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T E X T O S   D I V E R S O S,   F R A S E S   e   P R O V É R B I O S

 

 

 

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Texto 004 - Lei, Moral, Ética e o Curador    download



Lei, Moral, Ética e o Curador

Vejamos, inicialmente, um trecho extraído do livro de nossa autoria "Cosmosofia: Princípios Esotéricos... uma Síntese", capítulo XXV, CONCEITOS GERAIS SOBRE CURA (Fogo, Eletricidade, Magnetismo e Leis, Regras, Técnicas e Métodos de Cura):

Primeiramente teríamos que definir o que entendemos por cura, sendo que trataremos esse tema apenas em relação a nossa Humanidade. Esotericamente, a cura está diretamente relacionada com a Senda, e visa a um estado de harmonia (o que não deve ser confundido com equilíbrio), de saúde, tanto individual como grupal, o qual resulta da correta integração e síntese da vontade (querer) da personalidade na boa-vontade da Alma e na Vontade da Mônada, e da vontade (querer) do grupo na Vontade Espiritual e Cósmica, as quais se encontram presentes no âmago de cada ser. Tudo o que impulsiona o verdadeiro desenvolvimento do Plano Evolutivo estará relacionado com um tipo determinado de cura, seja na fase da espiral descendente como na ascendente do processo in-evolutivo.

Portanto, para falarmos sobre cura, e em vista da abrangência do assunto, deveremos fazer algumas delimitações e focalizá-lo em um determinado setor. Obviamente que o interesse das pessoas está quase sempre dirigido diretamente para o ser humano da superfície da Terra e principalmente focalizado no tocante a sua saúde física (e, em menor proporção, com a emocional e a mental) e depois em relação a sua "saúde espiritual" (da Alma, do Espírito etc.); mas sabemos que não existe separação entre elas. Quando se fala sobre cura, fica implícito que há qualquer tipo de desarmonia. Quando a harmonia reina, existe saúde.

O estado de saúde, de harmonia, é sempre relativo, e só pode ser absoluto para uma determinada situação, a qual é delimitada. Apenas o UNO, o TAO, é ABSOLUTO (mas não como um qualificativo); ELE é Harmonia Absoluta, a "Saúde Perfeita".

Poderíamos dizer que o Estado de Saúde é Uno, e que a Medicina, que trata sobre tudo que é relacionado com esse Estado, também é Una. A Medicina se manifesta como arte, como ciência, como filosofia, como religiosidade (e como outras expressões) que tanto cura (remedia), como palia (diminui) e, principalmente, previne as desarmonias nos níveis físico, emocional e mental, o que também pode impressionar, de certa forma, outros mais sutis, dependendo do enfoque ser, ou não, espiritual.

Portanto, quando empregarmos o termo "tratar" como sinônimo de "curar", e seus derivados, geralmente o estaremos fazendo no triplo sentido antes mencionado: como cura propriamente dita, como atitude paliativa e como ação preventiva.


Atualmente, ao abordarmos o tema da cura, não podemos esquecer que a essência da medicina é uma só, mesmo que hoje esteja desmembrada em várias correntes, algumas aparentemente antagônicas entre si. A percepção ampla do Ser é necessária para realizar um diagnóstico acurado, o qual é fundamental para que se efetue o tratamento adequado. Como dissemos, a medicina deve ser preventiva, além de curativa e paliativa, mas também não devemos esquecer que o médico orienta e ajuda para que a cura seja uma auto-realização, pois a cura verdadeira advém do interior.

Existem muitos médicos e muitos terapeutas, mas ainda poucos são verdadeiros curadores. A integração de todas as "partes" da medicina proporcionará o conhecimento da verdadeira cura, que é, sem dúvida, "espiritual". O aparente antagonismo entre a medicina ortodoxa e as chamadas medicinas alternativas já está se desvanecendo, mas mesmo assim ainda ficam dois grupos: os que se dedicam ao tangível e os que se dedicam ao sutil. Ambos fazem parte da verdadeira e única medicina em nosso globo. Um tem muito a aprender com o outro, pois ambos se complementam. Os primeiros deverão penetrar no reino do sutil e intangível (isso está acontecendo aceleradamente), e os outros terão que deixar suas vagas abstrações e generalizações, muitas vezes impraticáveis, para aprender a reconhecer as realidades sobre o mais tangível e objetivo. A sinceridade inquestionável geralmente movimenta a maioria dos que pertencem aos dois grupos, mesmo que existam charlatões e uma minoria de egocêntricos e ignorantes que só querem explorar a Humanidade. O investigador sincero e que atua pelo amor, em ambos os grupos, constitui a esperança da medicina, que será de todos e para todos.

O que hoje nos parece ser uma verdade absoluta, amanhã poderá ser um aspecto de uma verdade maior (conforme referido alhures). Não devemos esquecer que é fundamental promover o desenvolvimento da consciência (da autoconsciência nos diversos níveis), e que nossa evolução depende de receber e distribuir, tomar e dar, e assim superar o grande separatismo e egoísmo reinante.


O verdadeiro curador atua no sentido de "mostrar", para aqueles que estejam dispostos a buscar seu "caminho interior", as diversas trilhas que levam até o Grande Portal, o qual se abre para a verdadeira Senda. É preciso lembrar que para percorrer a Senda, teremos de nos tornar a própria Senda. Cada um deve ser trilha e caminho, caminho e Senda.

Existem muitas trilhas. Todas convergirão no Portal do Caminho Uno.
Ali o aspirante começa a se preparar para entrar na Senda.

Também é preciso lembrar que não se entra nesse caminho apenas por acreditar em sua existência, ou pelo conhecimento teórico que se obtenha sobre ele. Os conhecimentos verdadeiros sobre a Senda podem parecer estar muito velados, ou podem estar exatamente a nossa frente, dependendo da disposição e trabalho prático que envidemos visando acessá-los, se bem que na realidade eles "moram" em nosso interior, e em tudo o que percebemos. Diversas são as maneiras de aproximação, mas não podemos acreditar em coisas somente por ouvi-las de outrem, nem porque são tradições, nem porque algum sábio as proclamou, nem por parecer o que achamos que seja, e por outro motivo qualquer que não seja o que nos diz nossa verdadeira autoconsciência. A "crença" deve ter raízes firmes e profundas em nosso interior, e se assim for realmente, devemos nos conduzir em conformidade com ela, sempre, a todo momento, e em todo sentido. Quando isso for feito, nossa vida começará a ficar coerente e alinhada.

A cura está relacionada com os diversos fogos que atuam em nosso Sistema, e em nosso planeta, e, portanto, com diferentes tipos de eletricidade. A eletricidade, em suas diversas manifestações, é uma das emanações de Fohat (como vimos no capítulo III), que é Eletricidade Cósmica Essencial. O tipo de eletricidade que se emprega atualmente em nosso mundo é um aspecto do fogo fricativo, é material (física), e existem modalidades mais sutis, tanto em níveis concretos como em outros mais elevados. Certamente vários são os níveis Cósmicos de manifestação da Eletricidade, presente no infinito e no eterno; dela a Vida depende; ela é a própria Vida.

