Fanfics

Solstícios e Equinócios

O Prelúdio de uma Nova Ameaça

I

As mãos de Sindy tremiam numa mostra de nervosismo. Era como um sonho, depois de três anos de intenso treinamento, sem contar as horas nos simuladores, estar a bordo de um autêntico caça ASA-X numa patrulha rotineira em volta do planeta Yavin. Seu Instrutor, Hulfo Alandokarma, sentindo a voz de sua pupila gaguejar, tranquilizava-a.

- Ei, Sindy. Isso aqui você tira de letra. Não fique olhando para o seu manche. Olhe para a frente e desfrute desse nascer da Estrela K-A0. Só quero atenção nos direcionadores de Hiperdrive.

- Hulfo, estou transpirando. E porquê esta luz fica piscando aqui no meu capacete ?

- Isso é o controlador de hiperatividade reativa. Fique mais calma e essa luz apaga.

Sindy fechou seus olhos, respirou fundo e procurou lembrar dos momentos felizes que tivera ao lado de sua maior amiga: Alekhta Dimapezio. Cresceram juntas na pacata cidade de Narestia. Fizeram aulas de canto, dança, e até ousaram praticar a arte da "Expressive Contortion", exclusiva das jovens habitantes do sistema Kolyhaps. Só que desistiram depois de sucessivas distensões musculares.

- Agora ela deve estar cuidando das relações com o Senado Neo-Republicano. Ela sempre foi muito boa em convencer as pessoas - pensava.

As duas naves seguiam vasculhando em todos os setores vizinhos da galáxia qualquer indício de presença hostil. Sem qualquer novidade, Hulfo decidiu testar a destreza da pequena medrosa.

- Sindy, ligue o seu acelerador de mésons. Vamos fazer uma corrida.

- O quê?

- Vamos dar uma volta pela K-A0 em ponto seis sub-luz. Estabeleça as coordenadas do Hiperdrive em 5-3-3 marca um. Depois, casa.

Sindy procurou por mais de um minuto o botão do acelerador. O nervosismo voltava.

- Respirar, respirar, respirar, relaxar por inteiro - buscava a paz em meio à tensão.

- Em Três, dê a pressão máxima. Um, dois, TRÊS!

Os turbos zuniram estrondosamente. As duas naves fizeram um facho de luz azul no espaço, num colorido cintilante.

- Segure firme, Sindy. Prepare-se para a força G!

- E...Eu...não....con...consi....

- Força, Sindy. Você consegue.

- Eu...Eu...não...es...tou...Hã? Mas o que...

De repente, o ASA-X de Sindy começou a parar. O hiperdrive acionou o mecanismo de alerta de superatividade iônica. Enquanto o ASA-X de Hulfo dava a volta em K-A0, Sindy procurava explicações para a inesperada situação. Olhou nos écrans e nada anormal, a não ser um ponto piscante no rastreador que indicava uma nave se aproximando.

- Essa não! Era só o que faltava. Hulfo! Responde!

Hulfo estava atrás de K-A0, o que impedia uma comunicação. Ainda iria demorar um quarto de ciclo para poder restabelecer o contato. Sindy então pediu detalhes no computador de bordo sobre aquela nave que aparecera repentinamente. Após alguns segundos recebeu a informação de que a mesma era uma carcaça errante, talvez perdida de um comboio. Estava desgovernada e fatalmente queimaria na atmosfera de Yavin, pois não acusava atividade de defletores dinâmicos externos.

- Agora sei porquê a minha nave parou. Eu esqueci de desligar o rastreador. Numa aceleração, a nave não suporta os dois ativados. Acho que vou ficar um bom tempo retreinando nos simuladores. Hulfo! Você Copia? Hulfo!

- .So...so...socorro....ajudem-me...por...por...favor...

- Hulfo?

- Eu...não...que...ro...mo...morrer...me...aju...da...a...

Sindy percebeu que a voz provinha da nave. Pela entonação, talvez não fosse um humano.

E agora? Ajudar? Estaria certo ou errado tomar uma atitude à revelia do superior? Afinal estava ali sem poder contatar Hulfo e com uma nave em rota de colisão direta com a atmosfera. Segundo a regra dos Pilotos da Esquadrilha StarLight, não era atribuída qualquer tomada de decisão sem a anuência do líder. Mas a voz rouca e desesperada que saía da velha carcaça tocaram seus sentimentos.

Sindy desligou o rastreador e a nave começou a acelerar. Num giro rápido, partiu em direção à nave enferma. Em uma manobra conhecida como "jump-around", colocou-se à frente da velha carcaça e ligou à toda carga seus defletores externos, numa tentativa de ser uma espécie de escudo para protegê-la do poder destrutivo da atmosfera.

As duas naves tremularam freneticamente por alguns minutos durante a reentrada, mas logo se estabilizaram. Sindy notou que a velha nave havia perdido várias placas de oxiplumbum, o que poderia ser perigoso, pois havia a chance de vazamento de combustível atômico no ar. Pouco depois as duas naves aproximavam-se da cidade de Mokha, onde ficava a base de defesa da Nova República em Yavin. A carcaça milagrosamente conseguiu pousar em um local seguro. Vários técnicos correram para a nave levando mangueiras de oxidreno para isolar as áreas onde possivelmente vazaria combustível.

Vendo que tudo acabara bem, Sindy pousou seu ASA-X um pouco atrás da área

destinada ao pouso dos cargueiros espaciais. Ao levantar a escotilha, murmurou:

- Agora só me resta ser auxiliar de limpeza do palácio Novalgenie.

II

Dentro da nave um ser com um rosto de lagarto e corpo de homem jazia imóvel. Foi preciso duas cargas de dinamitadores para arrombar a porta da nave, tão surrada por descargas de turbo-lasers. Ao se deparar com aquele ser, um dos técnicos comentou:

- Olhe isto! Esse bicho é muito esquisito.

- Acho que morreu.- comentou um dos assistentes.

- Vamos ver. A equipe médica já está chegando.

Dois médicos chegaram. Traziam equipamento de ressuscitação além de vários analisadores de sinais vitais. Um dos médicos colocou a mão sobre o tórax do ser e viu que o coração ainda batia, apesar de fraco.

- Ele está vivo! Precisamos inocular soro já!

A ação dos médicos foi rápida. O ser em pouco tempo recobrou a consciência.

- Será que ele fala o Básico?

- Fui professor de Básico em Norelco - respondeu serenamente o ser.

Os olhos dos médicos arregalaram-se.

- De onde você veio ?

- Fugi de Tatooine. Fui alvejado por caças da Facção Suástica, que está dominando o sistema. Acreditam que outro Mestre do lado negro ressuscitou sob a forma do Lorde Imperioso. Eles tentaram me dominar, mas resisti e roubei uma nave para fugir. Depois de atingido, fiquei vagando por oito ciclos equinociais até a força gravitacional de Yavin me puxar. Fui salvo por alguém numa nave em forma de X que me serviu de escudo na entrada da atmosfera. Gostaria de agradecer a esse alguém.

Ao terminar, uma voz se apresentou:

- Pode agradecer a ela.

Em frente ao ser, chegaram Hulfo e Sindy.

- Foi você que falou comigo.

O ser tentou se levantar, mas ainda estava fraco. Pegou a mão de Sindy e beijou-a efusivamente. Ao terminar, recitou:

- Serei eternamente escravo de sua compaixão. Regozijo-me à tua beleza interior. Tenha-me como um servo do teu amor.

Ao escutar aquilo, um dos médicos reconheceu que aquela criatura só podia ser do planeta Kolyhaps, onde a cultura era traço marcante no seu povo. E essas frases, isso era letra de uma música...por sinal linda. O outro médico arriscou:

- Sem querer atrapalhar senhor, mas por acaso és o Compositor Phyok de Kolyhaps?

- Sou sim.

- Eu já desconfiava. Todos aqui em Yavin cantam essa música. Foi sua autoria?

- Foi mesmo. Compus quando ainda servia para o Império. Como faxineiro.

- O calor do seu beijo...me faz vítima do teu prazer...pelas brisas um canto de amor - Sindy começou a relembrar um trecho da música.

- Como conseguiu fazer essa música naquela época tão instável?

- Fazia porque me trazia alegria. Dei a letra para um cantor iniciante que levou para Kolyhaps e lá fez sucesso.

- Fez sucesso na galáxia inteira.- Falou Sindy. E você não ficou rico?

- Usei todo o dinheiro para reconstruir minha cidade natal destruída por uma explosão num dos reatores de alimentação das luzes da cidade. E além do mais não gosto nem quero ter atitudes egoístas.

- Bem, vamos levar o ilustre Phyok para um leito onde poderá descansar e recuperar as energias. Depois ele nos conta o que sabe sobre esta Facção Suástica – proferiu Hulfo.

Os médicos juntamente com Hulfo ajudaram a levar Phyok da nave até um quarto exclusivo para recuperação de alienígenas. Sindy levou sua mão até o nariz e sentiu um perfume agradável de Alfazema.

III

Phyok descansava sobre uma cama de estimuladores elétricos. Pouco a pouco sentia sua força voltar. Estava recuperado. Vira a morte de perto, mas graças à destreza da jovem piloto, teria uma nova chance de viver. Tentou trocar de posição para dormir, mas alguém abria a porta.

O alienígena virou-se. Ao ver que era Sindy, deu um pulo da cama.

- Desculpe, eu não sabia que estava dormindo – disse a jovem piloto.

- Perdoe-me, minha salvadora. Em que posso servi-la?

Em percebendo que estava desprevenido, Phyok imediatamente pegou um lençol para se esconder. Mesmo assim, a jovem aproveitou alguns instantes para conhecer um pouco mais de perto a anatomia daquele ser: Era um homem como outro qualquer, só que extremamente forte. Mãos e pés grandes mas não desproporcionais em relação ao resto do corpo. A pele cor esverdeada não parecia ser agressiva ao olhar. Até que aquele rosto de lagarto era bonito. No conjunto, aquele híbrido era mesmo encantador.

- Você deve ter sucesso com as mulheres - comentou Sindy.

- Nem tanto. Talvez você seja a única que me quis ver mais de uma vez.

- Puxa, como você é forte. Já foi atleta?

- Em Kolyhaps, é hábito de todos fazer algum esporte. Eu era um bom esgrimista, antes de ser empurrado para servir no Império. Não temos competições, por acharmos que isso criaria uma rivalidade entre os seres. Apenas estabelecemos metas. Todo aquele que ultrapassar as metas, ganha um prêmio.

- Não conheço essa arte. Será que ainda há aquelas escolas de "Expressive Contortion"?

- Muito poucas. As jovens que dominavam esta arte saíram do sistema e estabeleceram escolas em outros locais. Precisavam de novas alunas para continuarem existindo. Já faz tempo que não somos mais os únicos a dominar com maestria esta atividade, já tão vitimada pela ridicularização na galáxia.

