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A TESE DO SISTEMA CONSTRUCIONAL PARA VERIFICAÇÃO DA
POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO EM CARNAP DO PERÍODO DE 1930 (1)
(Por: Renato Araújo)
Carnap e os representantes do ciclo de Viena, propõem
um revisionismo no método empírico clássico partindo
do desenvolvimento do instrumental lógico promovido por Fregue e
Russell.
Significatividade – esta é uma preocupação
que acompanhou toda história da evolução da filosofia
da linguagem desde seus primórdios com Port Royal(ou mesmo
entre Platão-Aristóteles) até os momentos mais recentes
do início do séc xx, culminando numa visão pragmatista,
levando a variadas elaborações de teorias da significação.
Perguntou-se , através dos anos, qual
seria o núcleo do significado? Que expressões fazem sentido?
Os enunciados têm referência, i. é, se referem a alguma
coisa? Qual é o papel da linguagem e da filosofia na elaboração
dos métodos da ciência?
Os filósofos da ciência e demais intelectuais
de áreas relacionadas se propuseram a debater questões deste
tipo e o chamado ciclo de Viena veio acrescentar ao debate formulando critérios
de sentido estritamente empírico para determinação
da validade de um conhecimento científico.
O empirismo clássico contribuiu para o enquadramento
conceitual da ciência moderna permitindo a previsão de uma
experiência futura à luz de uma experiência passada.
Indo mais além, foi possível com o empirismo
que este arcabouço conceitual fosse simplificado.
No empirismo, tal como foi desenvolvido por Hume e outros,
entretanto, apresentava-se os termos, os conceitos dos enunciados,
como constituintes nos quais se mantinha o sentido do enunciado.
Para estes, um enunciado tem sentido quando é resultado de impressões
ou combinações de impressões supostas e consideradas
dos objetos físicos. Assim, por exemplo; a expressão
“Cavalo alado”, dentro do empirismo clássico, tem sentido, pois,
temos aqui uma combinação de impressões de “cavalo”
e “alado” que dão sentido ao termo.
Grosso modo, o revisionismo aplicado no empirismo
clássico, baseado na critica da analítica do atomismo lógico
(Bertrand Russel), considerará como sendo as unidades básicas
do sentido não os termos, mas sim as próprias proposições.
O termo do exemplo acima “cavalo”, no entender dos teóricos
do ciclo, não é verdadeiro nem falso, isto é, ele
não pode ser submetido ao teste experimental. Nós só
encontramos sentido no que testamos experimentalmente e o que se testa
não são os conceitos, mas as proposições. Desta
maneira, “isto é um cavalo”, é uma expressão que faz
sentido porque ela é passível de ser testada e ,por isso,
pode ser verificada ou não na experiência.
A própria tese do sistema construcional
apresentada no texto “Pseudo-Problemas na Filosofia” vai nesta mesma direção.
Esse sistema oferece à ciência uma formulação
mais precisa do objetivo da epistemologia abandonando conceitos da filosofia
tradicional que não podem ser problematizados.
Um problema, na visão de Carnap, seria uma questão
da ciência que mantenha ou adquira a possibilidade de justificação
empírica. A epistemologia, enquanto um departamento crucial na filosofia
da ciência, tem por tarefa empreender uma análise dos conceitos
da ciência empírica ( seja do conteúdo das ciências
naturais ou culturais) e , por fim, reduzir esses conceitos a outros conteúdos
de cognições mais simples.
Esse processo de evolução metodológica
trazida por Carnap e pelo ciclo de Viena, garante uma maior clarificação
e purificação dos conceitos da ciência. O mundo, apresentado
como um problema, necessita do apelo à experiência. Não
se fará ciência nem se terá real acesso ao mundo apenas
pela forma do pensamento.
A exigência de uma base empírica, isto é,
a exigência do ponto de vista epistemológico de que os conceitos
da ciência são da ordem do sintético a posteriori,
remete à característica essencial desse método que
é a simplificação. Deriva-se o conteúdo de
uma certa cognição por meio de cognições já
dadas supostamente como válidas. Carnap refere-se aqui à
prática da epistemologia que é o próprio método
de derivação no qual um conteúdo de uma cognição
é reduzido a outro e, por fim, é epistemologicamente analisado.
