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Boletim Mensal * Ano VII * Janeiro de 2009 * Nº 66 |
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COLUNA DOS
VINHOS Ivo Amaral Junior |
Chegou o ano de 2009! E com ele vieram algumas novidades! A primeira delas é que
mudarei meu tradicional modo de iniciar as colunas, apesar de continuar chamando
meus caríssimos pela alcunha da Academia: Compadres.
A segunda novidade é que estou de volta, após dois meses sem tracejar nada de novo sobre o mundo dos vinhos, pois estava envolvido com minha labuta diária, além da ocupação com um dos momentos mais felizes da minha vida e de minha esposa Celinha: o nascimento de nossa filha Rafaela.
A terceira, mas não derradeira novidade, diz respeito ao início do acordo ortográfico dos países de língua portuguesa. Inúmeras novidades na linguagem escrita, o que poderá ensejar alguns equívocos meus, pelos quais já peço perdão. Eu sempre perdoo os amigos, senão nossa vida será corrigir os amigos constantemente, mormente quem passou anos a fio escrevendo dessa forma. Escrever com essas modificações é uma atitude heroica, mas não tinha cabimento termos duas formas oficiais da língua portuguesa (uma de Portugal, outra do Brasil), além do que a linguagem é dinâmica. O Delmar, editor desse panegírico, poderá melhor explicitar a diferença linguista desde a carta de Caminha (que fiz um esforço sobrehumano para ler no original) até os dias atuais, que foi de um dinamismo impressionante. Mas vou parando de tergiversar sobre os assuntos variados acima pincelados, passemos ao que interessa: os vinhos (e seus acompanhamentos).
Dois momentos ímpares tive no fim de 2008. Como já dito, o nascimento de Rafaela, que ensejou um mimo do meu amigo Cláudio Vieira, da Ingá Vinhos, que na própria maternidade abriu um Chateau Beauscastel chateneuf du pape o qual tomamos sofregamente, ante nossa busca incessante pelo âmago daquele néctar, bem como pela felicidade que me acometia naquele momento. Na verdade não lembro bem do vinho, toda a minha capacidade de raciocínio estava embaralhada, mas certamente foi uma das melhores coisas que tomei na vida. E é sobre isso que falarei mais uma vez nesse meu espaço cedido gentilmente pelo editor: os momentos bons de se tomar vinhos!
Tenho me deparado com muitos compadres, questionando quais os vinhos certos para os momentos variados. A todos eu respondo que vinho bom é aquele que você toma e gosta quando está feliz e quando está entre amigos, pelo menos para mim é assim!
Pois bem. Pelo que vocês já leram, viram que o nascimento de minha filha foi um dos momentos especiais, o outro também está ligado a ela, não tão diretamente quanto o primeiro, mas principalmente pela sensação que ela me trouxe.
Há poucas semanas tive uma semana árdua no trabalho, muitos prazos, muitos processos, audiências, despachos, até que chegou a sexta-feira. Notei que a semana fora especialmente gratificante, trazendo o retorno esperado e que eu merecia me presentear com um vinho especial, o qual estivesse pronto para beber, já que na minha adega os vinhos ainda ficarão uns bons anos antes de atingirem seu auge.
Portanto, para não cometer uma impropriedade destas, fui à loja de vinhos mais próxima da minha casa e estava fechada, fui a uma Delicatessen e também estava fechada. Só então percebi que já era tarde e o único local disponível era o Supermercado vizinho. Fui lá e acabei comprando dois vinhos na faixa de trinta reais (Terranoble Cabernet Sauvignon – chileno e Montado, José Maria da Fonseca - português), o que para os padrões médios são considerados vinhos da diária.
Fui beijar minha mulher e filha, fui para a varanda de casa, abri o vinho junto
com um amigo, saquei um legítimo charuto cubano e tomamos essas duas garrafas,
acompanhados de queijo brie com geléia, nozes e castanhas do pará e um
prato simples de se fazer, filé mignon alto (ao ponto – redondo – oito minutos
cada lado na frigideira) ao molho de vinho do Porto (um pouquinho de manteiga
para dar um toque especial) e como acompanhamento, aspargos verdes com molho de
queijo gorgonzola. Tudo feito por mim, por incrível que pareça!
Pode parecer, inicialmente, que esse não era o escopo da minha noite, mas posso assegurar que pandegamente fui me deitar com a sensação de “dever cumprido” da semana. Tomei vinhos que naquele momento estavam perfeitos, entre amigos, mulher e filha bem de saúde, casamento e trabalho em excelentes momentos, o que poderia querer mais? Dizem que o homem se contenta com pouco... Não sei?? Tenho ambição, vontade e gana; mas não posso reclamar? Posso? Que venha 2009!! Que nós Compadres e nossas famílias possamos brindar a mais um bom ano e dizermos que foi um ano bom!