Tanto o homem a alma vai gastando...
Tanto correr contra o tempo... e vai mudando
Adiando gozos, em seu pleno vigor
E no passado vão ficando
As horas perdidas de amor...
Quando o tempo cobra seu pedágio
A saudade de sentir paixões é o adágio.
O homem olha o mar que em ondas amantes,
Eternamente, num ir e vir quais bacantes,
Rolam no leito em volúpias de abraços
Dão-se às marés e ventos, sem cansaços...
O homem perdeu-se de si em buscas... sofrido,
Viu no espelho das ondas tanto tempo ido
Na face a saudade do que pensou um dia
No peito pulsante a paixão que outrora ardia...
No agora, só o reflexo não é mais o mesmo.
Grita nele o fogo de quem não amou a esmo
É chama ardendo pra ele se dar sem medos
Como as ondas que se entregam aos rochedos...
Lizete Abrahão