A simplificação, consiste, então, em depurar os conceitos
e objetos da ciência, encontrando aqueles que seriam epistemologicamente
fundamentais.
Dito em resumo, a análise epistemológica
nada mais é que a análise do conteúdo teórico
da experiência. O primeiro passo para efetuá-la é uma
divisão entre os constituintes da experiência com o objetivo
de encontrar aqueles constituintes que seriam empiricamente mais fundamentais
em relação aos outros.
Há no entanto, diz Carnap, uma ressalva a ser feita,
ao empreendermos uma divisão ela não significa uma divisão
real e sim, apenas uma análise conceitual, por assim dizer abstrativa,
uma vez que a experiência permanecerá como um todo intuitivo
inalterável. “a análise ocorre no curso de uma consideração
subseqüente da experiência passada”
( “Pseudo-Problemas na Filosofia” Pg. 151 § 3). Então,
temos a experiência inicialmente e depois promovemos a análise
com objetivos puramente epistemológicos.
Carnap dá-nos um exemplo bastante simples
do método da análise epistemológica tendo em vista
a possível aquisição teórica do conhecimento.
É a experiência da avaliação epistêmica
de uma chave. Chama-se na divisão desta experiência o constituinte
“a” a forma tátil da chave e o constituinte “b” a sua forma
visual.
A análise epistemológica empreendida deverá
demonstrar que há um constituinte dessa experiência que é
epistemologicamente fundamental em relação a outro
constituinte que seria dispensável. Assim, podemos inferir de nossa
avaliação epistêmica da chave (mesmo se estivermos
de olhos fechados, isto é , privando –nos do constituinte
“b” da experiência) que, “esta coisa tem tal ou qual forma;
ou esta coisa tem tal ou qual borda como a chave da minha casa; ou ainda,
esta coisa é realmente a chave da minha casa.”
Isso mostra que podemos prescindir do constituinte “b”
como sendo dispensável para obtenção de cognições,
que nesse nosso exemplo são representadas por este conjunto de inferências
supracitado. Portanto, a partir daqui chamaremos “a” o constituinte epistemologicamente
suficiente aos nossos fins de obtenção de cognição,
e o constituinte “b” epistemologicamente dispensável em relação
ao constiuinte “a”.
Todo enunciado que fizermos ( conjunto de inferência)
acerca desta experiência, nos permitirá avaliar até
que ponto essa experiência se acrescenta ao nosso conhecimento teórico.
Diz Carnap, “ esta adição consiste não somente no
conteúdo teórico da própria experiência, mas
também em tudo aquilo que posso inferir desse conteúdo com
ajuda de meu conhecimento anterior”( Op Cit. Pg. 152).
A experiência continua inalterável. Mas quando
desenvolvemos a avaliação epistêmica percebemos, como
foi dito, que podemos deixar de lado a forma visual, pois, somente a forma
tátil, mais o nosso conhecimento anterior, são por si só
suficientes para a aquisição da cognição. Podemos
inferir da forma tátil, por representação, sua forma
visual, mesmo sua cor, etc.
Entretanto, se esta análise fosse uma simples análise
lógica, isto é, uma análise que não levaria
em conta o valor epistêmico de cada constituinte, essa análise
se revelaria deveras ambigua. Quer dizer, numa mera análise lógica
dos constituintes da experiência poderíamos privarmo-nos da
forma tátil e manter simplesmente a forma visual como um constituinte
indispensável.
Isso ressalta a importância de tratarmos “aquilo
que é indispensável” somente em sentido epistemológico,
pois, em sentido lógico, “b “ pode ser reduzido a “a”, tanto quanto
“a”pode ser reduzido a “b” – verificamos, desta maneira, uma ambigüidade
lógica entre os constituintes. Já a noção de
que um objeto “b” é, não logicamente, mas epistemologicamente
redutivel ao objeto “b” da experiência, nos remete à própria
averiguação epistemológica, demonstrando que uma das
formas representa um constituinte irremovível da experiência
, portanto, do qual não podemos prescindir, a saber, a forma
tátil da experiência da chave. Por isso diz Carnap “Uma vez
que somente se apalpou a chave e que esta não foi vista, não
podemos, nessa experiência, dispensar a forma tátil sem ao
mesmo tempo remover a própria experiência”( Op. Cit. Pg. 152
§ 2).Deste modo, na análise epistemológica , serão
chamados na relação entre os constituintes, “a” ,de núcleo,
e o constituinte “b”, de parte secundária. Com a forma tátil,
sendo um irremovível da experiência, pode-se superar
a ambigüidade e com isso permite-nos mantê-la como um
constituinte fundamental para obtenção de cognições.
