O Dote das Trevas
Capítulo 10
ÚLTIMAS DECISÕES
O clima parecia tenso no Salão Comunal de Sonserina naquela manhã
nublada de terça-feira. Vários alunos cochichavam entre si, espalhados pelas
diversas poltronas e almofadas. Catherine e Draco estavam entre eles, e a
conversa entre os dois parecia muito séria, em tom quase inaudível.
- Você vai realmente persuadir o Potter a te dizer aonde ele vai? –
perguntou o sonserino em tom incerto.
- Bem, vou tentar, realmente, mas não sei se vou conseguir... Como disse
na reunião, ele irá visitar Sirius Black, basta sabermos onde será esse
encontro – ela sussurrou, em tom pensativo.
- E quando irá tentar? Como irá conseguir? – questionava Draco.
- Na aula de Poções. E se ele não me contar, tenho como persuadi-lo.
- O que irá fazer? – ele perguntou espantado.
- Você verá, meu caro amigo – respondeu Catherine misteriosamente.
– Nenhuma Stone fica sem saber o que quer, pode apostar.
A frase deixou Draco ainda mais confuso e desconfiado, mas nada que
dissesse conseguia persuadir Catherine a lhe contar.
Quando os dois desceram para o Salão Principal, acabaram por encontrar o
trio de grifinórios comentado mais cedo naquela manhã. Catherine fez um gesto
com a mão para Draco seguir seu caminho, e com uma expressão mal-humorada, ele
assentiu.
- Podemos conversar um minuto, Potter? – perguntou a garota suave e
perigosamente, um tom de voz que lembrava muito o de Snape.
- Rony, Mione, eu alcanço vocês depois – disse Harry com o canto da
boca para os amigos, ligeiramente nervoso com o pedido da sonserina.
Os dois saíram, Rony com uma expressão preocupada e Hermione com uma
cara mordaz, de quase ódio para Catherine.
- O que foi, Catherine? – a curiosidade se misturava com a apreensão.
- Queria saber se já tem planos para Hogsmeade – disse despreocupada,
como se o assunto fosse tão calmo como o sol ou as nuvens.
- Por que quer saber? – perguntou desconfiado, os olhos verdes
arregalados de surpresa.
- Queria fazer um convite – Catherine disse lentamente, dando uma meia
volta em torno de Harry.
- Convite? – a cada segundo que passava, aquela história parecia mais
estranha.
- Sim – concordou a garota, sorrindo levemente. – Sabe Harry, posso
te chamar assim, certo? – ele concordou, meio que sem pensar – Então, eu e
Draco não andamos muito bem, ele insiste que Hosmeade é chata e tudo mais, e não
queria ir comigo. Como nunca o visitei antes, queria saber se podia me mostrar o
que há de tão interessante por lá.
- Isso... é um encontro? – perguntou pasmo, se engasgando com a própria
frase.
- Se quiser chamar assim... – comentou indiferente, seus olhos frios
como sempre – Então, temos um acordo?
- É... bem... sim?
- Ótimo! – seu rosto mostrava fingida satisfação – Me encontre na
estradinha para o povoado ao meio dia, bem próxima à entrada, certo?
E sem nem esperar resposta, começou a caminhar, um sorriso frio de
triunfo estampado em seu rosto.
- Então você vai ter um encontro com o Potter? – perguntou Draco
verde de ciúmes, mais tarde, na aula de Transfiguração conjunta com Corvinal.
- Não é um encontro, mas sim, vou me encontrar com o Potter –
respondeu Catherine impaciente, já cansada da mesma pergunta pela nonagésima
vez.
- Isso é realmente necessário? – perguntou esgotado, redondamente
descontente com a situação.
- Sim Draco, é muito necessário. E além do mais, vou passear com você
até o meio-dia, pois depois não teremos mais chance.
Ele entendera perfeitamente o que a garota quis dizer, mas mesmo assim não
concordava nem por um segundo com aquela idéia.