- Eu bem que começei. Só que era um dia treinando forte e três dias com faixas imobilizadoras pelo corpo todo.

Phyok deu uma risada. Sindy também não se conteve e riu. Ficaram ambos a compartilhar a alegria por alguns instantes. Alegria que se transformou em atração. Sem perceber, Sindy estava com sua mão sobre a mão de Phyok.

- Sabe Phyok, desde que ouvi aquela sua música nunca mais fui a mesma. Passei a acreditar mais no amor das pessoas. Mudei minhas idéias sobre a relação entre os seres. Descobri que o verdadeiro amor não é aquele que só vê o lado de fora, mas o que vê o lado de dentro. Nunca pude imaginar que numa situação tão inusitada como foi essa, eu tivesse o privilégio de conhecer a pessoa que mudou a minha vida. Não pude esperar por mais tempo. Por isso, vim escondida para o quarto só pra te ver nem que fosse por uns instantes. Aliás, você gosta de mim?

Tendo ouvido aquela inesperada declaração de amor, Phyok só pode concluir que a tietagem rompia as barreiras do universo. Só não podia acreditar que aquela mocinha de cabelos cacheados cor de ébano e tão bonitinha estivesse gamada em si tão rapidamente.

Sindy, numa ação de incontido desejo, deu um beijo no rosto do alienígena. Era apenas um lembrete de que o próximo seria certamente na boca.

- Não foge de mim, tá? Depois do próximo crepúsculo eu tenho um Feriado Geminiano. Vamos dar um passeio pela cidade de Mokha. Quero te mostrar uns lugares legais.

- Estarei sempre por perto. Pode estar certa disso.

Sindy despediu-se com outro beijo no rosto de Phyok. Este já pegando o cantinho do lábio do alienígena. Precisava se apressar, pois tinha que inspecionar a manutenção dos speeders terrestres que faziam a patrulha de curto alcance. Estando deitado, o alienígena só pode conjecturar acerca do que fazer para ganhar a vida neste novo planeta, agora que já estava praticamente comprometido.

No saguão onde os pilotos aguardavam um sinal de alerta, o comentário não poderia ser outro: Um novo Império? Jedi do mal de novo? Estranho. Não tem sido registrados incidentes em Tatooine desde a queda do primeiro Império. Isso faz muito tempo. Hulfo procurou não especular com mais ninguém sobre o que ouvira. Seria mais cauteloso, somente confidenciando ao Conselho ou ao Líder do Senado Enobias StarWalker. Ele sim, tinha a responsabilidade de considerar a situação e tomar as devidas providências. Talvez levando o assunto à esfera superior, ou seja, Han, Leia ou Luke. Ambos viajavam constantemente em missões de paz, sempre repetindo as mesmas histórias sobre os àureos tempos em que defendiam a causa rebelde com as próprias mãos. Afinal, havia sempre quem quisesse ouvi-las.

Ele ainda podia contar com o jovem Jacen, agora feito Conselheiro-Mor de Coruscant. Era determinado como o seu pai e tinha os poderes da Força a seu lado.

O dia seguia normal. Pilotos indo e vindo de suas tarefas de defesa. Naves decolando e pousando numa sequência ininterrupta. Enquanto isso, no hangar de Morello, Sindy revirava os relatórios de avarias nos speeders. Algo lhe chamou a atenção.

- Ei, Sprillanti. Isso aqui está muito esquisito. Por quê tiveram de trocar todos os retroturbos das naves? Não faz dez Ciclos Equinociais desde a última troca. Nem mesmo estamos em guerra.

- Ordens da Milady Dimapezio, senhorita.

- E o quê ela sabe de speeders?

- Talvez o suficiente para ordenar esta troca.

- Isso é ridículo! Ela nunca daria uma ordem dessas! E, por acaso, cadê o chefe de manutenção?

- Não veio hoje. Está em inspeção de cargueiros no sistema Abregado Rae.

- Então eu mesma vou até a Milady e ela vai ter que se explicar. E diga quando ele chegar que se eu souber de outra ordem infundada sendo executada sem ele aqui vou fazer por escrito ao Senado, com a assinatura do Enobias. Até logo.

Não fazia sentido. Como a Milady, sua amiga de infância, autorizaria aquele disparate? Era um desperdício da ordem de dois milhões de Petrocenos. A República não podia ficar gastando essas quantias desordenadamente. Sprillanti apenas balbuciou:

- Só cumpro ordens.

IV

Quando Sindy chegou ao palácio de Novalgenie, os Portais já anunciavam a sua presença e pediam aos súditos que se retirassem para as alas secundárias. Alekhta, vestindo um traje semi-formal em tecido de seda-chrysântemo, desceu célere pelas escadarias ao ver a sua grande companheira.

- Sindy! Quanta saudade! Eu sempre estou para te contatar para fazermos um Bolo de Frutas como nos velhos tempos. Mas os compromissos...

Depois de um abraço caloroso, Sindy começou.

- Querida Alekhta, queria eu poder te contatar. Só que hoje o assunto é sério.

- Que houve?

Sindy tirou de sua bolsa um SignDecoder.

- Essa autorização é sua?

Alekhta olhou os códigos. Realmente eram seus.

- Ué? Eu não autorizei isso. Como aconteceu?

- Eu desconfiei quando vi oitenta e seis retroturbos trocados dos speeders. Falei com o Sprillanti e ele disse que o chefe de manutenção não estava. Mas que havia recebido ordens suas.

- O quê? Minhas?

- É, Alekhta.

- Eu nunca faria isso! Nem mesmo se não soubesse que seriam dois milhões. Aonde foi comprado isso?

- Parece que foi da TAIHO-MINEXA TURBO DESIGNS.

- Mas essa empresa não está no Cadastro das Concorrentes. Já chega! Vou acionar agora os meus auditores. Aí tem história. Demitirei todos que estiverem envolvidos e que forjaram minha assinatura eletrônica.. Com esse dinheiro poderíamos comprar um cargueiro dos bons na SFS.

Sindy olhava para o seu relógio. Já era mais de cinco horas. Tinha de voltar para a base ou perderia outro passeio de ASA-X.

- Amiga, não sei o que seria de mim sem você. Por quê não larga esse negócio de piloto e vem pra cá? Te pago bem e te dou dois Feriados Geminianos por ciclo Equinocial.

- Prometo que pensarei a respeito, amiga. Por ora, mande logo fazer essas investigações. E troque logo sua assinatura. Bote um escopo décuplo, assim vai ser impossível decifrar o seu código.

- E eu que confiei no Procurador Osiahah que disse que bastava um escopo quádruplo para a plena segurança. Dessa o Enobias vai saber.

Ambas se despediram procurando disfarçar as lágrimas do reencontro. Enquanto Sindy pegava o seu aeroflot, Alekhta acionava seus dróides para que convocassem uma sessão extraordinária na sala do Conselho de Orçamentos e Projetos.

V

Phyok olhava para a janela do quarto. O amanhecer era pictórico. Pássaros que só via em Kolyhaps vinham para a sacada alegrá-lo com seu canto. Tinha recebido uma túnica branca e amarela, com o símbolo da Nova República estampado no peito. Aguardava a chegada de Hulfo, que iria levá-lo até os Conselheiros da República para reportar sobre os acontecimentos em Tatooine. Enquanto esperava, solfejava uma nova canção, que certamente daria de presente para Sindy. Nem notou que a porta do quarto se abrira.

- Olá, Phyok. Os membros do Conselho o aguardam.

Phyok ergueu-se. De pé era uma cabeça maior do que Hulfo. Saíram pelo corredor principal e ganharam a passarela aberta até o Centro de Reunião do Conselho. Enquanto caminhavam, conversavam:

- A Sindy é pra mim como uma irmã mais moça. Tenho sido seu instrutor na Academia de Pilotos desde a sua chegada. É muito esforçada e não gosta de ver recriminações de qualquer natureza. Como pessoa é um mar de bondade. Nunca gostou de luxos. Seu único sonho é uma casinha branca com uma janela pra poder ver o sol nascer todo o dia. Prometa-me uma coisa: prometa que irá cuidar dela direitinho, tá?

Phyok não esperava receber aquela intimação de uma maneira tão direta. Mas em se tratando dela, não vacilou:

- Serei o continente a receber as ondas desse mar de bondade para sempre. Palavra de Híbrido!

Hulfo sorriu. Mas o sorriso foi interrompido por um detalhe percebido por Phyok quando chegaram ao Centro de Convenção.

- Hulfo, eu posso estar enganado, mas aquele ali não é o Nasir de Loganto?

- É sim, Phyok.

- E vocês colocam um cara que foi Chefe de Logística do antigo Império como Conselheiro?

- Ele é muito bom em relações comerciais. Está para se aposentar desde o último Ciclo Equinocial. Eu não sei porquê ele ainda não saiu. Depois da queda do Império, ele foi para o planeta Mabutt e lá desenvolveu um trabalho muito bom na reestruturação do mercado intergalático após a guerra. Vendo o seu potencial, nós o chamamos para o Conselho. É uma pessoa em que se pode confiar.

- Isso enquanto não molharem a sua mão com dinheiro

- O que quer dizer?

- O Lorde Nasir não pode ver dinheiro, que rapidamente muda de personalidade. Ele entregou vários planos de rota de armamentos secretos do Império para agentes da Rebelião que satisfizeram suas ambições numismáticas.

- Quer dizer que o Lorde Nasir...

É. Corrupto mesmo. Eu fui amigo de um dos seus assessores que sabiam das suas tramóias, e que de certa forma contribuíram para o enfraquecimento do Império.

- E o Vader? Como é que fazia quando sabia que tinha corruptos sob o seu comando?

- Se Vader soubesse, matava. Mas ele tinha um certo receio quanto aos protegidos do Imperador Palpatine. E Nasir era um desses protegidos.

- Então o Império não é esse exemplo de organização, de sizo, de imposição que tanto divulgavam?

- Nunca foi. A antiga Aliança só conheceu o Império da dominação, do medo e do poderio armado. Eu já conheci o Império da libertinagem, da corrupção e da mentira. E vocês caíram nessa rede há muitos anos.

- Se soubéssemos disso talvez tivéssemos mais determinação naquela vitória em Endor. Não teríamos perdido tantas naves. Bem, ele deve sair no fim desse ciclo. Menos pior. Enobias quer colocar alguém como Alekhta no lugar dele.

- Por que não a Sindy?

- Seria uma ótima opção. Só que o negócio dela são os caças. Se ao menos ela terminasse o curso superior de Relações Intergaláticas...

- Posso tentar fazê-la mudar de idéia

- Faça isso com fervor, camarada.

