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MESTRE PASTINHA

Neste mês de Abril há 102 anos atrás, nascia em Salvador, mais precisamente em 05 de Abril de 1889, filho de um espanhol José Señor Pastinha e da negra Raimunda dos Santos, menino pequeno, mulato que foi batizado com o nome de Vicente Ferreira Pastinha e que futuramente casou-se com Maria Romélia. Ele começou a aprender a Capoeira quando tinha 10 anos de idade no "canzuá" do Mestre Benedito, diz-se que devido as ameaças de um preto forte de mãos grossa. Desde então, veio transmitindo com lealdade o que aprendeu com seu velho Mestre angoleiro "o nome Capoeira de Angola é conseqüência de terem sido os escravos angoleiros, na Bahia, os que mais se destacaram na sua prática" – Livro Capoeira de Angola – Mestre Pastinha. E até 1981, já cego, velho e pobre quando faleceu, manteve as tradições e fundamentos adquiridos anteriormente.

Em 1941 fundou a sua Academia localizada na ladeira do pelourinho, onde apresentava exibições especiais às terças, quintas e sextas-feiras e aos domingos para os turistas. Devido a obras no Pelourinho, 1973, perdeu sua academia porém, foi o único que conseguiu ganhar uma pensão de 3 salários mínimos. Valdeloir do Rego, afirma ironicamente em seu livro "capoeira de angola" que Pastinha, "É um verdadeiro príncipe da capoeira".

Pastinha não gostava de falar do seu passado, pois tinha medo que lhe roubasse suas memórias em publicações sem a sua autorização, mas mostrou a capoeira para muitos lugares como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, etc. Brasil fez parte da delegação Brasileira no "Premier Festival Internacional de Artes negras" em Dakar – África, onde recebeu várias homenagens. Neste evento esteve com ele os discípulos João Oliveira dos Santos, João Pereira dos Santos, Gildo Lemos Couto, Humberto Rodrigues Perez, Albertinho da Hora, Roberto Barreto Pereira e Raimundo das Virgens Natividade.

Dizia ele seu ex-aluno e admirador Jorge Amado, em "Bahia de todos os Santos" quando ele ainda estava em forma: "É um mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. Quando ele começa a "brincar", a impressão dos assistentes é que aquele velho, de carapinha branca cairia em 2 minutos, derrubado pelo jovem adversário ou bem pela falta de fôlego. Mas ah! Lerdo e cego engano! Nada disso se passa. Os adversários sucedem-se, um jovem, mais outro jovem, discípulos e colegas de Pastinha, ele vence a todos e jamais perde o fôlego, nem mesmo quando dança o Samba de Angola".