- E onde os dois vão?
- Bem, acho que poderíamos tomar algum drinque no bar local, ainda
preciso decidir... – disse pensativa, mordendo levemente a ponta de sua pena.
- Senhores Malfoy e Stone, se não pararem de falar serei obrigada a
descontar pontos de sua casa – disse a professora McGonagall severamente,
olhando feio para os dois.
Eles não se intimidaram com a ameaça da professora, mas mesmo assim
pararam de conversar, pois Catherine já estava farta de ter de discutir o mesmo
assunto com Draco.
A semana transcorreu da maneira mais calma possível, visto que os
sonserinos não paravam de terem conversas urgentes e cochichos para todos os
lados, causando até uma certa desconfiança dos alunos das outras casas.
Catherine desaprovava veementemente a atitude dos colegas, embora também
estivesse nervosa com a visita a Hosmeade. Nunca em sua vida participara de um
verdadeiro duelo bruxo, com pessoas mais velhas e experientes do que ela. Mas
alguma coisa em seu peito a dizia que aquilo não correria bem... E como estava
certa...
As aulas da sexta-feira acabaram de maneira tensa para os sonserinos, que
dividiam uma aula de Trato das Criaturas Mágicas com Grifinória. Assim que a
sineta tocou, Draco puxou Catherine para mais longe de todos, para começar uma
conversa particular, e de extremo sigilo.
- O que vai dizer a Milorde quando ele lhe perguntar sobre o Potter? –
sua voz era tensa, e seus olhos acinzentados estavam semi-cerrados.
- A verdade, ora essa! – disse em tom óbvio, mas um estranho
formigamento começando em seu estômago – Que irei me encontrar com ele ao
meio-dia e iremos dar uma volta, até que eu o leve para um local estratégico
que será decidido na hora.
- Temos de nos preparar, provavelmente seremos chamados logo – alertou
Draco, seu rosto estampado de preocupação.
Ela simplesmente concordou com a cabeça, estava muito atolada de
pensamentos para formar uma frase coerente. Seguiram para o castelo a passadas rápidas,
adentrando rapidamente nos corredores gélidos e escuros das masmorras.
Não conseguiram fazer muita coisa no Salão Comunal, o clima estava
pesado demais para suportarem. Acabaram indo conversar no dormitório masculino,
àquela hora vazio.
- Cat, não entendi uma coisa... – começou Draco pensativo,
sentando-se em sua cama – Como descobriu sobre Black e o parentesco com Potter?
- Naquela aula de Poções – respondeu a garota, medindo levemente as
palavras. – Ele estava lendo uma carta do mesmo, e persuadi-lo a me deixar
ler, senão contava para o professor Snape...
- Como é ardilosa! – elogiou o sonserino, visivelmente espantado.
- Aprendi com os mestres, infelizmente – comentou sombriamente, nem ao
menos ficando encabulada com o elogio.
- Quer dizer... com Milorde?
- Bem, uma parte sim – respondeu indiferente, não querendo entrar em
detalhes. – Mas em especial por meu pai – sua voz saiu amarga nesse ponto.
Passaram o resto do tempo livre debatendo sobre a aula de Defesa Contra
as Artes das Trevas, reforçando a matéria escassa que a professora passara.
Nem perceberam o tempo passar, e já eram seis e meia quando sentiram a Marca
arder em seus braços.
- É a hora – murmurou Draco, levantando-se abruptamente da cama.
Uma grande quantidade de sonserinos parecia ter percebido a mesma coisa,
pois começaram a sair do Salão Comunal em grupos, indo provavelmente para
outras salas que tinham quebra na proteção do castelo.
O grupo continuava o mesmo: Catherine, Draco, Crabbe, Goyle e Parkinson.
Dirigiram-se para a mesma sala abandonada, trocaram suas vestimentas e
aparataram, desta vez em um luxuoso castelo.
