O lobo andava esfomeado. Chegando a um regato, viu um frágil
cordeiro bebendo um pouco abaixo. Aquilo era um prato feito!
Só que precisava preparar a caçada! Pôs-se a beber e de
repente gritou irritado:
- Ó seu mal-educado! Não vê que está sujando a minha água?
Quero beber...
- Como posso sujá-la se ela corre do senhor para mim?
Respondeu o cordeirinho prontamente, sem demonstrar medo.
O lobo rangeu os dentes despeitado, mas acrescentou ainda:
- Soube que no ano passado você falou mal de mim. Vou
dar-lhe uma lição!
- Como? Eu não o conhecia porque nem sonhava em nascer...
- falou-lhe.
- Também não me importa se foi você ou alguém da sua
família. Aliás, agora me recordo, foi seu irmão mais velho
- disse o lobo, feliz com a saída.
- Está enganado. Não poderia ser meu irmão porque sou filho
único...
Agora, o lobo cada vez mais implacável e raivoso, retrucou:
- Se não foi você, nem seu irmão, foi seu pai. E se ele me
ofendeu é justo que eu agora me vingue. E desista de me
contradizer, pois a coisa mais sensata que posso fazer é não
deixar que continue a falar...
Assim dizendo, o lobo mediu bem a distância que o separava do
indefeso cordeirinho, que ainda tentava expor suas razões, e
deu um pulo, na certeza de cair bem em cima do pobre
animalzinho.
Mas se enganou... Caiu um pouco aquém e bem em cima de uma
armadilha ali colocada pelo pastor do rebanho.
Ficou preso na rede de onde só saiu para ser morto,
esquartejado e distribuído como alimento para os peixes e aves
rapinadoras.
O cordeirinho assustado ruminava o absurdo daquela experiência,
sem entender as incoerências do inimigo. Ele pensava que, ao
provar sua inocência, a fera aplacaria sua ira e partiria
resignada, mas tudo parecia inútil porque o lobo sempre
procurava um meio de acusá-lo...
Amedrontado, o ingênuo animalzinho saiu à procura da mãe,
porém tentando aprender aquela perigosa lição.
E assim ele pensava: Os mais fortes e os poderosos querem ter
razão a qualquer preço, todavia, muito mais especificamente
quando estão errados e sabem disso!
Mas o mal também custa alguma coisa e quase sempre custa alto...
O lobo não precisou esperar muito para colher aquilo que
semeou todos os dias da sua vida...
Agora vai receber aquilo que muito bem merece!
É... mas convém que sejamos precavidos!
Autor não mencionado
Enviado por Angela Crespo
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