Os conselheiros chegavam em suas carruagens flutuantes. Cada um ostentando o mais fino tecido do mais puro teor de brilho. Eram na sua maioria velhos. O sinal de aviso que a reunião começaria em dez minutos soou. Hulfo adiantou-se com o alienígena, pois sentariam no lugar dos entrevistados. Para ele era uma honra poder estar sentado à frente da cúpula responsável por mais da metade das decisões que regiam o sistema.

O condutor da convenção era o Conde Wes Janson. Outrora um exímio atirador, responsável pela retenção de alguns marchadores Imperiais na fuga histórica dos rebeldes no planeta Hoth. Tornara-se um orador primoroso, tendo sido seus discursos traduzidos para várias línguas da galáxia.

- Senhores do Conselho. Pelo poder e autoridade que este muito heróico Conselho me concede, procedo o direcionamento da palavra ao homem que treina os nossos pilotos há dezessete Ciclos Translacionais. Tem a palavra, Hulfo.

Hulfo ficou por algum tempo sem saber o que dizer. Todos os olhos estavam voltados para si naquele momento. Pegou o microfone:

- Prezados Conselheiros. Primeiramente peço desculpas pela sessão extraordinária, o que talvez tenha os tirado de seus compromissos pessoais. Há um dia e meio, fazia um vôo de treinamento com uma aluna pela órbita de nosso planeta. No meio da missão, minha aluna detectou uma nave que estava em curso de colisão com a atmosfera. Vendo que havia ocupantes e que não havia chance de desvio de rota, pois a nave estava avariada, minha pupila colocou-se à frente da nave, conduzindo-a em segurança para o solo. O ocupante da nave está aqui do meu lado. Após a chegada, foi tratado pelos nossos melhores médicos e tem recebido todo o atendimento de que necessita. Ele traz notícias de que uma nova facção está dominando o planeta Tatooine, onde prestava seus serviços.

Um dos Conselheiros levantou-se e inquiriu o alienígena:

- Soube através de Hulfo que você já trabalhou para o Império. Isso é verdade?

- Sim.

- E o que fez lá?

- Fui assistente de limpeza. Nunca servi nos exércitos e nem a minha cabeça cabia no capacete das "Stormtroopers". Só via a guerra de longe, pelos comentários dos pilotos de TIE.

Alguns risos podiam ser escutados. A acústica da Câmara era perfeita. No meio dos conselheiros, um membro da antiga infantaria que havia exagerado numa bebida alcoólica, sem se preocupar que estava no meio de uma inquirição, gritou:

- Vocês do Conselho são uns idiotas! Olhem para o rosto dele! Vejam as marcas laterais! Ele tem seiva de Ysalamiri correndo nas veias! É totalmente imune à Força! E um Híbrido Komondoriano possui mais cartas na manga do que se pode imaginar. É um perigo para nós. Era também para o Império. Deviam Ter deixado ele queimar na atmosfera!

Seu discurso foi logo abafado pelos guardas de plantão. Retiraram o sujeito que agora gritava as mais torpes palavras.

- Queira nos desculpar senhor...senhor...

- Phyok.

- Phyok, isso. Pode nos dizer o que sabe sobre essa facção e como chegou aqui?

- Após a queda do Império, os membros da aliança tomaram o planeta Coruscant. Demitiram todos os trabalhadores inocentes e colocaram seus parentes mais próximos em seu lugar.

- Mentira ! - gritou um conselheiro – Você está acusando-nos de Nepotismo!

- Nós fomos demitidos, sim. Não cumpriram com os nossos direitos de empregado e disseram que podíamos procurar outro emprego.

- E quem da aliança disse isso a vocês? – Janson se pronunciou, desejoso de uma resposta.

- Se não me engano, foi um tal de Teruzio.

Um silêncio total dominou o ambiente. Teruzio Maktera, o grande defensor dos menos favorecidos, mesmo para aqueles que serviam para o Império foi capaz de fazer isso?

Conselheiros cochichavam. Era um zumzumzum que permanecia inacabável. Hulfo, que estava só na escuta, falou baixinho:

- Nada como um bom faxineiro para levantar a sujeira que estava há muito tempo debaixo do tapete.

De repente, Janson interrompeu o silêncio:

- Diante dos fatos e da condição relatada, tenho que aceitar suas ponderações. Teruzio já morreu e alguns membros deste Conselho confirmaram esta versão. Peço minhas desculpas por todos os prejudicados e ordenarei a sua restituição corrigida pelo atualizador comercial de Altamor até hoje.

- Como Híbrido, agradeço sua bondade senhor.

- Ordeno também que todos aqueles que foram prejudicados mereçam sua devida restituição. Talvez saiba onde eles estão, Phyok.

- Alguns. Mas terei o imenso prazer de procurar os outros.

Vendo que o conselho se acalmara, Phyok continuou:

- Depois de receber aquela ordem, eu e alguns colegas tomamos o rumo de Tatooine. Empreguei-me como ceifador numa fazenda, mas era um faz-tudo. A dona ficou tão impressionada quando viu a limpeza da casa que preferiu contratar outro ceifador para deixar-me cuidar exclusivamente do seu lar. Realmente eu tinha encontrado um pouco de consideração, algo raro hoje em dia. Infelizmente, o período de calmaria não durou muito.

O novo governante do planeta foi traído pelo seu vice, que logo instaurou seu partido: a Facção Suástica. Seu nome é Lorde Imperioso.

Frio, insensível, mesquinho e com idéias tiranas. Tinha ao seus pés todos os membros do Conselho Planetário. Dominava-os com seu olhar. Sua voz era o seu sabre de luz, que se abria ao menor sinal de discordância. Como primeira medida, mandou confiscar todas as terras produtivas do planeta. Minha patroa revoltou-se e por mais que eu a fizesse aceitar a situação, ela pegou uma pistola e partiu para a frente da sede do governo. Esperou dois dias até se deparar com o Lorde. Ao vê-lo, disparou toda a carga da pistola. Os tiros passaram de raspão. Vários seguranças dispararam seus fuzis. Não sobrou muito da pobre mulher que apenas estava defendendo sua propriedade.

- E como veio parar em Yavin? - comentou Janson.

- Ao saber que ela morrera, arquitetei um plano para fugir do planeta e buscar ajuda. Todo o espaço aéreo estava sendo vigiado. Caças voavam por toda parte impedindo qualquer saída não autorizada. Então, incendiei um dos silos da fazenda e contactei a força anti-fogo pelo Intercom-Naas. Tive sorte, pois vieram duas naves. Uma era pesada, porque trazia pó químico para apagar o fogo. A outra trazia as mangueiras, os equipamentos e o pessoal que cuidaria do controle do incêndio. Estando eu escondido, aguardei que ficasse só um tripulante nessa outra nave. O fogo estava muito forte. O tripulante que ficou foi acionado para ajudar no combate às chamas. Sem mais ocupantes, corri para a nave e tranquei sua porta. Quando os bombeiros perceberam, eu já estava fora do chão. O risco agora eram os caças. Não demorou muito eu estava sendo perseguido por oito caças TIE-BOMBER. Em poucos minutos, os defletores traseiros tinham se extinguido pela ininterrupta chuva de torpedos iônicos. Era uma luta desleal. Minha última esperança era o salto para o Hiperespaço. Foi um milagre a nave ter aguentado aquele ataque e ainda assim pulou para a velocidade da luz no tempo certo.

Quando saí do Hiperespaço, verifiquei que não tinha mais condições de traçar uma rota, pois a nave perdera todos os mecanismos principais de navegação. Fiquei vagando no caos até ser puxado pela gravidade do planeta Yavin. E aí...

- E aí a jovem Sindy Mystaraieva o contatou e ofereceu-lhe ajuda na reentrada do planeta. - completou Hulfo.

Novamente o zumzumzum. Phyok aproveitou para tomar um pouco de àgua. Ofereceu também para Hulfo. O Conde Janson gesticulava sem parar. Foram minutos intermináveis de uma tácita discussão. De repente, Janson interrompe o burburinho mais uma vez com sua oratória.

- Diante do que acabei de ouvir admito que a situação que o Sr. Phyok elucidara merece a nossa mais tempestiva atitude. E, apesar de o Conselho me dar aval para uma ação armada em Tatooine, proporei um primeiro contato com esse Imperioso numa tentativa de conduzir a uma solução pacífica. Mas antes levarei o assunto ao Líder Enobias e pedirei seus maiores juízos nessa delicada situação. Quero agradecer aos membros desse Conselho que se dispuseram a comparecer a esta sessão extraordinária, apesar de alguns imprevistos no início. Quero agradecer a Hulfo Alandokarma por nos levar ao conhecimento deste fato através do Híbrido Phyok. Nossos estrategistas estão sendo acionados para estabelecer os critérios de um contato sem hostilidade. Comunico que estaremos sempre de prontidão a qualquer nova notícia. Por ora, considero como encerrada esta reunião.

Enquanto os membros saíam, Hulfo comentou com Phyok:

- Demos um pouco de trabalho para eles.

- Acho que este trabalho valerá por uns trinta ciclos - completou Phyok.

Na saída do Centro de Convenções, Hulfo segurou no braço de Phyok.

- O que vai fazer?

- Não sei ainda. Talvez arrumar trabalho.

- Vamos até a base de caças. Vou dar uma tarefa extra a alguém.

Hulfo levou Phyok no seu aeroflot até a base. Ao chegar, o alienígena surpreendeu-se com a quantidade de naves de guerra estacionadas. Reconheceu de imeditato o ASA-X.

- Foi esse aqui que me salvou.

- Espere um pouco aqui. Vou falar com uma pessoa.

Enquanto Phyok esperava, Hulfo foi até a sala de pilotos. Lá estava Sindy, já com os trajes espaciais. Chamou-a:

- Sindy, seu Feriado Geminiano começa agora.

- Mas, Hulfo. Eu ainda tenho um vôo.

- Deixe para o próximo período. Quero que mostre Mokha ao nosso amigo.

Os olhos de Sindy brilharam. Correu para a sala de vestuário.

Pouco depois os pesados trajes espaciais davam lugar a um vestido curto de Lycra que realçava as formas do corpo. Uma Stirrup-Tight NukmaDanskin cor de pele cobria as pernas. Em lugar das grotescas botas de borracha, sapatilhas de treliça. Os cabelos soltos e um batom agressivamente vermelho davam um toque de sensualidade.

Ao vê-la, Phyok tomou um susto.

- É você Sindy?

- Disfarcei-me bem?

- Eu só espero não perdê-la para um outro.

A jovem num ataque súbito agarrou a cabeça do lagarto e desferiu-lhe um beijo cinematográfico. Alguns pilotos até pararam para presenciar aquela demonstração de exacerbada paixão. Hulfo desviou os seus olhos para não parecer conivente com a cena.

