Ribeirão Bonito

Estação de Ribeirão Bonito. Foto da CPEF, pertence à Coleção de Alberto Del Bianco.

A estação de Ribeirão Bonito era uma das principais estações da Cia. Estrada de Ferro do Dourado, uma vez que nesta havia um entroncamento com as linhas da Cia Paulista de Estradas de Ferro. 

Foi inaugurada em 10.05.1894 e era o Km 0 da linha da Cia. Douradense e o final da linha da Cia Paulista, do ramal de São Carlos - Ribeirão Bonito. A partir de 1949, voltou a fazer parte do Ramal de Ribeirão Bonito (da Cia. Paulista – km 246.379). Quanto ao uso atual, a rodoviária fica ao lado da antiga estação, que é utilizada como Câmara de vereadores.

Trem da CD (bit 60cm), parado na estação antiga da Cia. Douradense.

Entrada da estação de Ribeirão Bonito pelas linhas da Cia Douradense. Essas duas últimas fotos são do Álbum Ilustrado da C.P.E.F. editado em 1918, sendo ambas de Filemon Perez e pertencem à coleção de Alberto Del Bianco. As fotos abaixo também são de autoria de Alberto del Bianco, 1985 e mostram o túnel existente após a saída de Ribeirão Bonito, sentido Trabiju.

Se você tiver fotos atuais dessa estação, por favor nos envie e teremos prazer em acrescentar a este site.

O Ramal de Ribeirão Bonito e a Cia. Douradense 

Por Ralph Giesbrecht

A seguir, apresentamos  um texto enviado por Ralph Giesbrecht com um histórico sobre o trecho da Douradense referente a essa estação. Trata-se de um excelente trabalho de pesquisa.

            "....Quando os ingleses que eram os donos da Rio Claro Railway, sucessores da Rio - clarense, venderam à Companhia Paulista a ferrovia que unia, na época, Rio Claro a Araraquara e a Jaú, já havia sido decidida a construção dos primeiros dois ramais dessa ferrovia, que partiriam de São Carlos. Estes eram os ramais de Água Vermelha e de Ribeirão Bonito, um para nordeste da cidade, e outro, para leste. Os dois ramais foram terminados de construir pela Paulista, o primeiro a ser entregue foi o de Água Vermelha, em 1892, e o ramal de Ribeirão Bonito foi entregue em maio de 1894, com quatro estações, terminando na cidade do mesmo nome.  

Quatro anos depois, em 1898, Cyro Marcondes de Rezende obteve uma concessão para uma ferrovia que, saindo da estação de Ribeirão Bonito, acompanhasse o vale do rio Dourado, passando pela cidade do mesmo nome, a fim de transportar o café obtido em zonas mais afastadas da linha da Paulista. A ferrovia chamou-se E. F. Dourado, ou Companhia Douradense, mais tarde. Em 7 de agosto de 1899, iniciaram-se as obras, e em outubro de 1900, o primeiro trecho, de cerca de dez quilômetros, foi aberto, de Ribeirão Bonito até a estação de Ferraz Salles, com bitola de 0,60 metros. Em dezembro, mais dez quilômetros e os trilhos chegaram até a estação da cidade de Dourado. Neste caso, há divergências entre os arquivos da Cia. Paulista, que mais tarde adquiriu a Douradense, e os historiadores, onde esta última estação teria sido, na verdade, aberta um ano antes. Em maio de 1903, atingia Boa Esperança, e em 20 de agosto de 1906, Ponte Alta. Nesse ano, a ferrovia já tinha 59 km de extensão, e seis estações. Em fins de 1910, a linha chegou a Ibitinga. 

Nesse mesmo ano, a linha sofreu uma modificação, no trecho entre Ribeirão Bonito e Dourado. Foi construída uma linha nova, desta vez entre Ribeirão Bonito e Trabiju, agora com bitola métrica, pois a linha de bitola de 60 cm entre Ribeirão e Dourado era por demais acidentada. Para se alcançar Dourado, foi construída uma linha métrica partindo de Trabiju e criada uma nova estação intermediária, Santa Clara. A linha nova, entre Ribeirão Bonito e Trabiju, foi construída com bitola métrica, mas para o seu prolongamento (Trabiju-Ibitinga), não foi autorizado alargamento. A estação de Trabiju foi substituída por outra, em outro ponto, e passou a abrigar as oficinas da estrada, que até então estavam em Dourado. Em 1913, inaugurou-se o ramal de Jaú-Dourado (nome da estação, em Jaú, para diferenciá-la da estação da Paulista), já em bitola métrica, mas em 1915, o ramal de Itápolis teve de ser aberto com bitola estreita. É claro que isso gerava inúmeros problemas para a Dourado, que somente conseguiu a autorização para alargar toda a bitola das linhas em 1920. Em 1922, todas as linhas já estavam funcionando com bitola métrica, com exceção da antiga Ribeirão Bontio-Dourado, que seguiu operando até o final de 1933.  

Em 1939, portanto bem mais tarde, o tronco alcançou Novo Horizonte, ponto máximo da linha. Vale lembrar que, em Tabatinga, estação da linha-tronco, a Douradense encontra-se com a E. F. Araraquarense, que a alcançava através do seu ramal de Tabatinga. Cruzava, em Nova Europa, com a Ferrovia Itaquerê (entre Nova Europa e Curupá, que era uma estação da EFA no ramal Silvânia a Tabatinga desta). Transportava cana para a Usina Santa Fé e sacos de açúcar para Curupá. Ainda existe hoje uma estação da Itaquerê dentro da usina. Nesse mesmo ano, a Douradense já tinha 206 quilômetros, incluindo os ramais de Dourado e de Bariri. 

Entre 1947 e 1949, a Paulista comprou a Douradense, que, então, já tinha 350 quilômetros de linhas. Aquisição nunca engolida completamente pelos funcionários da Douradense, foi sem dúvida algo que manteve os seus altos padrões. No final dos anos 50, já havia trens a diesel da Paulista, correndo diretamente de São Carlos até Novo Horizonte, pela linha-tronco do agora chamado ramal de Ribeirão Bonito, apenas. E a Paulista começou a investir no ramal: o trecho São Carlos-Novo Horizonte, em 1960, ainda passava por modernização, com a reforma da superestrutura, troca de trilhos e empedramento geral..."

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