Fanfics
Solstícios e Equinócios
Tempo Rei
I
Sindy não queria falar muito com Phyok sobre a técnica que aprendera com seu antigo mestre, Plekharum, na ocasião em que ambos visitaram o planeta natal do híbrido, Kolyhaps, o que permitiria a ela descobrir o segredo que o Komondoriano mantinha recluso no mais íntimo de seu ego.
E só haveria um momento para que Phyok finalmente revelasse aquele segredo: o terceiro senoidal no minguante de Antares V, conhecido por místicos como o TEMPO REI. Plekharum confidenciara a Sindy que Phyok nascera na mesma ocasião do período estelar, ou seja, era filho do Tempo-Rei e, com uma boa dose de relaxamento Vedhy aliado a um estado de transe hipnótico, a jovem poderia saber o que às vezes deixava Phyok um tanto receoso quanto a alguns comentários que ela fazia, exaltando o lado "bom" do antigo Império. Sindy notava o momento de constrangimento que seu marido exibia no semblante, como que se estivesse culpando a si próprio por algum erro. Mas que erro? O cronógrafo parecia demorar mais a cada nano micro-ciclo. Tinha de fazer no momento certo, ou só em um outra translação para tentar novamente. E isso demoraria bastante.
Sindy jurou para si que não falharia.
Foi até a sacada e viu Phyok na área externa da casa, este brincando com os dróidekas de rebater uma peteca de propulsão regulada. Ficou entretida em ver o marido alegre e desapegado dos problemas por alguns instantes, mas perderia o momento caso o alarme não tivesse sido programado, que soou pontualmente, vibrando em sua pulseira de Anódio-Clorixidae. Sindy engoliu em seco pois o momento finalmente chegara.
Tinha de pensar e rápido.
Phyok estava suando com os dróidekas quando viu Sindy surgindo pela entrada principal. Seu corpo estava envolvido por um Spandex Leo espelhado, que refletia tudo que estava ao redor, agregado a uma meia-calça cor de madrepérola, com estribos nos pés.
- Phyok! Que tal estou?
O híbrido virou num relance o olhar e quase levou um petecada forte no rosto, que passou zunindo pelo ouvido. Ficou pasmado e apenas balbuciou:
- Si..Sin...Sindy...
- Eu estava pensando se...você por acaso não queria ser meu "Mestre Vedhy contingencial", digamos que só para eu não ter motivos por enquanto para tirar esta minha roupa.
- Coração eu - Phyok ficava sem ação diante de Sindy naqueles trajes - bem, não posso me considerar no mesmo nível de meu mestre. E eu mesmo não pude aprender muito, pois a técnica é voltada para as mulheres e bem...você quer é acabar comigo com essa roupa, não é Sindy?
- Não tem problema, eu te mostro como é e você finge me ensinar de novo.
Os dróidekas voltavam a fazer a vigilância da casa enquanto o híbrido seguia com sua esposa para o anexo. Sindy já preparara o ambiente, climatizado e perfumado com aromatizantes que traziam paz e equilíbrio para um perfeito ritual.
II
Quinze micro-ciclos já se passavam e nada de sair daquela posição ajoelhada. As duas mãos espalmadas em contato com as de Sindy, que pedia sempre para que prestasse atenção no seu inspirar e expirar. Phyok começava a desconfiar, isso sem mencionar que os olhos deveriam permanecer fechados, pois o Spandex espelhado tirava a concentração.
- Phy, devagarinho vai levantando os olhos, mas olha pra mim. Só pra mim. Não desvia os olhos pra nada.
O híbrido foi levantando, levantando e quando se viu, estava armado.
É agora, senhores. Vader irá passar por aqui com o Imperador. Vocês terão pouco tempo pra fugir.
- Mas e você, Phyok? O Imperador vai acabar contigo.
- Isso é problema meu, camarada Demari. O que farei será pelo general Ozzel e pelo Capitão Needa, que eram nossos amigos.
- Phyok, amigo. Não queremos que seja mais um. Desista dessa loucura.
- Agora nada vai me fazer mudar, camarada Taribgo. O tempo chegava e Phyok guardava a pistola no coldre improvisado com panos, debaixo da camisa. Fingiria ser um mendigo e seus amigos fariam uma algazarra para parar o desfile do cortejo dos líderes imperiais por Coruscant. No momento certo, pularia para a frente do carro principal e daria um tiro no meio da máscara de Vader. Sabia que não teria muita chance de escapar, mas isso não importava depois que soubera da morte repentina de sua mãe, ocorrida no ciclo anterior.
Chegava o cortejo pela avenida principal. Klenko, o Hutt, seria o primeiro a barrar a passagem. Depois viriam Taribgo e Glossey. Saibat seria o último e Demari viria atraindo a atenção dos soldados para deixar o campo livre para a ação do Híbrido.