- E ainda dizem que os alienígenas não levam sorte. - Pensou alto Hulfo.

- Será que agora me fiz entender? - ponderou Sindy ao seu alienígena .

VI

O pequeno aeroflot de Sindy voava a pouco mais de trinta metros do chão. Phyok teve de abraçá-la, já que tinha pouco espaço no cockpit do veículo. A cidade de Mokha tinha uma avenida principal larga onde diversos arranha-céus se impunham. Eram lojas, restaurantes, casas de cultura e muita, muita gente andando. Sindy pousou em um estacionamento ao lado de uma das esquinas que cruzavam a grande avenida.

- Esse negócio de pagar o estacionamento é um absurdo, não é? Já pagamos um monte de impostos e nem direito a estacionar temos.

- Prometo te pagar tudo o que gastar aqui, assim que eu acertar a minha vida.

- Pelo amor dos Jedis, Phyok! Você é meu convidado. Quero dizer, meu namorado. Nós vamos dar só uma passada aqui pra te mostrar o Centro. Depois vamos a um lugar mais afastado só pra nós.

Ambos desceram pelo ElevaTron até o nível do chão , pois o estacionamento ficava no alto em função dos aeroflots que chegavam por cima. Na cidade, passaram por vários lugares. Visitaram todas as lojas de roupas. Sindy comprou uma Jaqueta de Couro de Bantha para Phyok, que ficou sem saber como agradecer. Em outra loja, Sindy apontou uma coisa para Phyok:

- Tá vendo aquela stirrup FancyDanskin ali?

- Aquela cor de grafite?

- É aquela mesmo. Pode me dar aquela quando estiver empregado.

O compromisso foi selado com um beijo na boca. Nem se importaram com os olhares espantados de vários transeuntes que passavam. Afinal, era uma humana com um Híbrido Komondoriano. Até uma velhinha assustada, em vendo o exótico casal, disparou:

- Belo espécime, hein sua sadomasô.

Sindy olhou para a velhinha.

- Vai te catar, sua velha caquética!

Phyok fez um sinal com a boca para que Sindy parasse. Ainda bem que a velhinha já estava longe e não ouvira.

- Querida, já passeamos muito. Vamos para outro lugar. Aquele que seria só pra nós.

Sindy teve um súbito arrepio ao escutar o "querida". Concordou de imediato.

- Só não paramos para comer alguma coisa, amor.

- Estou ao seu inteiro dispor, minha salvadora. Que não seja demorado. Esta cidade não tolera muito os casais de origem diferente.

A bela moça pegou seu valete pelo braço e levou-o a um pequeno restaurante do outro lado da grande avenida. No meio da avenida, um velho mestre Jedi chamava a atenção dos que iam e vinham, dando mostra da sua capacidade de uso da Força. Várias pessoas permaneciam paradas, observando seus movimentos rápidos com o sabre de luz, ao rebater os raios atirados por um globo flutuante. Sindy preveniu Phyok:

- Não vamos ficar perto desse velho. Ele logo vai usar a Força para obrigar a quem o observa a dar algum dinheiro. Eu quase caí nessa uma vez.

Dito e feito. Todos os que assistiam tiraram suas carteiras e despejaram suas quantias sob os pés do velho. Como se não bastasse, tiraram objetos de valor como jóias, relógios de platinirubia, anéis e tudo o que rendesse uma boa quantia monetária. Ao ver aquilo, Phyok não se conteve:

- Eu vou acabar com essa farra.

- Por favor Phyok, não dê uma de herói. Ele é um Jedi. Vai te dominar. Pode te matar se quiser.

- Confie em mim, Sindy – Phyok disse enquanto tirava carinhosamente as mãos da receosa jovem de seus ombros.

Enquanto o velho recolhia o que estava no chão, uma voz rompeu seu ouvido.

- Ei, isso não é conduta de um Jedi. Devolva já para quem o deu.

- E quem é você para me mandar? Eu nem obedeço aos guardas, muito menos a um híbrido. Vocês são o lixo do lixo.

- Prefiro vir do lixo a ganhar a vida dessa maneira mesquinha.

- Vai pagar com a vida o que acabou de dizer, lagartinho!

O velho Jedi levantou-se e começou a concentração. Queria estrangular o alienígena. Phyok levou a mão ao pescoço. Torceu-se de um lado a outro, mostrando falta de ar. Agora eram várias pessoas a assistir o que seria outra vítima do poder Jedi. Sindy desesperada gritava por entre lágrimas para que o velho parasse. Quando Phyok viu que Sindy chorava, levou sua mão aos olhos da jovem para enxugar-lhe as lágrimas. Sentiu que o fingimento que fazia estava muito real. Virou-se para o velho que começava a franzir a testa usando toda a sua Força para provocar o estrangulamento. Pessoas em volta desmaiavam sob o campo de energia liberado pelo mestre Jedi. Phyok decidiu que era a sua vez.

Foi se dirigindo ao velho, sem mostrar qualquer sinal de submissão ao seu poder. Num gesto rápido, segurou no sabre de luz que já reluzia e puxou para si. Com um giro veloz colocou-se atrás do mestre e com um braço deu-lhe uma gravata leve. Apenas iniciara seu ataque.

- Largue-me seu verme! Demônio das Trevas!

- Agora, Jedi. Aprenda como um Híbrido Komondoriano luta.

E o alienígena começou a desferir-lhe vários toques de língua seguidos em sua nuca. A cada segundo os toques eram mais rápidos. Sindy não acreditava no que via, mesmo estando meio tonta do efeito daquele campo de energia liberado em todas as direções. Os toques chegaram a trezentos por minuto. O velho Jedi começou a babar. Os toques agora eram mais fortes, mais ferozes. Sua túnica encharcava cada vez mais de tanta saliva. Phyok não cessou de sensibilizar a nuca do mestre até vir o desmaio, tendo o velho jedi perdido quase que metade da água do seu corpo. Por fim, deixou o mestre derrotado esticado no chão.

Sindy chorava agora de alegria. Correu para Phyok

- Eu estava com medo de que você morresse, meu anjo Jedi. - Beijou-lhe freneticamente.

- Desculpe-me a enganação que fiz. Não sabia que era emotiva. Se soubesse, teria resolvido o problema sem muita cena.

- Você quase que acabou comigo.

Quando deram por si uma multidão correu para pegar o dinheiro e as jóias deixadas no chão. Alguns guardas chegaram com o rebuliço e levaram o Jedi embora. Um dos guardas ainda perguntou:

- Quem foi que acabou com a festa? É a primeira vez que vejo esse Jedi se dar mal.

- Foi esse bicho aí. - Falou um dos que assistiam e que ainda reaveu seus pertences.

- Bicho, não. Ele tem nome! - Falou Sindy, decidida.

VII

A fome tinha ido embora. Depois daquela aventura preferiram terminar o dia num parque floral bem longe dali. O parque funcionava diariamente e era fascinante a diversidade de espécies de plantas que cativavam os presentes com seu perfume e suas cores diversificadas. Passearam por uma hora e meia, contemplando a bela vista que se apresentava.

- Foi ali que a Alekhta torceu o braço uma vez.

- Você a conhece?

- Sou sua amiga desde o berço. Fizemos muita coisa juntas. Hoje ela é Procuradora do Senado Neo-Republicano. Manda e desmanda nas liberações de verbas. Eu até estou preocupada com esse negócio dos retroturbos.

- Retroturbos? Daqueles speeders que vi lá em Morello?

- Nem fala. Usaram a assinatura dela e mandaram liberar dois milhões de Petrocenos para trocá-los em menos de dez ciclos equinociais.

- Se isso não for roubo, só pode ser chantagem.

Sindy levou Phyok para um banco espaçoso que avistara em meio a um pequeno bosque. Phyok sentou-se. Sindy tirou suas sapatilhas e deitou-se com a cabeça sobre o colo do namorado. Queria dar uma esticada nos pés.

- Eu adoro essas stirrup-Tights. Os pés ficam de fora, permitindo mais movimentos. Só tem essa alça lateral pra manter preso ao tornozêlo. Ah, mas nada como ficar descalça, não é? Mas Phyok, me conte, você também é Jedi?

- Não. Apenas sou imune à Força. E também conheço alguns pontos fracos dos Jedis. Você já ouviu falar nas Cartas de Falenty?

- Uma vez, há muito tempo. Mas é uma doutrina secreta, não é?

- É mesmo. Houve uma época que alguns monges do rochedo Falenty estudaram tudo o que acontece quando um Jedi está no uso da Força. Sabe o que são os Chakras?

- O quê?

- Os Chakras. Sete pontos de energia que todos nós temos que governam tudo que acontece com o corpo, a mente e a emoção. O principal Chakra é o que se localiza atrás da nuca. Quando um Jedi chama a Força para si, este Chakra começa a brilhar mais forte. Se não for muito treinado nos métodos da Força ele não conseguirá controlar este Chakra. O que pode levar na maioria das vezes a uma subserviência ao que consideramos ser o "Lado Negro da Força".

- Então os Jedis do mal eram do mal porque não conseguiam controlar este Chakra?

- De certa forma, sim. É claro que, em algumas situações, o Jedi passa a ser do mal por uma questão de simpatia. É o caso lá de Tatooine, aquele Lorde Imperioso.

- Entendo.

- Naquela hora que peguei o Jedi por trás, comecei a drenar toda a energia desse Chakra, dando toques rápidos, digo bem rápidos, na sua nuca. Algo que só conseguiria fazer com essa língua aqui de lagarto.

- Por isso ele salivava.

- Certo. Perdera todo o seu controle em pouco tempo.

Sindy ainda estava curiosa:

- Mas porque você é imune à Força?

- Se você prometer não chorar e ficar com a boca fechada, eu te conto.

- Prometo. Palavra de Cavaleira StarLight.

- Bem, faz muito tempo. Eu era ainda bebê. Minha mãe era humana e meu pai era Híbrido. Ele servia no comando tático da Antiga República, um pouco antes das guerras clônicas. Quando ele chegava de suas missões, contava para minha mãe as atrocidades que o Império fazia, este ainda em formação. O imperador Palpatine tinha como prazer matar Komondorianos numa demonstração do que esperava todo aquele que não se convertesse ao Império. Minha mãe pedia constantemente a meu pai que procurasse outra atividade antes de sua partida para qualquer missão, temendo o pior. E esse pior veio. No dia seguinte ao da partida de meu pai, um sonho prenunciou a notícia atroz. A campainha tocou pela manhã. Ainda posso ouvir esse som. Minha mãe abriu. Eram dois oficiais da Antiga República. Comunicaram que o meu pai havia sido vítima de um ataque surpresa de caças TIE numa base do planeta extinto de Alderaan. Minha mãe pegou os autos de pensionato e chorou compulsivamente pelo resto do dia. Eu senti a dor da minha mãe. E também senti a falta de meu pai, que minha mãe tanto elogiava, em minha adolescência.

