PRESENTES DE LUZ
Eu passei por um adolescente na rua, que me acenou com a cabeça, e educadamente me deu um sorriso. Mas eu estava com muita pressa e não devolvi o seu gesto, afinal de contas, eu tinha que voltar ao escritório, e o tempo era curto.
Minha filha veio, correndo para brincar; um punhado de margaridas, ela trouxe. Eu lhe agradeci, sem pensar muito as coloquei de lado, e no vazo foram deixadas para depois.
Minha avó, certa vez, me deu um anel muito bonito. Eu o guardei, até um dia chuvoso. Eu penhorei o anel, quando o dinheiro estava raro e meu espírito estava abatido.
Meu Pai me deu um presente, um presente que era santificado, sem dúvida. Eu não dei atenção, eu queria alçar outros vôos.
Eu descobri o Portão de Pérolas. Quando o abriram, eu entrei. E me vi diante do Trono de Julgamento; Eu quis correr e me esconder.
- "Onde está o trabalho que eu pedi que fizesse?" Meu Pai perguntou, com decepção na face. Eu não murmurei nenhuma fraca desculpa. Eu estava envergonhado, eu não pude explicar. Eu me sentia completamente inútil, naquele bonito lugar.
Se eu pudesse voltar atrás, e dar um sorriso para aquele adolescente. Se eu pudesse tocar as margaridas, tão negligentemente colocadas de lado, e fazer minha filha uma criança mais feliz. Se eu pudesse encontrar aquele anel, que anel bonito, um tesouro do coração de minha avó.
Eu levaria meu presente, o presente que meu pai tinha dado, Eu trabalharia eternamente, noite e dia. Quando minha vida acabou, percebi que tudo isso estava perdido, e era eu o responsável por isso.
- "Bem feito, meu filho". Meu pai poderia ter dito, de forma justa.
Sandra Lewis Pringle
Tradução: SergioBarros
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