MEDO DO ESCURO

A menina não entrava em quarto escuro e tinha um medo terrível de qualquer inseto. À menor batida na porta ela já se imaginava diante de assaltantes e malfeitores. Era um medo descontrolado e doentio. O irmão era muito paciente e procurava ajudá-la a libertar-se desse temor. Mostrava-lhe coleções de insetos, desenhos de animais, explicando-lhe por que atacavam e como se defendiam. Mesmo assim tudo ia bem, enquanto os animais só apareciam no papel... Chegou a melhorar em algumas coisas, mas continuava com medo do escuro e de sair desacompanhada. Um dia o pai e o irmão viajaram e ela ficou só com a mãe e o bebê. Tudo ia bem, até que certa noite o bebê foi acometido de febre muito alta. A mãe, assustada, disse à garota:

- Filha, precisamos imediatamente do médico. Ligue para o Dr. Nei agora.

O telefone ficava no térreo e a luz do corredor estava queimada. Era total a escuridão, mas a garota, preocupada com a mãe e com a irmãzinha a quem tanto amava, não teve tempo de se preocupar com o escuro. Acendeu a luz já na sala, procurou o número do médico e discou o aparelho. Do outro lado surgiu logo o esperado alô. Era o Dr. Nei. Agora a garota teria de esperá-lo. Sentou-se no sofá, mas os minutos de espera pareciam séculos. Foi à cozinha e pôs água a aquecer numa panela, pensando que o médico poderia precisar. Depois, enquanto continuava aguardando, foi até a copa, depois à sala, retornando à cozinha. Mas ela só estava aflita, preocupada, porém, não sentiu nem um pouquinho de medo. A campainha tocou. Correndo, ela nem sequer lembrou-se agora de olhar através do olho mágico da porta para verificar quem estava chegando. Abriu rapidamente a porta e era o médico que chegava para atender o bebê. Testes e mais testes, medicamentos, até que passaram os momentos de maior aflição e a criancinha recuperou-se.

Mas, afinal, como ficou a garota. Continuou ainda medrosa?
Não. Agora ela entrava no quarto escuro, acendia a luz, ajudava a mãe a cuidar do bebê tanto à noite como a qualquer momento que fosse necessário. Mais uma vez ficou provado que "o amor lança fora o medo".

A experiência foi, sem dúvida, penosa, mas valeu a pena, porque aquele medo, que de certa forma a fazia sofrer, desapareceu diante de uma força maior e mais poderosa - o amor.

Autor não mencionado
Enviado por Paulo Barbosa - Reflexões

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