CAMINHO ESPIRITUAL
 
Chuang Tzu relata que, certa vez, um rapaz cheio de dúvidas em 
relação ao caminho espiritual procurou Lao Tsé.

- Por favor, ajude-me -- disse o jovem -- vim até o senhor porque 
não consigo entender certas coisas. Quando não consigo fazer o 
bem, machuco outras pessoas. Mas, quando faço o bem, às vezes, 
machuco a mim mesmo. Sou negligente se não cumpro com o dever 
de ser bondoso. Porém, se cumpro com esse dever prejudico a mim 
mesmo. Como posso resolver isso?

O sábio respondeu:
-- Você realmente está confuso -- respondeu Lao Tsé -, está tentando 
medir o meio do mar com uma vara de dois metros. Você deseja uma 
resposta? Observe uma criança! Ela não se preocupa com relatórios 
sobre si mesma: é desinteressada, age com espontaneidade. Ela é 
parte da corrente... Não fica procurando respostas o tempo inteiro, 
mas, é conduzida a elas. Esse é o início da perfeição! Podemos 
sofrer por inúmeras razões. Até mesmo por desejarmos melhorar. Isso 
soa estranho! 
Como podemos sofrer por aspirarmos à perfeição e à felicidade? O 
desejo pode ser uma faca de dois gumes. Se queremos melhorar o 
nosso comportamento porque descobrimos que isso, por si só, nos 
torna felizes e nos dá prazer, então temos um motivo correto. No 
entanto, se desejamos adquirir virtudes e cultivar qualidades por 
acreditarmos que, com isso, seremos reconhecidos e bem tratados 
pelas outras pessoas, então apenas criamos mais um problema. 
Ou se é bondoso porque se é, ou não se é bondoso. As recompensas 
que advêm da prática do bem, não devem ser esperadas. Quem é 
verdadeiramente virtuoso é desinteressado como uma criança. Pratica 
o bem sem pensar em retorno para si.

Lao Tsé diz no Tao te King: 
"Quem dá valor a si mesmo, não é valorizado. 
Quem se julga importante, não merece importância. 
Quem louva a si mesmo, não é grande."



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Autor não mencionado. 

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