Data: Ter Mai 7, 2002 2:23 pm
Assunto: Estádio: voltando ao assunto
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Quem freqüentou o Brunão nos jogos do Campeonato Paulista pôde constatar, mais uma vez, a precariedade das condições do Estádio Municipal, especialmente no setor das cadeiras. Os assentos de plástico, originais, estão em boa parte rachados, os banheiros precários (é até generosidade chamar aquilo de banheiro), a marquise pesadíssima já fora de nível e dando a impressão que vai tombar a qualquer momento. Isso para não mencionar novamente os problemas de segurança e falta de estacionamento.
O fato é que nosso estádio, embora seja muito bonito (o Osmar de Oliveira nunca perdeu uma chance de elogiá-lo nas transmissões da Record), já é antigo. Sua concepção é superada, com uma enorme pista de atletismo antiquada e sem uso há tempos, e a arquibancada, erguida às pressas no último ano do governo Pezzolo, destoa arquitetonicamente do conjunto, e, o que é pior, não comporta uma ampliação.
Durante um bom tempo, e mesmo nesta lista, sugeri a construção de um estádio novo para a cidade. Hoje há novas técnicas de engenharia e materiais que permitiriam uma obra bem mais barata que há vinte anos atrás; basta olhar os estádios novos em folha que a Coréia construiu para a Copa do Mundo e ver que eles adotaram soluções simples e elegantes. Mas depois comecei a refletir: o Brunão tem um valor sentimental muito grande para nós, e ficaria abandonado. A cidade já não dispõe de grandes áreas que permitam erguer um estádio novo com toda a infraestrutura necessária, e os recursos financeiros andam escassos. E aí?
A resposta me apareceu quando assistia ao tape do jogo Ramalhão X Inter. De repente dei-me conta de que o Brunão é espaçoso demais! Bastaria eliminar a pista de atletismo e haveria espaço bastante para uma ampliação. Seria possível praticamente reconstruir o estádio com uma concepção moderna, reduzindo a distância entre o público e o campo e quase dobrando a capacidade de público atual!
Não sou engenheiro, certamente haverá alguém na lista que entenda disso melhor que eu, mas a idéia seria basicamente a seguinte (vejam a figura anexa):
- levantar um lance de arquibancada atrás de cada gol, a uma distância de no máximo 12 metros da atual linha de fundo e com a altura da marquise das cadeiras (em nome da simetria), terminando em curva e ligando-se à arquibancada atual, que teria uma parte demolida nas duas laterais. Alambrados separariam as arquibancadas do campo de jogo e evitariam acidentes, pela maior proximidade do público. Como as novas arquibancadas seriam mais baixas que a atual, oresultado final seria algo parecido com o estádio do Canindé. Outra opção seria erguer dois tobogãs, sem ligação com a arquibancada existente, mas não recomendo fazer isso pois ficaria parecendo um “frankenstein”, como o campo do Amarelão, também chamado cai-panela.
- Os acessos aos vestiários, que hoje são atrás dos gois, passariam a ser junto à linha lateral.
- Os dois setores de cadeiras nos “cantos” seriam eliminados, pois não teriam mais visão do campo. Em seus lugares poderiam ser instalados auditórios, posto policial e da guarda municipal, ou setores de serviço. Também as duas fileiras mais altas dariam lugar a camarotes. As “rampas” atrás das linhas de fundo seriam eliminadas, pois são totalmente desnecessárias.
- Todas as cadeiras seriam substituídas por assentos de polietileno com estofamento e braços com porta-copos. Com um espaçamento de 60 cm entre os braços (até eu, que sou gordinho, caberia com folga), seria possível até aumentar a capacidade de público.
- A marquise sofreria uma revisão completa, bem como o sistema de iluminação que é obsoleto.
- Os sanitários seriam totalmente refeitos desde a parte hidráulica, recebendo ainda um novo sistema de ventilação e iluminação, não sendo mais “abertos” como hoje.
- A parte inferior das novas arquibancadas poderiam ser aproveitadas para lojas, farmácia, lanchonetes e posto médico.
- Na área de jogo, seria feita uma revisão do sistema de drenagem, trocada toda a terra e plantada grama nova em todo o espaço. O campo de jogo ficaria um pouco mais próximo da arquibancada, aumentando o espaço dos bancos de reservas e de aquecimento junto às cadeiras.
- Para solucionar a questão do estacionamento, a Prefeitura teria de criar bolsões nas ruas próximas em dias de jogos (em frente do Aramaçan e do Pedro Dell’Antonia, por exemplo), com guardas municipais mantendo os “flanelinhas” (prefiro chamar de extorsionistas) à distância. E voltarem as linhas de ônibus na porta do estádio.
Enfim, dá para fazer um “upgrade” no Brunão e deixá-lo em forma para mais uns quinze anos. Não seria tão caro, pois dá para aproveitar a maior parte do que já existe, e alguns parceiros poderiam bancar a obra, com custo zero para a Prefeitura; teríamos um estádio para 30 mil pessoas no mínimo, que poderia até ser alugado para os times “grandes” e gerar recursos próprios. Uma obra como essa levaria no máximo um ano, e nesse período o Ramalhão poderia jogar no 1º de Maio, que fica ocioso quase o ano inteiro. Um pequeno sacrifício por uma boa causa. Lembremos que já ficamos um ano sem estádio para jogar, por motivos bem menos nobres (Xuxa, Menudos etc.), e que o principal motivo de o Atlético Paranaense ser o atual campeão brasileiro chama-se Arena da Baixada, e o novo Bruno Daniel ficaria parecido...
Estou sonhando? Talvez. Mas enquanto me for permitido, continuarei sonhando com um futuro grandioso para o Ramalhão.
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