- Que demora, seus imbecis! – rugiu Voldemort, ao ver um grande grupo
se aproximar, aparentemente surgindo das sombras.
Catherine olhou à sua volta; não havia nem sinal do Trio dos Imperdoáveis.
Pensou minuciosamente que eles deveriam estar cuidando de alguma missão
especial, ou que simplesmente possuíam muito crédito para se atrasarem.
- Como já dito antes, haverá um ataque amanhã, no povoado de Hosmeade.
Espero que não tenham arranjado nenhum compromisso para o dia – disse
sarcasticamente, sua voz fria e cortante. – Apenas precisamos de algumas
informações da menina Stone. Aproxime-se, Comensal.
Catherine aproximou-se lentamente, ficando em destaque no meio da multidão
– bem maior do que na última vez – de capas negras, e tomara uma postura séria,
fria, indiferente.
- Então... o que tem para nos contar? – questionou o Lord em tom
imperativo.
- Marquei um encontro com Potter em Hosmeade – disse Catherine
indiferente. Vários murmúrios foram ouvidos, a grande maioria de
incredulidade.
- Calem a boca, imprestáveis! – reclamou Voldemort em tom alto, e logo
todos se calaram – Continue, Stone.
- Meu plano é de dar uma volta pelo povoado, para depois darmos um tempo
na loja de quadribol, onde os outros poderiam pegá-lo – explicou friamente,
em tom de conversa.
- É um plano muito simples e descuidado, mas está bom – considerou
Voldemort. – Está permitida a fazer isso, e quando se passarem meia hora do
seu horário estipulado, todos atacarão – decidiu em voz cortante. – Darei
a honra de capturá-lo, Stone. Tenho certeza que seu pai ficará orgulhoso.
No mesmo momento três novos vultos aproximaram-se do grupo de Comensais,
e rapidamente Catherine os distinguiu como o Trio.
- Mas... se falhar... – ele deixou a frase suspensa, para deixar os
outros servos temerosos – Garanto que se arrependerá profundamente depois,
isto é, se sobreviver.
Muitos soltaram exclamações silenciosas, imaginando o próprio destino
se falhassem.
- Lembrem-se que nosso objetivo principal é capturar Harry Potter, não
percam tempo com inutilidades – alertou o Lord, no seu tom mais perigoso. –
É claro que algumas mortes serão inevitáveis... – completou desdenhoso,
seus olhos de cobra brilhando intensamente – E todos têm passe livre para
atacarem quantos aurores acharem necessários, e obviamente usufruir das Maldições
Imperdoáveis.
A grande maioria se alvoroçou lentamente, satisfeitos por finalmente
poderem atacar livremente, como faziam há quinze anos atrás.
- Agora vão, e haverá uma reunião breve antes de atacarmos, para
termos certeza que tudo dará certo – finalizou. Em seguida dispersou os
Comensais, falando apenas com os que queria uma missão mais específica.
Catherine logo se reuniu com Draco, um novo sentimento de determinação
em encontrar Sabrine.
- Será impossível encontrá-la na véspera de um ataque – comentou
Draco cauteloso. – É melhor procurá-la mais tarde.
- Draco, não percebe que já faz meses que não converso com ela? Nem ao
menos consigo mandar uma só carta sem que meu pai a intercepte! – comentou
exasperada, seu desespero crescendo progressivamente.
- Vamos embora, Cat... – pediu o garoto – Outro dia você a procura.
- Não quero!
Não conseguiu continuar a frase. Um alto vulto aproximou-se da garota,
acompanhado de outros dois.
- Espero que não me decepcione, garota, ou seu castigo será pior que o
imaginável – comentou uma voz fria e agressiva, que Catherine conhecia muito
bem.
- Não irei, senhor – respondeu Catherine friamente, nem sequer olhando
para encarar seu pai, que provavelmente estaria sob a máscara.
