história - parte II |
O terceiro
disco dos pimentas, The Uplift Mofo
Party Plan (87), contou com a volta de Jack Irons no lugar de Cliff Martinez
na batera e foi produzido por Michael
Beinhorn (Soundgarden, Aerosmith
e Hole), veio rasgando, como navalha
na seda, e, pela primeira vez, levou os Peppers às paradas. Tudo bem, eles
entraram em 148º lugar na lista dos mais tocados e vendidos, mas entraram.
Depois das incursões de Hendrix pelo campo do que passou, décadas mais tarde,
a ser chamado de funk-o-metal, os Peppers reviveram e deram cara nova ao estilo,
com baixão sempre botando pra fuder e a guitarra gritando de tanto apanhar nas
mãos de Slovak. Kiedis fazia raps como um Flavor
Flav alemão (aquele cara que junto com Chuck
D e do DJ Terminator X criaram o Public
Enemy), rimando sacanagem com molecagem, Califórnia com esbórnia e
baixaria com putaria (ou alegria?). Em Special
Secret Song Inside, ele avisa: “eu quero fazer uma festa na sua buceta”.
Nessa época, Hillel e Anthony se afundaram na heroína, a droga dos gênios
jazzistas. Somente quando o guitarrista teve
uma overdose, quase indo desta para uma melhor, eles decidiram que era hora de
largar a mão. Após uma cansativa turnê pela Europa, em 88, os quatro deram um
tempo e se separaram por alguns meses para cuidar de suas vidas. Longe dos
manos, Slovak entrou em depressão e recorreu novamente a heroína. Só que,
desta vez, a dose foi fatal. Slovak
morreu em junho de 88. Kiedis e Flea ficaram arrasados. Sentindo-se culpado por
Ter deixado o amigo sozinho, Anthony seguiu para um retiro no México decidido a
exorcizar de vez seu vício. Vendo a casa cair e sem querer ser o último a
ficar para apagar a luz, Jack Irons anunciou sua saída e Flea ficou sem saber o
que fazer, curtindo, na medida do possível, o nascimento de sua filha, Clara,
e sua carreira no cinema. Na volta, Anthony chamou o amigo e, juntos, resolveram
apertar o botão do já era e seguir com a banda.
Mal eles resolveram voltar à ativa, um moleque fanático pelo RHCP e, sobretudo, por Hillel Slovak, colou forte. Aos 18 anos, o guitarrista novaiorquino John Frusciante, era um menino prodígio. Tocava (e toca) muito e, para surpresa dos Peppers restantes, sabia cada acorde, cada solo, cada variação que Slovak registrava em seus trabalhos com a banda. Faltava agora um batera de responsa para substituir Irons. Fizeram uma audição com mais de 30 pretendentes. Quando o último foi embora o trio já estava desistindo da coisa, uma amiga de Flea disse: “Conheço uma cara que come baquetas no café da manhã.” E ele disse: “Manda esse cara pra nós.” Um grandalhão com visual de Hell’s Angel se apresentou e, sem tirar os óculos escuros e a bandana, sentou no banquinho da bateria. Flea chamou um som, Frusciante foi atrás e o grandão tocou como nunca, debulhando a bateria, casando perfeitamente seu estilo com o baixo de Flea. No final da sessão, Kiedis, só pra tirar uma, avisou: “Você só entra pra banda se raspar essa cabeleira”. O batera, Chad Smith, não raspou o cabelo, mas nunca mais os Peppers precisaram testar outros músicos para a posição. Tudo certo, contrato com a gravadora em dia, eles se reuniram, compuseram, arranjaram e gravaram seu primeiro disco de ouro, Mother’s Milk (89). Renovado, o Chili Peppers estava, masi uma vez pronto para reclamar seu lugar na música jovem, pop, rock, funk, punk ou seja lá qual for o tipo de som. Além de todo álbum ser dedicado a Slovak, a banda ainda compôs a emocionante Knock Me Down, em memória ao guitarrista. A turnê de Mother’s Milk foi um sucesso, as vendas também. Ninguém havia morrido ou saído do grupo. Do 148º lugar na Billboard com The Uplift Mofo Party Plan, eles pularam para 52º. Nesse clima de isso aqui ta muito bom, isso aqui tá bom demais, os quatro, prestes a serem conhecidos como a formação clássica do RHCP, escolheram o barbudo Rick Rubin, odiado por muitos, amados por muitos outros, para produzir o que viria a ser o graaande disco da banda.