Nada os impediria naquele momento. Phyok segurava a pistola debaixo do coldre e fechou os olhos. Nesse instante teve uma visão.
Estava ajoelhado diante de uma mulher. Seu sorriso era doce e seus cabelos derramavam ternura. Ela dizia em meio-tom:
- Por favor, não leve à frente essa idéia. Só trará o pior essa vingança. O destino dele já foi traçado e da mesma forma o seu também. Phyok olhava para a mulher, que pelo que havia aprendido em Kolyhaps, seria a Deusa a suplicar-lhe misericórdia. O híbrido sentiu um arrepio e fechou os olhos do inconsciente para abrir os da consciência. Viu sua imagem refletida pelo Spandex de Sindy. A jovem estava imóvel, com os olhos abertos e nada falava. Rapidamente, o híbrido levantou-se.
ENTÃO ERA ISSO! O RITUAL ERA PARA ABRIR MEU CORAÇÃO! ESTÁ SATISFEITA AGORA, SENHORA SINDY MYSTARAIEVA?
- Por favor, querido! Eu só quis te ajudar. Eu entendo o seu constrangimento, agora.
- O QUE VOCÊ QUER SABER MAIS, SINDY? SE EU POR ACASO TIVE RELAÇÕES SEXUAIS COM A PRINCESA LEIA? SE ERA ISSO QUE BUSCOU, ESTÁ AÍ. EU CONSPIREI CONTRA VADER, SIM! MAS TALVEZ O "DEATH STICK" TIVESSE SUBIDO À CABEÇA NAQUELA HORA, O QUE ME FEZ VER A DEUSA MIRIDOXANA E ACABAR POR DESISTIR PARA ANGÚSTIA DOS MEUS AMIGOS QUE PAGARAM CARO POR ESSA FALHA!
Phyok levantou-se bufando e partiu para fora de casa, esmurrando os controles de abertura dos portões principais. Estava trajando apenas uma bermuda atlética e sapatilhas. Sindy gritava desesperada:
- Phyok! Por favor meu querido! Eu só quis te ajudar! Phyok! Por favor volte! Por favor! A voz de Sindy já não estava mais no alcance da escuta pelo híbrido. Ciente da bela besteira que havia cometido, não teve outra saída senão correr para alcançar o marido. Nem se importou em sair de casa com o Spandex no corpo e ainda por cima descalça.
Correndo com lágrimas nos olhos, Sindy nem se importava com as pessoas que se impressionavam ao se "ver" pelo reflexo do collant-espelho.
- Não é aquela moça Sindy, a assessora especial de Yavin, que passou correndo do lado?
- É sim, e que roupa de ginástica que ela estava usando, hein Shaura? Um collant espelhado. Que luxo...
Será que eles vão se separar? Logo tão cedo...hoje em dia esses casamentos duram tão pouco...
Por sorte, Phyok sentara em um banco que servia de descanso para os que aguardavam transporte. Só colocou as mãos no rosto e chorar, dizendo:
- Como eu fui infantil. Como eu fui infantil, droga!
Sindy chegava do lado. Seus pés pretos de sujeira e sangrando nos dedos de tanto que correra. Pela primeira vez teve medo de tocar no marido. Uma coisa tão fácil tornava-se o maior desafio para a jovem, que foi chegando perto com seus dedos e colocando devagar sobre as coxas do híbrido.
Phyok teve vontade de tirar a mão de Sindy, mas foi tolhido pelo seu coração, que deu ordens expressas à sua razão para que tocasse na amada.
III
Sindy soluçava de tanto chorar. E chorou mais ainda quando Phyok encostou sua testa na testa de Sindy.
- Eu não queria que soubesse disso. Não queria parecer pra você que não sou o arquétipo de pessoa a qual deva se orientar. Sou de carne e osso e já errei.
- Phy...meu...amor...você é a pessoa mais...perfeita...que eu já...já vi...e, e - outra onda de choro dominava Sindy.
- Vamos, Sindy. Vamos pra casa e tomar um banho juntos.
O híbrido levantou-se e tomou sua esposa nos braços, vendo que seus pés não podiam mais pisar o chão devido aos ferimentos. Seguiam pela rua, sob olhares curiosos. Enquanto recebia beijos apaixonados, Phyok dizia:
- Eu não sei o que é mais bonito em você, Sindy. Cada vez que te vejo, me sinto apaixonado de novo.
Sindy ja mais controlada, retrucou:
- Então não me vê, só me beija.
Phyok parou por alguns instantes para beijar com os olhos fechados e com extrema efusão os lábios de sua esposa, antes de entrar em casa.