Na realidade não se conhece qualquer fenômeno da Natureza que não esteja vinculado com a eletricidade e o magnetismo, mesmo que em princípio isso não seja muito evidente ou "visível". Observando qualquer forma de manifestação e atividade (movimento, calor, luz, atrito etc.) sempre encontraremos o magnetismo e a eletricidade como causas e/ou efeitos. O magnetismo terrestre e a eletricidade atmosférica são fenômenos que acontecem devido a que o planeta é um verdadeiro condutor eletrificado cujo potencial muda constantemente por causa dos movimentos que lhe são inerentes (principalmente os de rotação, translação e deslocamento, sendo que os de oscilação e pulsação - vide cap. VI - só podem influenciar em longo prazo, por serem, em princípio, muito lentos) e também pelo aquecimento e esfriamento do ar, pela formação de nuvens, chuva, ventos e tormentas etc. Todas essas mudanças são determinadas e influenciadas pelo Magnetismo Cósmico (ou âkâzico, vide glossário: Âkâza), o qual gera constantemente correntes elétricas que atuam restabelecendo o "equilíbrio" perturbado. O próprio Sol é um grande complexo de Forças Eletromagnéticas, é um reservatório Universal de Vida e de Movimento que vivifica e nutre todo Seu Sistema.


O fogo da mente é fundamentalmente eletricidade manifestando-se em uma de suas atividades superiores, e não uma força da matéria. Como sabemos, a eletricidade se manifesta em nosso Sistema Solar em sete tipos principais, que se relacionam com os sete Planos de Consciência do Plano Físico Cósmico. Portanto, todo tipo de eletricidade que se manifeste neste Plano (o que vale dizer tudo o que se encontra nele manifestado) é uma forma de eletricidade física, mesmo os que se apresentem como muito sutis.

No Primeiro Plano (Âdi), a Eletricidade se manifesta como Vontade de ser, que é o aspecto primordial dessa força, a qual oportunamente propiciará a objetividade. Cosmicamente considerada é o "impulso inicial"; que emana do Corpo Causal Logóico no Plano Mental Cósmico (na sua atual fase Evolutiva) e estabelece contato com o primeiro plano do Plano Físico Cósmico, o Âdi (Divino, ou primeiro Plano Etérico Cósmico - como vimos no capítulo IV).

No Segundo Plano (Anupâdaka) a Eletricidade se manifesta como a primeira objetivação da forma, como aquilo que proporciona coerência às formas. A Matéria, eletrificada pelo fogo fricativo, e o fogo elétrico (Solar) do Espírito se unem e originam a forma. Esta é o resultado do "desejo de existir", motivo pelo qual o fogo dinâmico da Vontade se transmuta em ardente fogo do Desejo.

No Terceiro Plano (Âtmico, Espiritual) a Eletricidade se manifesta como Inteligência-Ativa (Atividade). A Vontade de ser e a forma Desejada estão correlacionadas com o Propósito Inteligente (ou "Vontade Ativa") subjacente em tudo.


Pelo antes exposto, nos defrontamos mais uma vez com o grande problema metafísico de distinguir entre Vontade e Desejo, coisa que praticamente não se pode fazer. Mas, mesmo que não se possam estabelecer com absoluta certeza e clareza as diferenças, podemos dizer que ambos têm em comum, como fator fundamental, a Inteligência, ou Manas. Já fizemos um esboço de diferenciação entre esses conceitos quando dissemos que a Vontade se relaciona com o Espírito, a Boa-Vontade com a Alma, e o Desejo com a personalidade. Poderíamos agora agregar a Vontade-para-o-Bem, que se relaciona com a Tríade Espiritual.

É claro que o jogo das palavras muitas vezes não propicia a clareza do que se pretende significar, e até podemos ficar inseridos em uma espiral fraseológica sem fim, e/ou significativamente estreita. Desejo, vontade e querer costumam ser empregados como sinônimos, mas dependendo do contexto podem ter significados muito diferentes. Por exemplo, podemos vincular "vontade" com "desejo", e com o corpo emocional; e podemos vincular "vontade" com "querer", e com o corpo mental. O mesmo termo significa uma coisa quando aplicado para a personalidade, e outra para a Alma, e assim por diante.

É preciso compreender que:

a) Toda manifestação no Plano Físico Cósmico "emana", ou é eletrificada, desde o Plano Mental Cósmico.

b) A Mente Universal (Pensador Divino) é o Princípio Inteligente que anima nosso Sistema Solar, sendo este conhecido como "Vontade de ser", "Desejo (ou Amor) de ser".

c) A Vontade, o Amor-Sabedoria e a Inteligência-Ativa Divinas são a soma total da Consciência Inteligente (para o Grande Ser Cósmico em manifestação) e o que o corpo mental, o emocional e o físico são para o homem (o Pensador nos três mundos) que atua no corpo causal (o qual contém os três átomos permanentes que personificam a inteligência, o desejo e a objetividade física).


Também devemos lembrar que:

a) O fogo fricativo é eletricidade que anima os átomos da matéria do Sistema Solar, e faz surgir a forma esferoidal de toda manifestação (tudo é essencialmente esferoidal em sua expressão perfeita, inclusive o homem), o calor inato de qualquer esfera e a diferenciação dos átomos entre si. Sua polaridade é negativa, e se relaciona com a Matéria.

b) O fogo solar é eletricidade que anima as formas (conglomerados de átomos) e faz surgir os grupos coerentes, a interação magnética entre esses grupos e a síntese da forma. É o fogo objetivo luminoso que surge da união das polaridades positiva e negativa.

c) O fogo cósmico (elétrico) é eletricidade que se expressa como Vitalidade ou Vontade de ser de alguma Entidade, e se manifesta como Ser Abstrato, como Unidade. Sua polaridade é positiva e se relaciona com o Espírito.


A Eletricidade pode manifestar-se como:

a) Impulso vibratório, causando a agregação da matéria e sua atividade dentro de certos limites ("círculo-não-se-passa" Solar). Constitui a primeira letra (ou frase) da Palavra Sagrada (sobre a qual já nos referimos no capítulo XIII). A vibração inicial se vincula com o primeiro subplano do Plano Físico Cósmico (Âdi).

b) Luz, causando a objetividade esferoidal. Constitui a segunda letra (ou frase) da Palavra Sagrada. Vincula-se com o segundo subplano do Plano Físico Cósmico (Anupâdaka).

c) Som, que completa a Palavra Sagrada. Relaciona-se com o terceiro subplano do Plano Físico Cósmico (Âtmico).

d) Cor, que é "aquilo que vela" a sétupla diferenciação da manifestação do Logos. Está vinculado com o quarto subplano do Plano Físico Cósmico (Búddhico).

