História
do Desenvolvimento Regional |
O
Ciclo
do Tropeirismo |
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Por
um longo espaço de aproximadamente 300 anos uma atividade econômica
relevante, marcou época na História do Brasil e deu origem ao
importante "Ciclo do Tropeirismo", destacando a povoação de
Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, palco das famosas "Feiras de
Muares". |
Com
o avanço
do desbravamento e ocupação humana às regiões das descobertas
de ricas jazidas de minerais valiosos (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
e Bahia), assim como também ao impulso das lavouras cafeeira e
canavieira que geraram divisas e riquezas ao Brasil Colônia e Império.
Era indispensável e de grande valia o emprego de animais para tração
e transporte humano e de mercadorias, ligando os longínquos e
rarefeitos povoados nos imensos ermos do território nacional. |
Nessa
época o progresso do Brasil e a riqueza dos grandes latifundiários
provinha da mão-de-obra escrava, como também da força de animais
destacando-se bois, cavalos e muares (burros e mulas ). Esses citados
animais eram em número insuficiente para atender a demanda crescente
das atividades econômicas desenvolvidas. Por outro lado, a distante
Província de São Pedro (Rio Grande do Sul) e os pampas dos países
vizinhos (Uruguai e Argentina) estavam altamente povoados de gado
bovino, cavalos e muares que devido à abundância de ricas pastagens e
boas aguadas se reproduziam de maneira espontânea e em estado selvagem.
O elemento de carência em uma região fartava com abundância em outra.
O problema era a ligação entre elas, que não havia. |
O
governo português na Colônia, dispunha de um caminho ligando a Vila de
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba) à Vila de Nossa Senhora da
Ponte de Sorocaba e esta à outros pontos habitados como a capital da
Colônia (Rio de Janeiro). |
Na
província do extremo sul (Rio Grande), havia um precário caminho que
ligava a primeira capital gaúcha (Viamão) à Vila de Laguna (Santa
Catarina). O trecho compreendido entre Laguna e Curitiba era inexistente
na época anterior à 1730 devido à Coroa Portuguesa temer invasões
por parte dos castelhanos. A abertura de uma estrada facilitaria esse
fato. |
Nos
campos de Curitiba, os animais não se reproduziam com facilidade e nem
em grandes quantidades quanto os das regiões sulinas. Os campos nativos
do pampa gaúcho possuíam certa salinidade que favorecia a reprodução
em abundância. Foi então que o português Cristóvão Pereira de
Abreu, abastado comerciante de couros, assim como de carnes salgadas e
animais, resolveu empreender a construção de um caminho interligando
Laguna à Curitiba, seguindo um traçado realizado anos antes pela
expedição comandada por Souza e Faria. |
Seguia
o ano de 1730, quando teve início a abertura do caminho liderada por
Cristóvão Pereira de Abreu alcançando a Vila de Curitiba em 1732.
Assim ficou consolidado o caminho que ligava a Colônia de Sacramento e
a Província de São Pedro do Rio Grande à Vila de Sorocaba e esta aos
demais núcleos populacionais da Colônia do Brasil. |
Cristóvão
liderou um grupo de estancieiros, que formando uma grande comitiva
conduziram uma assombrosa quantidade de animais, contando além dos
muares, cavalos e bois. |
Atingiram
a Vila de Sorocaba aproximadamente em 1733, seguindo para o Rio de
Janeiro e às Minas Gerais onde negociaram os animais. |
A
partir de então a Estrada Real ou Caminho do Sul como ficou conhecido,
serviu para o escoamento dos animais, iniciando assim uma das mais
importantes atividades econômicas, conhecida como o "Ciclo do
Tropeirismo". |
Cristóvão
Pereira de Abreu é reconhecido como o primeiro tropeiro e o precursor
das famosas "Feiras de Muares de Sorocaba". |
Ao
longo do caminho, de distância em distância, foram surgindo pousos aos
viajantes. Esses pousos geraram povoados, que fornecessem condições,
por mínimas que fossem, para apoiar as tropas, nos aproximadamente
1.500 quilômetros e meses duríssimos de viagem, compreendida entre a
Antiga Vila de Viamão (RS) e as Feiras de Sorocaba, situada nos Campos
Largos, subdivisão dos Campos Gerais. |
Os
animais recém-chegados das províncias sulinas, assim como seus
condutores, apresentavam um aspecto de enorme abatimento, cansaço e
magreza, devido às agruras da penosa e estafante viagem. Ficavam
acampados nos chamados campos reiúnos (pertencentes à coroa lusa).
Esses campos situavam-se nas localidades denominadas: Ipatinga (lagoa
branca), Itinga (água clara), Jundiaquara (buraco do bagre) e
Jundiacanga (cabeça de bagre). A vegetação dos citados locais era
representada por cerrados com rica abundância de pastagens nativas,
entremeadas por lagoas naturais e mananciais de águas cristalinas dos
rios e córregos, que revigoravam as forças e energias despendidas no
correr da viagem. Assim os animais se recuperavam e adquiriam um melhor
aspecto para alcançarem preços mais compensadores nas negociações
entre os tropeiros condutores e os compradores. |
Distante
três léguas (18 km) da Vila de Sorocaba, localizava-se uma sesmaria de
propriedade do alferes Bernardino José de Barros, às margens do ribeirão
Vacariú que na época (início do século XIX) já era um pequeno
povoado que prestava assistência aos tropeiros e viajantes, fornecendo
pousada, mantimentos, além de abrigo aos seus animais. |
Esse
pequeno núcleo
populacional deu origem à Freguesia de Nossa Senhora das Dores de Campo
Largo de Sorocaba instituída pelo alferes Bernardino e o vigário
Gaspar Antônio Malheiros em 1826 (atual Araçoiaba da Serra). |
*** |
Nossos agradecimentos
ao Prof.Júlio
Cesar Collaço Sani, |
Pesquisador da Cultura
e História Regional e Artesão conceituado. |
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(0xx15)
3281.1225 |

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