Em diversos momentos na história da evolução
da ciência ocorreu de se dar intuitivamente uma resposta correta
a uma questão se que esta tenha tido ainda uma formulação
mais precisa.
Com o método da construção
racional elaborado tendo em vista que a única fonte possível
de acesso ao mundo é a experiência, alcança–se o grau
de pureza e clarificação apresentando o significado dos objetos
que seriam à ciência, epistemologicamente funtamentais
Uma resposta intuitiva a um problema científico,
diz Carnap, está ainda num estágio de Suspensão. Ela
somente se fundamenta quando recebeu uma formulação conceitual
precisa. Ela só garante para si um significado real quando se liberta
de seu estado de projeção intuitivo assentando-se sobre a
base empírica da precisão que exige o sistema científico.
A ciência esteve de posse até mesmo dos próprios resultados
da análise epistemológica de modo intuitivo e sem poder dar
um sentido preciso a esses resultados por essa razão mesma. Fora
freqüentemente preciso que se lança-se mão de um procedimento
que determinasse quais são os verdadeiros objetos da ciência
e formular a precisão dessas respostas.
Recorrer-se-á, assim, à
essa ciência especial afim de reconhecer quais são na experiência
aqueles constituintes que representam nela o seu núcleo e a sua
parte secundária. A questão que se coloca aqui é a
possibilidade de justificar uma cognição partindo do conteúdo
de outra cognição hipoteticamente válida. Deste
modo, é possível construir um sistema em que se inspecionam
criticamente o procedimentos das ciências individuais. O plano
de Carnap, apresentada essa ciência especial, seria a possibilidade
de padronizar os princípios e novamente abordar o material já
com a padronização – sem que isso se mostre como um ciclo
vicioso , porque é característico da ciência não
se determinar seu sistema claramente a partir do material dado. Diz Carnap,
“ Desta maneira, a inter-relação entre a investigação
científica particular e a investigação epistemológica
conduzirá a um sistema integrado da ciência unificada”( Op
Cit. Pg. 156).
Como vimos, a preocupação
de Carnap e também ciclo de Viena é o entendimento de como
as idéias se estruturam e qual é o sentido das proposições.
Dentro dessa perspectiva, a filosofia somente faria sentido se se adotar
um tipo de método que valoriza a pureza e clareza do rigor lógico
sem os quais o próprio filosofar não remeteria às
coisas que fazem realmente sentido. Essa é de acordo com as idéias
gerais formuladas pelo ciclo de Viena a tarefa mesma da filosofia argumentativa
que abandonará a linguagem psicologista, as teorias e os próprios
sistemas teóricos.
No texto “Pseudo-Problemas na Filosofia”, Carnap traça
considerações a este respeito concluindo que todo reconhecimento
das ocorrências heteropsicológicas, quer dizer, ocorrências
que envolvem um segunda agente do conhecimento, tem como núcleo
epistemológico a percepção dos eventos físicos.
“Os objetos heteropsicológicos são ‘epistemologicamente secundários’
relativamente aos objetos físicos”. ( Op. Cit. Pg 161). Esses objetos
que seriam em sentido amplo as entidades, os eventos, as propriedades etc.
seriam, por suas vez primários em relação aos objetos
heteropsicológicos.
Pode-se, portanto, formular o que Carnap chama de Resumo
da Genealogia dos Conceitos ( ou objetos) e por fim, pode-se demonstrar
que os conceitos superiores são epistemologicmente primários
em relação aos inferiores. “Além disso, pode-se
mostrar que os objetos físicos são epistemologicamente
secundários relativamente aos objetos auto-psicológicos,
uma vez que o reconhecimento dos objetos físicos depende da percepção”(Op.
Cit. Pg 162).
