IRMÃO OU MONSTRO?
 
Há uma antiga lenda, encontrada no Talmude, que conta sobre um viajante que 
precisou empreender uma longa caminhada, a fim de chegar a um recanto 
longínquo onde vivia a sua família. Havia muitos anos que não se encontravam 
e agora, ansioso por reve-la, tentou economizar tempo e cortar caminho, 
atravessando uma extensa campina já ao entardecer.

Andou alguns quilômetros e então, a luz dúbia da noite que caia, ele sentiu 
a impossibilidade de prosseguir na jornada. Recostou-se num arbusto e, já 
vencido pelo cansaço, adormeceu para só despertar aos primeiros sinais do 
amanhecer. Agora, com o animo redobrado, mochila as costas, o viajante 
caminhava com maior disposição. Estava cheio de esperanças e alegria pelo 
reencontro tão próximo com a família amada. Andava cada vez mais rápido! 
Passos largos e cadenciados!

Anoiteceu...Ainda o crepúsculo mal enviava um pouco de luz, quando o homem 
observou, a longa distancia, uma estranha silhueta. Inicialmente, o vulto 
lhe pareceu um desajeitado e horrendo monstro. 

O que fazer? Recuar não seria a melhor coisa porque precisava continuar 
avançando, exatamente, naquela direção. Sentiu-se quase em pânico. O coração 
se inquietava, ameaçando disparar; o fôlego encurtava, provocando aquela 
sensação de secura na garganta; contudo, prosseguiu. Pouco a pouco, ele foi 
diminuindo o ritmo dos passos e procurando aproximar-se mais cautelosamente, 
a fim de melhor identificar aquele vulto ainda uniforme...

Uma coisa o estava incomodando muito, naquela situação de medo: e que o 
vulto também estava caminhando e vinha em sua direção. Contudo, apesar 
daquela sensação de pavor, o viajante não tirava os olhos da figura tentando 
descobrir o que seria aquilo. Foi então que começou lentamente a perceber a 
transformação da silhueta e concluir que aquilo, que ha pouco lhe parecia um 
monstro, era nada mais nada menos que o vulto de um homem que andava em 
direção oposta. Que alivio! Bem melhor agora...

Mesmo assim continuou cauteloso, porque esse homem bem poderia ser um 
inimigo e convinha precaver-se. Firmou os passos e caminhou com determinação. 
Chegando mais perto, verificou tratar-se do seu próprio irmão. Abraçaram-se 
demoradamente e, cheios de alegria, seguiram conversando e dividindo 
experiências vividas ao longo dos anos  de ausência. Incluindo o novo 
aprendizado:
"Tantas vezes temos feito um julgamento errado, e até injusto, a respeito de 
uma pessoa, à primeira vista. Entretanto após vencer a distancia e 
conhece-la melhor e mais profundamente, nossa opinião a seu respeito salta 
de um pólo para outro!"


Autor não mencionado
Enviado por Celina Miranda - Novos Mensageiros


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