O
bissexualismo, sem dúvida, é uma posição muito mais complexa do
que podemos imaginar. Isso deve-se não só ao preconceito, mas
também á dificuldade do próprio indivíduo em se entender como
sendo um bissexual. Como sentir atração por pessoas dos ambos os
sexos sem entrar em conflito com tudo o que se aprendeu no
decorrer da vida?
Existem várias teorias do
porquê uma pessoa nasce bissexual. Algumas citam a influência
ambiental e a formação psicológica, outras da possível
influência genética.
Porém, especulações á parte, o certo é que ninguém escolhe sua
condição sexual. Pode-se optar por assumí-la ou não, mas as
pessoas simplesmente são assim.
Acredita-se que por volta dos 7 anos, a sexualidade do indivíduo
já esteja formada, começando a aflorar e revelando-se através
das atitudes mais inocentes. Obviamente, nessa fase não podemos
considerar a sexualidade como a conhecemos na idade adulta, mas,
podemos observar comportamentos que analisados, podem nos dar
indícios da sua presença.
É
na adolescência, quando passamos a viver a sexualidade mais
intensamente, seja de uma maneira mais ativa ou mesmo
involuntariamente, que finalmente começamos a definí-la. É
também nessa fase, já naturalmente tão cheia de conflitos
internos, que certos jovens começam a sentir algo diferente, que
destoa de toda a educação recebida. Ele tem uma sensação de
estranheza, porque em toda sua infância a sociedade o educou
para se tornar heterossexual, então surgem graves confusões nos
seus princípios que se misturam com seus sentimentos, gerando
assim grandes conflitos. Ele começa a pensar na
homossexualidade, mas, ainda assim sente que não se encaixa
nessas características.
Como se isso não bastasse,
a atração pelo sexo oposto continua presente, assim como pelo
mesmo sexo. Mais incompreendida do que a homossexualidade, essa
dualidade de sentimentos sofre um duplo preconceito: os
heterossexuais a chamam de "sem vergonhice" como se o bissexual
fosse um ser "sedento por sexo" e os gays a consideram como uma
"homossexualidade mal resolvida". Na verdade, o bissexualismo
não se encaixa em nenhum desses conceitos, sendo mais uma opção
sexual e comportamental.
Estatísticas apontam como sendo 10% o número de
homossexuais/bissexuais na população mundial, que dá em torno de
seiscentos milhões de pessoas, quase quatro vezes a população do
Brasil. Usando a mesma estatística no Brasil, concluímos que o
número de homossexuais chegaria a dezesseis milhões, quase a
cidade de São Paulo (dados de 1978). Hoje, mais de vinte anos
depois, alguns pesquisadores acreditam que, se não fosse o
preconceito, poderíamos contabilizar quase 1/3 da população
mundial sendo homossexual ou bissexual.
O preconceito advém, principalmente, da não aceitação, pela
maioria das religiões atuais, principalmente a Judaico-Cristã.
De acordo com alguns teólogos, a tradução incorreta da bíblia
fez com que algumas passagens fossem interpretadas como sendo
contrárias a qualquer outro comportamente que não o
heterossexual. Os ensinamentos de Paulo, na bíblia são bem
claros quando execram tal comportamento humano. E este tipo de
postura, da qual discordamos visto que Deus ama todas as almas,
concorreu para a formação desta consciência comum de que o
bissexualismo (assim como o homossexualismo) é algo não natural,
pecaminosa e passível de punicão.
Muitos bissexuais simplesmente negligenciam um dos lados da sua
opção, acreditando ser realmente só um desejo passageiro. Porém,
acabam passando a vida inteira com esse lado ali, presente, como
se o estivesse incomodando, já que ele "escolheu" viver apenas o
outro lado. Observa-se que a tentativa de reprimir um dos lados
da sexualidade bissexual é infrutífera, e pior, viver só um dos
lados faz com que a vontade de estar com o que "falta" é cada
vez mais intensa. Se voc
Ser bissexual é tão natural quanto ser heterossexual ou
homossexual e faz parte de você. A sua felicidade só você pode
fazer e deixar-se influenciar por preconceitos retrógados
somente fará com que você seja cada vez mais infeliz. Seu
caráter jamais mudará ou será dirigido conforme sua opção
sexual.
Curiosidades
O
próprio termo bissexual e, de certa maneira, um enigma. Qual o
limite a ser transposto para um heterossexual ou um homossexual
se transformar em um bissexual? Muitos heterossexuais já
gastaram neurônios, ansiosos com essa questão. Muitos gays
também.
Curiosamente, desde 1948,
entretanto, o pesquisador americano Alfred Kinsey apresentou uma
solução materializada em uma escala, formatada a partir de urna
grande pesquisa, e que classificava a sexualidade de zero a
seis. Os extremos seriam a heterossexualidade absoluta em zero e
a homossexualidade absoluta em seis (veja a escala ao final do
texto).
Há mesmo muito mais entre
os lençóis do que simples casais fazendo sexo. Renato Russo, que
já assumiu em letra de música gostar de meninos e meninas,
extrapola a escala Kinsey e se autodefine pansexual. 0 que isso
quer dizer? Seria um comportamento múltiplo e irrestrito.
Já o sexólogo Moacir Costa
prefere usar a palavra ambissexual para descrever a mesma
confusão. "Trata-se de uma ambivalência, já que o indivíduo
nessa condição não está conseguindo se definir." Costa acredita
que haverá um momento em que a pessoa necessariamente tomará um
só caminho. A tese não é consensual. Para a maioria dos
bissexuais, a escolha é mais circunstancial, sem ser promíscua.
Depende do dia, da hora, da pessoa que se deseja. Uma questão de
momento.
Nota:
Obviamente, essa teoria gera muitas controvérsias. Longe de
aceitá-la ou não, a Femmine não se responsabiliza por essa
informação, dispondo-a aqui somente á titulo de curiosidade.
Homossexualidade não é uma doença e, portanto, não é contagiosa.
O nosso preconceito sim, esse é contagioso e destrói. Não
devemos esquecer que um homem tem inúmeros papéis em sua vida.
Ele é filho, irmão, sobrinho, neto, cunhado, empregado,
namorado, aluno, amigo, tem dons intelectuais ou manuais, pode
ser homossexual ou heterossexual. Não se pode avaliar um homem
ou mulher apenas por uma de suas características sob pena de
perdermos o melhor que ele (a) tem para nos oferecer.