Esses quatro enunciados refletem os conceitos fundamentais da Manifestação, e todos eles têm origem eletrodinâmica. Basicamente constituem efeitos, diferenciações, do impulso emanado do Plano Mental Cósmico e que Inteligentemente toma forma no Plano Físico Cósmico. Seria interessante lembrar da analogia que existe entre o plano Búddhico (Intuitivo) do Plano Físico Cósmico e o subplano Etérico do plano Físico-Etérico. Ambos se encontram vinculados pelo número quatro, e ambos também estão em processo de se tornarem exotéricos; o primeiro desde a ótica do Logos Solar, e o segundo desde a ótica do homem da superfície da Terra.

Nossa ciência já se direciona para o estudo do quarto Éter (o subplano Etérico antes referido); e o emprego de diferentes formas de correntes elétricas, do magnetismo e do eletromagnetismo são maneiras de tratar desarmonias que são utilizadas cada vez mais no dia-a-dia de nosso planeta. A utilização das correntes elétricas com fins curativos, paliativos, preventivos e diagnósticos faz parte do que podemos denominar genericamente de Eletromedicina.

O tema do magnetismo e do eletromagnetismo é muito amplo e bastante complexo, e não poderemos nos estender em seus conceitos, muito menos naqueles que não tenham uma relação mais próxima e/ou direta com os objetivos deste livro. Muitos deles são bem definidos, outros não, mas de qualquer maneira devemos enfatizar a relevância do assunto para a Vida em si mesma.

Rumo à transmutação elétrica.

Hoje em dia anda em voga uma grande quantidade de técnicas supostamente "energéticas" e/ou supostamente "terapêuticas", e as pessoas se submetem de forma ingênua e ignorante ao contato com especuladores que se aproveitam dos medos, da ambição e da falta de compreensão da vida por parte do vulgo, para aumentar suas finanças e "poder". A situação é muitas vezes alarmante, mas faz parte do Grande Processo. Aqueles que vêem e escutam já sabiam que isso ia acontecer.

O atual período de transição na Terra propicia que as pessoas procurem algo mais do que lhes foi oferecido pelo perverso materialismo e por sistemas religiosos deturpados pelo sectarismo, pelo egoísmo, e por monstruosos desejos de poder. Precisa haver uma mudança, mas como poderemos fazê-la de forma correta? Onde poderemos encontrar a "verdade"?

Muitas vezes a Verdade é aparentemente tão simples e/ou está tão perto que não a contatamos.

O materialismo e a ignorância sobre a in-evolução contribuem para o grande medo das doenças e para a quebra dos parâmetros estéticos que se têm disseminado pelo mundo (principalmente no Ocidente). Como já comentamos, o maior medo ainda é o da morte, mas quando esta se afigura como um acontecimento remoto, pouco provável de acontecer, o indivíduo não evoluído, mas de inteligência dentro da "normalidade", fica polarizado na tríade formada pela sua conta financeira, saúde física e aparência estética. A "saúde financeira" é o que mais preocupa a esse indivíduo, mas isso fica em segundo plano quando acontece uma desarmonia física (a não ser em casos excepcionalmente morbosos). Para nossa medicina, e principalmente quando se trata de atendimento de urgência, em primeiro lugar está a preservação da vida; em segundo, a da função; e em terceiro, a da aparência, e isso, mesmo que se afigure como óbvio e lógico, tem muitas analogias sutis, bastando reflexionar um pouco para perceber alguma.

Não são poucos os materialistas (que geralmente pensam que são realmente inteligentes e sábios) que procuram a "fonte da juventude", e as conseqüências disso não precisamos dizer quais são. Tanto os indivíduos materialistas, como os que ignoram certas verdades sobre a Vida, ficam expostos e em uma posição muito frágil em relação às garras dos modernos charlatões pseudo-esotéricos, seja qual for sua autodenominação (desde "terapeutas energéticos" até "sacerdotes" e "mestres").

A única pretensão dessas palavras é que sirvam de alerta, e deixar claro que se deve ter muito cuidado para fazer um tratamento "energético", seja ele instituído por meios totalmente físicos, como é o caso da chamada "magnetoterapia" (ou "eletromagnetoterapia"), seja ele praticado empregando supostas "energias sutis", como é o caso relacionado com qualquer uma das denominadas "artes ocultas" (que incluem desde o Reiki e a "imposição de mãos" até muitas classes, ou graus, de magia negra).

Qualquer tratamento energético sutil que envolva dinheiro, ou que se caracterize como uma situação que confere "poder", "autoridade", ou seja, que separa, deveria ser resolutamente esquivado, pois certamente envolverá energias astrais baixas e situações que em nada contribuirão para a evolução de todos os envolvidos, o que pode, em muitos casos, trazer sérias conseqüências kârmicas. Isso também é válido para muitos métodos que trabalham por meios de rituais, digamos, "estranhos" e "escuros".

Vejamos agora algumas das definições do conceito de lei que encontramos no dicionário (Aurélio):

  1. Regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa comunidade, a ordem e o desenvolvimento.
  2. Norma ou conjunto de normas elaboradas e votadas pelo poder legislativo. [Cf., nesta acepção, decreto-lei.].
  3. Obrigação imposta pela consciência e pela sociedade: lei da honra; lei da hospitalidade; lei moral.
  4. Domínio, poder, mando: submeteu-se à lei do mais forte.
  5. Norma, preceito, princípio, regra: lei poética; lei gramatical.
  6. Condição imposta pelas coisas, pelas circunstâncias: a lei do destino; a lei da morte; a lei da selva.
  7. Religião, crença.
  8. Filos. Relação necessária entre fenômenos, entre momentos de um processo ou entre estados de um ser, e que lhes expressa a natureza ou a essência.
  9. Filos. Fórmula geral que enuncia uma relação constante entre fenômenos de uma dada ordem; lei natural: a lei da gravitação universal; a lei da oferta e da procura.
Em relação à moral encontramos:
  1. Filos. Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
  2. Conclusão moral que se tira de uma obra, de um fato, etc.
  3. O conjunto das nossas faculdades morais; brio, vergonha.
  4. O que há de moralidade em qualquer coisa.
  5. Que tem bons costumes.
Um dos conceitos de ética é o que segue:

1. Filos. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

Sabemos que o Universo evolui cumprindo determinadas Leis (mesmo que elas sejam desconhecidas para nós). Essas Leis emanam ou são estabelecidas para que seja possível o Processo Evolutivo. A Lei de Analogia nos mostra que isso se aplica no Macro e no Microcosmos. Vejamos outro trecho do livro citado no início deste texto:

O diagnóstico das manifestações concretas nos níveis da personalidade é atributo de pessoas treinadas e capacitadas para esses fins, legal e eticamente, tanto na área física (médica) como na psicológica (lembrando que são duas partes de uma mesma coisa: a Medicina una), e o curador poderá confirmá-lo ou não em casos de dúvida, sempre que tenha a capacidade para tal (o que hoje ainda é raro). As revelações Espirituais, a sabedoria da Alma, as revelações sutis da mente emergem no estado meditativo, durante a observação ativa (como vimos no capítulo XX), o que traz a Inteligência-Ativa para os níveis abstratos do plano Mental ("o que emerge do método encontrará seu lugar no plano do curador"). Essas revelações e sabedoria abstratas devem ser "decodificadas" pela mente concreta ("o que está oculto deve ser visto"). Esse esforço mental envolve a atividade do centro Laríngeo, de onde a Inteligência-Ativa emergirá ("Um grande conhecimento surgirá de estes três"). Assim, o curador chegará ao estado de compreensão sobre o que fazer ("os quais procura o curador").

