schopenhauer

Arthur Schopenhauer

(Dantzig, 1788 - Frankfurt, 1860)

Filósofo pessimista alemão. Inimigo intelectual e pessoal de Hegel. Sua observação atenta do comportamento humano foi precursora da psicanálise. Autor de O Mundo Como Vontade e Representação (1813), Sobre o Fundamento da Moral (1840) e Parerga e Paraliponema (1851).

Até aqui, dentro dos limites do nosso assunto, expusemos de modo suficiente a negação do querer–viver, o único ato da nossa liberdade que se manifesta no fenômeno e que podemos chamar como Asmus, a transformação transcendental; nada mais diferente desta negação do que a supressão efetiva do nosso fenômeno individual, isto é, o suicídio. Muito longe de ser uma negação da Vontade, o suicídio é uma marca de afirmação intensa da Vontade, visto que a negação da Vontade consiste, não em ter horror aos males da vida, mas em detestar–lhe os prazeres. Aquele que se mata queria viver; está apenas descontente com as condições em que a vida lhe coube. Por conseguinte, destruindo o seu corpo, não é ao querer–viver, é simplesmente à vida, que ele renuncia. Ele queria a vida, que a Vontade existisse e se afirmasse sem obstáculos, mas as conjunturas presentes não lho permitem e ele sente com isso uma grande dor. Toma então uma resolução de acordo com a sua natureza de coisa em si, natureza que permanece independente das diferentes expressões do princípio de razão, à qual, por conseguinte, todo o fenômeno isolado é indiferente, já que ela é própria independente do nascimento e da morte, já que ela é a essencia íntima da vida unversal. (...) A relação entre o suicídio e a negação do querer é a mesma que entre a coisa particular e a idéia: o suicídio nega o indivíduo, não a espécie. Como vimos mais acima, a vida é infalivelmente e para sempre inerente ao querer–viver, e o sofrimento à vida; daí resulta que o suicídio é um ato vão e insensato” (SCHOPENHAUER, A. O Mundo como Vontade e Representação, IV, § 69).

Foto: Daguerreótipo de Schopenhauer; fonte, Orbis.

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