Consumatum est
Epílogo
Vi em teus olhos o fundo de minha alma, em teus lábios li a história de
minha vida e, agarrado aos teus cabelos, tentei em vão resistir à loucura que
me consumia.
Cego na loucura desta paixão, vou vagando entre as brumas de um
caleidoscópio escuro e ilógico, povoado de fantasmas, aos que chamo Emoções.
Como o herói que atravessou o Aqueronte para trazer de volta sua amada;
como o poeta que cruzou os círculos do Inferno em busca da Musa, assim também
vou cruzando este vale, guiando-me em teus olhos, ouvindo a divina harpa de
Apolo tanger em teus lábios a música de Orfeu.
Vou seguindo a passo incerto, sem saber se, findo o percurso, lograrei
merecer teu apreço, em teus braços encontrar repouso e em teus lábios saciar
minha sede; ou se, como a semente na areia da praia, padecerei lentamente ante o
interminável domínio de Nereu, sem jamais sentir o prazer de ver germinar uma
flor.