Phyok parou e fechou os olhos, ficando estático por alguns instantes. Duas lágrimas escorreram pelos lados do seu rosto. Sindy acompanhou as lágrimas do namorado.

Phyok enxugou as suas lágrimas e as de Sindy, e prosseguiu com a sua explicação.

- Minha mãe tomou uma decisão a partir daquele momento: Meu filho não será vítima de um Jedi, seja do bem ou do mal. Partiu para a floresta de Maastira comigo no colo e capturou alguns Ysalamiri que se escondiam pelas árvores de Capelestrio. Com uma seringa pressurizada, retirou a seiva que corria em suas veias e injetou imediatamente em seus seios. Então, deu-me de mamar. A seiva é altamente tóxica, mas todas as toxinas foram absorvidas pelo corpo de minha mãe e eu recebia a seiva pura, pelo seu leite.

- Sua mãe foi muito forte.

- Mais forte que todos os Jedis da galáxia. Foram cinquenta Ciclos Equinociais recebendo essa seiva, quase que diariamente. Você deve saber que os Ysalamiri criam um campo que isola a Força. Uma característica que desenvolveram para escapar dos predadores que caçam com ela, os Vornskrs.

- Muitos ainda desconhecem isso. Eu mesma já tinha me esquecido desse detalhe.

- Cresci vendo minha mãe tomar doses cavalares de Nepressomo. Tinha de tomar diariamente se quisesse viver por mais algum tempo. Mas até que vivíamos com alegria. Alegria que perdurou até o Império chegar a Kolyhaps e obrigar os habitantes a se alistarem como serventes para as tarefas primárias: Limpeza, cozinha, lavagem e outras atividades afins. Pedi que deixassem minha mãe em paz. Em troca, serviria para o Império com fidúcia. Sabia que seria a última vez que viria a minha mãe. Ela ainda gritou para mim no dia em que vieram me buscar. Disse: Nós vencemos filho! Você sabe disso! Você é um grande orgulho para mim e para o seu pai. Um dia você será grande. Grande que terá um palácio para comandar. Talvez nem mais se lem...br..

Phyok já não conseguia continuar mais, pois as lágrimas o dominaram. Sindy soluçava tanto que ficara sem ar.

VIII

O estoque de água nos olhos de ambos já estava no fim. Ficaram ali abraçados por mais uma hora. Phyok acariciava os cabelos finos de Sindy que cobriam o seu tórax. O firmamento trazia as primeiras estrelas da noite. Phyok levantou-se e esticou a mão para ajudar sua namorada a se levantar, mas Sindy ainda ficou no banco. Queria mostrar mais uma coisa para ele.

- Olhe só Phyok. Uma das coisas que a "Expressive Contortionist" aprende é motrar sua leveza e flexibilidade ao seu consorte, como forma de compromisso eterno. Então...

Sindy Ficou de pé sobre o banco. Phyok observava. Serenamente, Sindy foi abrindo suas pernas, perfazendo um elegante “GRAND DÉCART” lateral. Phyok se espantou com a incrível demonstração de alongamento da moça.

- Sindy! Você vai ter uma distensão! Não precisava fazer isso, afinal eu te amo de qualquer maneira!

- Pouco importa. A dor é nada perto do que vi e escutei hoje.

- Você tem praticado um pouco, não é?

- Às vezes. Mas quem era uma fera era a Alekhta. Ela tinha uma abertura de duzentos e sete graus sem estar aquecida. Uma verdadeira garota-borracha.

O alienígena procurou as sapatilhas da jovem. Colocou-as nos pés da sua salvadora que agora voltava a ficar sentada. O dia terminara e agora era hora de descanso. Enquanto seguiam para pegar o aeroflot, Sindy perguntou:

- Você vai dormir aonde?

- Em qualquer lugar. Hulfo disse que havia um leito num dos alojamentos no palácio.

- Negativo. Você vai é pro meu conjugado. É apertado mas dá. Se os préstimos da Força sorrirem pra mim no próximo solstício, eu entrarei na lista para pegar um plano de compra de uma casinha.

- Com uma janela para ver o sol nascer. - completou Phyok.

A assertiva foi recebida com um sorriso de pérola. O pequeno aeroflot de Sindy levantou vôo e fez um giro no ar. Logo os turbos rompiam o silêncio daquela noite.

Em pouco tempo chegaram ao pequeno lar de Sindy, situado num prédio de apartamentos de cento e noventa e quatro andares. Sindy morava no 182o. Era simples, mas aconchegante. Phyok com seu olho clínico já definiu o que faria para torná-lo mais bonito. Quadros de naves se espalhavam pelo recinto. Um sofá-cama Simmepda ficava no centro. Um vídeo-laser MystyTech com efeito THX Projector ficava numa mesinha ao lado do sofá. Uma tela de trinta polegadas Phylcon e um som Plenistereo compunham o rack defronte do mesmo.

- É aqui que eu fico. Que tal?

- Muito bonitinho. Mas o andar...

- Eu sei. Nem ouso abrir a sacada. Aliás é proibido pelo condomínio abrir a sacada acima do centésimo andar. Mas em contrapartida, o ar condicionado é de graça.

Vai beber e comer o quê?

- Nada que dê trabalho.

- Leite de Bantha com aveia narestiana tá bom? Faço também um sanduíche de salmonya com maionese de solimo.

- Boa pedida.

- Fique à vontade. Tem uns canais de notícias bons no YAVINET. Sabe ligar o vídeo?

- Sei, amor. Mas eu queria ver umas fotografias. Tem algumas suas pra eu ver?

- Já te trago.

No pequeno closet onde as tralhas ficavam, Sindy pegou umas duas dezenas de álbuns. Eram fotos ainda tiradas sob papel fotográfico Polaroid. Contavam toda a sua vida.

- Fique olhando aí que eu vou fazer o lanche. São fotos antigas mas de um valor sentimental infinito.

Phyok entregou-se a admiração de toda uma vida desenrolando-se por aquelas páginas. Viu Sindy desde bebê. Seu pai, sua mãe. As clássicas fotos dos almoços de família. As festinhas de criança. Sindy com cobertura de bolo no nariz A ida ao colégio. As excursões ao zoológico, ao parque floral. As festividades de fim de Ciclo Translacional. A adolescência. Os passeios de nave em volta de Yavin. A grande amiga Alekhta participando em quase todas as imagens. As fotos das duas executando movimentos de "Expressive Contortion" nas demonstrações artísticas do colégio davam quase um álbum inteiro.

- Essa malha que eu usava foi confeccionada com o mesmo material das roupas de baixo dos soldados do Império. Que malha boa! - apontou Sindy com o beiço. Ela trazia numa bandeja o leite e os sanduíches.

- Bem, vamos comer. - falou Phyok, fechando o álbum. Enquanto comiam, Phyok indagou:

- Onde estão seus pais?

- Em Narestia. Não saem de lá nem com uma chuva de asteróides. É uma cidade pacata. Desde mocinhas, tanto eu quanto Alekhta sabíamos que teríamos de sair para outro lugar para crescer. E esse lugar foi Mokha. Completei com Alekhta o ciclo básico de Relações Intergaláticas. Logo depois, fui chamada para a academia de Pilotos. Alekhta se formou e eu fui a cadete na esquadrilha StarLight. O meu ídolo desde pequena era o Biggs Darklighter. Pena ele ter morrido naquele corredor da Estrela da Morte.

- Aquilo foi um feito e tanto. Fizeram carreata em Kolyhaps quando Han Solo e Luke Skywalker chegaram para uma Convenção. Nessa época eu já estava limpando o saguão principal do Palácio Imperial em Coruscant. Como devem estar agora?

- Ainda inteiros. Mas já sentem o peso da idade. O Han agora usa um sabre de luz para se parecer como um mestre Jedi. A Leia tenta disfarçar os cabelos brancos com véus de Xsarain. Também pudera, ela já é avó.

- As coisas mudam tanto que o que acabamos de presenciar já faz parte do passado sem percebermos – concluiu Phyok.

O lanche foi consumido com sorrisos. Phyok ainda voltou a ver os álbuns. Após o vigésimo álbum, os olhos do alienígena já não conseguiam ficar abertos. Sindy retirou a pasta com cuidado, deixando o seu namorado descansar sobre o sofá. Aproveitou para tirar-lhe os sapatos. Vendo que o ser se ajeitava para procurar a melhor posição durante o sono, foi até a pequena cozinha e com o seu CellUnit ligou para Alekhta.

- Alekhta?

- Sindy? É você?

- Você tá bem?

- Hoje o meu dia foi péssimo. Recebi os relatórios da Comissão de Orçamentos. O Nasir está metido nessa até o pescoço. Ele só fala com um defensor do lado.

- Isso é muito desgastante. E logo o Enobias, que tinha tanta confiança nele, como deve estar?

- Quase teve uma angina. Ele foi levado às pressas para o ambulatório, quando soube das atividades ilícitas de Nasir

- Bem minha amiga, mudemos de assunto por enquanto. Estou te ligando pra dizer que hoje abri um cento e oitenta.

- Abriu! Mas que maravilha! E quem é o bonitão?

- Um Híbrido. O nome dele é Phyok. Ele é lindo! E ele está aqui comigo!

- Você está apaixonada, hein? Eu te disse que aquela Sarlaccomante não errava.

Quando é que eu vou ver o galã?

- Talvez no meu próximo feriado. Ele precisa de um emprego. Será que...

- Bom, uma tarefa administrativa é difícil, pois tem que ter títulos. Mas posso arranjar algo menos nobre, que pode dar uma remuneração razoável. Isso de imediato. Depois arranjo uma atividade mais pomposa. Ele sabe fazer limpeza?

IX

Pelo seu CellUnit, Nasir era repreendido veementemente.

- Cale-se!

- Mas, Lorde. Eu fiz o que você mandou.

- Se tivesse feito certo, não teria dado auditoria. Por acaso, quem escalou essa garotinha pra inspecionar?

- Foi o Hulfo. Foi ele quem mudou o turno. O nosso homem foi para a ala dos caças intergaláticos.

- E você, confiante na displicência do inspetor de manutenção deixou a coisa fluir, não é mesmo?

- Veja, Imperioso. Nós ainda podemos abafar o caso, dando um jeito naquela Procuradora, a Alekhta. Ela é a toda-poderosa, e além do mais tem o Senado na palma

da mão. Podemos armar um suicídio.

- Não conte comigo para isso. Será muito pior. E não fique com essas argumentações inócuas, que não vão fazê-lo escapar de um processo no Senado. Mas tentarei ser benevolente, pois ainda preciso de sua ajuda para estabelecer uma rota sem problemas para os retroturbos usados até Tatooine.

