Projeto:
Quem conta um Conto
Critérios
Avaliação: O projeto visa propiciar aos alunos de
Letras uma oportunidade de aprendizagem que envolve atividades
extracurriculares conjugando pesquisa acadêmica com atuação em
comunidades, o projeto visa, também, através do ato Contar histórias,
estimular a leitura, o resgate da identidade cultural e a prática
da cidadania, tanto para os alunos como para o público a quem se
destinam as atividades.
Resumo: O
contar e ouvir histórias deve fazer parte tanto da realidade do
aluno como da realidade do profissional de Letras, visto que promove
a leitura, a cidadania e a identidade cultural da comunidade acadêmica
e da comunidade em geral.
Objetivo
Geral: O Projeto pretende oferecer a todos os
implicados momentos lúdicos a partir da contação de histórias,
possibilitando a ampliação dos referenciais poético-literários e
estimulando a leitura como experiência significativa para o
conhecimento do mundo.
Justificativa/Público
Alvo: Ler é, antes mais nada, compreender, e
compreender é ser. A linguagem revela a experiência da vida,
registra os sentidos simbólicos de que está impregnado o real. Por
sua multiplicidade semântica, o texto literário convida o leitor a
participar ativamente no processo de atribuição de sentidos.
Embora seja ficção, o texto literário tem o poder de revelar a
realidade social e até desmascarar suas mentiras, de forma que “a
ficção pode ser mais real que o que se quer real, e o real pode
ser mais ficcional que o que se quer ficcional”. (BARTHES, Roland.
O prazer do texto. Lisboa. Edições 70, 1983.) A contação de histórias
assume a responsabilidade de transmitir a memória coletiva, a qual
está impregnada de um caráter extremamente prático e fiel a uma
sabedoria que se mantém atual através dos anos, porque é o
resultado das mais variadas experiências de vida, com as quais as
pessoas ainda se identificam. Essa transmissão não se dá de forma
passiva, pelo contrário, a literatura popular só permanece devido
ao fato de que se adapta e incorpora elementos do presente,
especialmente aqueles que lhe são conferidos no exato momento em
que se está contando uma história, conseqüência da ação do
narrador sobre ela. Podemos exemplificar isso através de Contos
tradicionais do Brasil, coletânea feita por Câmara Cascudo na
primeira metade do século XX. Nesta obra é possível identificar
os traços da oralidade nas histórias cheias de encantamento, que há
muito fazem parte do nosso imaginário e que continuam ainda hoje a
atuar como meio de criação, reinvenção e atualização da memória
coletiva e da nossa própria história de vida. Em meio a
diversidades tecnológicas, o Projeto se faz necessário para
estimular a sensibilidade e a imaginação. Numa sociedade
tecnicista, contar e ouvir histórias é a possibilidade mais libertária
de aprendizagem. Na condição de educadores, a recuperação das
narrativas populares é uma postura a assumir, pois, segundo Heloísa
Prieto: "Em plena virada de milênio, quando o professor se
senta no meio de um círculo de alunos e narra uma história, na
verdade cumpre um desígnio ancestral. Nesse momento, ocupa o lugar
do xamã, do bardo celta, do cigano, do mestre oriental, daquele que
detém a sabedoria e o encanto, do porta-voz da ancestralidade e da
sabedoria. Nesse momento ele exerce a arte da memória". (PRIETO,
Heloísa. Quer ouvir uma história: lendas e mitos no mundo da criança.
São Paulo: Angra, 1999, p. 41- col. Jovem Século XXI)
Desenvolvimento: Esse
Projeto dá continuidade ao SUBPROJETO PROLER: " Quem conta um
conto" - Grupo de Contadores de Histórias do Instituto de
Letras da UFRGS, desenvolvido no período de janeiro de
1999 a
julho de 2001, coordenado pela Professora Ana Maria Lisboa de Mello.
O Projeto atual, de mesmo nome, pretende trabalhar em duas instâncias.
Para o público interno, no curso de Letras, pretende promover
debates, oficinas, pesquisas, leituras em que se discutam tanto a
contação em si, como o repertório a ser utilizado. Para o público
externo pretende, através da contação de histórias, intervir
sobre a realidade, estimular a leitura literária e o resgate dos
textos provenientes da tradição popular. Não se pretende
restringir a contação de histórias a ambientes escolares, pelo
contrário, pretende-se atuar em outros ambientes, como por exemplo,
centros comunitários, entidades governamentais e/ou privadas. O
Trabalho inclui também outras linguagens e manifestações
culturais, como a inserção de elementos corporais, vocais, cênicos,
musicais, possibilitando dessa forma uma dinâmica de ritual
coletivo, no qual todos participam contando e cantando histórias.
Com isso espera-se estimular a imaginação de quem conta e do público
para quem se destina a contação. Espera-se , ainda, que as pessoas
contem suas próprias histórias e as reinventem, renovando suas próprias
vidas com esse ato, e, conseqüentemente, atuando como sujeito das
suas próprias histórias. |