A conseqüência da tese do sistema construcional
esboça a tarefa epistemológica da estratificação
dos quatro tipos mais importantes de objetos da ciência 1) O auto-psicológico
( do qual todos os outros objetos dependem 2) Objetos físicos( o
mundo factual ) 3) Objetos heteropsicológicos ( que remete
ao problema de haver teses conflitantes como veremos a seguir 5) Objetos
culturais ( conceitos epistemologicamente mais secundários).
Essa extratificação enquanto um expediente
metodológico de redutibilidade de toda epistemologia tem por finalidade
a simplificação dos conceitos científicos a poucos
conceitos básicos. “Passo a passo, diz Carnap, conduz em uma construção,
a todos os outros conceitos.”(Op. Cit. Pg. 162)
Depois dessa nossa digressão quanto a noção
do método da ciência empírica em Carnap, acreditamos
que podemos lançar luz ao problema levantado no início deste
trabalho a respeito da significatividade dos enunciados como um dos critérios
para a proposta de Carnap de eliminação dos Pseudoproblemas
da teoria do conhecimento.
“ O significado de um enunciado reside no fato de que
ele expressa um ESTADO DE COISAS { o grifo é nosso} concebível,
não necessariamente existente.” ( Carnap Op. Cit. Pg. 162). Essa
consideração chama-nos atenção à distinção
entre a questão do sentido de uma proposição, e a
questão secundária que seria sua verdade.
A proposição que descreve um estado de coisas
é significativo em primeiro lugar e em segundo só será
verdadeiro ou falso caso esse estado de coisas passa se comprovar na experiência
, isto é, se esse estado de coisas realmente existe
ou não. Por isso é correto dizermos que uma proposição
é significativa mesmo antes de sabermos se a proposição
é verdadeira ou falsa.
Para todos os enunciados que contiverem um novo
conceito será preciso indicar seu significado e com isso -
apontando quais seriam as condições experienciais em que
um enunciado seja chamado verdadeiro, simplesmente, e não para que
seja verdadeiro, e apontando também quais são as condições
que ele é chamado falso - conquistamos o procedimento no qual
é possível indicar o seu significado. Com o intuito de reforçarmos
o que já foi dito, só por meio do apelo à própria
experiência encontramos uma representação adequada
que satisfaça a condição de decidibilidade entre a
veracidade ou a falsidade do enunciado. Vê-se claramente que a intenção
primeira deste princípio é a eliminação do
campo da ciência daqueles conceitos que apareceriam como empiricamente
supérfluos.
A prática geral que caracteriza os filósofos
do ciclo de Viena é a busca pelo sentido cognitivo de um enunciado.
Carnap nos indica que podem ocorrer facilmente que um pseudo-enunciado
pode ser tomado erroneamente como uma sentença significativa. A
logística tem por função eliminar com esses erros
lógicos por meio da decidibilidade, como foi dito, através
do critério de testebilidade dos enunciados filosóficos
para se decidir qual desses enunciados são carentes ou não
de significatividade.
Um enunciado que tem significatividade, diz Carnap,
possui conteúdo factual. Isto é, se esse enunciado tem condições
nas suas experiências ( ou estado de coisas que descreve) são
ao menos concebíveis e se se pode indicar suas características.
“Segue-se destas definições que se um enunciado é
testável, então ele tem conteúdo factual”.( Op. Cit.
Pg. 164).
Uma análise mais precisa, todavia,
mostra-nos que nem todo enunciado que tem conteúdo factual é
testável. Por exemplo, o enunciado “existe uma certa cor vermelha
cuja visão causa terror” é um enunciado que não é
de maneira nenhuma testável, pois, não saberíamos
como encontrar uma experiência que fundamentaria o enunciado.”(Op.
Cit. Pg.164). Por outro lado, verificamos que ele tem conteúdo factual,
porque sempre podemos pensar e descrever as características de uma
experiência por meio da qual esse enunciado estaria fundamentado.
Em outras palavras, nós podemos pensar e descrever uma experiência
na qual o sentimento de terror ao vermelho é presente - em algum
estado patológico, por exemplo.
Por fim, para aquém do nível
metafórico ( aliás, é isso o que significa metáfora,
em grego, ‘transposição’ – que estaria num outro nível
do real) as expressões “esta rocha esta triste”, “este triângulo
é virtuoso”, e mesmo a expressão dita por Heidegger “o nada
nadifica” – são todas expressões sem sentido, pois não
possuem conteúdo factual.