- Draco, faça o possível pra supervisionar a senhorita Stone. Dê todo
o apoio que achar necessário – disse outra voz, desta vez mais familiar ao
garoto.
- Sim pai, vou fazer o possível – respondeu Draco educadamente.
- Voltem para o castelo – disse uma terceira voz, talvez a mais fria e
distante de todas. – Não podem deixar a Sonserina inteira vazia, com certeza
irão desconfiar.
Catherine murmurou alguma coisa ininteligível, que apenas Draco ouviu.
Este fez um aceno com a cabeça e se reuniu com o resto do grupo, para
aparatarem de volta ao castelo.
- Não deveria murmurar uma coisa dessas na presença dos Três, você
realmente não sabe no que está se metendo – disse Draco em desaprovação,
enquanto caminhavam até o Salão Principal.
- Se quer dizer que sou inconseqüente, sim, é verdade – comentou
Catherine emburrada, caminhando a passos duros. – Mas falo o que me der na
telha, mesmo que seja em forma de muxoxo. Talvez seja por isso que tenha levado
tantas surras – considerou depois, realmente refletindo sobre o assunto.
- Com pode falar uma coisa dessas com naturalidade?
- Fomos criados de maneira muito diferente, Draco – considerou a garota
em tom gélido, seu olhos tornando-se inexpressivos. – Seu pai ao menos sentia
alguma coisa por você, afeto ou seja lá como quer chamar. Já o meu não
estava nem aí para mim, queria apenas mais um servo para o Lord. Meu
treinamento foi muito mais rígido que o seu, isso eu te garanto.
- E não sente nada ao falar dessas coisas? Eu digo porque, Cat, ninguém
pode ser tão insensível assim! – dizia Draco, incrédulo com a atitude da
amiga.
- Então digo que não conheceu muitas pessoas insensíveis – respondeu
letalmente, acabando com a conversa ali.
Draco a observou, completamente sem palavras. Notou que seus olhos
pareciam vazios, sem nenhum sentimento, e cogitou se realmente estaria falando a
verdade. Não chegou a uma resposta, e achou melhor esquecer aquele assunto o
mais rápido possível.
*
* * * *
O dia seguinte parecia perfeito para um passeio em Hogsmeade: um céu
azul e limpo, sem nenhuma nuvem, um sol animado e resplandecente, que iluminava
até as brechas mais escondidas. Catherine estava em seu dormitório, penteando
lentamente seus cabelos ondulados, tentando não pensar no resto do dia.
Decididamente estava muito preocupada, e seu estômago dava voltas só de pensar
no ataque. E ainda que seria a responsável pela captura e possível morte de
Harry Potter... E se ele sobrevivesse, não teria um pingo de confiança com a
garota, ao saber que ela quem entregara-o para os Comensais... Ou pior,
descobrir que ela mesma era uma Comensal, e uma das mais estimadas do Lord...
Nem todo seu fingimento e sangue frio conseguiriam salvá-la...
“Não tenho muitas escolhas” disse para si mesma, olhando para sua
imagem refletida no espelho.
Decidiu não pensar mais naquele assunto. Queria ocupar sua mente com
coisas mais interessantes... Encontrou-se com Draco na entrada do salão
comunal, e ambos seguiram para o café da manhã. Ela não conseguiu comer uma só
coisa, simplesmente não conseguia mastigar e engolir o alimento. Com muita
insistência de Draco, tomou um copo de suco de abóbora, mas não mais do que
isso.
Seguiram para Hogsmeade logo em seguida. Ainda era cedo, e a grande
maioria dos alunos ainda estava no salão principal, conversando animadamente
sobre a trajetória que fariam. A estradinha estava quase vazia, e logo os dois
chegaram ao povoado.
Ela notou que não era nada de excepcional, apenas uma espécie de Beco
Diagonal um pouco mudado... Se bem que nunca fora ao Beco Diagonal, mas podia
ter uma idéia de como seria...