Como dissemos anteriormente, o investigador sincero e que atua pelo amor, sem nada esperar, constitui a "esperança" da medicina, que será de todos e para todos. Contudo, acreditamos que o indivíduo que realmente esteja disposto a trilhar a Senda, deve ter conseguido o domínio da personalidade no sentido de uma total neutralidade e adequação às leis e condições no âmbito em que está manifestado. Em outras palavras, não podemos pretender ser espiritualizados e quebrar as leis vigentes no local onde vivemos. Sabemos que certas leis humanas podem não estar bem estruturadas, e precisam de ajustes. Mas pelo fato de termos essa percepção isso não quer dizer que devamos atuar de forma contrária. Primeiramente devemos aceitar as condições kármicas em que nos encontramos. Caso alguém discorde de alguma lei humana, e isso afete a ele e a outros, poderia se empenhar em modificar essa lei, de forma ética, moral e legal, mas não infringi-la. Isso, quando feito em ressonância com o Plano, também é uma tarefa espiritualmente orientada. Evidentemente que o leitor saberá discernir o que estamos nos referindo, sendo que isso nos interessa agora em relação à cura.

Acreditamos que o pretenso curador deveria se perguntar:
  1. Por que "quero curar"? É esse um impulso que advém dos meus níveis internos superiores? É um desejo? O que é curar?
  2. Será que isso não é para ganhar dinheiro ou qualquer tipo de poder, ou por algum sentimento de diferenciação, de superioridade? Será que estou isento de ambição, egoísmo e separatismo?
  3. Vou me intrometer e influenciar o outro, sem seu consentimento (da personalidade e dos níveis superiores: Alma etc.)?
  4. Tenho uma vida realmente espiritualmente orientada, que me permita discernir de verdade o que deve ser feito para ajudar os outros, inclusive quando isso implique em, física e materialmente, nada fazer? Tenho essa capacidade de libertar o outro de minha atuação?
  5. Estou ética, moral e legalmente autorizado para exercer o que pretendo?
  6. Tenho o "conhecimento", a "habilidade", a "faculdade" que me permita atuar, no caso em particular, sem que isso crie ligações kármicas?

O tema legal em relação a determinadas áreas de atuação do curador, do ponto de vista das leis humanas, é bastante polêmico e heterogêneo, principalmente quando consideramos diferentes locais (países) de nosso planeta. O que é reconhecido e legal em um local pode não ser em outro. Mas o indivíduo deverá se adaptar às condições onde mora. Muitos pretendem se amparar, ou melhor, se esconder, na área nebulosa do indefinido, mas acabam atuando de forma egóica e não evolutiva. Isso está acontecendo hoje no Brasil com a Acupuntura, por exemplo, onde existe uma grande disputa legal sobre quem pode ou não praticar essa milenar técnica que implica em um árduo e perseverante estudo e prática. Mas o que está "em jogo" vai além, pois, caso não exista ressonância com o Alto, estaremos aprofundando nossas raízes kármicas na Terra. Devemos lembrar que na área da cura (conforme a delimitamos no início do texto) é fundamental o correto diagnóstico das desarmonias, e para isso devemos nos preparar o melhor possível, caso contrário poderemos propiciar mais dano do que ajuda. Seja como for, voltamos a dizer, o verdadeiro aspirante ou discípulo não desrespeita os conceitos éticos, morais e legais relacionados com qualquer área de atuação, pois tudo, tanto o Material como o Espiritual, faz parte do Plano, da Senda.

Outra coisa que temos de considerar é que todas as tarefas têm a mesma importância na Senda. Todas podem ser espiritualmente orientadas, seja varrer anonimamente uma rua ou ser um profissional reconhecido. É nossa mente concreta que nos amarra a preconceitos e distinções que não existem, e nos impulsiona muitas vezes a tentar fazer algo para o qual não viemos na atual encarnação. Os sinais são, na maioria das vezes, muito claros.

Ainda devemos lembrar que quando a ciência "descobre" algo que era sabido há muito tempo pelos ocultistas verdadeiros (que também são verdadeiros científicos), ou pela prática popular, geralmente muda o nome e se apropria desse conhecimento. Isso faz parte de nosso atual desenvolvimento, e devemos estar preparados para tal.

Nestas linhas expressamos nossa humilde opinião, sem que isso se constitua em um julgamento, pois, quem somos nós para julgar? Também não somos detentores da Verdade, e conhecemos e interatuamos sem preconceitos com muitos indivíduos que ainda se encontram confusos com o tema. Sabemos que o exposto pode criar controvérsias, mas é justamente assim que vamos encontrar as verdadeiras respostas.

LUZ, AMOR e PODER

PAZ

Roberto

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Texto 005 - A tríade: televisão - computador - telefone celular    download

A tríade: televisão - computador - telefone celular


Sem dúvidas a ciência tem aportado inúmeras possibilidade de diversas melhoras em nosso planeta, mas não podemos deixar de destacar nossa opinião sobre o mau uso de alguns "artefatos", como é o caso da televisão, o computador e o telefone celular. Assim, vamos aproveitar uma parte do texto do cap. XX, do livro Cosmosofia: Princípios Esotéricos... uma Síntese, no qual também vemos alguns lampejos sobre outros conceitos importantes na busca da Senda:

Mata a ambição, tanto a mundana quanto a espiritual, e poderás começar a andar. Mata o desejo de viver, e poderás viver na realidade. Mata toda separatividade, as duais sensações, e poderás ser paz-felicidade. Mata o matador, ou seja, o experimentador, o pensamento, a cristalização, assim poderás ver. Mas "mata" sem agir, sem qualquer esforço ou implemento, apenas pela observação com humildade.

A humildade é uma poderosa energia que rompe as cristalizações e harmoniza todo nosso ser, permitindo que fiquemos expostos e vulneráveis ao misterioso toque da vida, sem que atuem os mecanismos de defesa. Assim, nesse estado de "observação" ("investigação"), a "realização" ("revelação") apenas acontece, pois uma é o amadurecimeto da outra, não são duas coisas separadas.

