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SEMINÁRIO A RESPEITO DOS CONCEITOS DE Arete E EDUCAÇÃO NA GRÉCIA PRÉ-CLÁSSICA

                                                                                                                           (Por: Renato Araújo)

 
 
 

DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO: TÉCNICA COLETIVA PELA QUAL UMA SOCIEDADE INICIA SUA GERAÇÃO JOVEM NOS VALORES E NAS TÉCNICAS QUE CARACTERIZAM A VIDA DE SUA CIVILIZAÇÃO.
(Livro básico: "Educação na Antiguidade Clássica"- Henri Marou)
 
 
 A sociedade a qual retratou Homero na Ilíada e na Odisséia é de caráter cavalheiresco e aristocrático.
 

 No vértice está o Rei cercado por uma aristocracia de guerreiros:

           *yerontes(1) – concelho dos grandes vassalos ( homens idosos ) valiosos pela sua experiência
                             prestam assesoria judiciária e concelhos nas questões públicas etc...
                             (posteriormente formaram a classe dos  Senadores)

            *xouroi (2)  –  o círculo dos fiéis (jovens guerreiros)

           Estes formam a classe nobre em oposição à massa do demos. Trataremos apenas desta classe  pelo fato da cultura grega ser privilégio desta aristocracia guerreira.

           Mesmo nos momentos democráticos, esta sociedade conservará os traços desta origem aristocrática.  Um exemplo disso seria a cisão crucial que separa os cidadãos dos não cidadãos ( os escravos e as mulheres), os sque tem direito à palavra e os que não tem.

 
            Educação é uma prática que também se define pelo seu nexo com a vida. É ilógico , diz Marrou, impor à juventude uma educação que não tem ligação às necessidades da civilização.
(Freud- “Mal Estar na Civilização”- a criança não tem idéia do que lhes aguarda na vida adulta )

             “É necessário, de início, sque uma civilização atinja sua própria forma, para poder engendrar depois a educação que a refletirá” (pág. 6 )

              Essa forma , essa característica, no caso da educação homérica é a forma aristocrática. Platão que no livro da República chama Homero de O Educador da grécia (Rep.X 606e/Protájgoras , 399a),   nas Leis (I, 643 e 644a) faz uma descrição de como era a preparação dos alunos no tempo de homero.

             Os alunos eram preparados em duas frentes:

             *TÉCNICA:   Preparação da criança num determinado modo de vida.
                                 [ manejo de armas, prática de esportes, da música, oratória e saber em geral ]
 
 
             *ÉTICA:        Que seria mais que uma simples moral de preceitos. Seria uma forma de
                                  estimular os jovens a realizar um tipo ideal de existência, [seja por emulação
                                  seja por imitação].
 

 Podemos tirar dois exemplos de homens que encarnam o ideal moral da ética homérica:
 
 
 
 
 
 

           * ULISSES-  que é uma espécie de aventureiro astuto , também caracterizado como um polutropos anér (3) ou o “homem das mil voltas” , ou 'as vezes chamado de polúméxanos anér (4) ou o “homem dos mil artifícios”. Quer dizer, o homem cuja habilidade lhe permite desvencilhar-se das dificuldades em qualquer circunstâncias graças a sua finura de espírito.
 

         * AQUILES -  que, nas palavras de Marrou (pág. 28) “encarna o ideal moral do perfeito cavalheiro homérico.”   E que possui uma moral heróica da honra
 
         [Concebe-se, portanto, como o cerne fundamental desta ética aristocrática o Amor da Glória ]
 
 
        Até a própria vida é sacrificada por esse valor ideal, essa areté (5), palavra in traduzível da qual vamos nos aproximar neste seminário.

        É essa mesma areté, essa excelência, que faz do homem um bravo, um herói. A conduta do herói homérico simboliza este ideal que deve ser imitado.

 
        Nas Epopéias homéricas, essa excelência, essa areté é identificada a situação natural e espontânea de determinadas pessoas conhecidas por Aristoi (6) (São os bons, os belos, os melhores)

        Ser bom, ser belo, ser melhor, na concepção caracterizada pelas epopéias homéricas é possuir um bem transmitido por genealogia, por ascendência nobre, de geração a geração. ( São os descendentes das grandes famílias, dos nobres e é muito comum remontar essa ascendência real até os deuses... estes manifestam a virtude por direito divino...)

        O bem nascido, o de sangue nobre, não precisa conquistar uma virtude, não precisa aprender nem apreendê-la. Ele precisa apenas manifestar esse bem que lhe é transmitido pela estirpe a qual ele pertence. Basta-lhe, então, que ele dê expansão a esta nobreza que lhe é genalogicamente inerente.
Essa é a visão de homérica a virtude
 
 
        Só que no século VII ac.Com Hesíodo, aparece uma formulação que contraria essa noção de que a virtude é um bem só transmitido pelo sangue. É  a noção expressa nos poemas de hesíodo. Para hesíodo o homem se torna virtuoso ou não dependendo de seu esforço. Não é a sua condição de nascimento que define isso. Ele defende aqui a proposta de que a virtude é o resultado de um certo tipo de esforço, de uma conquista, de uma luta Hesíodo chama essa luta de a boa luta, boa éris (7)que
é a conquista de um bem por meio do trabalho. Trabalho aqui é visto não só como uma forma de trabalho diário sobre o mundo para conquistar uma melhor condição de vida, mas também como um tabalho interior para conquistar uma melhor, uma mais bela situação pessoal, com hábitos que manifestem essa excelência, essa virtude alcançada.

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