A controvérsia entre os filósofos
realistas e idealistas, são um exemplo claro da necessidade de estabelecer
o fato empírico como o único critério na aquisição
do conhecimento e nos mostra que, somente nos campos de filosofia ( e da
teologia) ocorrem enunciados ostensivos sem conteúdo factual.
Carnap, em sua auto-crítica, considera-se
um intelectual que apresenta um critério de significação
liberal. Ele não falará em nenhum momento que as teses do
realista ou do idealista estão corretas ou incorretas, nem que a
metafísica não existe ou é de todo imprestável.
O que ele vai dizer a respeito da controvérsia é que ela
é inútil e não acrescenta em nada o conhecimento do
objeto. E a respeito daquela que foi chamada a “ancila da filosofia” ele
vai dizer, mais ou menos que se trata de uma espécie
de artigo de fé, concluindo que nenhumas dessas teses possui significado
científico.
No capitulo referente à realidade do mundo
exterior, Carnap menciona que a inutilidade da controvérsia entre
realistas e idealistas assenta-se em sua carência de significatividade.
Supõe-se dois geógrafos que seriam um realista e outro idealista.
São incumbidos de verificar se uma lendária montanha supostamente
existente num determinado lugar na áfrica realmente existe ou não.
Por realista entenda-se o pesquisador que concebe
as coisas físicas não apenas como conteúdo de sua
percepção, mas, além disso, que elas existem por si
mesmas ( como sub-tese concebe que os corpos das pessoas possuem reações
perceptíveis similares às suas e que possuem consciência).
Por idealista entenda-se o ponto de vista estritamente
contrário ao acima descrito, para o qual o mundo exterior não
é em si mesmo real, mas são reais somente as percepções
ou representações dele. ( como subtese concebe que somente
seus próprios processos de consciência são reais, os
processos de consciência dos outros são apenas construções
e ficções).
A despeito da divergência de pontos de vista entre
os dois geógrafos, ambos chagarão, a respeito da existência
da montanha na África, ao mesmo resultado , seja ele positivo ou
negativo. O que garante nesse caso, tanto para a geografia quanto para
a física , um conceito de realidade que sempre conduzirá
a resultados definitivos independentemente da convicção filosófica
do investigador. Tal é o “critério de realidade empírica”.
A montanha enquanto objeto físico, possui características
que permite a ambos os geógrafos chegarem às mesmas conclusões
, sua posição, sua forma, sua altura etc. são suas
características. Diz Carnap. “Em todas as questões
empíricas há unanimidade”. Assim, conclui, o que é
verdadeiro para a montanha, generalizando, podemos considerar verdadeiro
para o mundo o exterior em geral. Somente o conteúdo factual de
uma experiência nos serve como critério para estabelecermos
a significatividade de um denunciado. Os geógrafos entrarão
em discordância apensas quando fizerem uma interpretação
filosófica de suas conclusões empíricas, um afirmará
pela realidade em si mesma da montanha, o outro negará isso dizendo
que ela não é real senão como fruto de representação.
Desta controvérsia fica claro , então, que
é uma questão de cunho pragmático a decidibilidade
entorno da posição filosófica com a qual se especula
sobre a realidade. Todavia, o conteúdo da ciência natural
independe dessas elocubrações de cunho filosófico,
portanto, a significatividade da experiência deverá ser advinda
somente das ocorrências físicas dos objetos da ciência.
Para finalizar, vimos que Carnap rejeita a noção
de significação que não se baseia estritamente no
critério empírico de verificação. Tendo em
vista os objetos físicos, o conhecimento é possível.
Nada na ciência se apresenta como um problema insolúvel, uma
vez que cada um destes problemas poderão ser submetidos a experiência
e esta a mais novos testes até que se conclua pela sua significatividade.
BIBLIOGRAFIA
Carnap,
“ Psaudo Problemas na Filosofia” Coleção “Os Pensadores”
Abril cultural. Trad.: Scheir-probleme in der Philosophie, Felix Verlag.
Hamburg. 1961 por Páblo Mariconda.
Dissertação sobre Teoria do conhecimento
Aluno: Renato Araújo da Silva
N. USP: 2353582
prof. Caetano E. Plastino
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Revista de filosofia e cultura
ALUNOS DA TURMA DE 1997 - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO