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Redesenhando uma guerra interestelar

DivulgaçãoExiste um histórico (completo) de animações ligadas à marca “Star Wars”. Voltando ao princípio, a primeiríssima experiência ocorrera no - fatídico - “Especial de Natal” de 1978, abominado - até hoje - pelos jedimaníacos xiitas. Entretanto, em meio às bobagens da festança natalina filmada na “galáxia muito, muito distante”, uma inserção animada fisgaria o público rapidamente, reapresentando a Space opera num escopo "ligeiramente" divergente dos longas originais. Anos depois, os droids C3-PO e R2-D2 protagonizaram seu apropriado desenho animado, assim como os Ewoks, dividindo o "infantil" com os tele-filmes estrelados por eles. Contudo, só recentemente os Jedis deslancharam nesta área. Alavancados por “Clone Wars”, que levava às telinhas - justamente - o importantíssimo e icônico evento título. Bem-sucedida, esta premiada obra (resenhada aqui) chamou a atenção dos produtores, que resolveram continuar investindo no ramo, revitalizando as "Guerras Clônicas" para advindas temporadas. Lapidadas “caseiramente” pela recém-criada Lucasfilm Animation.

Só que apostando na computação gráfica para elaborar uma experiência - absolutamente - distinta das empreitadas prévias. “Desde o início, queríamos usar CG de modo como nunca fora usada anteriormente. Acho que acabamos fazendo algo muito diferente e inovador”, conta George Lucas, criador de “Star Wars” e produtor-executivo deste vindouro derivado animado. “Não queríamos um realismo fotográfico”, delimita o famoso cineasta. “Pretendíamos explorar todo o potencial deste novo formato” empolga-se o veterano realizador (e ex-dono da elogiada Pixar Animation). Isso, sem desconsiderar os padrões obtidos na curta produção homônima - exibida pela Cartoon Network de 2003 a 2005. “Gostamos do aspecto geral da micro-série”, lembra Catherine Winder, produtora do presente longa-metragem. “Contudo, queríamos levar aquilo adiante, fazer outro totalmente diverso”, ela prossegue. “Assim, incorporamos aqueles detalhes estilísticos a um conjunto maior de profundidade, aparência física e alcance - bem - diferente. Evoluindo até chegar ao visual definitivo deste produto”, completa a produtora.

“O primeiro passo pra levar ‘The Clone Wars’ às telas (grandes ou pequenas) foi encontrar o tom adequado, todavia, sabíamos que seria preciso fazer uma coisa acima de tudo: um ‘Star Wars’”, acrescenta Dave Filoni, encarregado de dirigir o capítulo. “Era importante manter essa integridade, sermos fieis - em respeito a tudo o que George criou, entretanto, nosso objetivo era produzir um filme diferente do encontrado nos atuais desenhos”, diz o filmmaker, que continua: “Isso é mais fácil de falar do que fazer, e levamos bastante tempo para calcular exatamente a elaboração do clima, do estilo e das sensações de um ‘Wars’ em animação”, confessa. "Neste ‘Clone Wars’, todos os personagens e cenários parecem ter sido pintados, o que dá ao projeto um aspecto que o distingue dos demais. Também buscamos algumas referências nos mangás & animês, extraindo uma iluminação dramática e um enquadramento agressivo”, sintetiza Lucas. “Igualmente nos inspiramos no ‘Thunderbirds’ de Gerry Anderson, rodado nos anos 1960, usando marionetes. Tem a ver com o estabelecimento da identidade visual, mais ou menos quando um pintor usa de diversas técnicas pra desenvolver múltiplos conceitos... George queria que os personagens tivessem vida própria - descolados dos atores que os interpretaram nas películas. De modo que não fossem uma (simples) reprodução de seus pares. Então, usamos ferramentas para obter um realismo estilizado”, pondera Filoni.

“No final, acho que criamos uma peça incomum, diversificada de qualquer outra animação no mercado”, sentencia o barbudo - e grisalho - idealizador da saga, lançada nos cinemas em 1977, época onde “Episódio IV” debutava quase despretensiosamente - quebrando recordes e introduzindo um fenômeno midiático sem precedentes. Curiosamente, a semente de “The Clone Wars” fora plantada, involuntariamente, nesse exemplar de origem (no famoso diálogo do Mestre Jedi relatando pra Luke que ele mesmo, Obi-Wan, havia lutado no intergalático confronto - inclusive - ao lado de Anakin). “Durante décadas, as pessoas imaginavam o que seriam as ‘Guerras Clônicas’ com base apenas nesta citação”, recorda Dave. “Todavia, os filmes principais eram - de fato - centrados demais na família Skywalker, por isso nunca chegamos a ver a real amplitude do comentado conflito”, reitera o animador-chefe, para então observar: “Um detalhe sempre me surpreendia, a quantidade de possibilidades abertas neste período, aparentemente, tão curto na cronologia da cinesaga - os três anos que separam os Episódios II & III”, conta, pasmo com tamanha complexidade temática. “A idéia de fazer uma versão em animação tridimensional destas ‘Guerras’ me fascinava, pois nos permitiria contar outras narrativas e apresentar personagens inéditos. Isto propiciou aumentar o - gigantesco - leque de opções de ‘Star Wars’”, comemora o fundador da poderosa “Força”, em pessoa.

“Tudo faz parte do enredo que conhecemos, mas que permanecia nos bastidores, até agora. Sabemos o que ocorre na galáxia, mas não sabemos exatamente o que acontece. Contamos as histórias por trás da história”, exemplifica o idealizador de sucessos como Indiana Jones. “Fomos para lugares aonde nunca imaginei que iríamos”, entrega seu “pupilo”, carregando as rédeas desta "sagrada" fantasia (ou ficção científica) nos meandros dos desenhos animados. “Sonho com ‘Star Wars’ desde que era criança, quando brincava disso no quintal, com meu irmão. Na verdade, trabalhar neste mundo, que tanto amo, é muito mais do que eu poderia imaginar. Vendo do ponto de vista do fã, tenho total consciência de como é importante fazê-lo direito”, pondera Filoni. “Temos novas figuras, novos planetas, novíssimos veículos, batalhas e tramas fresquinhas. É realmente um tipo de ‘Star Wars’ como nunca vimos - sob todos os aspectos”, ele reitera, degustando da “moderna novidade”, que logo será sucedida pelo futuro seriado "Clone Wars", dando seqüência ao esperado longa - este, pautado na velha química tão apreciada pelos admiradores - tradicionalmente - não por acaso, “há muito tempo atrás”.

Fonte: Warner Bros.

Carlos Campos

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