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Que canto há de cantar o que perdura? 
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos 
A vertigem de ser, a asa, o grito. 
Que mitos, meu amor, entre os lençóis: 
O que tu pensas gozo é tão finito 
E o que pensas amor é muito mais. 
Como cobrir-te de pássaros e plumas 
E ao mesmo tempo te dizer adeus 
Porque imperfeito és carne e perecível 

E o que eu desejo é luz e imaterial. 

Que canto há de cantar o indefinível? 
O toque sem tocar, o olhar sem ver 
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis. 
Como te amar, sem nunca merecer? 

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