- Para onde quer ir, então?
Seus pensamentos foram cortados por um cansado Draco, que tinha leves
olheiras embaixo dos olhos – provavelmente por ter passado a noite em claro,
assim como ela.
- Onde me sugere?
- A Zonko’s tem algumas coisas legais, poderíamos dar uma olhada –
disse dando de ombros.
- Certo – concordou levemente.
Na realidade Catherine não achou nada divertida a Zonko’s, cheia de
logros e brincadeiras para crianças – como disse Catherine. Em seguida deram
uma passada nas outras lojas, mas ela quis ficar um bom tempo na Dedosdemel,
possuída por uma vontade enorme de comprar doces.
Gastou cinco galeões com os mais diversos doces – “Nossa Cat, assim
você compra a loja toda!” – exclamou Draco ao ver o tamanho das sacolas que
carregava. Ela usou um feitiço redutor e guardou os pacotes nos vários bolsos
do casaco.
A última parada foi no 3 Vassouras, onde Draco fez questão de pagar uma
cerveja amanteigada para a garota. Enquanto bebericavam o líquido, começaram a
conversar, ainda com o clima um pouco estremecido.
- Não precisa se preocupar, Cat, vai dar tudo certo – confortou Draco,
pegando de leve na mão direita da garota.
- Acho que você também precisa desse conselho – comentou
zombeteiramente, mas dando um leve sorriso de agradecimento.
- Tudo vai dar certo – ele repetiu, desta vez mais para ele mesmo do
que para Catherine. – Você vai conseguir pegar o Potter, e conseguirá um
grande posto de respeito para Milorde.
- Não tenho o mínimo interesse de ser a favorita do Lord – disse com
sinceridade, olhando nos olhos de Draco. – Esse posto combina mais com você.
- Comigo? – perguntou surpreso, arqueando uma sobrancelha.
- Sim, contigo – afirmou a garota. – Deixarei que você pegue o
Potter e que fique com todos os créditos.
- Não posso fazer isso! – exclamou Draco, batendo com força na mesa.
As canecas balançaram e várias pessoas viraram seus rostos para observá-lo
– Você irá receber punição, não escutou o que ele disse? – completou em
voz baixa, completamente indignado.
- Não me importo com isso, Draco – retrucou rapidamente, antes que
mudasse de idéia. Ainda era grande o temor que tinha de levar uma punição do
Lord das Trevas. – Você merece, garanto que está mais preparado do que eu.
- Eu não posso aceitar isso! – disse com veemência, determinado a não
deixar a garota fazer uma coisa dessas.
- Não faz diferença se aceitar ou não – disse com desdém, sorrindo
friamente. – Já está decido, e você não pode fazer absolutamente nada.
- Não, será que ainda não entendeu o significado dessa palavra?
- Desculpe, tenho hora marcada com Harry Potter, acho que não devo deixá-lo
esperando – disse friamente, levantando-se da mesa. – Pague a conta, por
favor. Depois pago minha parte.
Decididamente fora um grande sacrifício persuadir Rony e Hermione a
aceitarem o encontro que teria com Catherine Stone. O ruivo achava que aquilo
daria em marmelada, e Hermione repetia veementemente que era uma emboscada, e
que Harry estava caindo como um patinho. Ele acabou discutindo com os dois
enquanto defendia seu ponto de vista, e acabou por conseguir comparecer, mesmo
com as caras amarradas dos amigos.
Chegara dez minutos antes do combinado, como todo bom cavalheiro. A
garota chegou cinco minutos depois, um leve sorriso no rosto – obviamente forçado,
usufruindo de todo seu treinamento.
- Olá Harry, te deixei esperando muito tempo?
- Não, na realidade resolvi chegar mais cedo – respondeu trêmulo, não
entendendo realmente o motivo de tanto nervosismo.