O homem continua seu desenvolvimento, mas de forma cada vez mais desarmônica e desequilibrada; vive em um completo estado neurótico e esquizofrênico; suas respostas são inibidas e as percepções condicionadas, sem qualquer espontaneidade; tudo é mecânico e cada vez mais acelerado. Como se não bastasse a televisão (veiculando uma torrente esmagadora de forças involutivas com um altíssimo teor de imoralidade, salvo raríssimas exceções), o computador (por meio do qual as pessoas geralmente malgastam o precioso tempo de suas vidas, principalmente na Internet, muitas vezes com futilidades ou, pior, com luxuriantes, sórdidas e/ou indignas situações "virtuais"), agora também o telefone celular (cada vez mais minúsculo em tamanho) se junta a eles como mais um grande e poderoso agente escravizador e produtor de todo tipo de males e doenças (descrevemos alguns de seus efeitos malignos físicos na segunda edição do livro Eletroterapia e Eletroacupuntura: Princípios básicos... e algo mais, cap. 9 (clique aqui)). Ao que parece, esses três artefatos vão diminuir suas dimensões até "transmutarem-se" em verdadeiros microorganismos patogênicos, com um alto potencial de envenenamento eletromagnético e social.

Temos aqui mais uma "tríade", mas de caráter bem diferente das que vimos anteriormente. Ela em si mesma é "neutra", mas o homem a tornou realmente do mal, pois nos separa cada vez mais da natureza e de tudo o que é espiritual (tanto na vida interior como na exterior). O avanço tecnológico se acelerou, mas as pessoas perderam o poder da simplicidade, perderam a capacidade de observar ativamente, sem um motivo, de forma espontânea, sincera e inocente, sem transformar a observação e o que se observa em um meio para algum fim. Mas desse jeito, o fim acabará por ser o fim do próprio homem na superfície deste planeta, a perda de mais uma oportunidade de, como Uno, ser impregnado pela luz.

O conhecimento representa o passado, e implica em separação e poder, e isso acontece tanto entre diversos indivíduos e grupos, como em relação ao indivíduo em si mesmo. As pessoas vivem se olhando (e comparando) no passado e dele se projetando para o futuro, e desta forma vivem como fragmentos, os quais, por sua vez, não existem, pois nem passado nem futuro apresentam existência real, eles apenas existem no eterno presente. Mediante essa maneira de viver elas acreditam que conseguem certos "poderes", os quais em verdade não são mais do que imensas fontes e alimentadores de todo tipo de sofrimentos.

O conhecimento nada tem a ver com a sabedoria, como já comentamos no início da obra (no prólogo e no item Sabedoria); ele é necessário para o desenvolvimento científico e tecnológico, e deve ser utilizado para um correto agir. Mas continua sendo um poder que separa, alguém sabe e outros não, e isso é empregado deliberadamente para fins pessoais e egoístas.

No mundo de hoje, quem "detém" (tanto no sentido de ter como de fazer parar) o conhecimento, seja um indivíduo ou um grupo qualquer, dirá, de uma maneira ou de outra, que os outros só poderão chegar até esse conhecimento por seu intermédio, e estipulará um preço, em dinheiro e/ou poder. Nessa situação, ele, ou o grupo, se constitui em um agente dominador e separatista. Ele ostenta o poder sobre os outros, e em muitos casos da vida cotidiana chega até a ser o motivo da paralisação (mesmo que seja momentânea) do próprio saber, do conhecimento que tanto procura. Quem está no poder, quem tem o conhecimento, dificilmente o vende ou o comparte de forma integral. Ele quer mantê-lo para si mesmo, e, enclausurado nos medos conseqüentes e inevitáveis, chega até a paralisá-lo, a estagná-lo. Coitado do conhecimento! Pois ele não é mau nem bom, ele é, e nós o manipulamos, distorcemos, disfarçamos e transformamos em uma poderosa arma de corrupção e destruição, ao invés de fazer dele uma escada dourada que nos conduza até a porta por trás da qual se encontra o caminho que nos levará na direção da sabedoria, da cristalina, fulgurante e reluzente Luz.

Neste sentido, o saber, o conhecimento real, aquele que é claro e não deixa a menor dúvida interior, pode ajudar o homem a se libertar de muitas amarras, pode ajudá-lo a se conduzir de forma harmoniosa com o Universo. O verdadeiro poder que o conhecimento deve proporcionar é aquele que nos conduz à libertação interior, à compreensão do que precisamos para evoluir, e não ao poder mundano que exercemos, literalmente, contra os outros. Desta forma, o conhecimento ajudará o homem a ser livre, livre dos outros e dele mesmo; livre das imperfeições e apto a viver com todos, e com tudo, na união do amor. E para que isso seja uma realidade, mesmo que pareça paradoxal, até do saber o homem precisa libertar-se, pois o conhecimento em si mesmo não é o que importa, ele também é um fator que limita. A verdadeira liberdade não pode existir se houver qualquer amarra, porquanto esse estado só acontece quando a mente está completamente livre.

Estamos para o planeta Terra como os microorganismos estão para nossa pele: muitos a atacam, uns poucos a defendem, e a maioria nem sabe o que realmente acontece. Nós somos os microorganismos da Terra que habitam na sua pele, mas podemos escolher a qual categoria pertencer. "A árvore se conhece por seus frutos"; nosso planeta é jovem ainda e não teve tempo suficiente para produzir uma safra de frutos espiritualmente amadurecidos. Por enquanto, apenas alguns deles, em um ou outro galho, chegam ao ponto certo para sua colheita.

Uma árvore precisa desenvolver uma raiz adequada para crescer de forma correta, de modo que o vento não a derrube. Da mesma maneira, as árvores do relacionamento e da vida, tanto material como espiritual, devem possuir uma firme e profunda base por meio da qual se nutram quando necessitem, e que lhes permitam suportar todos os embutes e tempestades da vida material, assim como desenvolver uma frondosa copa, pela qual absorverão os preciosos raios nutritivos espirituais.

Busca uma pequena luz interior ao invés de um grande resplandor externo. Uma vez encontrada a luz interior, mesmo que em princípio seja tênue e mais difícil de ser visualizada, ela iluminará com segurança o caminho, pois irradiará conforme sua origem espiritual. Por outro lado, uma luz externa é mais fácil de ser encontrada, mas, mesmo que seja muito forte, não é garantia de qualidade espiritual, e poderá até ofuscar completamente a visão. Existem muitas "luzes" externas resplandecentes e poderosas, mas que podem ter sido originadas por um raio ou um vulcão em erupção, e uma vez que passem poderão deixar como resultado uma grande escuridão e destruição. O caminho interior pode não ser o mais fácil de ser encontrado, mas é o único que nos conduz de verdade para aonde devemos ir, e só pode ser vislumbrado pela luz que emerge do âmago do ser.

