Imagem em Acervo gênesis


A Criação Gênesis
(entre 1508-1512)

Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni (1475-1564) teria ficado conhecido apenas como escultor e arquiteto genial, não fosse a encomenda absurda feita pelo papa Júlio II (Giuliano Della Rovere, papa de 1503 a 1513) para que ele pintasse o teto da capela Sistina. Tal obra deveria ter sido entregue a Rafael (1483-1520), pintor por excelência, mas este seria convocado para a pintura da Stanza della Segnatura, biblioteca do papa. O esforço consumiu quatro anos de liberdade de Michelangelo, que praticamente esteve aprisionado na capela até a entrega do afresco. Num momento de inspiração rara na história da arte, ele soube simbolizar no toque de Deus em Adão toda filosofia renascentista que buscava resgatar a continuidade com os ideais clássicos de perfeição divina da razão humana, o elo que nos une ao firmamento. Isso só foi possível, no entanto, graças à atmosfera cultural vivida no tempo em que os Médicis dominaram Florença, em cuja corte Michelangelo teve contato com as idéias de Platão e Dante. A realização pictórica do Velho Testamento no teto da capela do Vaticano rendeu-lhe uma nova incumbência, mais tarde: a decoração da parede do altar da Sistina, onde pôde criar O Juízo Final (1541), consagrando-se definitivamente como o maior gênio da história das artes.

Discursus

“O Moisés de Michelangelo não era só a imagem artística do homem do Renascimento, a corporificação em pedra de uma nova personalidade consciente de si mesma. Era também um mandamento em pedra dirigido aos contemporâneos de Michelangelo e a seus dirigentes: ‘é assim que vocês precisam ser. A época em que vivemos o exige. O mundo a cujo nascimento presenciamos o requer’”
(FISCHER, E. A Necessidade da Arte, cap. II).

Direito Autoral

Imagem: MICHELANGELO, A Criação. Fonte: Capela Sistina, Vaticano.


Ir ao Acervo Ir ao índice de Iconoteca