"....Quando os ingleses que
eram os donos da Rio Claro Railway, sucessores da Rio - clarense, venderam à
Companhia Paulista a ferrovia que unia, na época, Rio Claro a Araraquara e a Jaú,
já havia sido decidida a construção dos primeiros dois ramais dessa ferrovia,
que partiriam de São Carlos. Estes eram os ramais de Água Vermelha e de Ribeirão
Bonito, um para nordeste da cidade, e outro, para leste. Os dois ramais foram
terminados de construir pela Paulista, o primeiro a ser entregue foi o de Água
Vermelha, em 1892, e o ramal de Ribeirão Bonito foi entregue em maio de 1894,
com quatro estações, terminando na cidade do mesmo nome.
Quatro
anos depois, em 1898, Cyro Marcondes de Rezende obteve uma concessão para uma
ferrovia que, saindo da estação de Ribeirão Bonito, acompanhasse o vale do
rio Dourado, passando pela cidade do mesmo nome, a fim de transportar o café
obtido em zonas mais afastadas da linha da Paulista. A ferrovia chamou-se E. F.
Dourado, ou Companhia Douradense, mais tarde. Em 7 de agosto de 1899,
iniciaram-se as obras, e em outubro de 1900, o primeiro trecho, de cerca de dez
quilômetros, foi aberto, de Ribeirão Bonito até a estação de Ferraz Salles,
com bitola de 0,60 metros. Em dezembro, mais dez quilômetros e os trilhos
chegaram até a estação da cidade de Dourado. Neste caso, há divergências
entre os arquivos da Cia. Paulista, que mais tarde adquiriu a Douradense, e os
historiadores, onde esta última estação teria sido, na verdade, aberta um ano
antes. Em maio de 1903, atingia Boa Esperança, e em 20 de agosto de 1906, Ponte
Alta. Nesse ano, a ferrovia já tinha 59 km de extensão, e seis estações. Em
fins de 1910, a linha chegou a Ibitinga.
Nesse
mesmo ano, a linha sofreu uma modificação, no trecho entre Ribeirão Bonito e
Dourado. Foi construída uma linha nova, desta vez entre Ribeirão Bonito e
Trabiju, agora com bitola métrica, pois a linha de bitola de 60 cm entre Ribeirão
e Dourado era por demais acidentada. Para se alcançar Dourado, foi construída
uma linha métrica partindo de Trabiju e criada uma nova estação intermediária,
Santa Clara. A linha nova, entre Ribeirão Bonito e Trabiju, foi construída com
bitola métrica, mas para o seu prolongamento (Trabiju-Ibitinga), não foi
autorizado alargamento. A estação de Trabiju foi substituída por outra, em
outro ponto, e passou a abrigar as oficinas da estrada, que até então estavam
em Dourado. Em 1913, inaugurou-se o ramal de Jaú-Dourado (nome da estação, em
Jaú, para diferenciá-la da estação da Paulista), já em bitola métrica, mas
em 1915, o ramal de Itápolis teve de ser aberto com bitola estreita. É claro
que isso gerava inúmeros problemas para a Dourado, que somente conseguiu a
autorização para alargar toda a bitola das linhas em 1920. Em 1922, todas as
linhas já estavam funcionando com bitola métrica, com exceção da antiga
Ribeirão Bontio-Dourado, que seguiu operando até o final de 1933.
Em
1939, portanto bem mais tarde, o tronco alcançou Novo Horizonte, ponto máximo
da linha. Vale lembrar que, em Tabatinga, estação da linha-tronco, a
Douradense encontra-se com a E. F. Araraquarense, que a alcançava através do
seu ramal de Tabatinga. Cruzava, em Nova Europa, com a Ferrovia Itaquerê (entre
Nova Europa e Curupá, que era uma estação da EFA no ramal Silvânia a
Tabatinga desta). Transportava cana para a Usina Santa Fé e sacos de açúcar
para Curupá. Ainda existe hoje uma estação da Itaquerê dentro da usina.
Nesse mesmo ano, a Douradense já tinha 206 quilômetros, incluindo os ramais de
Dourado e de Bariri.
Entre
1947 e 1949, a Paulista comprou a Douradense, que, então, já tinha 350 quilômetros
de linhas. Aquisição nunca engolida completamente pelos funcionários da
Douradense, foi sem dúvida algo que manteve os seus altos padrões. No final
dos anos 50, já havia trens a diesel da Paulista, correndo diretamente de São
Carlos até Novo Horizonte, pela linha-tronco do agora chamado ramal de Ribeirão
Bonito, apenas. E a Paulista começou a investir no ramal: o trecho São
Carlos-Novo Horizonte, em 1960, ainda passava por modernização, com a reforma
da superestrutura, troca de trilhos e empedramento geral..."
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