- Você ainda me deve um bom álibi para sair desse processo, não se esqueça disso.

- Isso se você descobrir quem será o responsável pelo armazenamento das chaves de bloqueio do campo de força sobre Yavin no sexto ciclo equinocial de K-A0 sobre a constelação de Antares VI. Não quero atrasar o meu ataque a Yavin. Quero vingar a primeira destruição da Estrela da Morte.

- Impossível. É aleatório.

- Aleatório ou Alekhtatório?

- Você sabe?

- A Força me dá respostas precisas quando necessito. Só queria testar sua incompetência. Quero que me diga onde e quando acionar os rebocadores estelares para buscar a minha prenda. E se falhar ou contar pra alguém, já sabe. Eu entrarei em contato.

O CellUnit estava empapado de suor. Nasir secou-o com a manga da túnica. Estava aguardando o seu defensor para se dirigir a outra sessão de Inquérito sobre a compra dos retroturbos. Mal sabia Nasir que estava sendo uma mera peça de um esquema de armamento muito maior em Tatooine, com subornados em vários sistemas, a trocar peças de naves usadas sob pretexto de manutenção e enviá-las ao planeta onde seriam usadas para aparelhar caças COBRA-SINK, mais poderosos que os TIE. Imperioso estava contando os ciclos que faltavam para dar o primeiro aviso ao Comando de Yavin. Se resistissem, partiria para o ataque sem trégua.

X

Phyok acordou com um susto. Não sentira que adormecera. Viu os primeiros raios do dia atravessando uma nuvem que passava em frente à janela. Procurou por Sindy, mas ela não estava. Bocejou e olhou para o relógio da parede: Nove e vinte. Falou para si:

- Dormi demais.

- Bom dia!

- Sindy! Onde estava?

- Escovando meus dentes. Ei, vá jogar uma água no rosto. Você está com cara de anteontem. Eu fiz um capuccino estilo Jawa para o café. Te espero para tomarmos.

Phyok levantou-se e foi até o banheiro. Sindy achou estranho que uns speeders faziam voôs sem parar em volta do prédio.

- Esse barulhinho dos turbos me irrita. Porquê estão fazendo isso?

Mal terminou de suspirar, o YAVINET acusava sinal de uma notícia de fator relevante. Sindy pegou o remoto e ligou seu Visor Phylcon.

“Prezados Teventes: A Nossa Central de Notícias acaba de receber a informação de que o Palácio Novalgenie foi tomado por forças simpatizantes de uma Facção denominada de Facção Suástica, de Tatooine. Fazem reivindicações de uma nave para deixar o Planeta, levando uma refém. Trata-se da Jovem Procuradora do Senado Alekhta Dimapezio. Ela estava coordenando uma ação de uso indevido de verbas da República, tendo como principal suspeito o Conselheiro Nasir de Loganto.”

Phyok saía do banheiro e viu Sindy pasmada.

- Que foi?

- Alekhta. Eles pegaram ela.

- Quem?

- Essa facção de bandidos. Depois disso terminado, eu vou acabar com o status desse Nasir! Vou agora para a base. Pedirei ao Hulfo para pilotar um speeder víbora. Quando esses caras saírem do chão vou mandar torpedo neles.

- E se eles levarem sua amiga? De que vai adiantar?

Sindy abraçou-se com o alienígena.

- Porquê as coisas nunca podem ser um pouco mais tranquilas?

- Nós vamos resolver isso. Temos que ter calma. Negociarei uma troca com esses indivíduos: Eu vou no lugar da Alekhta.

- Você está louco? Eu não quero perder quem amo! Não vou aguentar outro presságio como foi o daquele Jedi ontem.

As palavras foram deixadas de lado. Em pouco tempo já seguiam para a base de Morello. Ao chegar, vários pilotos estavam a bordo de seus caças prontos para agir.

Hulfo estava nervoso.

- Decolem logo, seus molengas! Querem esperar e ver Mokha sumir?

- Hulfo, que foi? - indagou Sindy.

- Sindy, eu não queria, mas se prepare. Vamos ter uma batalha. Aquele Lorde mandou duas esquadrilhas de TIE e estão vindo depressa. Forçaram Alekhta a abrir o escudo de força e pelo visto trarão armamento pesado. Quero que acompanhe as forças de terra.

- Vou num speeder víbora.

- Não há atiradores para ir com você, Sindy. Todos já estão com os pilotos.

- Eu vou com ela, Hulfo. Atiro bem.

- Numa situação como essa, não terei meios de te impedir. Faça o que for preciso, amigo. Só não esqueça de cuidá-la direitinho.

Hulfo os guiou para o hangar onde um speeder víbora acabava de ser abastecido. Era uma nave linda. Dava um show perto dos outros speeders. Havia duas metralhadoras laser no local do atirador, além de dois arpões magnéticos padrão FACON-CHASER. Um víbora podia alcançar a MACH 9 numa aceleração. Podia lutar em igualdade de condições com os caças TIE em terra. Hulfo ajudou a prender o cinto de segurança em Phyok. Enquanto prendia, dava instruções de manuseio das metralhadoras.

- Vou ficar devendo o capacete, amigo.

- Eu já sabia disso.

XI

Em pouco tempo a nave girava numa manobra arrojada e ganhava os céus. Hulfo apenas olhou para a nave já longe e desejou que a FORÇA acompanhasse os dois tripulantes. Procurava esquecer a súbita crise de artrite que atacara seu punho direito, o que o impediu de pilotar seu speeder. Dentro do cockpit, Phyok mostrava-se cada vez mais deslumbrado com Sindy, que demonstrava ser um braço e tanto no manche ao executar manobras radicais no víbora.

- Aqui Sindy em 2047.8 Phasihertz, apresentando-se na esquadrilha de defesa ROGUE!

- Seja bem vinda, Sindy! Fique na retaguarda e proteja principalmente a base! E boa sorte! - falou o coronel Sperr, em seu speeder.

A jovem olhava a todo o instante para os écrans, numa expectativa de encontrar logo os caças TIE.

- Cadê eles?

- Fique atenta - falou Phyok. - Algo nos écrans?

- Ainda não.

De repente uma explosão. Estavam bombardeando com TIE BOMBER as instalações da base de Morello.

- Chegaram! Seis TIE em dez! Vamos lá!

O versátil víbora acelerou e logo encontrou seus inimigos. Dois se colocaram atrás enquanto os outros quatro chegavam pela frente. Phyok lembrou-se do momento em que os TIE o perseguiam na fuga de Tatooine. Não tinha como lutar da vez anterior, mas agora tinha. Os lasers começaram a ser disparados de ambos os lados. Um TIE foi atingido por Phyok. O outro desviou para uma nova investida. Sindy também alvejou dois TIE, que se chocaram no ar.

- Só três agora, amor! – Sindy falou confiante.

Não eram mais três. Vinham mais quinze. Estavam na cola do pequeno speeder. Lasers eram disparados numa sequência ininterrupta.

- Sindy! Eles estão chegando perto! Não dá mais pra segurar! - Phyok dizia enquanto abatia mais dois TIE.

- Phyok, quando eu disser já, aperte o botão triangular no meio do seu controle!

- Vamos ejetar?

- Não. Confie em mim. Atenção! JÁ!

Os botões foram apertados. O speeder se bipartiu e dois turbos independentes levaram o núcleo de Phyok e o núcleo de Sindy para o reencontro, atrás da esquadrilha de TIE.

- Mas como isso...foi....po...possível?

- Cissiparidade, meu amor. Um novo recurso deste speeder.

- Sindy, eu te amo, minha salvadora.

O víbora descarregou seus torpedos atrás dos TIE. Dez caças foram abatidos em poucos segundos. Os outros fugiram. O sabor da vitória mal podia ser contido. Sindy chorava de alegria. Mas essa alegria não pode ser compartilhada pelos outros pilotos que estavam nos speeders comuns, pois vários tinham sido abatidos pelos TIE. Enquanto isso, os BOMBER faziam a destruição. Passeavam sem ser incomodados despejando o terror sobre Mokha. O víbora estava agora com mais de três quartos de seu poder de fogo extinto. As lágrimas que Sindy deixara cair de alegria agora eram de tristeza.

- Perdemos, Phyok. Nossas forças estão no fim.

- Mas perdemos de cabeça erguida. E os outros speeders?

- Aguentando como podem o resto dos TIE de ataque. Devem ter vindo mais de cento e cinquenta naves para cá. Estão acabando com os nossos locais históricos. Devem destruir até a Torre de Captação Magnetocósmica.

- O que foi que você disse?

- Torre Magnetocósmica. Ela capta ondas magnéticas do espaço para diminuir interferência de transmissão de comunicação das naves com o Comando de Yavin.

Phyok ao ouvir aquilo teve um rasgo de alegria.

- Sindy, nós vencemos.

- O que quer dizer?

- Nós vencemos. Vamos correndo para essa Torre.

Sindy ainda não entendia, mas como todo o Híbrido Komondoriano possui mais cartas na manga do que se imagina, acelerou tudo em direção à Torre. Por sorte os TIE BOMBER ainda não tinham chegado com o seu poder destrutivo. Phyok falou:

- Fique de costas para a Torre. Eu vou disparar um arpão em cima dela. Depois te digo o que fazer.

Sindy colocou-se a dois quilômetros da Torre.

- Calma, Sindy. Não trepide a nave que eu quero dar um tiro certeiro. Atenção...Já!

O tiro do arpão agarrou bem no topo da Torre. Vendo que tinha feito um tiro perfeito, Phyok disse para Sindy:

- Agora, Sindy. Corra em volta da Torre. Dê tudo no víbora. Se a força G começar a atrapalhar, retese todos os seus músculos e respire como um filhote de Vornskr. Sabe como é?

Sindy já ficava com a língua de fora, respirando rápido.

- Comece já! - Phyok ordenou.

Sindy ligou os turbos à toda potência. A nave começou a corrida. A jovem deixou a aleta direcional direita da nave presa pelo manche direito interno, enquanto com o esquerdo forçava os turbos.

- Segure, Sindy! Eu talvez não aguente pois estou de costas.

- Phyok...eu...eu...nã...não...es...tou.

- Segure firme minha querida. Precisamos estar a pelo menos se..set...

