Data: Sex Set 12, 2003 11:30 am
Assunto: $$$: eis a questão
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Às vezes consigo chegar mais cedo em casa, a tempo de ver parte do programa "Gaveta Esportiva", não porque seja um bom programa esportivo (na verdade, é o pior) mas porque nesse horário, entre novelas melosas, jornalísticos sanguinolentos e pegadinhas sem graça, o programinha do Roberto "A-vá-longe" e seus amigos é a única coisa assistível. E anteontem, nesse programa, dois jornalistas tentavam decidir "no grito" qual seria a melhor fórmula de disputa para o Brasileiro: pontos corridos, como a série A, ou turno único com mata-mata, como a série B. Logicamente, não chegaram a conclusão alguma, pelo simples fato que nenhuma dessas fórmulas é "melhor" que a outra; são apenas diferentes (embora eu pessoalmente goste mais dos pontos corridos).
Há algum tempo postei uma mensagem aqui comentando sobre as dificuldades que a CBF terá para manter seu campeonato em pontos corridos com 24 times e adequá-lo ao calendário europeu. Relacionei vários obstáculos que Ricardo Teixeira terá de superar para realizar seus objetivos, mas hoje dei-me conta que esqueci um — e justamente o mais relevante.
Por que a série A dura 8 meses, a série B dura 6 e a série C, pouco mais de 2? Por um motivo muito simples: CUSTOS. Num país continental como o Brasil, as viagens dos clubes são, em geral, aéreas. Times como Fortaleza e Paysandu têm que voar longas distâncias praticamente toda semana. Imagine-se quanto custa 24 times voando por este país durante 8 meses!
A série B deste ano estava planejada para ter a mesma fórmula da série A: pontos corridos. A idéia foi abandonada porque seria caro demais. E agora a Varig (parceira da CBF) avisou que não tem mais como bancar passagens subsidiadas para os times da série B, e o campeonato pode entrar em crise justamente na reta final.
Nos campeonatos europeus não há esse problema: a maior parte das viagens não superam 500 quilômetros, e normalmente são feitas de trem, com rapidez, conforto e economia. Na Europa praticamente só se voa para disputar jogos internacionais em países mais distantes. Aqui no Brasil, não é possível fazer nenhuma disputa de caráter nacional sem horas e horas de vôo, e quanto mais jogos, mais caro é o campeonato. Honestamente, não vejo como a CBF conseguirá sustentar seu campeonatão, sem descobrir a fórmula para fabricar ouro.
Tudo aponta para a necessidade de redução de custos — ou seja, diminuir o número de times da série A e regionalizar a série B. Só que até agora não ouvi ninguém falar absolutamente nada a respeito.
Seria importante a definição, o quanto antes, de como ficará o calendário de 2004, inclusive para sabermos quantas datas haverá para o Campeonato Paulista, cujo Arbitral precisa acontecer até o mês que vem, para que sejam cumpridos os prazos do Estatuto do Torcedor.
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