A CIDADE FELIZ
 
Havia um rei cujo povo vivia infeliz no meio de brigas e desordens. 
Viviam todos amedrontados dentro da cidade, com medo dos companheiros e 
medo dos inimigos de fora. Temiam que por maldade os habitantes abrissem 
as portas da cidade para os inimigos entrarem.

O rei, que amava a ordem e a paz, procurava fazer o possível para 
acomodar o seu povo. Pelo menos tentou livrar o povo dos inimigos de 
fora. Para isso mandou construir uma muralha alta e forte. Mas havia 
ainda temor, embora a muralha estivesse constantemente guardada e 
fortificada.

Um dia o rei mandou chamar um dos seus mensageiros, Lisandro, e 
disse-lhe:
- "Contaram-me de uma cidade maravilhosa onde os habitantes vivem calmos 
e felizes. Lá não há medo. Quero que você vá a procura dessa cidade, 
descubra o segredo de tal segurança. O governador da cidade naturalmente 
descobriu algum modo especial de construir suas muralhas para que sejam 
tão fortes a ponto de guardar a cidade salva de todos os perigos. Vá, e 
de posse do segredo, volte para mim. Queremos também paz, felicidade, 
alegria e segurança."

Lisandro, o fiel servo, montou o seu cavalo veloz. Os portões da cidade 
foram abertos por ordem real, e o mensageiro saiu viajando pelo mundo 
afora. Depois de muitos dias de penosa caminhada avistou, distante, 
torres e edifícios. Pensou então: 
- "Lá deve estar a cidade que procuro. Mas como farei para conseguir 
entrada? As muralhas devem ser altas e fortificadas para a cidade ser 
tão segura quanto dizem."

Ao aproximar-se, para surpresa sua, muralha alguma chegou-lhe à vista. 
Seu cavalo galopava por uma silenciosa estrada que ia dar diretamente ao 
portão do castelo real. O mensageiro apeou, e dirigiu-se à presença do 
rei que governava a cidade.
- "O senhor não acha que é arriscar muito, deixar a cidade aberta, sem 
uma muralha para a proteger? ", foram as primeiras palavras de Lisandro.

- "Ah" respondeu o rei, "seria de fato arriscar muito se eu não tivesse 
uma muralha, mas eu a tenho. Venha e eu lhe mostrarei."

O rei acompanhou Lisandro pelas ruas da cidade. Ele viu edifícios belos e 
majestosos, viu lindos parques e jardins. Viu os fortes ajudando os 
fracos. Viu crianças e adultos em harmonia, obedecendo aos regulamentos 
do lugar. Ouviu vozes alegres, risos e cantos, nada de gritaria e clamor.

Então o rei voltou-se para ele e disse: 
- "Por que o povo viveria com medo? Aqui reina o amor e a confiança mútua. 
A cidade é feita pelo povo que vive nela. Meu povo é a muralha da cidade. 
Não preciso de outra. Cada pessoa é um tijolo."

Lisandro apressou-se em voltar a sua cidade, com o segredo da segurança e 
da felicidade para ser repartido com o seu rei e o povo.

Assim, pouco a pouco, as muralhas foram caindo, os meninos e meninas, os 
homens e as mulheres, todos aprenderam a amar um ao outro, aprenderam a 
se ajudarem mutuamente e juntos tornaram-se um povo forte, calmo e feliz.


(Da coleção "O Amigo da Infância)
Enviado por Regina Suppi - Visitante de Fonte para reflexão


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