Phyok desmaiou. Já estavam a MACH 4. Sindy ainda aguentava pois era treinada para tal. A velocidade chegava a MACH 5 (Go Speed Sindy, Go!). A força G estava implacável. E nada de novo. Que loucura seria essa? Sindy espremeu todos os músculos e começou a respirar rápido, mas a pressão era muita. Logo estava a MACH 6. Parecia que aquilo era uma tolice sem qualquer objetivo. A vista da escotilha doía-lhe a vista. A jovem fechou os olhos para que não ficasse tonta. Seus músculos doíam de tanto que os retesava. A respiração cada vez mais estava mais difícil de ser feita. MACH 7. De repente, vários TIE BOMBER desgovernados começaram a aparecer de todas as direções. Era uma avalanche de naves que eram puxadas pela força magnética violenta gerada pela Torre. O revestimento das asas verticais dos TIE era de material sensível ao magnetismo, em virtude de facilitar o abastecimento no espaço, bem como captar ondas termonucleares cósmicas na manutenção dos sistemas de navegação. Naves se espatifavam em sua estrutura enquanto várias outras se chocavam numa mostra de total descontrole de direção. MACH 8. O pequeno víbora dava sinais de exaustão nos Turbos. Sindy quase estava à beira do desmaio, mas lembrou-se da mãe de Phyok. Decidiu que seria tão forte quanto ela. MACH 9. Não era mais possível continuar com os turbos em pressão máxima. Aos poucos foi soltando o manche de aceleração. O víbora diminuiu de velocidade. Sindy voltou a respirar normalmente. Os músculos relaxaram. Estavam moídos. Quando pode ver novamente pela escotilha, a Torre mais parecia uma colméia, com umas setenta naves TIE presas à sua estrutura. Algumas totalmente destrúidas pelo impacto com a Torre. Mas todas as naves fora de combate. Pelo comunicador, Hulfo gritava:

- Sindy! Você é um sonho Jedi! Que ação brilhante! Conseguiu neutralizar os TIE! Eu não posso acreditar no que vi! Como está o Phyok?

- Desmaiado. Mas acho que está bem. Se ele não tivesse me ensinado a aguentar a força G, talvez não conseguisse. A idéia de criar um campo de atração magnético forte foi dele. Ele merece ser condecorado.

- Vai ser mais do que isso. pode acreditar!

Sindy destacou o cabo que os mantinha ligados à Torre. Seu víbora estava quase a ponto de ter uma pane. Pilotando com carinho, pousou a pequena mas valente nave para o solo. Ao levantar a escotilha, contemplou a bela maravilha arquitetônica que se formara à sua frente. Olhou para o cockpit de trás a fim de ver o seu querido.

- Phyok! Acorde! Você estava certo, meu amor! Nós vencemos!

Phyok ainda estava tonto, mas encontrou forças para dizer:

- Eu te amo, minha salvadora.

XII

Pessoas saíam de seus esconderijos e estarreciam-se ao ver a Torre com uma coleção de caças TIE. Alguns pilotos dessas naves batiam nas escotilhas querendo sair. Não demorou muito uma guarnição de defesa chegou para o resgate dos pilotos presos. Cada piloto resgatado era imediatamente levado para a carceragem, algemado nos pulsos e tornozêlos.

- Por favor! Eu só piloto aquela porcaria ali. Nunca matei ninguém. Só fiz o que o Imperioso mandou. - explicava-se.

Sindy e Phyok riram com entusiasmo. Um riso igual à primeira vez quando se encontraram naquele quarto de recuperação.

Hulfo chegava no seu aeroflot. Abraçou a ambos e ficou sem palavras para descrever aquela obra prima confeccionada com força magnética.

- Gostaria que isto estivesse acabado. Mas ainda temos um problema.

- Alekhta! O Palácio! - Clamou Sindy.

- Os TIE sequer passaram por lá. Mas no Palácio ainda estão todos feitos reféns. Eu contatei com Han Solo e ele está vindo pra cá. Ou melhor, o time todo. Não querem perder outra aventura. - comentou Hulfo.

Hulfo só dizia a Phyok que ele receberia a mesma medalha que Luke Recebera quando destruiu a primeira Estrela da Morte. E seria ordenado Grande Líder Starlight. Algo que poucos haviam conseguido.

- Vai receber a ordem do Capitão Wedge Antilles, Phyok. Ele vai sair de sua fazenda só para esta ocasião. Há quarenta ciclos que o capitão nem quer saber sobre naves.

- Sindy, vamos logo para Novalgenie. Eu quero acompanhar essas negociações. Estou achando muito estranho o fato de o Palácio Ter permanecido intacto a esse ataque.

- Não invente mais outra, meu querido. Já ganhou seu dia.

Os três embarcarm no aeroflot e em pouco tempo aportavam diante do Portal Principal do Palácio de Novalgenie. Havia guarnições de soldados por toda a parte. Motospeeders zuniam sobre as Torres do Palácio, observando a movimentação do lado de dentro. No saguão central, dois conselheiros, Nasir de Loganto e Alekhta eram ameaçados pelo líder da milícia simpatizante da Facção.

- Bem, eu não vou esperar por mais tempo. Ou vocês mandam essas guarnições saírem ou explodo todo esse Palácio. O que me dizem?

Alekhta estava com o comuicador para ordenar um recuo das guarnições. Ao fazer menção de falar, escutou uma voz que a alegrou.

- Alekhta, sou eu. A Sindy.

- Sindy! Deixe eu falar com o chefe da Guarda! Quero ordenar a retirada das tropas do Palácio. O líder está com um detonador térmico e se não deixarem o Palácio agora ele vai explodir tudo. Eu ainda não entendi porque as explosões dos TIE BOMBER de repente cessaram.

- Dê o comunicador para o Líder. Diga que o Chefe dos Guardas quer lhe falar. Se você notar algo estranho na fisionomia dele enquanto estiver falando, dê um grito para podermos ouvir, ok?

Alekhta chamou o líder.

- Ei, o chefe da guarnição quer falar com você. Disse para esperar uns minutos até liberar os motospeeders que fazem a cobertura por cima.

- Eu não quero falar com ele. Diga o que acabei de ordenar.

- Mas ele só aceita fazer se puder falar diretamente com você.

Com violência, o líder arrancou o comunicador da mão de Alekhta. Ao colocar no ouvido, sentiu um assobio em uma frequência inaudível para os humanos, mas que Jedis podiam ouvir. Seus olhos mudaram de cor. Alekhta assustada, gritou não somente por avisar, mas também de espanto.

Do outro lado, Phyok ouvia. Era dele o assobio que reconhecia um Jedi. Sua língua mais uma vez era um fator decisivo.

- Ela gritou! É ele mesmo, como eu supunha.

- Quem?

- O Imperioso. Ele veio antes do ataque. Por isso os BOMBER não estiveram aqui.

- Mas como?

- Para um Jedi, não existem barreiras. Mas agora temos que entrar.

- E se nós descermos em um speeder?

- Você pilotaria?

Sindy procurou pelo campo alguém que tivesse vindo de speeder. Azar, só tinha motospeeders. Teria de ir mesmo assim. Subitamente, uma nave SkipRay rompia os céus.

- São eles! Os heróis de sempre! - Hulfo gritava.

Sindy e Phyok aguardaram o pouso. Quando as escotilhas foram abertas, três figuras já conhecidas por todos se faziam presentes. Hulfo correu para ajudá-los a descer.

- Hulfo, não precisa ajudar demais. Eu posso estar meio velho mas ainda desço esta escada. - Falou Han. - E o quê houve?

Hulfo lhe explicara tudo o que passaram. Aproveitou para fazer elogios expressivos a Phyok e Sindy que sozinhos conseguiram neutralizar toda a esquadrilha de BOMBER e salvar a cidade de Mokha. Leia chegava por trás. Ao seu lado Luke. Luke ao ver Phyok reconheceu um adversário à sua altura.

- Sinto a Força sendo bloqueada quando dirijo-me a ti, guerreiro Phyok.

- Mestre da Força, aqui me tens como um fiel servo a lhe ser útil no que for preciso. - Phyok se apresentava.

- E esta aqui é a Grande Sindy. - Falou Hulfo. Ela é a melhor piloto de speeder desde a instauração da Nova República.

- Estamos felizes pela sua grande mostra de bravura, Sindy. E eu sinto a Força correndo forte em você. Precisa praticá-la. - Confirmou a Princesa Leia.

- Eu não gostaria que me visse nesses trajes, senhora. É anti-ético.

- Bem, quer dizer que temos outro Jedi do mal aí dentro?

- É. Estamos aqui e precisamos entrar. Mas teria que ser por cima e com as motospeeders vai ser difícil.

- Entrem no SkiPray. Vamos descer por cima, numa entrada triunfal.

- Han! Você não é mais rapaz. Veja lá o que vai aprontar.

- O suficiente para ter outra história pra contar pro meu netinho.

No skipRay entraram Sindy, Phyok, Luke, Han e vinte guardas. Leia ficou fora. Estava esperando uma chamada de sua filha Jaina, pedindo conselhos de como fazer o seu neto parar de chorar.

A nave decolou a pouca velocidade, despistando um possível barulho. Luke usava a Força para confundir as mentes dos saqueadores que faziam guarda dentro do Palácio.

- Sindy, me ajude. Concentre-se comigo. Sua Força vai me ajudar. Quando eu era mais jovem me garantia. Hoje, preciso de uma ajuda.

- Viu, Phyok? Eu tenho a Força. Cuidado comigo, hein?

- Vou ter. Prometo.

Luke e Sindy fecharam os olhos. Uma aura cor azul se destacava de ambos. Phyok ficou espantado. Tinha uma namorada Jedi e até então não sabia. Dentro do Palácio, os saqueadores sentiam tonturas. Era o suficiente para não perceberem a nave chegando por cima. Imperioso sentiu algo errado. E percebeu um distúrbio na Força como há muito tempo não sentia.

- Atenção! Vou desligar os retroturbos. Essa nave vai cair com o peso todo em cima do teto do Palácio. Segurem firme! - Gritou Han.

Phyok pediu a Sindy para sair da concentração e se segurar. Luke também se segurou.

- Lá vamos nós!

Han desligou os retroturbos. O Skipray foi descendo. A cada segundo, a gravidade se fazia mais presente. A nave caía mais violentamente.

- Vamos bater! Segurem-se!

O impacto foi estrondoso. A cúpula de Cristal do Palácio foi destruída e estilhaços de vidro faziam uma orquestra de sons bizarra. O SkiPray foi contido por Han numa ação rápida de acionamento dos "RepulsorLifts", uma fração de segundo antes do impacto com o chão.

- Todo mundo bem ai? - perguntou Han.

- Todos bem, disse Luke.

A escotilha da nave foi aberta. Guardas saíam e tomavam posição de ataque. Luke saiu primeiro. Usou a Força para descobrir onde estava Imperioso.

- Eles estão ali, atrás da Grande Ala Espectral. - Ao dizer isso, pressentiu que havia um morto.

Pouco a pouco, saíram Han, Sindy e Phyok. Aparentemente não havia resistência. Sindy tentou usar a sua "Força" para tentar ver se havia saqueadores por perto, mas o máximo que sentia era um estilhaço de vidro a machucar-lhe o pé.

- Onde se meteu o Luke? - Perguntou Han.

