CARAMBOLA
AVS / 46





Ramlaca

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Glossário




Hora Certa











estes dois olhos vidrados em tua riqueza sem moedas estão semi-abertos
ridentes se vistos por um lado e mais endurecidos por outro nesta face oleosa
e sem um níquel dentro estes lábios gélidos com carinho por ti muito ainda calam
— é o tempo de amar
ecoam os estalos do chamegar da tua língua nestas orelhas por hora adornantes
e quase todo o dorso arrepia-se do teu nostálgico bafo de nariz neste pescoço
meio rígido do frio persistente neste peito que por tua falta resigna-se sem abraços
— é o tempo de tocar
ficam cruzadas nas juntas dos dedos estas mãos úmidas e nervosas de esperas
sem esperanças os nervos todos de aço agora se levitam como máquina emperrada
e só crescem unhas e cabelos-pêlos como seres autóctones deste corpo impedido
— é o tempo a passar
dentro da aquarela de inúmeras cores viscerais o fel biliar e as fezes se coram laca
e o pulmão sempre a extrair de cores invisíveis as cores aqui se auto-enche de gáses
aninhando cérberos vermes espinhentos vertebrando a médula por um lugar a sair
— é o tempo a sorrir
e segue alimentando aquela fornalha a hora do refluir quando menos se espera susto
da boca cheia do mais belo arroto devasso do esfincter nesta solitária indescrição
aqueles testículos uterinos nunca mais reproduzirão um só pingo nessa portaria
— é o tempo a secar
solta essa vida vaga como se andasse sem sentido quando dela se esfera o limbo
no momento estanque vai e evita o baque do arranque que entorpe muito tudo limpo
e aos poucos... aos poucos... antecipa-se o instante de ir
— foi-se o tempo











Testamentando
ao gari noturno ao gari noturno agradecemos: cantaremos: hum-hum (1) am-am (2) ó raspador da terra el lustrador da rua do ingrato trato recorre a jóia com vassouras com vassouro disfarças parte pão di-a-dia rastos e pó (3) parte carrossel (4) eia herói do sonho beep vigiam bmws infanto per capital faróis que ceguem feito necessidade olhos último ano do outro sal gas torrando sua sua ceia (5) ele de jeep (6) ui banal curtido encrudesce em ação suja, olhar bueiro cabisbaixo que se dilui (7) aqui, como garis, soturnos, nós nos seguiremos: hum-hum (8) as asas abertas das ruas desce(de)m do ingrato trato com tesouras resta-nos labocar: am-am as nossas covas rasas (9)
trançuda

a bola que bate
no leite do leito
faz luto que late
no peido do peito

transige

o pato compete
em muito de muita
presa da prosa
do feito afoito

transage

o fato qué foto
da gaita na moita
e do mote que meto
no naipe da noite

transoje

note que nada
encaixa na coisa
se casa com casco
do caso na casca
de quem cospe na costa
direito a torto

transeja

	sinuca
	rambolaca