algumas fontes, que é conhecido por ter sido o cabeça
do serviço secreto da Rainha Elizabeth, e a ele se referiam
como M, fazendo dele o primeiro M.
Página 4, quadrinho 3
Estamos vivemos uma época turbulenta, onde sonhos inquietantes
caem sobre o semblante do Império.
É interessante que Bond diga isto, levando em conta o fato que
1897, o ano anterior, foi o Jubileu de Diamante da Rainha Victoria,
um grandioso evento de celebração do ego por parte do Império
Britânico.
Mas a verdade é que apesar da jactância e excesso de confiança
do Jubileu de Diamante, o humor geral entre os líderes britânicos
e dos formadores de opinião era pessimista. A França estava
reerguendo como uma potência mundial e rival européia expansionista,
nações recentemente unidas como a Alemanha e a Itália
estavam perturbando a conhecida ordem mundial, exportações
britânicas estavam em declínio, e a supremacia dos produtos
manufaturados britânicos e o seu império comercial estavam
sendo ameaçados pela Alemanha e pelos Estados Unidos.
Também, em 1898 a Inglaterra foi comandada pelo Partido Conservador
que estimulou temores como um modo de manter o poder. Estas são
algumas das razões de alguém como Campion Bond estar
preocupado com o futuro, até mesmo em uma Terra alternativa como
essa.
Página 5, quadrinho 2
Nós estamos em um antro de ópio; esses instrumentos longos
que os homens estão segurando são cachimbos de ópio.
Segue-se agora uma tradução árabe das seguintes
quadrinhos da página cinco:
Quadrinho 2
Guia: O que está fazendo aqui, Senhorita?
Quadrinho 3
Guia: Quem você veio buscar aqui?
Murray: Obrigado por sua grande ajuda.
Página 6, quadrinho 2
A Sra. Murray está falando com Allan Quatermain,
o herói dos livros de Quatermain, de H. Rider Haggard
cujo o mais famoso deles é As Minas do Rei Salomão.
Quatermain era um dos protótipos dos grandes aventureiros
brancos, viajando entre raças nativas em mundos perdidos na Terra.
Allan Quatermain teve mais tarde uma enorme influência no
gênero de literatura pulp; desde John Carter de Edgar
Rice Burroughs, Tex Thompson de Ken Fitch e Bernard
Bailey (para a DC) e Whitney Ellsworth
e George Papp (também para a DC) até Indiana
Jones têm sua linhagem traçada até Allan Quatermain.
Obviamente o seu destino aqui, como um viciado de ópio, é
uma nova reviravolta na vida do personagem que foi morto ao término
de Allan Quatermain em 1887. A sua suposta morte é referida
no Capítulo 1 de Allan and the Sundered Veil.
Poderia se supor que Moore é ao menos indiretamente influenciado
ou inspirado em parte pela genealogia Wold Newton, criada por Philip
José Farmer em Tarzan Alive! (Tarzan Vive!) e Doc
Savage: His Apocalyptic Life. (Doc Savage: Sua Vida Apocalíptica).
A teoria era que um meteoro aterrissou perto de Wold Newton, em Yorkshire
no século XVIII, e irradiou várias mulheres grávidas,
produzindo assim uma família de indivíduos extraordinários,
incluindo todo o mundo de Tarzan, Doc Savage, Sherlock Holmes,
Harry Flashman e Travis McGee. (Moore se refere diretamente
a Tarzan Alive! no seu prefácio à edição
encadernada americana de The Dark Knight Returns, de Frank Miller).
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