Roberto

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Não Há Religião Superior à Verdade


Palestra proferida por Radha Burnier (presidente Internacional da Sociedade Teosófica) em 1° de agosto de 1998, no Habitat Centre, Nova Delhi, como parte de uma série de palestras sobre Credos para um Novo Milênio, organizada pela Fundação para a Responsabilidade Universal, do Dalai Lama. Extraído da revista The Theosophist, setembro 1998.

Qual é o propósito de nossas vidas? É simplesmente comer, dormir, divertir-se, procriar, lutar e morrer? Se for assim, dificilmente é humano, porque todas as criaturas inferiores fazem o mesmo. Elas vivem despreocupadamente e agem de acordo com os desígnios da Natureza, e o fazem com inocência, graça e beleza. Os seres humanos, vivendo este tipo de vida fisicamente centrada e agindo conscientemente por motivos egoístas, dando manifestação organizada a sua crueldade e cobiça, poluem a Terra com o mal e introduzem um elemento de feiúra nas operações da Natureza. Diz-se que o mal existe somente no nível da mente humana, porque reconhecidamente é aí que o dano é feito, e o egoísmo praticado obstinadamente.

Infelizmente poucas pessoas ponderam sobre o propósito de suas próprias vidas e da vida em geral. Muitos homens e mulheres vivem mecânica e irrefletidamente, simplesmente se adaptando aos propósitos e sistemas de seu ambiente, tornando o prazer físico e a satisfação egoísta o centro de suas atividades. As religiões e os livros sagrados têm tentado chamar a atenção para os propósitos mais profundos da vida, mas de uma maneira tão confusa que o seu impacto termina sendo muito vago. Os dogmas, as injunções e tradições em diversos assuntos irrelevantes à essência das questões da vida religiosa estão misturados com os conselhos sobre a vida superior. Neste caso, uma coisa é receber conselho em tais assuntos, e outra é investigar seriamente por si mesmo o sentido e o propósito da vida.

A qualidade da vida de uma pessoa muda quando o impulso para conhecer a verdade é sentido profundamente. Por milênios não houve mudança essencial na sociedade, porque geralmente as pessoas ouvem apenas mecanicamente os ensinamentos religiosos. As condições externas mudaram, mas não mudou o psiquismo da Humanidade, com suas cobiças, seus rancores, apegos e agressões. Pois para haver mudança, a vida dos sentidos e a busca por excitamentos mentais deve realmente morrer e ser substituída por um anseio de compreender e descobrir em primeira mão a verdade sobre a vida. O singelo poema de William Blake de Canções de Inocência nos desperta para as perguntas pelas quais cada forma de vida nos confronta:

Cordeirinho, quem te fez?
Conheces quem te fez?
Quem te deu vida e mandou alimento,
Pelo córrego e pelo prado;
Quem te deu roupas de beleza.
Roupas muito suaves, claras e quentes;
Quem te deu esta voz terna
Que faz os vales todos exultarem?
Cordeirinho, quem te fez?
Conheces quem te fez?


Da mesma forma, referindo-se ao tigre feroz, Blake pergunta: "Aquele que fez o cordeiro, também te fez?" (Canções de Experiência).

Por incontáveis meios a Natureza exibe milagres a cada minuto. Cada criatura, grande ou pequena, é provida do que necessita, da lã para mantê-la quente, ou da habilidade para construir um ninho. E fácil desconsiderar as miríades de maravilhas do corpo e da mente, atribuindo tudo aos genes. Mas como os genes tornaram-se tão inteligentes? Há uma inteligência universal, um supremo amor trabalhando, moldando e movimentando todas as coisas em direção a um fim maior?

Visto que a mente humana é capaz de elaborar estas perguntas, devemos considerá-las seriamente ao respondê-las. Devemos ser compelidos interiormente a indagar por que idéias de justiça, beleza e verdade têm tido importância na cultura e consciência humanas, mesmo que não tenham nada a ver com a luta pela sobrevivência, que é dito caracterizar o processo de evolução. Em todas as épocas, homens e mulheres sofreram torturas por dedicarem suas vidas à verdade. Por que estes poucos destemidos em sua lealdade à verdade, os que trilharam a senda da honradez ou trouxeram informações de uma beleza transcendental a este mundo são respeitados acima do resto da Humanidade, mesmo por aqueles que egoisticamente buscam seus próprios fins? Certamente porque apesar das pressões às quais foram submetidos, as pessoas compreendem, pelas vidas das almas puras e nobres, que a verdade tem um poder transformador. Disse Jesus, em João 8:32 "Vocês conhecerão a verdade, e a verdade vos libertará..."

Satyât nâsti paro Dharma "Não há religião superior à verdade" era o antigo lema da família de Kasi, ou Varanasi, também escolhido por seus fundadores como lema da Sociedade Teosófica. Isto sugere que o genuíno progresso está relacionado com a busca da verdade. A busca de objetivos menores, principalmente de riqueza e prazer, Artha e Kama, embora compreensíveis e aceitáveis, quando dentro de limites razoáveis, com uma noção de responsabilidade social ou Dharma - resultam na degeneração do mundo, que é o que estamos testemunhando. Somente pela descoberta do mais profundo significado da vida e do propósito cósmico subjacente no mundo manifestado, pode a natureza humana elevar-se a sua destinada dignidade.

O que é a verdade? A maioria das pessoas acredita que a verdade é tão abstrata e remota que não pode ser uma preocupação séria para a média das pessoas. Sob este ponto de vista, o assunto é mais bem tratado por filósofos e especialistas. Como escreveu Francis Bacon: "O que é a verdade? disse ao imitar Pilatos, e não esperando uma resposta." (Ensaio Sobre a Verdade) Isto é o que as pessoas gostam de fazer - afastar-se do debate. Mesmo assim, aprender a contestar é de importância suprema para a Humanidade, e está intimamente ligado ao fato de tratar com sabedoria os problemas e as obrigações diárias. A clássica metáfora da cobra e da corda ensina que o pensamento e a ação mudam completamente de acordo com o que a pessoa vê. Aceitamos como verdadeiro o que conhecemos e vemos, mas não inquirimos se realmente vemos e conhecemos o que existe. Mesmo a forma material, a estrutura e a substância dos objetos que nos cercam, não é o que pensamos que seja, porque nossos sentidos têm grandes limitações. Ainda assim, rapidamente fazemos julgamentos e pensamos conhecer a verdade das coisas. A enfermidade da certeza domina nossas mentes, e logo se torna dogmatismo, fanatismo e intolerância.