- Foi até Grande Ala e sumiu. - respondeu Sindy.

Enquanto andavam, uma voz ecoou pelo saguão.

- EU ESTOU AQUI! E AINDA TENHO A GAROTA! SE TENTAREM ALGO, MATO-A, ASSIM COMO O CONSELHEIRO QUE ME CONFIOU SEUS SERVIÇOS ATÉ A HORA DA SUA MORTE!

- Desgraçado! - Gritou Sindy. - Ele matou o Nasir!

- Calma, querida. Nós vamos vencer. - Falou o alienígena.

Quando olharam para o saguão Beta-Maphoru, vislumbraram a pobre Alekhta sob a mira do sabre de luz de Imperioso. Ele ficava por trás da moça. No lado esquerdo Luke tentava se levantar. Recebera uma descarga de raios tão forte quanto aquela que recebera do Imperador Palpatine tempos atrás..

- É a segunda em trinta anos - suspirava por não ser tão forte para aguentar.

Phyok gritou:

- Imperioso! Deixe a Alekhta! Vamos lutar como homens! Se me venceres, pode sair com o SkiPray e voltar para Tatooine. Tem a palavra de todos.

- É. É mesmo. - Ratificou Han, um tanto presunçoso.

- Lutar com você? - Imperioso ficava incrédulo.

- É a minha oferta. Eu não sou Jedi. Vai ser mais fácil para você. Aliás, porquê quis vir até Yavin?

- Eu queria testemunhar o meu triunfo sobre vocês. Foi fácil demais entrar neste planeta, em se podendo contar com uma ajudazinha interna. Pena eu não poder contar mais com ela - o Lorde olhava para o corpo sem vida do Conselheiro.

Enquanto falava, o raio do seu sabre queimava a roupa de Alekhta. Ela tremia de medo. Imperioso e Phyok fitaram-se por alguns instantes. Seus olhos mantiveram-se na mesma paralela, imóveis. Luke pressentira que Phyok usava uma técnica de hipnose, e que tinha todas as chances de obter uma vitória. Por fim, o Jedi pegou Alekhta e a atirou para onde estavam Han, Sindy e Luke.

- Podem ficar com ela.

Alekhta foi acudida por Sindy, que agora soluçava de tanto prender suas emoções durante a ameaça do Jedi.. Vira a morte violenta de Nasir e não vislumbrava mais uma esperança de salvação.

- Vamos lá lagarto! Estou esperando para destruí-lo com a Força!

Luke pensou em emprestar seu sabre para Phyok, mas teve outra idéia.

Olhou para uma Cristaleira e percebeu um florete de CrystallDyamon. Uma arma com o teor de pureza de cristal mais próximo da plenitude. Era a única matéria a suportar o brilho dos sabres de luz e a arma perfeita de um grande esgrimista. A Força lhe ordenara a dar o florete para Phyok. Pegou o florete e jogou para o alienígena.

- Segure, amigo!

Phyok pegou o florete. Viu a pureza do cristal. Era a mesma arma que vira exposta no Centro de Artes e esportes de Kolyhaps. A arma de um lutador Komondoriano. Olhou para Imperioso e ficou ereto, com o florete. Procedeu a sua apresentação, rasgando no ar a assinatura de sua técnica.

Imperioso lembrou-se daqueles movimentos. Não conteve a sua ira:

- Então foi você, Lagarto! Destruiu o sonho da supremacia do Império em Bimiisaarii!

- Eu estava fazendo apenas o nome do meu povo ser clamado mais alto.

- Cale-Se! Se não fosse a sua intromissão, nossas atletas-bailarinas levariam a Fáfila Platinirubia! Ainda bem que Vader tomou as devidas providências em ridicularizar esta Arte!

Sindy que a tudo ouvia ligou os fatos: O campeonato de "Expressive Contortion" em Bimiisaarii fora a maior disputa de todos os ciclos. Fora realizada um ano antes de seu nascimento. E marcou novamente a vitória de Kolyhaps, numa demonstração avassaladora de expressionismo corpóreo, sobre as super-atletas do Império. Então fora Phyok que treinou as atletas de Kolyhaps no manuseio dos sabres. Recebeu a equipe o alcunha de "Cirque du Soléil Spatiale". Em função disso Vader, no auge da sua indignação, comandara uma campanha de humilhação desta Arte. Por isso que Phyok disse que essa Atividade estava ficando esquecida em seu mundo. Agora tudo ficava claro.

O alienígena, revoltado com o que ouvira, demandou:

- Agora vais sentir a dor que o meu povo vem sentindo com a falta dessa Arte, Jedi!

Foi dizer isso e Phyok correu para o Jedi. As armas se cruzaram. O brilho do sabre refletiu sobre o florete e um raio poderoso atingiu uma das pilastras do saguão. Imperioso lutava e tentava estrangular Phyok, que se mantia tranquilo numa defesa reversa. Seu rosto mudava de cor e de fisionomia ao perceber que cada novo ataque era inútil. Começou então a atirar tudo o que via para atingir o ser, usando a Força. Phyok se defendia como dava.

- Cuidado, Phyok! - Gritou Sindy ao ver que Imperioso atirava estilhaços de vidro.

O alienígena preferiu ferir-se e partir na direção do Jedi. Seu corpo era vítima dos estilhaços que vinham rasgar-lhe a pele. Outro cruzamento de espadas e um raio cortava as paredes do saguão. Phyok investiu toda a sua agilidade em Imperioso, conseguindo ferir-lhe o estômago. O Jedi gritou de dor, mas conteve o sangramento. Luke chegou em Sindy e pegou em sua mão.

- Vamos, moça. Temos que ajudar o guerreiro.

Ambos se concentraram. Phyok agora sentia a fraqueza, em virtude de tanto sangue derramado pelos estilhaços que não paravam de rasgar-lhe o corpo. Estava perdendo suas forças. Imperioso, que viu-se numa situação mais favorável, dirigiu-se ao alienígena.

Vendo que ele estava fraco, pronunciou:

- Perdeu, Lagarto. Agora terei o prazer de vingar-me da derrota da equipe Imperial em Bimiisaarii.

Phyok viu que o sabre se erguia para degolá-lo. Só pode olhar para o lado em que estavam Luke e Sindy, numa solicitação de perdão por ter perdido a luta, mas quando seus olhos viraram para à frente pode visualizar duas imagens que o fizeram voltar à sua infância. Diante de si estavam seu pai e sua mãe, de um jeito como nunca tinha-os visto. Uma lágrima escorreu dos seus olhos. Ambos sorriam-lhe e diziam: Você é o nosso maior orgulho! Defenda esse Palácio que será seu!

O alienígena sentiu suas energias voltarem para um ataque decisivo. Segurou firme o florete.

- Morra, Verme!

O sabre zuniu. Sindy gritou de desespero. Alekhta fechou os olhos. Phyok desviou-se uma fração de segundo antes do sabre cortar-lhe o pescoço. Num golpe traiçoeiro, virou todo o seu corpo e desferiu uma estocada mortal, atravessando o coração do Jedi. O sangue jorrava pelo corpo de Imperioso. Vendo que o sangue não estancava dessa vez, o Jedi segurou seu sabre e atravessou-o na sua cintura. Sua túnica caíra. Ele sumira

XIII

Os Portais do Palácio de abriram. Aos poucos, os saqueadores eram conduzidos pelos guardas a uma temporada de serviços pesados nas carceragens de Kalekto. Leia olhava para o interior do Palácio. Bem ao longe pode ver seu irmão, seu marido e Sindy, carregando o Grande Lagarto, extremamente ferido. Alekhta vinha atrás e os dois conselheiros que haviam se escondido após a entrada do SkiPray no Palácio apareciam mais ao longe. Leia correu para ver como estavam.

- Todos nós estamos bem, senhora. O meu namorado é que precisa de cuidados.

- Ele é seu namorado?

- Com muito orgulho, senhora. E eu quero me casar com ele logo.

- Dê-me o número do seu CellUnit, minha querida. Terei um grande prazer em organizar uma bela cerimônia.

Luke vinha segurando Phyok pelo braço. Enquanto o conduzia, escutava-o repetir.

- Eu os vi. Estavam felizes. Foi a melhor coisa que já pude presenciar.

Sindy olhou para Luke. Estava feliz por ter trazido forças a Phyok através de uma chamada extra-sensorial. Hulfo, quando os viu, correu para o seu aeroflot e colocou-se próximo a fim de conduzir Phyok novamente ao quarto de recuperação de alienígenas. Várias pessoas questionavam o que acontecera dentro do Palácio. A equipe de notícias da YAVINET perguntava a todos o que aconteceu do lado de dentro. De repente viram Alekhta.

Correram para ela. Vendo que estava impossibilitada de escapar das câmeras, foi forçada a contar. Ao final, recebeu outra pergunta:

- A Senhora confirma que o alienígena matou o Lorde Imperioso?

- Confirmo. Só ele teve forças para derrotá-lo.

A Guarda particular de Alekhta que estava de prontidão no lado de fora cercou a Jovem Procuradora, impedindo novas entrevistas. Alekhta agora só queria ver uma banheira quente de sais revitalizadores para procurar esquecer tudo o que passara. Luke

que acabara de colocar Phyok no aeroflot de Hulfo, conversava com o cunhado:

- Esse cara é um achado! Nós temos que colocá-lo num patamar superior.

- Por que não nomeá-lo como Conselheiro Mor de Novalgenie?

- Eu ainda acho pouco perto do que ele fez hoje, Han.

- Tem razão, garoto.

Luke agora sentia-se mais jovem cada vez que ouvia o "garoto".

XIV

Phyok achava-se no mesmo lugar novamente. O quarto de recuperação. O lugar que dera início a tudo. Ao seu amor, à sua busca de dignidade, ao desafio dos TIE e ao triunfo sobre o Jedi do Mal. Tinha passado por tudo e agora as imagens pertenciam ao espectro da lembrança. Mas ainda tinha as carícias fortificantes que recebia de sua amada, afinal ela tinha a Força. Os seus beijos cativantes e o seu olhar tentador o impediam de fechar os olhos. Não podia concentrar-se em dormir. A jovem virara sua sombra. Perto do seu ouvido, sussurrava:

- Querido, escutei um cochicho do Luke e do Han. Querem te botar como Conselheiro-Mor de Novalgenie. Vai ter aquele Palácio só pra você. Que tal?

Phyok olhou para Sindy. Sua mão direita saíu debaixo do lençol. Algo estava nela. Ao abri-la, Sindy ficou boquiaberta. Era a fáfila platinirubia que a equipe de Kolyhaps ganhara no campeonato de Bimissaarii, trinta e um anos atrás. Phyok colocou-a sobre a sua mão.

- Como forma de compromisso eterno, minha "ContortioniStyleDancer".

FIM

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