O dia havia
amanhecido claro, mas com um vento frio que mantinha a sensação de temperatura
baixa.
A equipe
estava desfalcada, pois o Renato e a Cris, não puderam comparecer devido a uma
forte crise de sinusite.
A Adriana, o
Fábio, o Paulo e Cláudia já saíram de São Paulo uns 30 minutos atrasados.
Precisavam chegar cedo para poderem fazer todos os cálculos à mão, pois não
puderam contar com o notebook daquela vez. O Fábio conduzia o carro pela pista
sinuosa em velocidade elevada para compensar o atraso, quando a Cláudia pediu
para parar, pois estava enjoada. Foi o tempo do carro parar no acostamento; a
Cláudia abrir a porta e todos torcerem o nariz ao ouvirem repetidas seqüências
de hug..chuáaaaa. Paulo comentou que poderia ver tudo o que a Cláudia havia comido
nitidamente: bolachinhas, frutas, e o iogurte diluído. "só poderia ter
dado no que deu", comentou ele, "por ter comido tanta coisa no café
da manhã e o Fábio providenciado para que tudo ficasse bem mexido como um
milkshake dentro dela".
Chegaram
ao local da prova com certa antecedência. Check-in e pulseira providenciados,
teriam ainda uma hora e meia para fazerem os cálculos e se prepararem para a
largada que estava prevista para as dez horas e dois minutos.
Paulo
começou fazendo os cálculos dos minutos parciais de cada quadrícula, e Fábio
ficou encarregado de somar as parciais para obter as horas acumuladas. Mas o
Fábio disse que começaria a fazer sua parte tão logo estivesse com suas botas
especiais nos pés.
Enquanto
o Fábio calçava suas botas, foi alertado pelo Paulo para considerar sempre o
horário inicial de cada trecho para os cálculos. Fábio respondeu: "tudo
bem, deixa comigo" sem olhar para o que o Paulo apontava na planilha. Uma
hora mais tarde, o Fábio já estava com quase todos os cálculos terminados e
pediu para o Paulo conferir os finais de trecho. Paulo começou a conferir e
parou olhando para a planilha com cara de ponto de interrogação na testa.
"E aí Paulão, os cálculos estão corretos?", perguntou Fábio.
"Não", respondeu o Paulo. "Eu disse para considerar os horários
iniciais de cada trecho. Está tudo errado!" Tinham menos de meia hora para
refazerem todos os cálculos. Nesse momento perceberam que contariam com mais um
elemento na equipe: o estresse.
10:02,
largaram. A trilha começava com um trecho de pc virtual, onde a contagem de
passos era fundamental para o sucesso da equipe. O Fábio começo a contar os
passos, enquanto o Paulo, já demostrando sinais de estresse começou a
pressionar dizendo que a velocidade era de 58m/min. e que estavam andando muito
devagar. O Fábio pediu calma e disse que precisava se concentrar, pois aquele
era o trecho de pc virtual. O Paulo olhando para o jeito esquisito do Fábio
contar passos, um pé na frente do outro, perguntou: "mas precisa andar
assim. É assim, mesmo???". É uma peculiaridade do Fábio, o trena, como ele
mesmo se define quando assume a função do contador de passos. A contagem é
precisa, mas como seus passos são curtos, torna o seu jeito de andar muito
esquisito quando a velocidade é superior a 50 m/mim.
Estavam
fazendo uma boa prova até que no primeiro trecho dentro do rio, o Fábio sacou
sua máquina fotográfica Blue Ski de r$ 19,90 e pediu para a Cláudia tirar uma
foto. Quando o Fábio foi guardar a máquina, segurou-a muito forte junto com a
calculadora, com todo cuidado para que não caíssem na água. Uma vez que a
máquina fotográfica estava salva dentro da pochete, o Fábio voltou a contar os
passos, mas quando olhou para a calculadora... a metragem estava zerada. Ele
então gritou: " estamos sem contagem de passos, perdemos o programa!!!!!!!
O Fábio não conseguia se concentrar na contagem feita de
cabeça e o estresse estava mais atuante do que nunca: dominava cada fio de
cabelo do Paulo. Muitos minutos perdidos, pois a navegação estava muito
comprometida sem a contagem dos passos. O Fábio tentava, mas não se lembrava da
seqüência exata das teclas que deveria pressionar para reprogramar a
calculadora, até que então, por sorte, chegaram ao trecho da trilha que passava
próximo ao local em que haviam estacionado o carro, onde a Adriana ficou lendo
algumas revistas. Foi então que Fábio pediu para que ela trouxesse o manual da
calculadora que estava no carro dentro da caixa de apetrechos de trekking. Foram
momentos de muito estresse. Enquanto o Paulo e Cláudia corriam tentando
recuperar o tempo perdido e encontrar o caminho correto, eram seguidos pelo
Fábio que vinha pouco atrás com manual da calculadora tentando encontrar a
página com as instruções para programação. Foram muitas travessias por dentro
da água, algumas com água ao nível da cintura, e muitos tropeções em meio às
páginas em inglês, até que pouco antes de chegarem ao neutral ele conseguiu
inserir um programa provisoriamente adaptado, mas que funcionava.
No
neutral, conversando com a equipe Pexó, descobriram que ambas as equipes haviam
perdido um pc. A Pexó, próximo ao pc virtual e os Econautas, próximo ao
neutral. O PC que nossa equipe tinha deixado de passar estava muito mal
posicionado, fora da trilha. Mas por garantia, o Fábio e o Paulo correram até
ele para registrar a passagem e garantir um número menor de pontos perdidos.
Mais tarde esse PC foi cancelado.
Ainda
houve a travessia do lago em um bote, mas que a equipe decidiu não fazer por
não ser obrigatório, mas que teria sido muito divertido.
Não
pontuaram mais uma vez. Conseguiram a 16º colocação. Mas isso já era esperado
depois de tantos contratempos para administrar.
Essa
história foi escrita pelo Fábio em set./2002 quando ainda competia pela
Econautas Trekking Team.