O dogmatismo e autoritarismo das igrejas começam a desintegrar-se com o desenvolvimento da ciência, cujo objetivo é a verdade. O desenvolvimento científico depende da não submissão a uma autoridade final - Newton, Einstein ou outro - e o não se aferrar dogmaticamente a qualquer ponto de vista. O trabalho científico é baseado em observação imparcial, repetidos testes e experimentos, pensamento objetivo (impessoal) e vontade de revisar cada teoria à luz de fatos e observações novas. Esta atitude é imprescindível para o progresso - não apenas no campo material, mas para a investigação da verdade em qualquer nível.

Infelizmente, a comunidade científica tem se mostrado cautelosa em explorar de maneira científica qualquer coisa fora de sua própria área de investigação. A existência de campos não-materiais, forças e fenômenos é um fato, mas os cientistas preferem imitar Pilatos, recusando-se a examiná-los imparcialmente, por medo de que sua visão materialista possa ser perturbada. Essa abjuração na busca pela verdade, a contestação dogmática ou fanática das dimensões da existência que os cientistas não conhecem e não querem conhecer, resultou na cura da enfermidade (pelo menos em alguma extensão), mas matando o paciente - sendo a enfermidade o dogmatismo das igrejas; e o paciente, o espírito e o impulso religioso.

A educação científica tem desprezado os mais profundos e sutis aspectos da existência, desconsiderando a vida, seus valores, propósitos e sentido e favorecendo os bens do progresso - isto é, o sucesso, o dinheiro e os prazeres. O deplorável mundo materialista e consumista atual, voltado para os prazeres, é o produto bastardo da crença de que nada existe além do que é quantificável e conhecido pela metodologia científica. A negação de sentido, propósito e valores próprios geraram atitudes de insensibilidade e crueldade improcedentes para seres humanos e milhões de animais. Graves perigos ecológicos ameaçam a Terra e seus habitantes porque o hedonismo é agora quase universalmente a filosofia preferida. O hedonismo sempre existiu. Contudo, sendo enorme a capacidade produtiva do mundo moderno, o apelo aos prazeres e às possessões é intensificado, e resistir às tentações do mercado e dos centros de diversões é muito difícil para a maioria das pessoas. A competição e o estresse envolvidos na busca destes prazeres e estilo de vida autocentrado estão constantemente explodindo em atos de frustração e violência. A ciência abriu uma caixa de Pandora, e o assim chamado "progresso" está rasgando em pedacinhos o que resta da vida civilizada.

Charles Birch, ganhador do prestigioso Prêmio Templeton, conferido a cientistas que promovem a compreensão religiosa, diz em seu livro On Purpose (New South Walles University Press, 1990). "O conceito de 'homem econômico' trata dos seres humanos como objetos, não como sujeitos. É uma visão materialista do ser humano. Seu valor é seu valor para o Produto Nacional Bruto. Seu valor é seu serviço. Se este serviço puder ser feito por uma máquina, seu valor desaparece". Casualmente Birch também cita o filósofo Whitehead que diz: "Os cientistas, animados pelo propósito de provar que eles não têm propósitos, constituem um interessante assunto para estudo". A falta de piedade e de preocupação com os seres humanos inevitavelmente se amplia em formas mais cruéis para outros seres vivos, sendo todos tratados como objetos que não possuem propósito intrínseco, não tendo direito à vida e a ser feliz. O ponto de vista moderno reduziu a dignidade de toda vida, e por promover o consumismo e a luxúria exacerbou os grandes problemas da guerra, do desperdício, da destruição do meio ambiente, da crueldade e da ganância.

Felizmente, há uma minoria de cientistas e pensadores não-convencionais que apóiam o que é chamado de ponto de vista pós-moderno - que encoraja um senso de responsabilidade e respeito pela vida - a investigação do sentido e do propósito nas manifestações da Natureza. O físico Paul Davies afirma: "O pequeno e o grande, o local e o global, o atômico e o cósmico sustentam-se mutuamente e são aspectos inseparáveis da realidade. Não se pode ter um sem o outro. A simples idéia reducionista antiga, de um Universo que simplesmente é a soma de suas partes, está completamente descartada pela física atual. Há uma unidade no Universo que vai muito além de uma simples expressão de uniformidade". (Citado por Birch em On Purpose, p. 69).

A Unidade da vida, a verdade da Totalidade é o ensinamento essencial, o cerne de todas as religiões. O Chhandogya Upanishad (111 14.1) declara: "Tudo isto (o mundo manifestado) é o Ser Eterno; do Qual tudo isto se origina, no Qual tudo desaparece e pelo Qual tudo é mantido". Sri Krishna, que no Bhagavad Gita não é um deus hindu, mas a Vida Universal, declara: "Eu sou a vida de todos os seres". Esta imanência e onipresença da divina energia Única em todo Universo é um tema que pode ser observado em todas as digressões de cada tradição religiosa. Elas todas ensinam que o puro Amor, que não pede retribuição, não favorece ninguém, é a verdade viva da unidade, citando São Paulo (Romanos 13:10): "O amor é o cumprimento da Lei".

Mas como dissemos anteriormente, ouvir palavras que expressam a verdade não é o mesmo que compreender esta verdade. As palavras são apenas mapas, e como mapas não podem trazer a experiência do território, as palavras não podem tornar-se um substituto para o conhecimento direto que é a verdade. Infelizmente a substituição continua sempre; assim as palavras fascinam a mente de tal maneira que ela cai na ilusão de que conhece o fato ou a verdade. Krishnamurti falou muitas vezes sobre a palavra não ser a coisa: a palavra "árvore" não é a árvore. Em A Primeira e Última Liberdade, ele disse sobre a Verdade e a Mentira: "Quando você ouve as palavras 'Ama o próximo', isto é uma verdade para você? Isto é verdade somente quando você ama seu próximo; e este amor não pode ser repetido, somente a palavra pode ser repetida. Ainda assim, muitos de nós ficamos felizes com a repetição de 'ama teu próximo' ou de 'não cobiçar'. Portanto, a verdade de outro ou uma experiência real que você tenha tido, não se tornam uma realidade apenas pela repetição. Pelo contrário, a repetição impede a realidade". Isto implica que a verdade não pode ser passada de um para outro. Nenhum guru pode agir como um procurador. Assim como um medicamento não pode ser tomado por um substituto, mesmo por um pai dedicado quando um filho cai doente, é insensatez acreditar que a sabedoria do guru nos curará da cegueira espiritual. Não há alternativa para a experiência direta da verdade por cada pessoa. A menos que seja conhecida intimamente, não é a verdade - mas somente uma sombra enganadora.