- Ótimo, achei que tinha chegado atrasada – comentou suavemente,
conseguindo disfarçar muito bem, e deixando Harry encantado com a postura
diferenciada.
- Hum... o que quer conhecer primeiro?
- Na realidade acabei conhecendo o povoado com Draco, ele decidiu me
levar mais cedo – disse com simplicidade, dando de ombros. – O que sugere?
- Achei que podíamos ver uma loja na segunda rua, ela tem muitos
equipamentos de Quadribol...
- Essa não! – exclamou rapidamente, levemente apavorada.
- Por que não? – perguntou Harry, certamente desconfiando de alguma
coisa.
- Não gosto de Quadribol – emendou rapidamente, para não deixar muito
na vista. – Poderíamos tomar uma cerveja amanteigada no 3 Vassouras, o dia
está quente...
- Se você quer assim... – ele deu de ombros – Só não posso demorar
muito, ainda tenho de fazer algumas coisas...
- Sim, eu sei, você quer encontrar-se com Black – comentou em voz
baixa.
- Como é? – perguntou assustado, encarando-a.
- Lembra-se da carta? Apenas supus que iria encontrar com ele... –
comentou inocentemente, como se estivesse chutando uma anedota.
- Ahn, certo – disse desconcertado, tentando voltar ao assunto
original. – Vamos para o 3 Vassouras?
- Vamos.
Os dois foram até o bar, que a esta hora estava mais cheio de gente, e
quase todas as mesas já estavam ocupadas. Escolheram uma no canto esquerdo do
aposento, um lugar bem escondido de todos. Harry pediu as duas cervejas e
encarou Catherine, disposto a começar algum assunto de extrema importância.
Mas não conseguiu nem abrir a boca direito, a garota começara a falar, e seu
tom de voz era urgente, com se não pudesse esperar.
- Olha aqui, Potter, eu preciso te falar uma coisa e...
- Seu pedido, senhores – disse Rosmerta, entregando as canecas para
ambos. – Desejam alguma coisa a mais?
- Nada, obrigada – respondeu Catherine entre dentes, completamente
impaciente.
- O que foi, Catherine? – perguntou Harry curioso, mas sentindo um mau
presságio a caminho.
- Você precisa prestar bastante atenção... – disse em um sussurro,
olhando a todo momento para os lados, verificando se alguém os ouvia –
Precisa fazer exatamente o que eu mandar, está certo? Prometa-me isso!
- Mas o que está acontecendo? – ele não conseguia entender –
Aconteceu alguma coisa? Você está pálida – completou, a notar mais
atentamente a face da garota.
- Não importa Potter, apenas faça o que eu mandar!
- E o que é?
- Volte para o castelo, volte para o castelo e fique lá, em segurança
– disse rapidamente, sem nem parar para respirar.
- Mas por que eu devo voltar? Você sabe de alguma coisa?
- Sua vida está em perigo, imbecil! – exclamou impaciente, socando
rapidamente a mesa. Depois completou um pouco mais baixo – Faça o que eu
estou dizendo, leve seus amigos se quiser, mas suma deste povoado o mais rápido
possível!
- Cather...
Harry não conseguiu terminar a frase, devido aos acontecimentos que
aconteceram em uma fração de segundo. A porta do bar foi aberta, uma pessoa
encapuzada adentrou o local, Catherine levantou-se desesperada e sumiu de vista,
a pessoa encarou-o profundamente, como que o analisando...
- Harry! Harry! – chamou uma voz. Harry olhou em sua volta. Viu Rony e
Hermione acenando para ele do outro lado do aposento.
Ele piscou duas vezes antes de ir até eles, tentando identificar se vira
um sonho ou se era realidade. Procurou pela pessoa encapuzada mas não encontrou
ninguém. Sua mente encheu-se de suposições horríveis, e a grande dúvida se
deveria obedecer ao pedido de Catherine ou não.