A verdade é o bem-estar oculto dentro do coração de cada ser. É o divino elemento invisível que ilumina nossa consciência, quando ela está na circunstância correta, com a luz da beleza, significado e reverência. O caminho para isto é obstruído por uma massa de detritos em forma de paixões, preconceitos e a insistente auto-imagem. O Viveka-Chudamani, de Sankaracharya, (verso 67), diz que um tesouro oculto não pode ser desvendado ao dizermos: "Aparece". Conhecemos sua localização por fontes confiáveis e depois assumimos o trabalho de cavar, removendo terra e pedras. Da mesma maneira, a verdade é descoberta depurando a consciência de todas as obstruções à percepção. Contudo, as religiões estabelecidas raramente encorajam esta purificação, que envolve questionamento e ponderação, e preferem estimular seus seguidores a crer cegamente no que é oficialmente declarado como verdade. Isto confere ao clero, às autoridades eclesiásticas o máximo poder sobre a mente do povo. Seu rebanho sente que não pode conhecer a verdade sem intermediários, que deve confiar nestes mediadores para a futura passagem segura em outros mundos. Como a investigação e o pensamento independente na busca pela verdade é um perigo para a estrutura do poder eclesiástico, as religiões organizadas pedem e muitas vezes reforçam a dependência, a obediência e o conformismo.

Assim, a religião e a ciência interrompem inesperadamente sua dedicação à verdade. Elas falham em seu papel declarado de promover a busca pela verdade porque isto poderia alijar tudo que se refere ao auto-interesse. Madame Blavatsky comparou as duas a dragões dos tempos antigos "um devorando o intelecto; o outro, as almas dos homens". Mais adiante ela diz "mesmo assim, elas podem reconciliar-se com a condição de que ambas devam limpar suas casas, uma das antigas escórias humanas, e a outra das excrescências terríveis do materialismo moderno".

Retornemos agora à errônea concepção de que a verdade é remota ou abstrata. É somente em nossa imaginação que isto ocorre. Para chegarmos à verdade, precisamos apenas começar de onde estamos e não imaginar que, como um astronauta, podemos chegar a alguma região estelar onde ela está entronizada. No começo, a sabedoria pode estar numa investigação das verdades que nos cercam, por exemplo, a verdade dos relacionamentos, que é um dos problemas mais sérios da sociedade humana. Devido a nossa inabilidade de compreender os relacionamentos, vivemos com guerras terríveis, crueldades, superstições, desigualdades, injustiças, pobreza e exploração. No nível pessoal há desentendimentos, medos, solidão e outras tristezas. Modificar por partes as condições externas, ou por revoluções econômicas e políticas, novas teorias, etc., nunca resultou em nada que não fosse mudança superficial e temporária. Onde está a solução? Como podemos aprender qual é o relacionamento certo, aquele que espontaneamente traz ordem à sociedade, bem como a liberdade necessária aos indivíduos para crescer moral e espiritualmente, e não somente mental e intelectualmente - um relacionamento de cooperação, amizade e confiança mútua?

Para descobrir a verdade sobre a religião ou qualquer assunto, devem ser descartados preconceitos e preferências pessoais. Esta é a abordagem científica, que é tão valiosa nesta área como o é ao investigar fatos e fenômenos materiais. Somos condicionados a ver tudo sob um ponto de vista pessoal, "meu" país, "minha" raça, "minha" religião ou "minha" classe social. A Humanidade foi descrita como um enorme corpo cujos membros guerreiam entre si. Involuntariamente nos situamos como parte de uma raça, de um país, de uma classe ou sexo; na maioria das vezes, até mesmo a religião é herdada, e não é escolhida com inteligência. Portanto, de geração em geração, preconceitos baseados em rótulos como hindu, cristão, muçulmano, alto, baixo, etc., levam a conflitos e a outras graves calamidades. Somente uma mente investigadora pode livrar-se destas limitações da mente pessoal e perceber que o progresso humano é essencialmente um crescimento da compreensão dos valores que harmonizam e unificam. Ser verdadeiramente religioso significa aprender a ser uno com todas as coisas vivas, e a incorporar valores como bondade e compaixão, simplicidade e desapego, ausência de orgulho e vaidade. O profeta Maomé ensinou que "a benevolência e a cortesia são atos de piedade" (Sayings of Muhammad, Dr. Suhrwardy, 1905, p. 4). Quando crenças, rituais e práticas que separam as pessoas não são identificadas com a religião e são deixadas de lado, a paz se torna uma realidade maior.

A investigação objetiva da natureza dos relacionamentos também nos faz compreender que a mente tem uma forte tendência a fugir de responsabilidades. A maioria de nós denuncia imediatamente os erros do outro quando um relacionamento se deteriora. Gostamos de fingir que a causa da desarmonia está fora de nós, na maneira como o outro se comporta, ou nas circunstâncias externas. Um exemplo nos dado de uma pessoa que caminhava sob um sol calcinante numa colina rochosa, tentando a cada passo cobrir as pedras para evitar o calor abrasador, até que alguém lhe disse que seria mais fácil proteger seus próprios pés. Observação imparcial significa olhar para si mesmo honestamente para observar como opera a mente - seu orgulho, seu amor por bens e poder, sua insensibilidade - que são como cancros que envenenam os relacionamentos. A harmonia surge quando a mente se liberta destas desordens internas. O mundo inteiro mudaria se as pessoas compreendessem a importância de descobrir a verdade sobre si.

Na Natureza há uma maravilhosa diversidade de formas, funções e características. Esta diversidade é enriquecedora. Seria agradável vermos apenas um tipo de árvore sobre a Terra, ou apenas uma espécie de pássaro ou animal? Ainda assim reagimos como se as diferenças no cuidado, caráter e na aparência de outras pessoas significassem uma ofensa, e em nossas próprias mentes estamos esperando conformismo aos padrões estabelecidos. A falta de sensibilidade e abertura para o que existe, as resistências que construímos, afastam-nos da beleza e do mistério da vida, que foi experienciado não somente por místicos, poetas e artistas em seus momentos de percepção intensificada, mas também por cientistas, quando seu único objetivo era encontrar a verdade. Heisenberg escreveu uma carta: "O terreno total dos inter-relacionamentos na teoria atômica está súbita e claramente exposto ante meus olhos ... surge. Nem mesmo Platão poderia acreditar que fosse tão belo. Porque estes inter-relacionamentos não podem ser inventados; eles estão ali desde a criação". (Citado por S. Chandrasekhar em Truth and Beauty, Penguin, 1991, p.22). Numa ocasião Heisenberg sorrindo, disse a sua esposa: "Fiquei muito feliz por observar sobre o ombro do bom Deus enquanto ele trabalhava".

Todo o Universo é ordem e alegria, significado e propósito. Talvez não saibamos que coisas divinas e maravilhosas perdemos por nos fecharmos em nós mesmos, em nossas próprias opiniões, preferências e aversões, em vez de mantermos aberta a mente para a verdade que aguarda revelar-se em todo lugar, tanto na minúscula partícula como no Todo. Finalizo com as linhas de Edmund Holmes (do The Oxford Book of English Mystical Verse):

"Respiro o alento da manhã. Estou unido à Alma-Mundo.
Não vivo mais minha vida, mas a vida do Todo existente".

Tradução: Izar G. Tauceda - Loja Jehoshua, Porto Alegre - RS.

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